8 INSTITUTO DOCTUM DE EDUCAÇÃO E TECNOLOGIA FACULDADES UNIFICADAS DOCTUM DE IÚNA CURSO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS EVOLUÇÃO DA CONTABILIDADE: UMA ANÁLISE SOBRE A ADEQUAÇÃO DOS CONTADORES EM RELAÇÃO AOS SERVIÇOS FORNECIDOS ÀS PEQUENAS EMPRESAS CRISTIANE APARECIDA CARVALHO RIBEIRO Iúna 2008 9 Cristiane Aparecida Carvalho Ribeiro EVOLUÇÃO DA CONTABILIDADE: UMA ANÁLISE SOBRE A ADEQUAÇÃO DOS CONTADORES EM RELAÇÃO AOS SERVIÇOS FORNECIDOS ÀS PEQUENAS EMPRESAS Monografia apresentada ao Curso de Ciências Contábeis do Instituto Doctum de Educação e Tecnologia como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Ciências Contábeis orientada pela Professora Fernanda Matos de Moura Almeida. Iúna 2008 10 Cristiane Aparecida Carvalho Ribeiro EVOLUÇÃO DA CONTABILIDADE: UMA ANÁLISE SOBRE A ADEQUAÇÃO DOS CONTADORES EM RELAÇÃO AOS SERVIÇOS FORNECIDOS ÀS PEQUENAS EMPRESAS Monografia submetida à Comissão examinadora designada pelo Curso de Bacharelado em Ciências Contábeis do Instituto Doctum de Educação e Tecnologia como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel. Banca Examinadora _________________________________________________ Professora Orientadora: Fernanda Matos de Moura Almeida INSTITUTO DOCTUM DE EDUCAÇÃO E TECNOLOGIA _________________________________________________ Professor: Lindomar Batista Ferreira INSTITUTO DOCTUM DE EDUCAÇÃO E TECNOLOGIA _________________________________________________ Professora: Vera Lúcia Valgas INSTITUTO DOCTUM DE EDUCAÇÃO E TECNOLOGIA Aprovada em 01 de julho de 2008. 11 Dedico em especial à minha orientadora Profª Fernanda Moura, pela responsabilidade, competência e apoio incessante durante todo o trabalho. Aos meus pais que me ensinaram o princípio da fé e perseverança, meus irmãos e ao meu namorado pelo incentivo prestado para que eu prosseguisse buscando sempre o melhor. 12 AGRADECIMENTO Primeiramente agradeço a Deus pelo dom da vida e a alegria de poder estar concluindo este curso. A minha família e aos meus irmãos pelo suporte e amparo, em todos os momentos torceram por mim e me deram todo o apoio necessário. Ao meu namorado e toda sua família que me acolheram e me deram força total, a ele meu agradecimento pela torcida e disposição diante das incansáveis noites a esperar onze horas para me buscar. Aos professores que dividiram comigo seus conhecimentos, em especial a Professora Fernanda Moura que com seriedade e dedicação não mediu esforços para a conclusão deste trabalho. Aos meus colegas de curso, pelo incentivo e troca de experiências, em especial a Farana Mariano por seu imenso espírito de cooperação e auxílio durante todo este percurso. Aos meus amigos e colegas de trabalho que entenderam a minha ansiedade e ausência como amiga. E a todos que ao longo deste período participaram direta ou indiretamente da minha formação. A todos vocês meu agradecimento, carinho e admiração. Vocês contribuíram para tornar real o meu sonho. 13 Você vê coisas e diz: Por quê? Mas eu sonho coisas que nunca existiram e digo: por que não? (George Bernad Shaw) 14 RESUMO O presente trabalho tem como objetivo analisar como os contadores das pequenas empresas de Iúna – ES que atuam no mercado há no mínimo 10 anos, têm acompanhado a evolução da Contabilidade. Visto que os gestores de qualquer empresa necessitam de informações contábeis precisas, e a contabilidade tem evoluído para atender a essa demanda, busca-se com essa pesquisa verificar se os contadores têm se preocupado em acompanhar a evolução da contabilidade na prestação de serviços contábeis. O referencial teórico desenvolvido conceitua, classifica e apresenta algumas características da pequena empresa, ressalta a importância da contabilidade, bem como sua evolução desde a origem até os dias atuais. Para tanto, utilizou-se como metodologia, a pesquisa descritiva, bibliográfica e de levantamento, e como instrumento de coleta de dados um formulário foi aplicado a 67 pequenas empresas de Iúna-ES e aos contadores atuantes em IúnaES a fim de comparar os dados obtidos na pesquisa com os empresários e com os contadores. Depois de tabulados, todos os dados coletados foram analisados e discutidos pela pesquisadora. Os resultados foram surpreendentes no que diz respeito ao atendimento dos contadores às exigências da contabilidade, observa-se que os contadores de Iúna-ES estão acompanhando a evolução da contabilidade, ainda que de forma embrionária. Palavras-chave: Evolução da contabilidade. Pequena Empresa. Contador. 15 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO................................................................................... 08 2 PEQUENAS EMPRESAS.................................................................. 10 2.1 DEFINIÇÕES E CONCEITOS ........................................................... 10 2.2 IMPORTÂNCIA DAS PEQUENAS EMPRESAS................................ 2.3 DIFICULDADES ENFRENTADAS PELAS PEQUENAS 11 EMPRESAS ...................................................................................... 12 2.3.1 Mortalidade das Micro e Pequenas Empresas.................................. 13 3 A CONTABILIDADE.......................................................................... 14 3.1 ORIGEM ............................................................................................ 14 3.2 INFORMAÇÕES CONTÁBEIS........................................................... 15 3.2.2 Usuários das Informações Contábeis................................................ 18 3.3 EVOLUÇAO DA CONTABILIDADE................................................... 20 3.3.1 Contabilidade Financeira................................................................... 20 3.3.2 Contabilidade de Custos ................................................................... 22 3.3.3 Contabilidade Gerencial..................................................................... 24 3.3.4 Da contabilidade financeira à gerencial............................................. 25 3.4 3.4.1 A CONTABILIDADE GERENCIAL NO PROCESSO 27 DECISÓRIO....................................................................................... Importância da contabilidade gerencial para as empresas................ 28 4 METODOLOGIA................................................................................ 29 5 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS........................................... 31 6 CONCLUSÃO.................................................................................... 38 REFERÊNCIAS.................................................................................. 39 APÊNDICES...................................................................................... 42 8 1 INTRODUÇÃO O desenvolvimento tecnológico provocou nas empresas, a necessidade de buscar maior eficácia, implicando no aperfeiçoamento de métodos e processos administrativos acarretando em especializações (BRAGA, 2003). Atkinson et al., (2000) afirmam que o mercado varejista vem se tornando em uma indústria cada vez mais competitiva. Entretanto, gerentes e funcionários exigem mais informações a fim de melhorar a qualidade, pontualidade e eficiência nas atividades por eles executadas, bem como ter suporte para tomar as decisões necessárias. O ambiente competitivo entre as empresas durante o século XX tornou-se mais desafiador e exigente. Conseqüentemente as empresas atuais demandam por informações gerenciais diferentes e eficazes (ATKINSON, et al., 2000). A Contabilidade é considerada objetivamente um sistema de informação, destinada a evidenciar as informações de que seus usuários necessitam, apresentando as demonstrações e análises de natureza econômica, financeira, e física com relação à entidade objeto de contabilização (CREPALDI, 2007). A interpretação das demonstrações contábeis é interessante não só para análise de fim de exercício como também para atividade administrativa normal. Os administradores e os acionistas podem encontrar nas demonstrações contábeis uma fonte em relação à situação corrente da empresa (BRAGA, 2003). Padoveze (2002) afirma que o sistema de informação contábil é de responsabilidade do contador gerencial ou controller. Um bom contador gerencial se difere dos outros profissionais por refinar e apresentar de maneira clara, operacional e resumida as informações contidas nos registros da contabilidade financeira (IUDÍCIBUS, 1998a). Entretanto, os contadores gerenciais não podem esperar que um único conjunto padronizado de informações ou relatórios possa atender às necessidades de todas as empresas (ATKINSON, et al., 2000). Considerando que os administradores necessitam de informações contábeis precisas e que a Contabilidade