Maize article - Conselho de Informações sobre Biotecnologia

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Passado, presente e futuro da cultura do milho
Este material foi produzido pela entidade alemã FBCI – Food Biotech Communication Initiative (em
português, Iniciativa de Comunicação em Biotecnologia de Alimentos).
Apresentação
O QUE É?
O milho é uma importante cultura agrícola destinada à produção de alimentos humanos e animais no
mundo todo. Originário da América Central, seu processo de domesticação iniciou-se por volta de
5.000 a.C. Hoje, tem como maiores produtores os Estados Unidos e a China. Nos Estados Unidos, o
milho ocupa o primeiro lugar entre as lavouras de venda direta, sem processamento. Praticamente
quase todas as suas variedades cultivadas em países industrializados consistem em híbridos de alta
qualidade, em outras palavras, em sementes adquiridas de empresas produtoras especializadas. Usa-se
o milho sobretudo como ração, mas ele também dá origem a alguns produtos de grande vulto, como o
amido, o óleo vegetal e o glúten.
Antes da introdução da tecnologia dos genes, experimentaram-se no milho quase todos os métodos
modernos de melhoramento de plantas. O advento da engenharia genética tem possibilitado aos
cientistas solucionar alguns dos problemas mais difíceis que persistiam quanto ao seu cultivo. Entre
eles, a resistência à broca européia do milho (ECB), inseto que todos os anos causa enormes perdas
nos campos de milho.
POR QUE?
Os recursos genéticos da planta do milho situam-se entre os mais conhecidos de todas as culturas
agrícolas. Conseqüentemente, suas deficiências também estão todas muito bem documentadas. A
oportunidade de incorporar na lavoura de milho genes de outras fontes permite acrescentar certos
atributos externos à constituição genética da espécie. Até agora, os atributos incorporados mais
relevantes foram a resistência à ECB e a tolerância a herbicidas específicos.
PROBLEMAS E PREOCUPAÇÕES
Em relação a outras plantas geneticamente melhoradas, o uso do milho manipulado geneticamente
suscita poucos problemas e preocupações. Não se teme que a planta de milho adquira características de
erva daninha, dada a incapacidade da planta de estabelecer-se fora das áreas de cultivo.
Não existe receio de transferência gênica, ou seja, cruzamento com parentes silvestres na Europa, já
que lá não se cultivam parentes do milho. A transferência só merece cuidado da América Central,
única região onde crescem espécies aparentadas ao milho.
Surgiram preocupações a respeito do potencial alergênico de algumas variedades de milho
geneticamente modificadas. Todavia, a avaliação global de segurança pré-mercado também examina a
alergenicidade das novas variedades desenvolvidas pela tecnologia dos genes.
Certas variedades geneticamente modificadas de milho que chegam ao mercado contêm genes
marcadores de resistência antibiótica, o que despertou temores acerca da possibilidade de ocorrer
transferência desses genes de resistência para animais e seres humanos. No entanto, investigou-se com
rigor a questão e por fim demonstrou-se que, se tal transferência chegar a acontecer, apresentará
freqüência milhões de vezes inferior à de outras fontes de transferências de genes antibióticos,
portanto considerada desprezível para a segurança alimentar e para a saúde humana. A pesquisa, além
disso, mostrou que de 20 a 30% das bactérias presentes no intestino humano já se mostram resistentes
aos antibióticos usados como genes marcadores. A razão disso reside no amplo emprego desses
antibióticos na prática médica e veterinária.
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CONCLUSÕES
A introdução da engenharia genética está revolucionando a metodologia de cultivo do milho. A
redução da necessidade de insumos externos promove a sustentabilidade dos sistemas agrícolas.
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Artigo
INTRODUÇÃO
Segundo uma lenda indígena, o milho era ‘o alimento dos deuses que criaram a terra’. Pela
frase percebe-se o prestígio do milho para o povo nativo da América Central.
