ESTUDO DA INCORPORAÇÃO DE RESÍDUO E.V.A. MOÍDO NA PASTA DE CIMENTO. Zulmar de Souza Junior1; Paola Egert Ortiz2; Dr. Heloisa Regina Turatti Silva (orientador)3 INTRODUÇÃO O E.V.A. (etileno-acetato de vinila) é um polímero bastante conhecido comercialmente, pois muitas são suas aplicações como, por exemplo, materiais escolares, esportivos entre outros. Na utilização desse material em suas diferentes aplicações, 30% da produção acaba por transformar-se em resíduo. O descarte destes resíduos de E.V.A. constitui um sério problema ambiental. Como o E.V.A. tem uma massa unitária baixa, o volume gerado é muito grande e as áreas para a sua armazenagem (aterros sanitários) começam a ficar escassas. Além disso, o E.V.A. não é biodegradável e leva de 250 a 400 anos para decomposição. Atualmente não existem determinações governamentais ou regulamentações específicas sobre este material. As resinas de E.V.A não são definidas como perigosas segundo a NBR-10.004 (Classificação de resíduos sólidos - ABNT), de forma que, de acordo com a legislação vigente, seus derivados podem ser descartados em aterros sanitários licenciados. Considerando-se que os depósitos municipais e particulares encontram-se próximos de sua capacidade limite é preciso encontrar um meio de reaproveitar este resíduo de forma produtiva. A construção civil, por exemplo, é uma das atividades que contribui bastante através de ações que alteram o meio ambiente, pois é capaz de absorver diferentes resíduos de outros processos produtivos. A reciclagem e o reaproveitamento de resíduos sólidos usados como matéria-prima na construção civil assumem significativa importância para a minimização dos problemas ambientais causados pela geração de resíduos de atividades urbanas e industriais (JOHN, 2000; JOHN 2000a) Palavras-chave: Reciclagem. EVA. Concreto. OBJETIVOS 1 O objetivo do presente estudo foi investigar o efeito da incorporação de E.V.A. moído na pasta de cimento. _____________________ 1 Acadêmico de Engenharia da Unisul. Bolsista do PUIC. Professor-Pesquisador; Unisul; E-mail: [email protected] 3 Orientador; Unisul; E-mail: [email protected] 2 MÉTODOS O objeto da pesquisa consistiu na produção de corpos de prova de pasta de cimento (tamanho 5 cm de diâmetro por 19,9 cm de comprimento) com a incorporação de E.V.A. moído. O mecanismo do trabalho aconteceu através das seguintes etapas: 1) Caracterização granulométrica do resíduo (E.V.A.); 2) Investigação do melhor teor de água na mistura pasta de cimento e E.V.A: Foi realizado um estudo de ajuste de teor de água na pasta de cimento sobre uma mistura com traço de 1:3,5 (piloto). Este procedimento trata-se de adicionar uma quantidade de água suficiente para misturar a massa da pasta de cimento. E testar sua trabalhabilidade. Esta variável é a medida da deformação causada em uma massa de cimento fresco pela aplicação de uma força pre-determinada. A partir do resultado obtido testou-se outros teores de água e levantou-se uma curva de teor de água versus trabalhabilidade. 3) Realização do estudo de dosagem: Nesta etapa foi investigado o melhor traço na mistura pasta de cimento versus E.V.A. Foi realizado traços de 1:2, 1:3, 1:4 e 1:5. Em cada amostragem foram realizados ensaios de compressão e absorção de água nos tempos de cura de 3, 7 e 28 dias. Com os resultados foram levantadas as curvas de tensão e absorção pelo traço. Também foi possível ter uma idéia da evolução da tensão e absorção com os diferentes dias de cura. RESULTADOS E DISCUSSÃO Foram montados corpos de prova com um valor fixo de EVA e diferentes valores percentuais de água. O objetivo é encontrar o valor ótimo de água usada na mistura. Cada ponto equivale a 5 repetições para controle do erro. O teor de água foi variado nos percentuais de 35, 37, 40, 43, e 46%. A resistência a compressão foi avaliada aos 3 dias de cura. O traço usado foi 1:3,5 (cimento/EVA). O Gráfico 1 mostra claramente o comportamento da massa de concreto com incorporação de EVA em função do teor de água. O resultado mostrou que o valor mais adequado de água a ser utilizado é de 35%. Valores abaixo deste número dificultam a segregação da massa de concreto. Com este valor definido investigou-se o melhor traço na mistura pasta de cimento versus E.V.A em função ao teor de resistência mecânica. No gráfico 2 pode-se observar o resultado obtido. Pode-se perceber que a adição de EVA à pasta diminui significativamente o valor da resistência mecânica. Logo, o novo material não pode ser utilizado com fins estruturais. Deve- se numa próxima etapa buscar as características em relação ao desempenho acústico. Percebeu-se também que a incorporação do EVA à pasta alterou significativamente o comportamento do módulo de elasticidade, apresentando desta forma, o novo material, uma grande faixa de deformação antes de se romper. Vale investigar melhor este comportamento em um próximo estudo. Gráfico 1 – Desempenho da resistência mecânica em função do teor de água em corpos de prova com incorporação de EVA Gráfico 2 – Desempenho da resistência mecânica em função do traço da pasta estudada. CONCLUSÕES O estudo mostrou que a incorporação de EVA a uma pasta de cimento diminui significativamente o valor de resistência mecânica. Mas percebeu-se que comportamento do módulo de elasticidade foi alterado deixando a pasta mais plástica. O estudo continuará no sentindo de investigar este comportamento, assim como determinar as características acústicas do mesmo. REFERÊNCIAS JOHN, V. M. Reciclagem de resíduos na construção civil: contribuição à metodologia de pesquisa e desenvolvimento. 2000. Tese (Doutorado) - Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, São Paulo, 2000. JOHN, Vanderley M., AGOPYAN, Vahan. Reciclagem de Resíduos na construção. Departamento de Engenharia de Construção Civil, Escola Politécnica da USP (PCC USP): São Paulo, 2000. MEDEIROS, J. S. Alvenaria de blocos de concreto: Produção de componentes e parâmetros de projetos. São Paulo. Dissertação (mestrado) Escola Politécnica, Universidade de São Paulo ROLIM, A.M.; A reciclagem de resíduos de eva da indústria calçadista; V Encontro Nacional sobre Gestão Empresarial e Meio Ambiente, São Paulo, 17 a 19 de nov., São Paulo, 1999. FOMENTO O trabalho teve a concessão de Bolsa do Programa Unisul de Iniciação Científica- PUIC.