Fazendo Teatro em sala de aula com a Literatura de Cordel

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ISBN 978-85-8015-080-3
Cadernos PDE
I
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OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE
NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE
Artigos
FAZENDO TEATRO EM SALA DE AULA COM A LITERATURA DE CORDEL:
UM INCENTIVO À LIBERDADE DE EXPRESSÃO E À REFLEXÃO CRÍTICA
Simone de Fátima Barros1
Elvira Fazzini da Silva 2
Resumo
Este artigo representa o resultado do processo de pesquisa e intervenção realizado
no Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE) promovido pelo Governo do
Estado para os professores da rede pública de ensino, fundamentada na Literatura
de Cordel e demais autores que estudam a técnica do improviso, a fim de conquistar
e atrair o interesse e gosto do aluno pela arte, em específico pelo teatro, através da
literatura de cordel. A proposta de intervenção foi voltada para uma turma de sétimo
ano, no Colégio Estadual José Ermírio de Moraes e teve como linha de estudo o uso
do teatro em sala de aula na disciplina de artes como estratégia para resgatar o
gosto dos alunos por esta técnica, utilizando-se de ferramentas como a sátira e a
improvisação, presentes na Literatura de Cordel. O objetivo foi propiciar condições
para que o educando aprecie o fazer artístico, possibilitando a percepção de mundo
sob diferentes perspectivas, além de identificar a cultura popular. O improviso –
característica da Literatura de Cordel – propiciou maior liberdade de expressão,
possibilidade de criação, ampliou as formas de encenação e aproximação com
culturas que fazem parte da realidade do aluno.
Palavras-Chave: teatro, literatura de cordel, improviso; artes.
1Graduada em Educação Artística com Habilitação em Artes Cênicas pela Faculdade de Artes do
Paraná. Professora de Arte da Rede Pública de Ensino do Estado do Paraná. Pós Graduada em
MAGISTÉRIO SUPERIOR pela Faculdade Integradas Espírita.
2Mestre em Artes Cênicas pela Universidade Federal da Bahia., Graduada em Fonoaudiologia pela
Pontifícia Universidade Católica do Paraná e docente da Universidade Estadual do
Paraná/UNESPAR, campus de Curitiba II.
Introdução
A premissa básica que norteia o ensino de Arte no nível fundamental foi
providenciar para que o aluno tivesse condições de conhecer e apreciar o fazer
artístico, bem como para que ele tivesse condições de aprender a interpretar as
intenções do artista, o que lhe permitiu maiores possibilidades de percepção de
mundo sob diferentes perspectivas. Tal definição é preconizada pelas Diretrizes
Curriculares da Educação Básica – Arte (DCE).
Dentro da perspectiva colocada pelas DCE´s, o teatro é uma excelente
ferramenta didática para que se consiga alcançar com facilidade os pré-requisitos
estabelecidos e as metas propostas no ensino desta disciplina. Infelizmente, por
vezes, o teatro não alcança possibilidades de ser explorado com a riqueza que
deveria, pois ao trabalhar o método em sala, mantendo os moldes tradicionais e os
textos clássicos já tão batidos, raramente o professor conseguia a participação
integral da turma.
Esse fato foi devido ao perfil comportamental de cada aluno. Alguns
alegavam a timidez, outros a dificuldade de decorar textos, outros não se motivavam
em viver um personagem pré-determinado, além do fato de precisar criar um cenário
e indumentária. Essas dificuldades criavam certa resistência nos alunos do ensino
fundamental do Colégio Estadual José Ermírio de Moraes em participar das
atividades teatrais, gerando limitação ao potencial de ensino que o teatro possui. Um
trabalho baseado na técnica da improvisação, tendo como base os textos da
Literatura de Cordel, teve a possibilidades de cumprir esta condição e impulsionar o
gosto e o interesse dos alunos pelo teatro.
Foi possível observar que no improviso, houve maior liberdade de expressão,
possibilidade de criação, ampliação de possibilidades de encenação e aproximação
com culturas próximas da realidade do aluno. A Literatura de Cordel proporcionou a
leitura de mundo, além do que se apropriou das sátiras, que vão justamente ao
encontro do gosto dos alunos do ensino fundamental. E conforme explica Alves
(2008), a Literatura de Cordel em sala de aula é excelente ferramenta para despertar
o senso crítico do aluno, bem como sua capacidade de observação da realidade
social, histórica, política e econômica.