Hoje, o milho, também denominado “corn” na América do Norte, é uma lavoura de extrema
importância. Terceira lavoura de cereal do mundo, situa-se logo após o trigo e o arroz. A
produção anual de milho girava em torno de 587 milhões de toneladas em 1997. Lideram a
lista de principais produtores os Estados Unidos (238 milhões de toneladas em 1997) e a
China (105 milhões de toneladas em 1997). Outros eminentes produtores são alguns países da
América Central e da América do Sul, entre os quais o Brasil (34 milhões em 1997), o
México (18 milhões de toneladas) e a Argentina (15 milhões de toneladas). Na Europa,
destaca-se a França (17 milhões de toneladas em 1997).
Emprega-se a maior parte do milho produzido como ração animal. Também se sobressai o uso
para a extração de amido, posteriormente processado e transformado em maisena e em
produtos amiláceos, digerido e transformado em xarope, ou fermentado e transformado em
álcool. O milho consiste também em importante fonte de óleo vegetal e de glúten.
Lavoura originária das Américas, foi amplamente cultivada na América Central e na América
do Sul. Sua domesticação se deu, provavelmente, há cerca de sete mil anos. O milho permitiu
o florescimento de civilizações na América Central, da mesma forma como o arroz na Ásia e
o trigo e a cevada no Oriente Médio. Existem diferentes teorias sobre a origem do milho;
hoje, a mais popular reza que o teosinto é seu ancestral silvestre.
Os parentes silvestres mais próximos do milho são o teosinto e o Tripsacum.
O teosinto é uma bem-sucedida gramínea silvestre, encontrada no México e na Guatemala,
onde muitas vezes cresce em campos de milho. Difere do milho que conhecemos hoje por ser
muito menor e conter apenas umas poucas sementes. Entre as gramíneas, o teosinto e o milho
ostentam a peculiaridade de possuir flor masculina e flor feminina separadas.
O Tripsacum é também uma gramínea encontrada na América Central e nos Estados Unidos.
O milho só existe como planta cultivada: não há forma silvestre. Ocasionalmente pode
ocorrer tigueras em campos vizinhos ou em beiras de estrada; o milho, porém, mostra-se
incapaz de reprodução sustentada e não se estabelece em habitats naturais, visto que suas
sementes, só podem separar-se da espiga com intervenção humana.
DIFERENTES VARIEDADES DE MILHO
Dependendo da aplicação, cultivam-se diferentes variedades de milho. Distinguem-se entre as
mais importantes:
• Milho de grão mole (Zea mays indentata), também chamado de milho do campo. Essa
lavoura de grande participação no comércio internacional tem amplo emprego como ração
animal e como matéria-prima de produtos alimentícios e industriais. Esta variedade
predomina nos Estados Unidos e na maioria dos demais países produtores de milho.
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• Milho de grão duro (Zea mays indurata). Caracteriza-se por endosperma duro e amiláceo.
Excelente fonte de amido, encontra-se sobretudo na América do Sul.
• Milho de farinha (Zea mays amylacea), também chamado de milho macio. É macio,
farinhento e decompõe-se com facilidade, e se emprega na produção de farelo e farinha de
milho. Na América do Sul, usam-no na fabricação de alimentos e cervejas.
• Milho doce (Zea mays saccharata), ou milho verde. Usado como hortaliça, vende-se
fresco, enlatado ou congelado. Caracteriza-se por apresentar sabor adocicado num estágio
não totalmente maduro e é usado para consumo direto.
• Pipoca (Zea mays everta). Trata-se de uma subforma do milho de grão duro, cujo
endosperma, amiláceo e duro, apresenta alto teor de umidade. Aquecidos, os grãos
explodem e forma-se uma massa amilácea branca.
• Milho ceroso. Variedade cultivada para a produção de amidos próprios para engrossar
alimentos.
• Milho indígena (Zea mays). Possui sementes brancas, vermelhas, roxas, marrons ou
multicoloridas. Milho original cultivado pelos indígenas, tem amplo emprego em
decoração.