está evoluindo, questiona-se: Como os contadores 9 das pequenas empresas de Iúna – ES que atuam no mercado há no mínimo 10 anos, têm acompanhado a evolução da Contabilidade? A presente pesquisa tem como objetivo geral analisar como os contadores das pequenas empresas de Iúna – ES que atuam no mercado há no mínimo 10 anos, têm acompanhado a evolução da Contabilidade. E para tanto, tem-se como objetivos específicos: • Apresentar com base na literatura as fases evolutivas da Contabilidade; • Fazer um levantamento com os proprietários das empresas de pequeno porte de Iúna – ES sobre os serviços fornecidos pelos contadores nos últimos dez anos; • Verificar junto aos contadores de Iúna – ES, como têm acompanhado a evolução da Contabilidade no que diz respeito à prática de informes contábeis; • Confrontar os dados fornecidos pelos empresários pesquisados e aqueles fornecidos pelos contadores a fim de identificar a evolução das práticas contábeis oferecidas pelos escritórios de Contabilidade de Iúna-ES. De acordo com Padoveze (2002) a Contabilidade mudou de foco a partir da contabilidade gerencial, passando de simples registros e análises de transações financeiras para geração de informações e conhecimento para decisões que afetam o futuro. Visto que houve mudança de foco na contabilidade, torna-se importante observar se os contadores de Iúna - ES, também mudaram o foco de seu serviço. Esse ponto demonstra a relevância dessa pesquisa. Os resultados desta pesquisa poderão contribuir com os profissionais contadores de Iúna – ES na valorização dos serviços prestados, a partir de uma breve análise da situação atual. E os proprietários das empresas pesquisadas, poderão assumir uma postura questionadora a partir dessa pesquisa, em relação às informações que recebem dos contadores. Muito se tem ouvido falar sobre a transformação dos antigos “guarda-livros”, como cita Marion (2005), para contadores gerenciais. Esse foi o fator que motivou a realização da presente pesquisa e que representa sua atualidade e viabilidade. Quanto aos métodos utilizados essa pesquisa se caracteriza como: descritiva, bibliográfica e de levantamento. Um formulário foi aplicado aos proprietários das empresas pesquisadas e aos contadores de Iúna – ES constituindo-se como sendo o instrumento de coleta de dados. 10 2 PEQUENAS EMPRESAS 2.1 DEFINIÇÕES E CONCEITOS Segundo Chiavenato (2005) uma empresa é constituída de um montante de pessoas trabalhando com intuito de alcançar objetivos por meio da gestão dos recursos humanos, materiais e financeiros, que isoladamente teriam maiores dificuldade de serem atingidos. As definições de pequenas empresas são arbitrárias e diferem de acordo com a finalidade. Geralmente, considera-se uma pequena empresa quando o negócio tem apenas um ou um pequeno grupo de investidores (LONGENECKER; MOORE; PETTY, 2004). Para Chiavenato (2005) vários são os critérios utilizados para definição das empresas. Quanto ao porte podem ser classificadas como pequenas, médias e grandes empresas. Há definições que se baseiam em número de empregados, volume de vendas, volume de depósito, valor do ativo, entre outros. Para realização desta pesquisa foi adotado o critério de classificação que, de acordo com Chiavenato (2005), é o critério mais utilizado pelo SEBRAE – Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas - para definir o tamanho das empresas: Classificação por porte PE - Pequena Empresa MDE – Média Empresa GE – Grande Empresa Fonte: Chiavenato (2005) Indústria Comércio e Serviços 20 a 99 funcionários 100 a 499 Funcionários 500 ou mais funcionários 10 a 49 funcionários 50 a 99 funcionários 100 ou mais funcionários Longenecker (2004) diz que uma empresa pode ser definida como “pequena” quando comparada com empresas maiores e, definida como “grande” quando comparada com empresas menores. 11 2.2 IMPORTÂNCIA DAS PEQUENAS EMPRESAS Segundo Longenecker, Moore e Petty (2004) a pequena empresa é componente essencial da economia e, completam dizendo, que as empresas pequenas e agressivas ainda podem competir eficazmente com grandes corporações. Além do mais, a pequena empresa fornece muitas oportunidades de emprego à população e uma economia em desenvolvimento demanda emprego em grande volume. As pequenas empresas são consideradas o núcleo da economia dos países, impulsionadoras do mercado, geradoras de oportunidades, aquela que proporciona emprego mesmo em ocasião de recessão (CHIAVENATO, 2005). Chiavenato (2005) diz ainda que a pequena e a média empresa conseguem com maior facilidade satisfazer a necessidade de especialização em busca de integrar adequadamente a tecnologia, qualidade e competitividade. Para Dolabela (1999) a partir da década de 1980, devido alguns fatores na economia mundial, que se refletem na economia brasileira, as grandes empresas começaram a produzir mais com menos empregados, delineando assim uma nova organização econômica. A partir daí, as importantes criadoras de empregos passaram a ser as pequenas e médias empresas - PME’s. Longenecker, Moore e Petty (2004) afirmam que além das pequenas empresas produzirem bens e serviços diferenciados com mais eficiência em algumas áreas, prestam contribuições significativas para a economia, fornecendo desde novos empregos, inovações e avanços científicos, até atuações como concorrentes econômicos. A pequena empresa contribui inquestionavelmente para o bem estar econômico da nação, sendo sua contribuição econômica geral similar às grandes empresas, pois à medida que crescem fornecem novos empregos, estimulando assim a competitividade. As pequenas empresas apresentam agilidade e flexibilidade para mudanças rápidas e inesperadas, isto se deve por três pontos fundamentais: pequeno volume de negócio, atendimento diferenciado e individualizado, apresentando produtos personalizados para cada tipo de cliente e, por último, oportunidades passageiras de 12 mercado que envolvem agilidade e rapidez nas decisões para alterações de produtos/serviços (CHIAVENATO, 2005). 2.3 DIFICULDADES ENFRENTADAS PELAS PEQUENAS EMPRESAS Segundo Drucker (2002) é típico em fase de crescimento de uma pequena empresa o contador guarda-livros se tornar um controlador financeiro. O departamento de Contabilidade foi crescendo e o empurrou para cima, isto se deve ao fato de uma pequena empresa não possuir recursos suficientes para manter um contador em seu quadro funcional. No entanto, as pequenas empresas devem ter seus registros contábeis feitos por um profissional contador devidamente registrado ou por empresas que prestem serviços de Contabilidade a pequenas empresas, em vez de ter seus lançamentos efetuados por um funcionário ou membro da família do proprietário (LONGENECKER; MOORE; PETTY, 2004). De acordo com Marion (2005), em alguns segmentos da economia, mais especificamente na pequena empresa, a função do contador foi distorcida voltada somente para atender as exigências fiscais. A qualidade do gerenciamento desempenha papel importante nas dificuldades enfrentadas pelas pequenas empresas, na concepção de Longenecker, Moore e Petty (2004). Falta de conhecimento sobre o negócio, falta de experiência no ramo e falta de experiência gerencial estão diretamente ligados com as dificuldades e até fracasso enfrentado pelas pequenas empresas. Para Drucker (2002) o que as empresas necessitam é de ferramentas que possibilitem o processo de tomada de decisão sem que seja necessário adivinhar em que estágio da economia a empresa se encontra. Considerando o parágrafo anterior, a presente pesquisa procura demonstrar se os proprietários das pequenas empresas de Iúna-ES estão sendo orientados pelos seus contadores, quanto às informações que são importantes para gerir seu negócio. 