A escolha do público alvo para a proposta de intervenção deu-se ao perceber
a resistência dos alunos do ensino fundamental do Colégio Estadual José Ermírio de
Moraes em participar das aulas e a dificuldade que isso gera para o professor
conseguir fazer com que os discentes extraiam do teatro o que de mais valioso esta
técnica possui. Isso ocorre porque, embora demonstrassem gostar das aulas de
teatro, o modo tradicional como o conteúdo era trabalhado, não atraia a turma por
completo, a participação em atividades teatrais geralmente era baixa e essa
resistência limitava a potencialidade do teatro e da importante carga de
conhecimento que ele tinha condições de oferecer. Dessa forma foi essencial
encontrar um modo para despertar nos alunos maior gosto e interesse pelas
atividades teatrais. Dada esta condição tomou-se por opção desvendar formas de
utilizar a Literatura de Cordel para se trabalhar teatro com alunos do ensino
fundamental, o público alvo específico desta atividade foram especificamente os
alunos do 7º ano.
O objetivo da proposta foi despertar no aluno o interesse para as atividades
teatrais por meio da Literatura de Cordel e das técnicas de improvisação, estratégias
potenciais para conquistar maior participação nas aulas. Para assim ampliar as
possibilidades de técnicas didáticas voltadas ao teatro, desenvolver o gosto pelo
teatro, incentivar o aluno a representar por meio do improviso, promover o ensino da
Literatura de Cordel através do teatro e incentivar a formação reflexiva por meio da
forte crítica social presente na Literatura de Cordel.
O teatro em sala de aula
O professor que busca o desenvolvimento de seus alunos e quer favorecer
competências a partir de atividades educativas que os levem a pensar, refletir,
analisar e agir positivamente. Discute e pesquisa permanentemente a questão,
descobre que trabalhar o teatro em sala de aula é uma excelente ferramenta, pois
conforme afirma Pupo (2005, p. 4), “a sistematização metodológica e o rigor da
abordagem efetuada constituem, sem dúvida, aspectos marcantes da qualidade de
um trabalho na área das relações entre o teatro e a educação”.
A terminologia pode variar de acordo com o autor, alguns nomeiam jogos
dramáticos outros jogos simbólicos, jogos protagonizados ou de papéis,
independente disso o que importa é que todos possuem a mesma lógica, que
segundo Alvarez (2014 p. 22):
....é recriar a realidade de forma espontânea através de sistemas
simbólicos, usando imaginação e fantasia, desprendendo-se do tempoespaço em que se encontram para atribuir outros papéis a si mesmo, a
outras pessoas e/ ou a objetos.
Segundo consta nas DCE´s, o teatro mistura realidade e fantasia e permite
que estes estejam em contato direto com sua plateia e, é justamente por esse
diferencial, que a estética teatral não se compara com o cinema ou telenovelas, por
exemplo.
São linguagens distintas que dependem de uma estrutura tecnológica
para acontecer e que podem ter como ponto de análise e discussão as
diversas estéticas, as características de interpretação, os espaços e os
argumentos escolhidos para o desenvolvimento da história. O teatro na
escola possui características diferenciadas ao oferecer oportunidades
que prezem o direito do aluno ao conhecimento a partir dos conteúdos
específicos, metodologias de aprendizagem e avaliação. Na escola, a
dramatização evidenciará mais o processo de aprendizagem do que a
finalização, a montagem de uma peça. É no teatro e em seus gêneros,
propostos como jogo do riso, do sofrimento e do conflito, que se veem
refletidas as maneiras de sentir o mundo por meio de um ser criado (a
personagem) num mundo criado (a cena) (PARANÁ, 2008, p. 80-81).
Elkonin (1998 p. 42) reforça essa afirmação uma vez que ele constrói sua
visão sobre o jogo, entendendo este como uma atividade eminentemente social, que
envolve um grupo em prol de um assunto, além disso, exerce grande importância
para a construção da personalidade e da psique infantil.