OS MUITOS USOS DO MILHO
Como já se mencionou antes, produz-se milho para diferentes finalidades. Além de ser
empregado como ração, é usado na produção de amido, xaropes, álcool, óleo vegetal e glúten,
os quais, por sua vez, se prestam a inúmeras e variadas aplicações.
O amido de milho serve tanto para alimentos como para vários outros produtos, como
adesivos, plásticos degradáveis e goma de mascar.
Utilizam-se os xaropes de milho como adoçantes em muitos produtos alimentícios como
bebidas não alcoólicas e manteiga de amendoim, e também para produtos não alimentícios,
como graxa de sapato e papel.
O álcool de milho é usado em bebidas alcoólicas, e ainda como etanol combustível e álcool
industrial.
O óleo extraído do milho é usado como óleo de cozinha, bem como na produção de
margarina, maionese e produtos não alimentícios, como sabões, tintas e vernizes.
O glúten, subproduto da produção de adoçantes à base de milho, constitui-se valiosa fonte de
proteína e energia na produção de ração para gado.
ALGUMAS PARTICULARIDADES AGRÍCOLAS DO MILHO
Em virtude da alta capacidade de adaptação climática, quase todos os países do mundo
cultivam o milho. O fator limitante de seu crescimento reside no número de dias sem geada.
Dependendo da variedade, a lavoura exige um mínimo de 150 a 180 dias para desenvolver-se.
Subdividem-se as diferentes variedades em categorias, de acordo com a quantidade de
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‘unidades de calor’ necessárias para o desenvolvimento satisfatório da lavoura. A variedade
que se desenvolve numa área com determinada quantidade de unidades de calor, não se
desenvolverá em área que ofereça número menor dessas unidades (área mais fria).
O milho pertence à família das gramíneas e, ao contrário da maioria delas, caracteriza-se por
apresentar as flores masculina e feminina separadas na mesma planta. As flores masculinas
crescem juntas, no topo do caule, ao passo que as femininas formam espigas situados também
no caule, mas bem mais abaixo. Após a polinização, a flores femininas dão origem ao sabugo
Normalmente o vento transporta o pólen do milho, podendo ocorrer a autopolinização e a
polinização cruzada.
Uma importante meta nos métodos clássicos empregados no melhoramento do milho é criar
variedades híbridas. As primeiras variedades híbridas de milho desenvolveram-se no início
dos anos 20. Nas décadas de 30 e 40, a demanda por essas variedades híbridas aumentou
substancialmente devido ao seu vigor e à sua produtividade elevada. Desde os anos 30, a
produtividade média do milho vem aumentando na proporção de 1% ao ano, por causa da
contínua substituição de variedades híbridas por outras mais produtivas.
Os híbridos resultam do cruzamento entre dois pais geneticamente diferentes. Os híbridos de
interesse comercial são feitos por meio do cruzamento entre dois pais naturais diferentes. As
variedades híbridas costumam exibir ‘vigor híbrido’: crescem mais e produzem safra mais
abundante e uniforme do que as de seus dois pais. Tais características as tornam populares
entre os agricultores, que em geral se mostram dispostos a pagar um preço consideravelmente
superior pelas sementes de variedades híbridas. As lavouras como o milho, a beterraba, certas
hortaliças e algumas plantas ornamentais são normalmente cultivadas como híbridos em
países industrializados. A heterose, ou vigor híbrido, manifesta-se em grande número de
espécies vegetais, mas a exploração comercial acontece apenas em relativamente poucas
lavouras, devido às dificuldades associadas à constituição dos órgãos sexuais das plantas.