13 2.3.1 Mortalidade das Micro e Pequenas Empresas Lacerda (2006) afirma que esforços existem no sentido de manter e desenvolver as Micro e Pequenas Empresas – MPE`s, mas que ainda é baixa a taxa de sobrevivência destas. Segundo dados do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas - SEBRAE – (2004) a principal causa de encerramento das pequenas empresas é motivada por falhas gerenciais (falta de capital e custos elevados) e causas econômicas (falta de clientes) demonstrando assim as dificuldades enfrentadas pelos empresários e gerentes na administração de entradas e saídas de receitas. O comportamento dos empresários de MPE`s no Brasil pode ser definido a partir de alguns pontos: baixo interesse em cooperar com os concorrentes, não sabem comercializar, desconhecem a clientela, são passivos em relação à conquista de vantagens competitivas e não compreendem a importância dos intangíveis. Essas são características culturais dos empresários (LACERDA, 2006). Recentemente indicadores foram divulgados por meio de pesquisas nacionais realizadas pelo Sistema Sebrae, demonstrando claramente que as micro e pequenas empresas brasileiras – MPE`s – operam atualmente em condições mais favoráveis, devido a melhorias do ambiente macroeconômico e medidas de gestão adotadas pelos empresários, tais como: planejamento, controle de custos, treinamento, qualidade, processos (SEBRAE, 2008). A partir desses dados apresentados pelo SEBRAE, percebe-se que a cultura dos empresários, apresentada anteriormente por Lacerda (2006), já está mudando. Pesquisa realizada recentemente pelo SEBRAE em todos os grupos de empresas indica que: 22% das empresas sobrevivem até 02 anos, 31,3% até 03 anos e 35,9% até 04 anos. Esses dados apresentam certo desenvolvimento na sobrevivência das empresas se comparados com os resultados da pesquisa realizada pelo SEBRAE em 2004: 49% sobreviviam até 02 anos, 59,4% até 03 anos e 59,9% até 04 anos (SEBRAE, 2008). Percebe-se, portanto, que houve uma redução na taxa de mortalidade das MPE`s por tempo de atividade no período compreendido entre 2004 e 2007. 14 3 A CONTABILIDADE Iudícibus e Marion (2002, p. 9) afirmam que “a Contabilidade é tão antiga quanto o homem que pensa”. Entretanto, desde a antiguidade já se via necessidade de acompanhar, controlar e medir o patrimônio. Marion (2005) menciona que no livro de Jó - o mais antigo da Bíblia - já se apurava riqueza e crescimento, nessa época Jó era considerado o homem mais rico e já tinha a necessidade de controle e acompanhamento quantitativo dos bens. Não se sabe quem inventou a Contabilidade, mas, segundo Sá (2002) o homem primitivo começou a evidenciar sua riqueza patrimonial, efetuando registros em grutas, osso e outros materiais, demonstrando manifestações da inteligência humana na percepção dos meios patrimoniais, quantitativa e qualitativa, formando assim a chamada conta primitiva. Diante das palavras de Sá verifica-se que o homem primitivo já demonstrava preocupação em obter meios de mensurar e controlar seu patrimônio. O método de escrituração por Partidas Dobradas - débito e crédito - citado por Iudícibus e Marion (2002) como a primeira literatura importante na Contabilidade, foi consolidado pelo Frei Luca Pacioli no século XV. Os autores dizem ainda que a obra de Pacioli pode ser vista como sendo o início do pensamento científico contábil. Até o século XVI, o principal objetivo da Contabilidade era produzir informações para o proprietário da empresa que, geralmente, tinha um único dono. Não existiam padrões uniformes para as demonstrações das contas, que eram mantidas em sigilo pelo proprietário, não sendo comum haver uma distinção entre suas contas e as da empresa. Não existia o conceito de exercício contábil, tendo em vista que a maioria das empresas tinha uma duração curta. Assim seu resultado era verificado apenas no término do empreendimento (HENDRIKSEN; BREDA, 1999). Marion (2005) reafirma tal pensamento, citando que por volta do século XVI o objetivo principal da Contabilidade era basicamente produzir informações para o proprietário da empresa, que era visto como sendo a figura central interessada nessas informações. 15 Crepaldi (2007) concorda com a idéia exposta nos parágrafos anteriores por outros autores, dizendo que antigamente a Contabilidade tinha como objetivo, transmitir informações sobre o lucro obtido na empresa, somente aos seus donos. Ao longo do tempo, a Contabilidade foi se desenvolvendo e adaptando-se às necessidades da sociedade. No final do século XIX e início do XX a Contabilidade sofreu um impacto muito grande com a expansão da indústria, especialmente na Inglaterra e nos Estados Unidos, tendo em vista o advento da Revolução Industrial. Com o surgimento das fábricas, os ativos passaram a perfazer um valor considerável do custo de produção, tornando necessário e importante o cálculo da depreciação. Este fato gerou a necessidade cada vez maior de informações sobre custos e avaliação de estoques, surgindo a Contabilidade de Custos (HENDRIKSEN; BREDA, 1999). Segundo afirmação de Crepaldi (2007) na Contabilidade moderna além de transmitir informação aos proprietários da empresa, o papel da Contabilidade tornase ainda mais complexo diante das características do mercado econômico. Trata-se de produção de relatórios e informações que atendam plenamente a todos os usuários nos níveis empresariais, administrativos e financeiros. Atualmente, a função contábil está sendo reconhecida dentro das entidades, isto se deve ao vasto campo de aperfeiçoamento introduzido pela legislação contábil, e aos vários esforços realizados através de pesquisas contábeis, no sentido de treinar, manter e atualizar os profissionais desta área (IUDÍCIBUS, 1998b). 3.2 INFORMAÇÕES CONTÁBEIS Assim como toda informação, a informação contábil parte de dados coletados dentro de uma empresa obedecendo a critérios, formato e características metodológicas fundamentadas na ciência contábil (PADOVEZE, 2002). As informações contábeis são instrumentos de apoio que devem atender aos diversos tipos de usuários, possibilitando um controle aperfeiçoado e eficaz dos elementos patrimoniais, a fim de fornecer à administração informações úteis, sejam essas de natureza econômica, financeira ou social (BRAGA, 2003). 16 A Contabilidade deve ser vista como um instrumento essencial para a gestão das organizações e não somente para atender as exigências legais. Iudícibus (1998b, p. 27) afirma que: “a contabilidade não é e nem deve ser entendida como um fim em si mesma.” As informações fornecidas pela Contabilidade só terão utilidade para a empresa, se satisfizerem as necessidades da administração ou de outros interessados no processo, e não apenas para atender exigências legais e fiscais. A Contabilidade por meio de seus informes pode e deve se tornar um instrumento para gestão que auxilie efetivamente a administração e gerenciamento do negócio, com objetivo inclusive de assessorar no longo prazo (COELHO, 2004). Os responsáveis pela administração estão frequentemente tomando decisões na maioria das vezes vitais para o sucesso do negócio, devido a isso há necessidade de dados e informações corretas, que dêem suporte e contribua para uma boa tomada de decisão (MARION, 2005). Segundo Padoveze (2002) a informação contábil tem como ponto fundamental possibilitar que uma entidade alcance seus objetivos utilizando recursos, sejam eles: humanos, materiais, financeiros. A informação é considerada um recurso eficiente, no que se refere à tomada de decisões e à redução de incertezas. Tais decisões visam o futuro, mas para se preparar o futuro é necessário o conhecimento detalhado sob o que aconteceu no passado e o que acontece no momento. Esse conhecimento se dá pela obtenção de informações claras, objetivas e fidedignas (IUDÍCIBUS, 1998b). Com o acúmulo de todos os registros operacionais de uma empresa, através das informações geradas pela Contabilidade pode-se pesquisar ações passadas da organização e capturar inclusive aquelas que deram origem ao empreendimento (COELHO, 2004). A precisão e a eficiência do sistema de informações contábeis de uma empresa são fundamentais para análise das demonstrações contábeis, portanto quanto mais eficiente, maior o grau de confiabilidade nas informações contidas nas demonstrações apresentada, afirma Braga (2003). Magalhães (2000) complementa essa afirmação, dizendo que essas informações devem ser elaboradas de maneira que produzam, com maior grau de certeza possível a realidade da empresa, ou seja, estejam isentas de manipulações 17 e evidenciem os resultados dos fatos contábeis que ocorreram, bem como a relevância de tais fatos. A informação contábil deve ser, em geral e antes de tudo, veraz e eqüitativa, de forma a satisfazer às necessidades comuns de um grande número de usuários, não podendo privilegiar nenhum deles. Levando-se em conta que nem sempre os interesses dos usuários são coincidentes, deve se divulgar com clareza aquelas informações sobre a empresa que atendam aos propósitos de cada usuário (OLIVEIRA; PEREZ JÚNIOR; SILVA, 2005). Contudo a informação deve ser gerada para atender às necessidades dos usuários internos e externos, e não somente aos contadores. Quem determina o nível de relevância da informação são esses usuários finais. Um bom contador deve saber que as informações são geradas para atender às necessidades de outras pessoas (MAGALHÃES, 2000). As características das informações contábeis podem ser relacionadas aos usuários e às tomadas de decisões. Um usuário bem preparado e informado demanda informações mais complexas e completas do que usuários menos informados. Desta forma, a informação está relacionada de maneira direta aos usuários que a utilizaram (LOPES; MARTINS, 2005). Segundo Magalhães (2000) no que se refere ao custo da informação contábil, este não pode custar mais do que o valor econômico da informação. Uma informação mesmo que útil só é desejável se conseguida a um custo menor que os benefícios propiciados à empresa. Coelho (2004) demonstra que inicialmente, era única e exclusiva finalidade da contabilidade controlar o patrimônio da empresa. Não desvalorizando o controle do patrimônio, as duas principais finalidades da informação contábil são: controle para verificação do estágio em que a empresa está, se as ações praticadas estão em conformidade com os planos traçados pela administração e outra finalidade é o planejamento para definir caminhos a serem percorridos pela empresa. Entretanto para que as informações contábeis sejam utilizadas no processo administrativo é necessário que seja importante para os responsáveis pela administração da empresa (MAGALHÃES, 2000). Vale lembrar, que para uma informação contábil ter qualidade e servir efetivamente de base para cálculos e análise financeira, deve garantir algumas 18 características, tais como: clareza, objetividade, relevância, confiabilidade e eficácia (COELHO, 2004). 