Novos Resultados sobre a Distribuição Empírica da Estatística de Teste para o Sensoriamento Espectral por sob a Hipótese H1 Cissa Costa Rausley Adriano Amaral de Souza Instituto Nacional de Telecomunicações - Inatel [email protected] Instituto Nacional de Telecomunicações - Inatel [email protected] Resumo—Este artigo demonstra que além da distribuição Log Pearson III ser uma boa aproximação para a função densidade de probabilidade da estatística de teste para a detecção por máximo autovalor (MED), ela também se encaixa de forma similar em outras técnicas de detecção como a (MMED), detecção baseada na relação entre o máximo e o mínimo autovalores da matriz de covariância do sinal recebido, e a (GLRT), detecção baseada no máximo autovalor da matriz de covariância do sinal sobre o traço da matriz de covariância. Todas elas utilizando o sensoriamento espectral cooperativo, sob a hipótese de que o sinal transmitido pela rede primária está presente. Este resultado complementa os estudos já existentes, podendo agora dizer que a distribuição Log Pearson III realmente é a que melhor se ajusta em várias situações de detecção por autovalores. Palavras chave—autovalores, sensoriamento espectral cooperativo, matriz de covariância, MMED, MED, GLRT I. INTRODUÇÃO Os órgãos regulatórios que controlam a banda de frequência hoje no Brasil utilizam uma politica de alocação fixa, porém como o espectro é limitado [1,2], o que se nota é a escassez cada vez maior de lacunas no espectro para a concessão de novas faixas de frequências. Logo, surge o conceito de rádio cognitivo (RC) [3-5], uma tecnologia que permite explorar a subutilização do espectro. Dentro as funções de um RC, uma das mais importantes é o sensoriamento espectral que, basicamente, são as técnicas especialmente desenvolvidas para encontrar “lacunas” no espectro. O sensoriamento espectral possui duas formas de realização. Pode ser de forma independente no qual cada rádio faz a busca isoladamente, ou de forma cooperativa, na qual se tem mais de um rádio sob cooperação. Pesquisas mais recente estão voltadas para o sensoriamento cooperativo devido aos ganhos obtidos nesta técnica de detecção [6-11]. C. Costa ([email protected]) e R. A. A. de Souza ([email protected]) pertencem ao Instituto Nacional de Telecomunicações Inatel. Av. João de Camargo, 510 - Santa Rita do Sapucaí - MG - Brasil 37540-000. Este artigo foi parcialmente financiado com recursos da Fapemig (Demanda Universal TEC - APQ-01255-12 e bolsa de Iniciação Científica). Para o sensoriamento espectral, existem dois parâmetros que definem o seu desempenho. Primeiro, a Probabilidade de Falso Alarme conhecida como P FA , onde se decide que o sinal primário está na banda sensoriada, sendo que na verdade não está. Segundo, é a Probabilidade de Detecção P D , onde se decide pela presença do sinal primário e de fato o sinal está presente na banda sensoriada. A determinação teórica da P FA e da P D passa pelo conhecimento da fdp (função densidade de probabilidade) da variável de detecção. Sob a hipótese H 0 , ou seja, considerando que o sinal primário não está presente na banda de frequência sensoriada, já se sabe que a matriz de covariância do sinal recebido, no caso da técnica MED, é uma matriz Wishart [12]. Devido à complexa matemática envolvendo o cálculo da distribuição sob H 1 , ou seja, considerando que o sinal primário está presente, ainda não há solução exata para a distribuição dos autovalores da matriz de covariância do sinal recebido. Recentemente, foi demostrado que a distribuição Log-Pearson III é uma boa aproximação para a função densidade de probabilidade da estatística de teste para detecção por máximo autovalor (MED) [13]. Capitalizando os resultados em [13], este trabalho foi desenvolvido com o objetivo de se encontrar uma expressão empírica para a distribuição dos autovalores da matriz de covariância do sinal recebido considerando duas técnicas de detecção por autovalores sob a hipótese H 1 : MMED (maximum-minimum eigenvalue detection) e GLRT (generalized likelihood ratio test). A partir desta expressão, será possível o cálculo da P FA e P D . Portanto, este estudo tem como intuito contribuir para o desenvolvimento dos rádios cognitivos (RC), através de uma análise empírica em que a fdp da estatística de teste sobre a hipótese H 1 na técnica MMED e GLRT é determinada, permitindo que se obtenha uma expressão fechada para o cálculo da probabilidade de detecção. Este artigo é dividido da seguinte forma: a Sessão II apresenta o principio de operação