A obtenção de híbridos exige o desenvolvimento de linhas de consangüinidade (ou linhas
puras), em geral derivadas de plantas que se autopolinizam. As plantas como o trigo, o arroz e
a cevada apresentam flores em que os órgãos masculinos e os órgãos femininos situam-se
muito próximos e bem protegidos dentro da flor. A autopolinização gera 99% das sementes
dessas plantas. A seleção de variedades autopolinizadas conduz à produção de lotes de
sementes que consistem em plantas idênticas (homogêneas), nas quais todos os exemplares
possuem dois conjuntos idênticos de cromossomas (homozigotos).
Para produzir plantas híbridas, cruzam-se dois pais consangüíneos diferentes, dos quais um
deve transformar-se em masculino estéril para evitar a autopolinização. Nas plantas dotadas
de flores bissexuais, a retirada manual de partes masculinas (emasculação) revela-se uma
operação complicada e dispendiosa.
Como o milho exibe flores separadas, pode-se facilmente realizar a polinização cruzada.
Retiram-se sem grande esforço os órgãos masculinos reprodutivos, por se encontrarem
agrupados no topo da planta. Assim, o pólen de outra linha ou variedade pode fertilizar a
planta ‘feminina’ vizinha. Essa facilidade de emasculação explica o pioneirismo do milho no
cultivo de variedades híbridas.
Hoje em dia, a engenharia genética permite produzir variedades estéreis masculinas em várias
espécies, inclusive o milho. Por esse método, plantas estéreis masculinas se desenvolvem sem
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necessidade de retirar-lhes à mão as partes masculinas, ou sem o uso de certos produtos
químicos.
O QUE A ENGENHARIA GENÉTICA PODE FAZER PELO MILHO
Dada a extrema importância da lavoura de milho no mundo todo, a pesquisa agrícola vem-lhe
devotando profunda atenção.
Como conseqüência, muitos estudos se voltaram para o desenvolvimento de variedades de
milho manipuladas geneticamente que incorporem características de utilidade para o
agricultor. A tabela 1 apresenta a relação das primeiras variedades já desenvolvidas.
Tabela 1: Primeiras variedades de milho geneticamente modificadas
Traço introduzido
Empresa
Primeira aprovação
Proteção contra a broca européia do milho
Novartis
EUA, 1995
Tolerância ao glufosinato de amônio*)
AgrEvo
EUA, 1995
Mecanismo de controle da polinização
PGS (AgrEvo)
EUA, 1996
Tolerância ao glifosato*)
Monsanto
EUA, 1997
*) O glufosinato de amônio e o glifosato são herbicidas de amplo espectro
Tolerância a insetos
Em vista da grande suscetibilidade do milho a certas pragas de insetos, o principal objetivo da
indústria da biotecnologia reside em empregar a engenharia genética para tornar suas plantas
tolerantes a tais pragas.
Entre as pragas do milho, destaca-se a broca européia do milho (ECB). O inseto, originário da
Europa, chegou à América do Norte no início do século, por navio, e costuma causar perdas
enormes, de até 30%, quando infecta os campos. A larva da ECB perfura o caule da planta e
lá se insere, prejudicando o transporte de água e nutrientes. A planta enfraquece e seu caule
torna-se quebradiço. A broca, alojada no interior do caule, protege-se da ação dos inseticidas
químicos e biológicos, capazes de destruí-la somente por contato direto. Daí a necessidade de
se planejar com critério a aplicação dos inseticidas antes de a larva jovem perfurar o caule, a
fim de aumentar-lhes a eficácia.
Por esse motivo, desenvolver uma planta de milho capaz de produzir seu próprio inseticida
seria uma ótima maneira de controlar a ECB. O inseto ficaria em contato direto com o
inseticida, mesmo após inserir-se no caule, munindo a planta de autodefesa.
Um gene que se provou candidato ideal para promover a tolerância das plantas de milho à
ECB deriva-se da Bacillus thuringiensis (Bt).
A Bt é uma bactéria que aparece naturalmente no solo. Certas cepas de Bt produzem cristais
de proteína inseticida quando a bactéria se encapsula em esporo sob condições desfavoráveis.