3.2.2 Usuários das Informações Contábeis Os usuários das informações contábeis são pessoas físicas ou jurídicas com interesse na entidade, que utilizam as mesmas para seus próprios fins, de forma permanente ou transitória (OLIVEIRA, PEREZ JÚNIOR; SILVA, 2005). Devido à exigência de grandes volumes de capital, iniciou-se a distinção entre investidor e administrador. Isso fez com que as informações contábeis além de serem direcionadas ao proprietário, fossem direcionadas também aos usuários externos, ou seja, passou-se a elaborar relatórios para proprietários ausentes (HENDRIKSEN; BREDA, 1999). No que diz respeito à mudança de foco dos usuários das informações contábeis Hendriksen e Breda (1999, p. 47) afirmam que “as informações financeiras, que tinham sido geradas principalmente para fins de gestão, passaram a ser demandas cada vez mais por acionistas, investidores, credores e pelo governo”. As informações contábeis são decorrentes de operações realizadas pelos contadores e estão direcionadas ao atendimento de seus usuários. Os usuários destas informações podem ser tanto externos em cumprimento às normas legais quanto internos atendendo aos interesses peculiares de cada organização (MAGALHÃES, 2000). Iudícibus e Marion (2002) reforçam tal fato dizendo que as informações contábeis devem atender as necessidades de dois grupos de usuários: externos (como bancos, governos, fornecedores, concorrentes, eventuais investidores) e internos (administradores, proprietários, sócios, diretores, funcionários). Pessoas que se mantêm na maioria das vezes afastadas da direção, tais como sócios, acionistas e proprietários de cotas societárias, estão interessadas primeiramente na rentabilidade e segurança de seus investimentos, mas necessitam de informações que dêem respostas claras e concisas a suas perguntas (IUDÍCIBUS, 1998a). 19 Ainda segundo Iudícibus (1998a) o interesse nas informações contábeis por parte dos administradores, diretores e executivos se deve ao fato de serem agentes responsáveis pelas tomadas de decisões dentro da entidade que pertencem. Gerentes, funcionários e administradores das empresas necessitam de informações importantes que dêem suporte no processo decisório e possam reduzir as incertezas no desempenho diário das atividades (CREPALDI, 2007). Marion (2004) assim descreve os interesses dos usuários externos nas informações geradas pela Contabilidade: - o governo utiliza das informações contábeis a fim de verificar quanto de impostos foram gerados aos cofres públicos; - os bancos financiam investimentos desde que a empresa tenha capacidade para quitação de uma dívida futuramente; - os fornecedores querem saber se a empresa apresenta condições para pagamento das compras efetuadas. Aguiar, Frezatti e Guerreiro, (2007) apresentam uma maneira de se diferenciar os usuários, basta olhar para a porta da organização: aqueles que se encontram da porta para dentro são considerados usuários internos e os que se encontram da porta para fora são os usuários externos. Esses usuários têm olhares diferentes, e os usuários internos necessitam de informações mais detalhadas que os usuários externos. O contador não deve impor sua visão e opinião da informação que está fornecendo. Sua obrigação é fornecer o que pedem, do jeito que pedem dentro dos padrões e diretrizes da empresa, não desrespeitando os princípios e normas contábeis. O contador deve respeitar a posição do usuário e sua forma de enxergar e utilizar a informação (PADOVEZE, 2002). 20 3.3 EVOLUÇÃO DA CONTABILIDADE 3.3.1 Contabilidade Financeira Com a Revolução Industrial, nasce a Contabilidade financeira, em conseqüência dos grandes negócios nos quais passaram a ser financiados. Com esta fase associa-se o crescimento da relevância dos relatórios contábeis (balanço patrimonial e demonstrações anual de lucros) para a prestação de contas à sociedade capitalista, redirecionando os investimentos para os projetos mais rentáveis (PADOVEZE, 2002). Segundo Coelho (2004) o principal papel da Contabilidade financeira é registrar e controlar todas as operações realizadas pela empresa, apurando o resultado operacional da empresa, ou seja, verificando a existência do lucro ou prejuízo. A Contabilidade financeira é apresentada através de demonstrações. A Contabilidade financeira está relacionada basicamente como instrumento contábil necessário à elaboração dos relatórios contábeis para usuários externos e para atendimentos legais (PADOVEZE, 2002). Para Viceconti (2003) a Contabilidade financeira exerce sua função através da utilização das partidas dobradas, que tem como objetivo a elaboração das demonstrações contábeis, balanço patrimonial, demonstração do resultado, demonstração do lucro ou prejuízo acumulado, entre outros. Essas demonstrações devem ser elaboradas com base nos princípios contábeis. Os princípios Fundamentais da Contabilidade representam a essência das doutrinas e teorias relativas à Ciência da Contabilidade. Considerando a evolução da área Contábil nas últimas décadas, o Conselho Federal de Contabilidade – CFC – através da resolução n° 750/93 constituiu os Princí pios Fundamentais da Contabilidade. A observância desses Princípios é obrigatória no exercício da profissão contábil (IUDÍCIBUS; MARTINS; GELBECKER, 2006). A Contabilidade financeira zela pelos princípios contábeis, no entanto é vista como fraca para fins de gerenciamento empresarial, e indutora de erros na gestão empresarial (PADOVEZE, 2002) 21 Segundo Hendriksen e Breda (1999) para que a Contabilidade proporcione as diretrizes adequadas visando o desenvolvimento do pensamento contábil e dos princípios da Contabilidade, justifica-se algumas definições. - Ativo: segundo Marion (2005) ativos são todos os bens e direitos que pertencem à empresa, mensuráveis monetariamente e que representem benefícios presentes ou futuros para a empresa. Lopes e Martins (2005) afirmam que ativo deve representar benefícios futuros obtidos ou controlados por uma entidade como resultado de atividades ou eventos passados. Cabe então ressaltar a importância da consideração de benefícios futuros e do controle da organização como definição dos ativos. Iudícibus, Martins e Gelbecker (2006) definem ativos como sendo aqueles recursos controlados por uma empresa que seja capaz de gerar, em algum momento fluxos de caixa, ou seja, gerar riqueza. - Passivo e Patrimônio Líquido: o termo passivo tem significado negativo, ou seja, no mundo dos negócios representa obrigações e dívidas. Num sentido amplo são financiamentos, trata-se de todas as contas que se apresentam no lado direito do balanço patrimonial (MARION, 2005). Segundo Hendriksen e Breda (1999) passivo pode ser definido como obrigações ou compromissos de uma empresa no sentido de entregar dinheiro, bens ou serviços a uma pessoa, empresa ou uma organização externa em data futura. O patrimônio líquido representa, na equação patrimonial, a diferença entre bens e direitos do ativo e as obrigações de terceiros do passivo (OLIVEIRA; PEREZ JÚNIOR, 2007). Marion (2005) afirma que o patrimônio líquido está incluído no denominador passivo, considerando que o patrimônio líquido também é uma obrigação para com seus proprietários. - Receitas: Iudícibus (1998b) define receita como sendo a entrada de ativos sob a forma de dinheiro ou direitos a receber, que correspondem, normalmente a venda de mercadorias, produtos ou prestação de serviços. A receita é reconhecida no período contábil em que foi gerada. Normalmente o fato gerador é identificado quando os bens e direitos são transferidos aos compradores em troca de dinheiro ou a receber (MARION, 2005). - Despesas: segundo Oliveira e Perez Júnior (2007) as despesas são consideradas gastos das áreas administrativas, financeiras e comerciais, ou seja, 22 fora da fábrica, mas que têm como objetivo a geração de receitas ou manutenção da atividade geradora de receitas. Despesas são saídas ou outras utilizações dos ativos de uma entidade ou criação de passivo, durante um período, advindos de venda de ativo, prestação de serviço ou outras atividades que se constituem no objetivo central de atuação da entidade (LOPES; MARTINS, 2005). No momento em que se reconhece a receita, associa-se com a despesa sacrificada para obter essa receita. Entretanto desse confronto (receita x despesas) é que se obtém o resultado do exercício (MARION, 2005). 