Dada toda a contextualização acerca do teatro e de sua importante
contribuição na formação do aluno, é essencial direcionar o olhar para a linguagem,
para o texto e a forma de trabalho desenvolvida, permitindo o improviso, a
imaginação fluir e o lúdico imperar, arriscando fugir das formas tradicionais que nem
sempre atraem os alunos na atividade teatral.
Sobre a Literatura de Cordel
A origem da Literatura de Cordel é apresentada como sendo dos romances
portugueses em versos, os quais surgiram em expressão oral e depois foram
passados para a escrita (ALVES, 2008).
Alves (2008p. 18), relata que esse gênero faz parte do romanceiro popular do
Nordeste, região onde o índice de letramento é menor, de acesso mais difícil à
imprensa. As narrativas, em versos, eram impressas em papel simples e penduradas
num barbante, conhecido como cordel, encontrou entre os nordestinos, terreno fértil
para se propagar. Os cordelistas divulgavam suas obras em locais de grande
movimento, onde o cantador declamava os versos e, fazendo uma pausa proposital,
justamente no clímax da história, incentivava os populares a comprarem a obra para
conhecer o final.
Alves (2008 p.17), defende o uso da Literatura de Cordel em sala de aula e
cita as vantagens que essa prática apresenta. A autora argumenta que:
Pelo fato de esse tipo de literatura ser carregado de toda uma
expressividade e historicidade relacionada à cultura popular, sentimos a
necessidade de contemplá-la não só em sua expressão literária, mas
também como prática sócio-discursiva, principalmente na sala de aula,
por ser esse um local de ampla construção do conhecimento
Os gêneros do discurso, segundo Bakhtin (2000) citado por Alves (2008 p.
20), se apresentam com uma riqueza e variedade inesgotáveis, mesmo assim o
referido autor faz uma distinção para separar os gêneros primários e os secundários.
Dentro dessa classificação a Literatura de Cordel, é apontada como um gênero
secundário, que engloba o romance, o teatro, o discurso científico, o discurso
ideológico, etc. É uma manifestação artística dentro da cultura popular. Aparece em
circunstâncias de uma comunicação cultural mais complexa e relativamente mais
evoluída, principalmente escrita: artística, científica, sócio-política.
Alves (2008, p. 106), corrobora esta afirmação quando diz:
que trabalhar a Literatura de Cordel em sala de aula faz da escola um
veículo capaz de levar os alunos a entrar em contato com o maior
número possível de gêneros textuais, “fazendo com que eles sejam não
somente ferramenta de comunicação, mas também objeto de ensino
aprendizagem”.
Para a autora
o texto de cordel pode ser usado como um meio, um recurso a mais para
a interlocução do aluno com a sociedade. O cuidado que se deve ter é
de apenas não tomar esse trabalho na escola como um mero pretexto
para uma abordagem puramente gramatical ou mesmo literária, mas sim
discuti-lo em toda a sua riqueza, que envolve questões contextuais, o
que serve de ponto de partida para a discussão dos problemas sociais,
históricos, políticos e econômicos do nosso país (ALVES, 2008, p. 106).
Alves (2008 p.46), também chama a atenção para o importante papel da
escola na ampliação, não só do público leitor, mas também do material de leitura e
dos modos e ritmos de ler. Outra afirmação da autora é que para que os textos
sejam realmente compreendidos é necessária uma visão interdisciplinar, a qual irá
exigir muito mais que a decodificação de sinais.
Nesse contexto, a diversidade dos gêneros textuais ganha força em sala de
aula, pois vai colocar o aluno em contato com uma gama de opções textuais, as
quais, por consequência, fornecerão diversas visões de mundo. É justamente a
partir desse momento que se tornou possível desenvolver o senso crítico do aluno,
levando-o a perceber não só a sua posição no mundo como também a posição do
outro, representada nos diversos contextos sociais. O contato com a Literatura de
Cordel pode ser capaz de proporcionar aos alunos uma ampliação de sua
capacidade de enxergar as diversidades sociais, políticas, econômicas e culturais do
país.
Aplicação da Proposta
Na fase do projeto foi detectado como principal problema a postura de
negaçãodos alunos com relação ao teatro.Em geral, eles não gostam de se expor,
alegam timidez, medo de errar, não são favoráveis do texto decorado e sempre que
proposto algum trabalho envolvendo teatro, muitos ficam alheios às atividades que
estão ocorrendo em sala.