Tais proteínas produzidas durante a esporulação são chamadas de proteínas ‘Cry’, codificadas
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por genes ‘cry’. Diferentes cepas de Bt produzem diferentes tipos de proteína Cry, cada qual
munida de ação contra uma família reduzida de larvas de inseto. Depois de ingeridas pela
larva, as toxinas se ligam a sítios receptores de sua parede intestinal, que se decompõe e
provoca a morte da larva em poucos dias. Diferentes proteínas Cry Bt são ativas contra a ECB
(Cry1Ab), contra a lagarta do algodoeiro e a do tabaco (Cry1Ac) e contra o besouro da batata
do Colorado (Cry3A). As proteínas Bt são inofensivas para os seres humanos, os animais
selvagens e até mesmo para os demais insetos, como abelhas e joaninhas, uma vez que tais
organismos não possuem sítios receptores aos quais as proteínas Bt se podem fixar. Além
disso, as proteínas Bt se degradam facilmente em compostos atóxicos após a exposição à luz
ultravioleta.
Há várias décadas, tanto os agricultores adeptos do cultivo orgânico quanto os convencionais
vêm utilizando produtos em que se incorporou Bt como pulverizador foliar, e não existem
relatos de efeitos desfavoráveis.
O milho com Bt, desenvolvido pela empresa suíça Novartis, foi a primeira lavoura
geneticamente modificada aprovada na Europa, em fevereiro de 1997, para cultivo e emprego
como alimento humano e animal.
A maioria das empresas produtoras de milho possuem variedades geneticamente modificadas
de milho Bt no mercado ou prontas para entrar no mercado.
O sucesso das lavouras Bt depende de as pragas-alvo desenvolverem ou não resistência a
proteínas Bt. O manejo cuidadoso é muito importante para evitar ou retardar o
desenvolvimento de insetos resistente a Bt.
Já foram descobertos novos genes candidatos a tolerância a insetos, como outros genes Bt,
inibidores de protease, lectinas etc., e estão em desenvolvimento plantas geneticamente
modificadas às quais esses genes inseticidas se incorporarão.
Tolerância a herbicidas
O cultivo do milho exige um controle rígido contra as ervas daninhas, sobretudo durante a
fase inicial da estação, quando as plantas jovens da lavoura têm de competir com as ervas
daninhas. Normalmente, consegue-se obter um controle eficaz dessas pragas por meio da
combinação de limpeza mecânica do solo (lavragem ou gradagem) e o uso de herbicidas antes
da semeadura e durante os estágios iniciais de crescimento.
O controle mecânico das ervas daninhas cria efeitos colaterais indesejados, como a erosão do
solo. Temos na história recente o mais vívido exemplo desse fato, que foi a criação do ‘dust
bowl’ no Meio-Oeste dos Estados Unidos durante os anos 30. O fenômeno chegou a ameaçar
transformar grande parte da região em deserto. Muitas pesquisas foram realizadas sobre
sistemas de controle de ervas daninhas que evitassem a limpeza mecânica, as quais apontaram
como resultado o sistema de plantio direto. O milho tolerante a herbicida contribuirá para a
expansão da agricultura de plantio direto, tendo em vista que o uso de herbicidas reduz
significativamente a necessidade de controle mecânico das ervas daninhas.
Pela engenharia genética, desenvolveram-se variedades de milho tolerantes aos herbicidas de
amplo espectro e não seletivos, o glufosinato de amônio e o glifosato. Eles controlam
praticamente todas as plantas e ervas daninhas. Por outro lado, os herbicidas seletivos, de
espectro reduzido, matam apenas uma classe específica de ervas daninhas. A vantagem dos
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herbicidas de amplo espectro, como o glifosato e o glufosinato de amônio, consiste no fato de
serem em geral menos tóxicos. Desenvolveram-se plantas agrícolas portadoras de um gene
que as torna tolerantes a um dos herbicidas de amplo espectro. O agricultor pode então usálos sem risco de prejudicar a plantação.