3.3.2 Contabilidade de Custos Diante da Revolução Industrial e a conseqüente proliferação das empresas industriais, a Contabilidade se viu rodeada de problemas de adaptação dos procedimentos de apuração de resultado da empresas comerciais (revenda de mercadorias) para as empresas industriais, que adquiriam matéria-prima e utilizavam fatores de produção para transformá-las em produtos destinados a venda (VICECONTI, 2003). Através da Contabilidade financeira que nasceu a Contabilidade de Custos, quando houve a necessidade de avaliar estoques na indústria, tarefa essa fácil na empresa típica do mercantilismo. Seus princípios derivam dessa primeira finalidade, no entanto, nem sempre conseguem atender a suas outras duas tarefas mais recentes: controle e decisão (MARTINS, 2003). A Contabilidade de custos origina-se da necessidade de resolver problemas de mensuração de resultado. No decorrer do tempo a Contabilidade de custos tornou-se também em instrumento de auxílio nas decisões gerenciais, devido à evolução das empresas (OLIVEIRA; PEREZ JÚNIOR, 2007). Segundo Padoveze (2002) a Contabilidade de custos está voltada para cálculo, interpretação e controle dos custos dos bens fabricados, comercializados, ou serviços prestados pela empresa. 23 A Contabilidade de custos e a Contabilidade financeira devem ter uma compatibilidade quanto aos critérios utilizados para que não haja distorções principalmente nos relatórios contábeis (MARTINS, 2003). Os usuários mais importantes de um sistema de custos são, além dos próprios donos, diretores e executivos, os administradores de empresas, são responsáveis pelo processo de tomada de decisão. Para tanto, necessitam de informações contábeis claras, entendíveis e confiáveis (OLIVEIRA; PEREZ JÚNIOR, 2007). O custo é um gasto, reconhecido como tal, no momento da utilização dos fatores de produção (bens e serviços), para fabricação de um produto ou execução de um serviço, conforme afirma Martins (2003). Um exemplo prático é a energia elétrica que é gasto no momento de sua aquisição, e passa imediatamente para custos a partir de sua utilização sem transitar pela fase de investimento. Nas empresas a avaliação correta dos custos implica diretamente na elaboração correta das demonstrações contábeis (OLIVEIRA; PEREZ JÚNIOR, 2007). Oliveira e Perez Júnior (2007) assim classificam os custos: Custos fixos: permanecem constante independente do volume de produção, ou seja, uma alteração no volume de produção, para mais ou para menos não altera o valor total do custo fixo. Custos variáveis: são aqueles que mantêm uma relação direta com o volume de produção ou serviço e consequentemente podem ser identificados. O custo total variável aumenta ou diminui à medida que o volume de atividades ou produção da empresa aumenta ou diminui. Na maioria das vezes o crescimento no total evolui na mesma proporção do crescimento no volume produzido. Viceconti (2003) reafirma a fala de Oliveira e Perez Júnior (2007) assegurando que os custos fixos são aqueles valores que continuam o mesmo independente da produção da empresa. Em contrapartida os custos variáveis são valores que alteram em função do volume de produção da empresa. Martins (2003) define custos como sendo diretos e indiretos: Custos diretos: aqueles que estão diretamente apropriados aos produtos, sendo importante que haja uma medida de consumo (quilograma, embalagem, mãode-obra utilizada ou quantidade de força consumida) 24 Custos indiretos: não oferecem condições de uma medida objetiva, e qualquer tentativa de alocação deve ser feita de maneira estimada, utilizando-se critérios de rateio (aluguel, supervisão, energia). Com o intuito de reduzir o aparecimento de impropriedades na apuração dos custos, é que se recomenda aos profissionais da área o processo de identificação dos custos com base no rateio (MARTINS, 2003). Segundo Oliveira e Perez Júnior (2007) são 04 os tipos de custeio utilizados para distribuição dos custos indiretos aos produtos fabricados: Custeio por absorção: é o método de custeio adotado pela legislação no Brasil e deriva do método RKW que será exposto a seguir. Todos os custos de produção são alocados aos produtos, os custos diretos são apropriados de maneira direta, e os indiretos, utilizando um critério de rateio (energia, mão-de-obra, quantidade produzida, entre outros). Custeio RKW: todos os gastos do período, incluindo despesas e custos são alocados aos produtos por critérios de rateio já mencionados. Custeio ABC: analisa os custos em relação às atividades que mais impactam o consumo de recursos na empresa. Esse critério se aplica aos custos indiretos, uma vez que aqueles custos primários como matéria-prima, são facilmente distribuídos. Custeio Variável: fundamenta-se na separação dos custos fixos e variáveis. Parte do pressuposto de que somente os custos variáveis são alocados aos produtos fabricados. E os custos fixos, são considerados como sendo despesas do período. 3.3.3 Contabilidade Gerencial A Contabilidade gerencial apresentou um desafio para o desenvolvimento da Contabilidade, como ferramenta gerencial. Surgiu da necessidade de gerenciamento contábil interno em função de novas complexidades dos processos, objetivando informações para a tomada de decisão (PADOVEZE, 2002). 25 Segundo Viceconti (2003) o objetivo da Contabilidade gerencial é fornecer informações para os administradores da empresa, que lhe permita gerenciar o desempenho da mesma e avaliar o cumprimento das metas previstas. Na tentativa de acompanhar as mudanças do ambiente empresarial cada vez mais complexo, globalizado e competitivo, os métodos utilizados pela Contabilidade gerencial sofre contínuas evoluções, no entanto essas evoluções dependem das exigências de informações das empresas (OLIVEIRA; PEREZ JÚNIOR, 2007). Os clientes esperam que os contadores sejam capazes de orientar o melhor procedimento em situações conflitantes, esperando assim, que o contador possa indicar o melhor caminho a seguir. Espera-se também, que o contador auxilie o administrador, na maximização da lucratividade da empresa, não se limitando apenas em lembrar de pagamentos de impostos ou preenchimento de formulários previsto na legislação (COELHO, 2004). Oliveira e Perez Júnior (2007) afirmam que a Contabilidade gerencial é considerada um painel de controles geral da administração, pelo fato de a mesma ser a ferramenta fundamental na geração de informações eficazes sobre o desempenho financeiro da empresa. A Contabilidade gerencial não é regida por nenhuma legislação específica, devido à maior liberdade para elaboração de seus relatórios (OLIVEIRA; PEREZ JÚNIOR, 2007). Na maioria das vezes o que ocorre é que boa parte dos contadores limitam-se quase sempre na execução da Contabilidade financeira, a qual tem como principal objetivo elaborar a escrituração contábil e fiscal do dia-a-dia. Para vencer o mercado é preciso que saibam mais do que preencher livros de escrituração, hoje o contador não deve lidar somente com números (COELHO, 2004). 