Portanto, a proposta de intervenção com Literatura de Cordel, buscou
promover um novo formato de aulas de teatro no ensino fundamental, a fim de
quebrar paradigmas e motivar a classe. Para tanto foram desenvolvidas atividades
em sala de aula e fora dela, tomando como base as técnicas de improvisação
somada com as características existentes da Literatura de Cordel (crítica, rima,
leveza e liberdade no texto) visando, com isso, libertar a espontaneidade do aluno,
favorecer a comunicação e o desenvolvimento estético e crítico. Cada uma das
atividades desenvolvidas foi organizada com um objetivo, metodologia e avaliação.
A proposta se preocupou em abranger toda a classe nas atividades teatrais, a
aproximação dos alunos com o tema foi incentivada por meio da exposição de
vídeos e de contato com textos de Cordel.
Figura 1 –Tela de um dos vídeos apresentados
O envolvimento da classe também foi efetivo nas tarefas realizadas fora de
sala de aula, em locais especializados como o Museu Guido Viaro, para onde os
alunos foram levados com o intuito de conhecer a desenvolver a xilogravura,
elemento que compõe a ilustração da literatura de cordel.
Figura 2 – Exemplo de Xilogravura
Para tornar possível a intervenção, o trabalho teve início com a elaboração de
uma unidade temática que foi referência para a implementação do Projeto de
Intervenção no Colégio em questão.O passo a seguir foi a tutoria do Grupo de
Trabalho em Rede – GTR, no qual ocorreu a interação e a implementação do
Projeto de Intervenção.
As atividades desenvolvidas com os alunos se basearam em:
 Ampliar as possibilidades de técnicas didáticas voltadas ao teatro
As técnicas didáticas hoje utilizadas no Colégio Estadual José Ermírio não
abrangiam a turma toda, os textos utilizados nas aulas de teatro em geral eram
peças prontas, que acabam separando os alunos em grupos e partiu da turma
(aqueles que se consideram tímidos e optam por não participar das encenações,
ficam de fora), a aula acabava sendo subaproveitada. A proposta consistiu em fazer
uso da Literatura de Cordel e das técnicas de improvisação para uma atividade mais
atrativa, que a turma toda se envolva e participe da aula, aproveitando por completo
o conteúdo e o aprendizado que o teatro oferece.
 Desenvolver no aluno o gosto pelo teatro
Pelo envolvimento de toda a classe e a quebra de alguns paradigmas do
teatro, como: texto ensaiado, cenas prontas e personagens previamente
estabelecidos. Com a Literatura de Cordel o aluno passou a ver o teatro como algo
mais próximo de sua realidade, já que para desenvolver a aula com base nesta
forma foi traçar um paralelo com a sua realidade cotidiana.
 Incentivar o aluno a representar por meio do improviso
A característica da Literatura de Cordel permite uma linguagem mais solta e
coloquial, palavras cantadas, rimas, trovas, sátiras. Permite que o aluno crie e
improvise a medida que a história vai acontecendo. Pode adaptar à sua própria
realidade para a representação teatral, o que deixa a encenação mais natural, foge
dos modelos ensaiados e amplia a criatividade.
 Promover o ensino da Literatura de Cordel por meio do teatro
Foram realizadas aulas expositivas sobre Literatura de Cordel. Para elaborar
as cenas nesse formato o aluno precisa conhecer a Literatura de Cordel, entender
suas características e adaptar o roteiro, a história cotidiana que será encenada para
os moldes do Cordel. Também foi realizada aula prática de aproximação com a
xilogravura: os alunos foram levados a um Centro de Atividades para conhecer e
praticar a xilogravura. E através dos desenhos (xilogravura), desenvolveram
verbalmente o significado ali expressado, colocando em prática os moldes
apreendidos e as características da Literatura de Cordel.