de cada uma das técnicas com suas respectivas estatísticas de testes. A Sessão III discorre sobre o método utilizado para a estimação da fdp do máximo autovalor da matriz de covariância do sinal recebido sobre a hipótese H 1. II. DESENVOLVIMENTO Para introduzir as técnicas é necessário entender o princípio de funcionamento de ambas. No sensoriamento cooperativo aqui estudado os dados coletados por cada RC são enviados a um centro de fusão por meio de um canal de controle. Após processar os dados recebidos, o centro de fusão (CF) toma uma decisão sobre o canal sensoriado, ou seja, se está vazio ou ocupado. A esse processo dá-se o nome de fusão de dados (data-fusion). Mas existe outra forma de decisão, na qual o centro de fusão recebe informações já antes decididas por cada RC. Após recebidas, essas informações são combinadas no CF através de operações aritiméticas binárias até que a decisão final seja tomada. Neste caso dá-se o nome de fusões de decisão (decision-fusion) [14]. Lembrando que em ambos os esquemas, a decisão final é sempre tomada pelo CF, e em seguida enviada pelo canal de controle para cada RCs. Neste trabalho, considera-se o sensoriamento cooperativo do tipo fusão de dados, no qual normalmente se utiliza o canal do tipo MIMO (multiple input, multiple output). Para desenvolver o algoritmo, adota-se que haja m antenas, cada uma coletando n amostras do sinal recebido de p transmissores primários durante um tempo de sensoriamento. Da mesma forma, as amostras referentes aos sinais transmitidos pelos p transmissores são arranjadas em uma matriz X. A matriz H é a matriz do canal que representa o ganho entre o transmissor primário e o RC. E finalmente, a matriz V, que contém amostras do ruído que contamina o sinal recebido, lembrando que o ruído aqui adotado é o AWGN (additive white Gaussian noise). Tomando como base essa estrutura, a matriz que contém as amostras do sinal recebido é então Y = HX + V. (1) No sensoriamento cooperativo por autovalores, os espaços no espectro são detectados por meio de testes a partir da matriz de covariância do sinal recebido na qual tem sua estimação de máxima verossimilhança dada pela sua média amostral. Portanto, a matriz de covariância pode ser calculada por 1 R @ YY† , n (2) onde ()† significa o conjugado complexo composto. A. MMED A variável de decisão na técnica MMED é calculada através da seguinte equação TMMED = 1 , m (3) onde 1 e m são, respectivamente, o máximo e o mínimo autovalores. B. GLRT A técnica GLRT é calculada pela razão entre o máximo autovalor e o traço da matriz de covariância, R, do sinal recebido. Lembrando que o traço nada mais é do que uma função matricial que associa a matriz à soma dos elementos da sua diagonal principal. Essa matriz tem que ser necessariamente uma matriz quadrada. Então TGLRT = 1 1 m tr(R ) = 1 1 m å m i= 1 i . (4) A partir de (3) e (4) utiliza-se o algoritimo de detecção: se T > γ, considera-se que o sinal primário está presente na banda de frequência sensoriada. Caso contrário, considera-se que o sinal primário não está presente. Vale ressaltar que γ representa o limiar de decisão utilizado pelo CF. III. PROCEDIMENTOS DE TESTE A. O teste de Kolmogorov- Smirnov A partir do conjunto de valores encontrados na observação da variável aleatória de decisão T, é possível selecionar distribuições de probabilidades teóricas que possam representar os valores encontrados. Assim o teste escolhido aqui foi o teste de aderência Kolmogorov-Smirnov [15], selecionado através do programa EasyFit [16]. Assim os testes foram feitos de forma separada para cada uma das técnicas aqui estudadas, de forma a encontrar uma tabela de classificação das dez distribuições mais bem colocadas para cada técnica. B. Dados A partir do programa MATLAB foi possível obter uma amostra de tamanho N da variável de decisão T. Foram geradas também cada uma das matrizes citadas na sessão II, as matrizes X, V e H, e finalmente, Y. Para a geração das matrizes foram considerados 34 conjuntos de valores para os seguintes parâmetros: m ( número de RCs), n (número de amostras colhidas) e SNR (relação sinal ruído). Lembrando que todos os testes foram feitos sempre considerando um transmissor primário (p=1). Com estes valores foram obtidos 32 amostras de tamanho N= 5000 da varíavel de decisão T. C. Análise e determinação da distribuição T sobre a hipótese H1 Para ser feita a análise, a determinação empírica da distribuição de probabilidade de cada técnica, utilizou-se o teste de Kolmogorov-Smirnov, como citado acima. As