3.3.4 Da Contabilidade financeira à gerencial Em virtude de a contabilidade financeira fornecer dados da empresa como um todo surge então a necessidade de informações mais detalhadas acerca de determinados aspectos para o acompanhamento, controle e previsão dos resultados 26 e que consequentemente possam subsidiar as tomadas de decisões gerenciais (OLIVEIRA; PEREZ JÚNIOR, 2007). Os métodos da Contabilidade financeira e da Contabilidade gerencial foram desenvolvidos para diferentes propósitos e diferentes usuários das informações (PADOVEZE, 2002). Reafirmando a citação de Padoveze é que Aguiar, Frezatti, e Guerreiro (2007) em um artigo dizem que a separação dos dois grupos da contabilidade decorre do entendimento de que os usuários são diferentes, e apresentam distinções significativas quanto a utilização das informações contábeis. Ambos os grupos pretendem utilizar a contabilidade no processo decisório, mas não da mesma forma. Ainda segundo Aguiar, Frezatti, e Guerreiro (2007) os usuários externos se identificam com a Contabilidade financeira e a Contabilidade gerencial atende aos interesses dos usuários internos, nas atividades por área funcional. O fornecimento de informações gerenciais está voltado para dentro da organização - administradores - que são os responsáveis pela direção e controle de suas operações. A Contabilidade financeira está relacionada com o fornecimento de informações para acionistas, credores e outros que estão fora da organização (PADOVEZE, 2002). A FIG. 01 apresenta uma análise comparativa entre a Contabilidade financeira e Contabilidade gerencial, conforme apresentam Oliveira e Perez Júnior (2007). Principais objetivos Relatórios Princípios Contábeis Funções essenciais Contabilidade Financeira Fornecer informações para o usuário externo Atender a legislação societária e fiscal. Demonstrações contábeis definidas em lei. Observância obrigatória, sob pena de autuações fiscais e ressalvas nos relatório dos auditores. Escrituração contábil e fiscal com base em documentação idônea. Preparação das demonstrações contábeis obrigatórias, em tempo hábil. Apuração dos tributos e demais obrigações legais e societárias. Apuração das receitas, custos e despesas de um período. Contabilidade Gerencial Gerar e fornecer informações para o usuário interno, para suas tomadas de decisões gerenciais. Atender à administração da empresa como parte importante do modelo decisório. Relatórios específicos para cada usuário. Há maior flexibilidade para a utilização de procedimentos alternativos, as condizentes com a realidade da empresa. Controle e acompanhamento da evolução de custos e despesas. Comparação com custo-padrão e orçamentos. Análise das variações e geração de relatórios para as tomadas de medidas corretivas. Avaliação do desempenho dos departamentos e executivos responsáveis, gerando informações úteis ao processo decisório. 27 FIGURA 01 – Principais distinções entre a Contabilidade Financeira e a Contabilidade Gerencial Fonte: OLIVEIRA e PEREZ JÚNIOR, 2007. Embora a Contabilidade gerencial seja relativamente recente e estratégica na tarefa de fornecer suporte à administração da empresa, pode se afirmar que a Contabilidade financeira não deixa de ser difundida e estudada (VICECONTI, 2003). 3.4 A CONTABILIDADE GERENCIAL NO PROCESSO DECISÓRIO No Brasil e nos países em que o impacto tributário é forte, as empresas e seus executivos precisam de informações específicas para o processo de tomada de decisão. Portanto a Contabilidade gerencial veio resgatar a adequação das informações para os administradores e acionistas (FREZATTI, 1997). Longenecker, Moore e Petty (2004) afirmam que o sistema contábil deve fornecer estrutura para o controle administrativo da empresa. Figueiredo e Caggiano (1997) definem contabilidade como sendo um sistema de informação e mensuração de eventos e que afeta de maneira direta o momento da tomada de decisão. A fim de melhor conhecer e discutir problemas da empresa é que Atkinson, et al. (2000) afirmam que na busca de informações mais acuradas para tomada de decisão e controle nas empresas, os sistemas gerenciais contábeis produzem informações que ajudam a aperfeiçoar os processos e desempenho de suas empresas. A Contabilidade gerencial tem como ponto fundamental o uso das informações contábeis como ferramenta gerencial. É o processo de produzir informações gerenciais para administradores e gestores. Entretanto o sistema de informação contábil só poderá ser executado de maneira eficiente, se existir um sistema integrado de informações contábeis (CREPALDI, 2007). Braga (2003) complementa afirmando ainda que a atividade gerencial deve ser desenvolvida atreladas às informações contábeis. 28 Percebe-se diante das falas de Figueiredo (1997) e Braga (2003) que deve haver uma vinculação entre Contabilidade financeira e Contabilidade gerencial. O contador que assumir uma função gerencial, não pode esquecer dos princípios básicos que norteiam a Contabilidade. Segundo Crepaldi (2007) o principal e fundamental ponto da Contabilidade gerencial é usar as informações contábeis como ferramenta para administração, direcionadas pelas necessidades internas da empresa e visando orientar nas decisões operacionais. Entretanto, os contadores gerenciais não podem esperar que um conjunto padronizado de informações ou relatórios possa atender a todas as necessidades dos funcionários e gerentes de uma empresa, pois cada empresa necessita de diferentes tipos de relatórios. Sendo assim é necessário adequar as informações gerenciais para cada empresa, tipo de setor, funcionário ou gerente, em termos de decisões, controles e aprendizagens (ATKINSON, et al., 2000). A partir da citação de Atkinson, observa-se que não existe uma única maneira de auxiliar na administração das empresas, é preciso conhecer as peculiaridades de cada empresa e respeitá-las. 3.4.1 Importância da Contabilidade Gerencial para as empresas Embora as informações gerenciais contábeis possam não garantir o sucesso total das empresas, o seu mau funcionamento pode resultar em severas dificuldades para as empresas. Entretanto um sistema de Contabilidade gerencial efetivo, fornecendo informações em tempo hábil e informações precisas podem assegurar o sucesso das empresas (ATKINSON, et al., 2000). A Contabilidade gerencial tem sido de suma importância para as empresas, sua importância origina-se principalmente das relações existentes entre a tomada de decisão pelos administradores e as informações que sustentam essas decisões (OLIVEIRA; PEREZ JÚNIOR, 2007). O papel do contador gerencial hoje está baseado mais em contribuição para administração geral da empresa do que ao conjunto que relata aspectos puramente financeiros do controle gerencial (FIGUEIREDO; CAGGIANO, 1997). 29 Através da Contabilidade gerencial é que são produzidas informações úteis de acordo com a necessidade de cada usuário, entretanto a Contabilidade gerencial é o processo de mensurar, identificar e analisar as informações econômicas da empresa (OLIVEIRA; PEREZ JÚNIOR, 2007). 4 METODOLOGIA Para Lakatos e Marconi (2003, p. 155) “a pesquisa é um procedimento formal com método de pensamento reflexivo, que requer tratamento científico e se constitui no caminho para conhecer a realidade ou para descobrir verdades parciais”. Para Gil (2002) pesquisa é um procedimento racional que visa proporcionar respostas aos problemas que são propostos. Com base nos conceitos apresentados nos parágrafos anteriores, esta pesquisa buscou conhecer a realidade vivida pelos proprietários das pequenas empresas de Iúna-ES e contadores, no qual se refere à prestação de serviço. Segundo Gil (2002) a pesquisa descritiva tem como objetivo primordial descrever características de determinada população ou fenômeno, envolvendo técnicas padronizadas de coleta de dados. Portanto, de acordo com os objetivos, realizou-se uma pesquisa descritiva, pois descreve a atuação dos contadores das pequenas empresas de Iúna-ES em relação aos serviços oferecidos no período compreendido entre 1997 e 2007. A pesquisa bibliográfica, em conformidade com Gil (2002) é aquela desenvolvida através de materiais já elaborados. Quanto aos procedimentos de coleta de dados, a pesquisa foi caracterizada como bibliográfica por se basear em materiais já existentes, principalmente livros e artigos científicos na área contábil. 30 A pesquisa de levantamento é aquela caracterizada pela interrogação direta de pessoas buscando conhecer seu comportamento (GIL, 2002). Portanto, esta pesquisa se caracteriza como sendo de levantamento pelo fato de buscar junto aos empresários e contadores, dados que, depois de analisados de forma quantitativa e qualitativa fossem suficientes para responder aos objetivos propostos. Para tanto, utilizou-se como instrumento de coleta de dados um questionário entregue diretamente pela pesquisadora, no mês de junho de 2008, através de visita nas pequenas empresas de Iúna-ES, e nos escritórios de Contabilidade. Gil (2002, p.121) define que “amostra é uma parte dos elementos que compõem o universo.” Lakatos e Marconi (2003 p. 163) definem amostra como sendo “uma parcela convenientemente selecionada do universo (população), é um subconjunto do universo”. Assim a amostra é uma forma mais rápida de analisar características de determinada população. A amostra pesquisada foi definida por meio de cálculo estatístico, aplicandose a fórmula apresentada a seguir: Z² x P x Q x N A = ______________________ (( N – 1) x E² + (Z² x P x Q) A = Tamanho da amostra Onde: Z = Nível de Confiança P = Taxa de Proporcionalidade Q = Complemento da Proporcionalidade E = Margem de Erro N = População Conhecida ou Estimada Para seleção da amostra das pequenas empresas a serem pesquisadas, primeiro procedeu-se à identificação da população. Como não foi encontrada uma base de dados que assegurasse a população total, foi enviada por escrito a todos os escritórios de Contabilidade de Iúna-ES solicitação da relação das pequenas empresas de Iúna-ES, que tivessem no mínimo 10 anos de atuação no mercado. Dessa relação, foi identificado um total de 87 empresas a serem pesquisadas, aplicando-se a fórmula estatística já apresentada, considerando-se uma margem de erro de 5%, a amostra estabelecida foi de 67 empresas a serem pesquisadas, toda a amostra foi pesquisada. 