Incentivar a formação reflexiva por meio da forte crítica social presente
na Literatura de Cordel
Ao aprender sobre a Literatura de Cordel entenderam o seu fundamento
crítico, perceberam nos textos estudados e nos vídeos assistidos, como também, a
presença marcante da crítica social e por meio desse modelo foram incentivados a
refletir sobre a sua própria realidade (social, política e cultural) e com base nela
traduzir suas expectativas e reflexões sobre o cotidiano nos desenhos e nos textos
declamados nas encenações em sala.
 Uso Literatura de Cordel para despertar o interesse do aluno para o
teatro
Foi desenvolvida uma unidade temática contendo atividades práticas e
fundamentação teórica, envolvendo a plástica e o improviso, sendo a plástica a
confecção da xilogravura adaptada para a realidade da escola, que passa a ser
unicamente gravura (uma vez que xilogravura é feita na madeira) e, o improviso o
desenvolvimento dos textos e da encenação teatral. As atividades propostas foram
organizadas de forma a, primeiramente, levar o aluno a conhecer a Literatura de
Cordel e desenvolvê-la na prática nas atividades teatrais, fazendo uso do improviso,
característica que tende a gerar maior interesse do aluno nas atividades teatrais,
além de promover o envolvimento da turma toda.
A unidade temática foi embasada em oito atividades chave, que foram o eixo
norteador do projeto. Sendo elas:
1 – Conhecendo a literatura de cordel, atividade esta dividida em duas partes,
sendo a parte 1: Explanação teórica sobre o que é a Literatura de Cordel; e a parte
2: ilustração com áudio em forma poética sobre a Literatura de Cordel.
2 – Apresentação do vídeo A Literatura em Cordel (Disponível em
http://m.youtube.com/watch?v=OTxEL9lptW4). O qual mostra como é a Literatura de
Cordel e o formato em que ela é apresentada.
3 – Conhecendo a xilogravura;
4 – Visita ao museu Guido Viaro;
5 – Reflexão sobre as críticas sociais promovodas pela Literatura de Cordel.
Apresentaçao
do
vídeo
“A
árvore
do
dinheiro"
(Disponível
em:
http://br.youtube.com/watch?v=2p7gMAPwcaU).
6 – Colocando em prática. Oficina de teatro. Parte 1: A linguagem do corpo /
Parte 2: Atividade de Expressão corporal
7 – Dramatizando a Literatura de Cordel;
8 – Treinando as técnicas de dramatização em um poema da Literatura de
Cordel.
Grupo de Trabalho em Rede (GTR)
Sobre os trabalhos realizados no Grupo de Trabalho em Rede – GTR é
possível afirmar que as discussões ocorreram em torno da importância e da
necessidade de se trabalhar o teatro em sala de aula. Como proposta para essa
ação, foi aliada a Literatura de Cordel, como intuito de promover o gosto pelo teatro
por parte dos alunos. Um dos principais elementos evidentes nos diálogos
promovidos no GTR foi a consideração da linguagem teatral como uma ferramenta
excelente no ambiente escolar, isto posto quando trabalhado de maneira planejada,
com subsídios práticos e também teóricos, de forma que o processo de ensino
aprendizagem da Arte e de outros elementos afins se solidifiquem, o que, na maioria
das vezes, infelizmente não ocorre nas escolas, pois há muitos professores que
acreditam demandar uma carga excessiva de trabalho, em sala de aula, a
preparação e execução de teatro, deixando de executar, portanto, essa linguagem
fundamental e obrigatória no espaço escolar.
Os professores participantes do curso relataram a importância dessa
linguagem artística no meio escolar, tendo em vista que é um ensino obrigatório, na
medida em que corrobora para com a expressão verbal dos alunos, interação do
grupo, atividades de jogos teatrais, aprendizagem de diversos gêneros e elementos
formais do teatro, compreensão do mundo e de suas estruturas ideológicas, entre
outros.
Entre os participantes do grupo de trabalho em rede (GTR), muitos apontaram
as dificuldades enfrentadas na escola para esse trabalho, tais como de estrutura,
pois há instituições que não detém espaço próprio para esse trabalho, materiais
necessários ao desenvolvimento, alunos desinteressados, há também àqueles
alunos tímidos que não querem participar atuando, mas que podem confeccionar o
cenário ou figurinos, por exemplo.