Tabelas I e II demonstram a classificação das 10 distribuições mais bem colocadas no teste de aderência, assim como o número de vezes em que cada uma esteve presente entre as 12 primeiras colocadas nos 34 testes realizados. Observando a tabela obtida com os testes, pode se observar que a distribuição Log Pearson III esteve sempre a frente das outras distribuições em ambas as técnicas aqui estudadas. De acordo com a Tabela I, referente à técnica GLRT, a distribuição Log Pearson III esteve entre as 10 primeiras colocadas 32 vezes dos 32 testes obtidos, alcançando o primeiro lugar sem deixar qualquer dúvida. Desta forma conclui-se que a distribuição Log Pearson III representa uma boa estimativa para a técnica GLRT. De acordo com a Tabela II, referente à técnica MMED, a distribuição Log Pearson III esteve novamente entre as 10 primeiras colocadas 32 vezes dos 32 testes obtidos, sendo classificada como a mais próxima para a estimação empírica da técnica. Assim, conclui-se que além da Log Pearson III ser compatível com a técnica GLRT, mostrou-se é também com a técnica MMED. A função densidade de probabilidade da distribuição Log Pearson III é dada por fT t 1 ln(t ) c t | b | a b a 1 ln(t ) c exp , b (5) FREQUÊNCIA DE OCORRÊNCIAS DAS DISTRIBUIÇÕES PARA MMED. Classificação Distribuição Frequência 1 Log Pearson III 32 2 Gen.Gamma(4P) 30 3 Pearson 6 (4P) 30 4 Lognormal 28 5 Gen Extreme Value 27 6 Pearson 5 27 7 Fatigue Life(3P) 26 8 Pearson 5(3P) 24 9 Johnson SB 24 10 Gamma 23 onde a, b e c são, respectivamente, os parâmetros de forma, escala e posição de tal distribuição e () é a função Gamma. A expressão fechada para P D será ln t c a, b , PD a (6) onde (,) é a função Gamma incompleta. A Figura 1 demonstra, como exemplo, as fdps geradas para a técnica MMED considerando m = 5 e m = 10 RCs, n = 100 amostras coletadas e SNR = 7 dB. No Anexo I encontra-se o código em Matlab utilizado para plotar a Figura 1. A Figura 2 demonstra, como exemplo, as fdps geradas para a técnica GLRT considerando m = 10 e m = 5 RCs, n = 100 amostras coletadas e SNR = 7 dB e SNR = dB. O mesmo código em Matlab demonstrado no Anexo I pode ser usado para plotar a Figura 2, bastando apenas usar a expressão para o cálculo da variável de decisão referente á técnica GLRT. Fig. 1. Função densidade de probabilidade obtida por simulação (empíricas) para a técnica MMED. TABELA I FREQUÊNCIA DE OCORRÊNCIAS DAS DISTRIBUIÇÕES PARA GLRT. Classificação Distribuição Frequência 1 Log Pearson III 32 2 Pearson 6 (4P) 31 3 Gen.Gamma(4P) 30 4 Lognormal(3P) 29 5 Fatigue Life(3P) 29 6 Gen Extreme Value 27 7 Inv Gaussiana(3P) 26 8 Pearson 5(3P) 25 9 Johnson SB 23 10 Gamma 3P 20 TABELA II Fig. 1. Função densidade de probabilidade obtida por simulação (empíricas) para a técnica GLRT. IV. CONCLUSÕES Usando uma análise empírica baseada no teste de aderência de Kolmogorov-Smirnov foi possível estimar a função densidade de probabilidade das estatísticas de teste das técnicas MMED e GLRT para o caso onde cada RC recebe sinal mais ruído, isto é, quando o sinal primário está presente na banda de frequências sensoriada. Portando, é possível encontrar facilmente a probabilidade de detecção do algoritmo de sensoriamento baseado em tais técnicas de detecção. V. AGRADECIMENTOS À Fapemig pelo apoio financeiro através de recursos provenientes dos projetos de bolsa de Iniciação Científica e Demanda Universal TEC - APQ-01255-12. APÊNDICE I O programa em Matlab apresentado a seguir tem como objetivo gerar uma amostra de tamanho N da variável de decisão T definida em (3), MMED, ou (4), GLRT. Os parâmetros de entrada são N, m, n, p e 2, sendo que este último pode assumir qualquer valor sem provocar alterações nos resultados. bins=100; N=20000; m=10; n=100; sigma=1; SNR=7; p=1; for u=1:N; H=sqrt(1/2)*randn(m,p)+1i*sqrt(1/2)*randn (m,p); X=sqrt((10^(SNR/10)*sigma^2)/2)*randn(p,n )+1i*sqrt((10^(SNR/10)*sigma^2)/2)*randn( p,n); V=sqrt(sigma^2/2)*randn(m,n)+1i*sqrt(sigm a^2/2)*randn(m,n); Y=H*X+V; nr=Y*Y'; D(u,1)=max(eig(nr))/min(eig(nr));%MMED %D(u,1)=max(eig(nr))/(1/m).*trace(nr); %GLRT End h=hist(D,bins); e=0; x=linspace(min(D),max(D),bins); d=x(1,2)-x(1,1); e=d*N; f=h/e; plot(x,f,'o') xlabel('Valores da variável de decisão T_{MMED}') ylabel('Função densidade de probabilidade (fdp)'); REFERÊNCIAS [1] M. A. McHenry, P. A. Tenhula and D. McCloskey, “Chicago Spectrum Occupancy Measurements & Analysis and a Long-term Studies Proposal”, Shared Spectrum Co. report, November 2005. [2] M. H. 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