31 Antes de iniciar a aplicação dos questionários, foi realizado o pré-teste com um comerciante e um contador a fim de verificar se o instrumento responderia à questão proposta pela pesquisadora. Dentre os contadores, foram pesquisados 100% daqueles que têm escritório de Contabilidade atuantes em Iúna-ES, totalizando assim 06 profissionais. Os dados coletados junto aos proprietários das pequenas empresas e os dados coletados junto aos contadores receberam tratamento quantitativo e qualitativo. 5 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS Baseado no cálculo estatístico, 67 pequenas empresas foram selecionadas para aplicação do formulário. A pesquisa foi realizada em junho de 2008. O objetivo desta pesquisa foi analisar como os contadores das pequenas empresas de Iúna ES atuantes no mercado há no mínimo dez anos, têm acompanhado a evolução da Contabilidade. O formulário utilizado na pesquisa encontra-se no final do trabalho (apêndice A e B). Os resultados da pesquisa serão demonstrados a seguir. A primeira pergunta do formulário de entrevista foi sobre o tempo de atuação das empresas no mercado. Verificou-se que 53% das empresas pesquisadas atuam no mercado há um período compreendido entre 10 e 15 anos, 23 % entre 16 e 20 anos e 24% há mais de 20 anos. Comprovando assim que 100% das empresas pesquisadas têm mais de 10 anos de atuação no mercado de Iúna-ES. Esses dados apresentados demonstram uma realidade da cidade de Iúna-ES diferente daquela apresentada pelo SEBRAE nas pesquisas realizadas em 2004 e 2007 sobre a taxa de mortalidade das MPE`s. Essas pesquisas demonstram que geralmente as MPE`s sobrevivem até 04 anos. Foi perguntado se houve mudança de contador da empresa durante sua existência. E 70% das empresas afirmam que já trabalharam com mais de um contador nesse período, enquanto 30% permanecem com o mesmo contador desde 32 o início de suas atividades. Essa pergunta foi elaborada com intuito de identificar a satisfação dos empresários em relação ao serviço fornecido pelo seu contador. Na questão em que se buscou identificar se as empresas possuem um contador específico, observou-se que 100% das empresas pesquisadas não possuem um contador exclusivo para sua empresa. O resultado obtido com essa pergunta, vai de encontro com uma citação de Longenecker (2004) quando diz que várias são as empresas prestadoras de serviços contábeis a negócios pequenos. Os escritórios de Contabilidade acabam assumindo a Contabilidade de várias empresas porque estas necessitam dos serviços contábeis, mas a um custo mais baixo. A seguir, o GRAF. 01 representa em percentuais os relatórios que eram fornecidos pelos contadores das empresas pesquisadas em 1997. Gráfico 01 – Quais os serviços eram fornecidos por seu contador no ano de 1997? 76% 75% 64% 39% 6% Emissão da folha de pagamento Guias de recolhimento de impostos Balanço patrimonial Demonstração de resultado do exercício 3% Levantamento dos Escrituração das custos dos movimentações da serviços e/ou empresa produtos Fonte: Dados coletados pelo formulário de pesquisa Observa-se nesse gráfico que as informações fornecidas pelos contadores em 1997 eram informações voltadas para a Contabilidade Financeira. Os relatórios foram apresentados aos empresários como opções para que marcassem aqueles que realmente eram fornecidos pelos seus contadores. Uma das opções de resposta era “outros”, isso com intenção de que os empresários relatassem algum serviço diferenciado fornecido pelos contadores, no entanto nenhum tipo de relatório foi citado pelos entrevistados. Coelho (2004) diz que na maioria das vezes o que ocorre é que boa parte dos contadores limitam-se quase sempre na execução da Contabilidade Financeira, a 33 qual tem como principal objetivo elaborar a escrituração contábil e fiscal do dia-a-dia. Percebe-se claramente que esse era o perfil dos contadores de 1997, que forneciam informações mais direcionadas à área fiscal, departamento pessoal e escrituração contábil. Quando se procura saber sobre os contatos que os empresários mantinham com os contadores ano de 1997, 46% disseram que mantinham contatos somente quando precisavam de alguma informação, 25% mantinham contatos mensalmente, 19% não mantinham contato algum, 7% só tinham contato com seus contadores para declarar imposto de renda e 3% diariamente. No quesito mudança de foco e evolução da Contabilidade, pergunta-se aos administradores se os mesmos têm percebido alguma modificação na prestação dos serviços contábeis de 1997 para 2007. Dentre os entrevistados 61% afirmam ter notado mudança e 39% disseram não ter percebido nenhuma modificação. O GRAF. 02 apresenta, em percentuais, os relatórios que foram fornecidos às pequenas empresas pelos seus respectivos contadores em 2007. Gráfico 02 – Em 2007 que tipos de serviços foram fornecidos pelo contador da sua empresa? 90% 87% 69% 40% 36% 28% 10% Análise do ponto de equilíbrio Análise da margem de lucro - markup 15% Análise do balanço e DRE Análise de custos Levantamento dos custos dos serviços e/ou produtos Demonstração de resultado do exercício Balanço patrimonial Guias de recolhimento de impostos Emissão da folha de pagamento 16% Fonte: Dados coletados pelo formulário de pesquisa Coelho (2004) afirma que para o contador se destacar no mercado é preciso saber mais do que escrituração de livros contábeis, hoje o contador não deve lidar somente com números. Padoveze (2002) complementa esse pensamento afirmando 34 que a Contabilidade Gerencial objetiva gerar informações para a tomada de decisão nas empresas, informações gerenciais. Embora a evolução não tenha sido percebida por todos os empresários, como já citado anteriormente, não pode-se negar que houve uma certa evolução na prestação dos serviços contábeis, destacando-se que, em 2007 além daqueles relatórios básicos já oferecidos em 1997, alguns entrevistados disseram que análises como a análise de balanço e demonstração do resultado do exercício são elaboradas pelos contadores e discutidas entre eles. Analisando os gráficos 01 e 02, é possível perceber uma evolução por parte dos contadores no que se refere à prestação de serviços. O GRAF. 03 apresenta claramente a evolução dos serviços fornecidos pelos contadores das pequenas empresas de Iúna-ES entre o período de 1997 e 2007. Gráfico 03 – Comparação dos serviços fornecidos pelos contadores das pequenas empresas de Iúna-ES nos últimos 10 anos. 1997 90% 76% 2007 87% 75% 69% 39% 40% 36% 28% 16% 15% 0% Análise do ponto de equilíbrio 10% 0% Análise da margem de lucro - markup 0% Análise do balanço e DRE 0% Análise de custos 3% Levantamento dos custos dos serviços e/ou produtos Demonstração de resultado do exercício Balanço patrimonial Guias de recolhimento de impostos Emissão da folha de pagamento 6% Fonte: Dados coletados pelo formulário de pesquisa Comparando as questões em que se busca identificar a evolução da Contabilidade a partir de 1997, um fato importante a ser observado é a freqüência com que os contadores visitam seus empresários. Ao serem questionadas sobre a freqüência que recebeu visita do contador na sua empresa em 2007, 30% das empresas afirmaram que receberam visitas mensalmente, 28% disseram não ter recebido nenhuma visita, 22% receberam visitas apenas semestralmente e 20% quinzenalmente. Observa-se que as visitas dos contadores nas empresas não é freqüente. 35 Gráfico 04 – Motivos que levam o empresário a procurar seus contadores. 