Em sua maioria, as empresas produtoras de sementes de milho possuem no mercado ou em
vias de preparo variedades com tolerância a um certo herbicida. A oferta de diversos tipos de
plantas tolerantes a herbicida é importante para assegurar a durabilidade do sistema. Ela
permite realizar a rotação de herbicidas e dos genes de tolerância, minimizando assim o risco
de a erva daninha tornar-se resistente a algum dos herbicidas usados.
Vale a pena lembrar que pela cultura de tecidos, sem o emprego da engenharia genética,
desenvolveram-se variedades de milho tolerantes a herbicidas, como o setoxidim e a
imidazolinona. Ambos são herbicidas de espectro reduzido e seletivos, ativos contra
gramíneas e/ou ervas daninhas de folha larga.
Esterilidade masculina (mecanismo de controle da polinização)
Conforme explicado acima, a produção de híbridos revela-se de extrema importância no
milho, no qual o vigor híbrido se apresenta de forma bastante pronunciada. Até pouco tempo,
produziam-se híbridos do milho por meio da retirada manual das flores masculinas de um de
seus pais. Agora, com a engenharia genética, podem ser desenvolvidas plantas de milho
estéreis masculinas, o que dispensa a retirada manual das flores.
POSSIBILIDADE
DE OCORRER FLUXO DE GENES PARA PARENTES
POSSIBILIDADE DA PLANTA TRANSFORMAR-SE EM ERVA DANINHA
SILVESTRES
E
Como no caso de todas as plantas manipuladas geneticamente, essas questões são de grande
importância e portanto dignas de cuidadoso exame.
O milho pode, ocasionalmente, germinar em campos abandonados ou em beiras de estradas.
Entretanto, a possibilidade de as plantas de milho virem a adquirir características de erva
daninha mostra-se extremamente remota, já que suas sementes não conseguem dispersar-se
sem intervenção humana. As plantas de milho não se estabelecem por conta própria fora do
sistema de cultivo.
O fato de as sementes não se dispersarem naturalmente da espiga foi um dos principais
critérios usados pelos agricultores no passado. Elas constituem a parte mais valiosa da planta
de milho e sua dispersão no campo gera perdas na colheita.
O cruzamento de genes com espécies silvestres, não causa preocupação na Europa, pois lá
não há parentes silvestres do milho. Já na América Central, onde eles existem, a questão se
torna relevante.
O teosinto é um parente silvestre do milho encontrado no México e na Guatemala. O milho e
o teosinto podem cruzar e produzir híbridos férteis. Fortes evidências sugerem, contudo, que
o fluxo de genes se dá predominantemente do teosinto para o milho.
O Tripsacum também é um parente silvestre do milho que ocorre na América Central. Os
híbridos só podem formar-se com intervenção humana e com muita freqüência são estéreis.
Como conseqüência, o cruzamento com o teosinto é possível, mas restrito a certas regiões da
América Central.
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Perguntas e resposta
1. AS
VARIEDADES DE MILHO TOLERANTES A HERBICIDAS AUMENTARÃO O USO DE
HERBICIDAS?
O problema dos herbicidas não reside propriamente em seu emprego, mas em seus possíveis
efeitos colaterais no meio ambiente. Existem duas maneiras de reduzir esses efeitos colaterais.
O primeiro é diminuir o uso de herbicidas e substituir o controle químico das ervas daninhas
por outros meios. O segundo consiste em desenvolver herbicidas que causem muito menos
efeitos colaterais.
As empresas agroquímicas buscam constantemente novos herbicidas. Os critérios mais
importantes são: eficácia, seletividade, degradabilidade e baixa toxicidade. Desenvolveram-se
de fato produtos agroquímicos muito menos tóxicos do que os antigos para os organismos que
não se desejam atingir.