No aspecto geral os professores foram bastante otimistas, pois compararam
esse trabalho com o que já vêm enfrentando nos seus locais de atuação e revelaram
que com entusiasmo e força de vontade conseguem colocar em prática atividades
como essas, adaptando o que precisam para que isso se efetive adequadamente.
Nesse sentido, a Literatura de Cordel se apresentou como um excelente recurso de
trabalho com jogos teatrais e de improvisação, cabendo ao professor propiciar
atividades que instiguem o aluno a gostar de atividades com tais elementos, pois
auxiliam no processo de ensino aprendizagem não somente na disciplina de Arte,
mas em todos os campos escolares.
Considerações Finais
Conclui-se, portanto, que a proposta aplicada com ouso da literatura de cordel
nas atividades teatrais contribuiu para a aproximação dos alunos com a atividade de
forma espontânea dando margem a novas expectativas e interpretações.
No decorrer da aplicação do projeto ficou evidente que os alunos sentiram-se
a vontade e tiveram a oportunidade de falar o que estavam sentindo, expressaram
suas opiniões, soltando suas emoções e tensões mesmo no andamento das
atividades. Demonstraram satisfação e interesse pela literatura de cordel e
perceberam uma nova forma de ver e trabalhar com o teatro. Aprenderam um novo
conteúdo ao mesmo tempo em que estavam em contato com a linguagem teatral,
que contribuiu para que se tornem mais observadores, imaginativos, perceptivos e
espontâneos,
praticavam
sua
capacidade
e
liberdade
de
expressão,
experimentavam um universo novo cheio de oportunidades.
As respostas obtidas foram bastante satisfatórias, foi possível sentir amelhora
principalmente no aspecto da interação, que gerou maior participação nas atividades
em classe. Toma-se como exemplo o relato de um dos professores, o qual
evidenciou que muitos alunos evoluíram e já conseguiam manifestar suas opiniões
oralmente, ler em voz alta diante dos colegas e apresentar atividades orais para a
classe. Enfim, é possível afirmar que através das atividades desenvolvidas os alunos
adquiriram mais autoconfiança e apresentam uma melhor integração grupal.
Durante os trabalhos com o teatro e a literatura de cordel foi possível
promover nos alunos o gosto pelo teatro, usufruindo de características como a
reflexão crítica, o raciocínio lógico, a criatividade e outras tantas alternativas que
podem surgir, para que estas, futuramente, favoreçam a compreensão da dinâmica
da sociedade e do comportamento dos indivíduos. Por fim, ressalta-se que o objetivo
por excelência foi trabalhar a linguagem teatral, um conteúdo específico da disciplina
de arte, que engloba a formação de espectadores.
Outrossim, constatou-se neste projeto que a metodologia de trabalho
utilizadaindicou um novo caminho possível para desenvolver a linguagem teatral no
ensino fundamental, e especialmente contribuiu no entendimento sobre as múltiplas
percepções dos estudantes espectadores como forma de abrir as possibilidades de
interpretação e leitura da cena teatral.
Referências
ALVES, Roberta Monteiro. Literatura de Cordel: por que e para que trabalhar em
sala de aula. Revista Fórum Identidades. Ano 2, Volume 4 – p. 103-109 – jul-dez/
2008.
ALVAREZ, Luciana. No mundo do faz de conta. Proposta Pedagógica. 2014.
Disponível
em
http://www.professoremacaodramatica.com.br/2014_04_01_archive.html. Acesso em
10.Maio.2015.
ELKONIN, D. B. Psicologia do jogo. São Paulo: Martins Fontes, 1998.
PARANÁ. Diretrizes Curriculares da Educação Básica: Arte. Curitiba: SEED,
2008.
PUPO, Maria Lúcia de Souza Barros. Para desembaraçar os fios. Educação
Realidade. Departamento de Artes Cênicas da Escola de Comunicações e Artes da
Universidade de São Paulo: 2005.
YOUTUBE.
Vídeo.
A
Literatura
em
Cordel.Disponível
http://m.youtube.com/watch?v=OTxEL9lptW4). Acesso em 10.Julho.2015.
em
YOUTUBE.
Vídeo.
A
árvore
do
dinheiro.
Disponível
http://br.youtube.com/watch?v=2p7gMAPwcaU. Acesso em 10.Julho.2015.
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