Temos no glifosato e no glufosinato de amônio dois exemplos de herbicida de baixa
toxicidade para seres humanos e animais, que se degradam com facilidade, não são
persistentes e revelam grande eficácia. Apresentam, porém, o inconveniente de não serem
seletivos e controlarem todas as plantas e ervas daninhas indistintamente, mas essa
propriedade fez deles a arma perfeita para o desenvolvimento de plantas geneticamente
modificadas.
Com o desenvolvimento de plantas tolerantes a herbicidas pela engenharia genética, podemse substituir os herbicidas antigos por outros mais novos, menos nocivos ao meio ambiente.
Reduz-se assim o impacto ambiental do controle de ervas daninhas.
Finalmente, não se deve subestimar o fato de as alternativas para o controle químico das ervas
daninhas causarem também impactos ambientais importantes. O controle mecânico pode
gerar erosão do solo. A cada ano, perdem-se cerca de 25 bilhões de toneladas de crosta de
solo no mundo todo.
2. ALGUMAS VARIEDADES DE MILHO GENETICAMENTE MANIPULADAS SÃO RESISTENTES A
ANTIBIÓTICOS. ELAS NÃO SÃO PERIGOSAS PARA OS CONSUMIDORES?
Certas variedades de milho geneticamente manipuladas são portadoras de genes marcadores
de resistência antibiótica. Esses genes não possuem função na planta, só se mostram
necessários para a construção da planta geneticamente modificada.
Vem-se pesquisando exaustivamente se os genes de resistência antibiótica intactos podem-se
transferir para as bactérias presentes no intestino de animais e seres humanos, pelo consumo
de plantas geneticamente modificadas.
Se a transferência de genes de resistência antibiótica vier a ocorrer, as bactérias intestinais
poderão adquirir resistência contra antibióticos. Como a transferência de genes entre bactérias
é bem conhecida, sabemos que esses genes de resistência antibiótica poderiam disseminar-se
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para bactérias patogênicas que se tornariam resistentes a antibióticos. Em conseqüência disso,
tais bactérias nocivas se tornariam mais difíceis de eliminar.
A pesquisa demonstrou que a chance de isso acontecer não chega a uma em 1018; e também
que de 20 a 30% das bactérias presentes no intestino humano já se mostram resistentes a
antibióticos usados como genes marcadores, devido ao uso intenso de certos antibióticos na
prática médica e veterinária no passado.
Enfim, a tecnologia dos genes utiliza antibióticos de geração antiga, aos quais muitas
bactérias patogênicas já adquiriram resistência. Trata-se portanto de antibióticos raramente
aplicados em tratamentos de saúde humana.
Estão em desenvolvimento técnicas destinadas a afastar esses genes de resistência antibiótica
como marcadores selecionáveis na construção de plantas geneticamente modificadas.
3. A MODIFICAÇÃO GENÉTICA NÃO É APENAS UM INSTRUMENTO USADO PELAS EMPRESAS
AGROQUÍMICAS PARA VENDER PESTICIDAS?
O objetivo comercial dessas empresas não reside em vender pesticidas e sim ferramentas de
proteção para as lavouras. A tecnologia dominante na última metade do século passado
buscou empregar substâncias agroquímicas para a proteção de lavouras baseadas nos
progressos alcançados pela química.
Testemunhamos agora a mudança para uma nova geração. A segunda metade do século XX
revelou-se um período de pesquisa das ciências da vida, e suas aplicações manifestaram-se
sob a forma de biotecnologia. Acontece que essa tecnologia está proporcionando novos tipos
de proteção para as lavouras, portanto faz sentido que as empresas envolvidas na proteção de
lavouras adotem a nova tecnologia em processo de amadurecimento.
4. AS
SEMENTES GENETICAMENTE MODIFICADAS NÃO IMPEDEM O AGRICULTOR DE
CULTIVAR SUA PRÓPRIA SEMENTE DE MILHO? ISSO NÃO O TORNA DEPENDENTE DAS
MULTINACIONAIS ?
Os agricultores interessados em sementes de milho geneticamente aperfeiçoadas terão de fato
que comprá-las de empresas particulares.
Quase todos os produtores de milho dos países industrializados já recorrem às empresas
privadas para adquirir sementes, visto que a maioria dos agricultores prefere plantar o milho
híbrido, que exige que se comprem as sementes a cada estação de cultivo. Tal prática não
mudará com o advento das sementes geneticamente modificadas.
5. OS AGRICULTORES QUE PRATICAM O CULTIVO ORGÂNICO PERDERÃO OS INSETICIDAS BT
COMO SISTEMA DE CONTROLE BIOLÓGICO DEVIDO AO USO ABUNDANTE DE LAVOURAS BT?
Há muitos anos os agricultores adeptos do cultivo orgânico, que oferece maior segurança
ambiental, vêm usando a BT como inseticida. Contudo, os pulverizadores foliares, que
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contêm a bactéria Bt, mostram-se por demasiado caros para aplicações em grande escala. A
introdução de genes Bt numa lavoura diminui a necessidade de inseticidas mais nocivos.
Contudo, é de extrema importância a adoção de uma estratégia criteriosa para evitar ou
retardar o desenvolvimento de insetos resistentes à Bt. Existem à disposição diversos
métodos; um deles consiste em providenciar plantações de ‘refúgio’, ou seja, áreas plantadas
com lavouras não Bt, controladas por outros inseticidas, diferentes dos que contêm
ingredientes Bt. Dessa forma, os insetos mais suscetíveis à Bt subjugam aqueles raros
resistentes, prevenindo ou retardando o desenvolvimento de uma população resistente.
As empresas fornecedoras de sementes prestam todas as informações aos agricultores sobre o
uso apropriado das lavouras Bt e sobre as restrições de plantio que devem ser observadas.
Da parte dos pesquisadores, persiste a busca por outros genes inseticidas capazes de controlar
insetos. Um maior número desses genes contribuiria para diminuir a pressão de seleção e para
evitar a perda dessa ferramenta de controle poderosa e inofensiva ao meio ambiente que é a
Bt.
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Sites de referência
INFORMAÇÕES SOBRE A CULTURA DO MILHO
http://www.cfia-acia.agr.ca/english/food/pbo/dir9411e.html
http://www.aphis.usda.gov/bbep/bp/corn.html
http://www.uark.edu/ArkHort/classes/hort1203/corn.html
http://www.radix.net/~ferguson/corn.html
http://www.point-and-click.com/corn/about/kinds.htm
http://www.css.orst.edu/crops/seeds/ogscr/dentcorn/index.htm
http://www.ilcorn.org/index.html
http://www.ag.iastate.edu/departments/agronomy/corngrows.html
PRODUTOS DERIVADOS DO MILHO
http://www.ohiocorn.org/know/products.htm
http://www.ontariocorn.org/products.html
http://www.cen.uiuc.edu/~speller/wetmilling/wetmilling2.html
HISTÓRIA E ORIGEM DO MILHO
http://spirit.lib.uconn.edu/NativeTech/cornhusk/cornhusk.html
http://bluebonnet.pai.utexas.edu/Facstaff/facpages/bsimpson/corn.htm
http://www.ohiocorn.org/about/history.htm
ASSUNTOS GERAIS
http://www.ontariocorn.org/citc.html
http://www.ag.iastate.edu/departments/agronomy/cornpage.html
http://www.ncga.com/
http://www.ncga.com/02world/page02.html
http://apps.fao.org/
BROCA EUROPÉIA DO MILHO, BACILLUS THURINGIENSIS E BIOTECNOLOGIA
http://www.ent.iastate.edu/pest/cornborer/
http://www.pbi.nrc.ca/bulletin/may97/may97.html
http://www.nbiap.vt.edu/news/1995/news95.dec.html
http://www.cfia-acia.agr.ca/english/food/pbo/home_e.html
http://www.aphis.usda.gov/bbep/bp/not_reg.html
http://vm.cfsan.fda.gov/~lrd/biocon.html
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