67% 55% 33% 28% 16% 1% Discutir a vida financeira da empresa Tributação Declaraçã de IR Discutir análise de investimentos Analisar o ponto de equilíbrio da empresa Informação sobre Lucro Real Fonte: Dados coletados pelo formulário de pesquisa A seguir será apresenta a análise dos dados coletados na pesquisa realizada com os contadores que têm escritório de Contabilidade atuantes em Iúna-ES, totalizando assim 06 profissionais. Quanto ao tempo de atuação no mercado, 51% atua há mais de 10 anos e 49% acima de 20 anos. O GRAF. 05 apresenta em percentuais os relatórios que eram fornecidos pelos contadores a seus clientes em 1997 e os que foram fornecidos em 2007. Gráfico 05 – Relatórios fornecidos pelos contadores nos últimos 10 anos. 1997 100% 100% 100% 100% 100% 50% 2007 100% 50% 50% 33% Fonte: Dados coletados pelo formulário de pesquisa 0% 0% 0% 0% Análise do ponto de equilíbrio Análise de custos Levantamento dos custos dos serviços e/ou produtos Demonstração de resultado do exercício Balanço patrimonial Guias de recolhimento de impostos Emissão da folha de pagamento 0% Análise da margem de lucro - markup 17% Análise do balanço e DRE 17% 33% 36 O GRAF. 05 demonstra claramente, se comparado com o GRAF. 03 uma contradição entre as respostas. Alguns serviços que todos os contadores disseram fornecer aos seus clientes, como exemplo o levantamento dos custos dos serviços e/ou produtos, na resposta dos empresários, obtém-se 28% afirmando que receberam esse serviço, mas, dentre os contadores, 50% deles disseram oferecer esse serviço aos seus clientes. Em relação aos contatos que eram mantidos com seus clientes em 1997, 67% dos contadores disseram que mantinham contatos mensalmente, 33% mantinham contatos quando precisavam de informações e para declarar imposto de renda de seus clientes, 17% afirmaram que mantinham contato a fim de acompanhar a rotina da empresa, planejamento tributário e orientação fiscal. Com relação à freqüência de visitas feitas em 2007, 66% visitaram seus clientes mensalmente e 17% responderam que visitaram semestralmente e quinzenalmente. Percebe-se que há divergência nas informações fornecidas pelos empresários e naquelas fornecidas pelos contadores quando se trata de visitas à empresa em 2007. Apenas 30% dos empresários disseram ter recebido visita dos contadores mensalmente, enquanto 66% dos contadores disseram que realizam visitas mensais; 22% dos empresários manifestaram que receberam visitas semestralmente e 20% quinzenalmente, enquanto 17% dos contadores afirmam ter visitado seus clientes nesse mesmo período. E um percentual considerável de empresários, 28%, afirmaram que não receberam nenhuma visita de seus contadores em 2007. De acordo com Padoveze (2002) a Contabilidade mudou de foco a partir da Contabilidade gerencial, passando de simples registros e análises de transações financeiras para geração de informações e conhecimento para decisões que afetam o futuro. Com base no exposto, procurou-se saber junto aos contadores se estes consideram que houve alguma modificação nos serviços oferecidos às pequenas empresas em decorrência do advento da Contabilidade Gerencial. E 100% dos contadores dizem ter havido modificação nos serviços contábeis. Quanto à influência da Contabilidade Gerencial na prestação dos serviços contábeis, 100% dos contadores responderam que facilitou a relação entre contador e cliente, 83% disseram que houve uma valorização da profissão contábil e 67% disseram que aumentaram os serviços dos contadores. 37 Alguns contadores complementaram suas respostas dizendo que precisam estar sempre atualizados e atentos às mudanças na legislação. E que, de acordo com a evolução da Contabilidade, o governo passou a exigir maiores informações dos escritórios de Contabilidade cruzando essas informações com aquelas fornecidas pelos empresários, então, os contadores se sentem na obrigação de orientar seus clientes e oferecer informações que os auxilie na tomada de decisões. 38 6 CONCLUSÃO A fim de responder aos objetivos propostos pela pesquisa, e de acordo com os dados coletados, é possível perceber que ainda que de maneira embrionária, os contadores das pequenas empresas de Iúna-ES estão sim acompanhando a evolução da Contabilidade. Isso se ficou claro, quando foram comparados os serviços oferecidos pelos contadores em 1997 e aqueles fornecidos em 2007. Percebeu-se uma evolução quanto às práticas dos serviços prestados pelos escritórios de contabilidade de Iúna-ES. De acordo com os dados coletados juntos aos empresários e aos contadores, observou-se que de 1997 para 2007 houve uma evolução na prestação de serviço dos contadores. Demonstrando assim que estes profissionais estão de certa forma acompanhando a evolução da contabilidade. Em alguns momentos da pesquisa, observou-se contradição entre as respostas dos empresários e aquelas apresentadas pelos contadores. Entretanto, isso não influenciou nos resultados da pesquisa. Quando observado o resultado da pergunta referente aos motivos que levam o empresário a procurar seu contador, as respostas foram surpreendentes, porque a maioria dos empresários, só procura seus contadores na época de Declaração de Imposto de Renda ou para esclarecer dúvidas a respeito de tributação. Uma limitação dessa pesquisa foi a fonte de dados em relação às empresas atuantes na cidade. A partir dos resultados obtidos nessa pesquisa, questiona-se: será que os contadores estão meio adormecidos porque seus clientes acomodaram? Os resultados dessa pesquisa abrem um leque para que novas pesquisas sejam realizadas buscando esclarecimentos sobre o relacionamento entre gestores de pequenas empresas e seus contadores. 39 REFERÊNCIAS AGUIAR, A.; FREZATTI, F.; GUERREIRO, R.. Diferenciações entre a Contabilidade financeira e a Contabilidade gerencial: uma pesquisa empírica a partir de pesquisadores de vários países. Revista Contabilidade & Finanças – USP. São Paulo, n. 44, p. 9-22, maio/agosto 2007. ATKINSON, A. A., BANKER, R. D.; KAPLAN R. S. et al. Contabilidade Gerencial. São Paulo: Atlas, 2000. BRAGA, H. R.. Demonstrações Contábeis: estruturas, análises e interpretações. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2003. CHIAVENATO, I. Empreendedorismo: dando asas ao espírito empreendedor. São Paulo: Saraiva, 2005. COELHO, C. U. F.; Básico de Contabilidade e Finanças. Rio de Janeiro: Senac Nacional. 2004. CREPALDI, S. A. Contabilidade Gerencial: Teoria e Prática. 3. ed. São Paulo: Atlas. 2007. DOLABELLA, F. 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Controladoria Estratégica. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2005. OLIVEIRA, L. M.; PEREZ, J. H. Jr. Contabilidade de Custos para não Contadores. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2007. PADOVEZE, C. L. Sistema de Informações Contábeis: Fundamentos e Análise. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2002. SÁ, L. A. Teoria da Contabilidade. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2002. SEBRAE. Sistema Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas. Sebrae faz 35 anos e comemora conquistas das pequenas empresas, 2007. Disponível em: http://www.ms.sebrae.com.br/noticias/?codModelo=19&id=4417 Acesso em: 15, julho, 2008. SEBRAE. Sistema Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas. Fatores condicionantes e taxa de mortalidade de empresas no Brasil. Relatório de pesquisa, agosto 2004, Brasília-DF. Disponível em: http://201.2.114.147/bds/BDS.nsf/9A2916A2D7D88C4D03256EEE00489AB1/$File/N T0008E4CA.pdf Acesso em: 18, julho, 2008. VICECONTI, P. E. V. Contabilidade de Custos: um enfoque direto e objetivo. 7. ed. São Paulo: Frase editora, 2003. 42 APÊNDICE A Este formulário tem o intuito de responder a um problema de pesquisa de Trabalho de Conclusão de Curso das Faculdades Doctum realizado pela aluna Cristiane Aparecida Carvalho Ribeiro. Problema de pesquisa: Como os contadores das pequenas empresas de IúnaES que atuam no mercado há no mínimo dez anos, têm acompanhado a evolução da Contabilidade? QUESTIONÁRIO DE PESQUISA - CONTADORES 1-Há quanto tempo você atua no mercado de Iúna-ES? ( ) 05 anos ( ) 10 anos ( ) 15 anos ( ) outros ____________ 2- Quais eram os serviços que você fornecia para seus clientes em 1997? ( ) emissão da folha de pagamento ( ) guias de recolhimento de impostos ( ) balanço patrimonial ( ) demonstração de resultado do exercício ( ) levantamento dos custos dos serviços e/ou produtos ( ) escrituração das movimentações da empresa ( ) outros ________________________________ 3- Que contatos você tinha com seus clientes em 1997? ( ) somente quando precisava de informações (alíquota de impostos, direitos trabalhistas, etc) ( ) mensalmente ( ) somente para declarar IR ( ) não mantinha nenhum contato ( ) outros __________________________ 4- Em 2007 que tipos de serviços foram fornecidos para seus clientes? ( ) emissão da folha de pagamento ( ) guias de recolhimento de impostos ( ) balanço patrimonial ( ) demonstração de resultado do exercício ( ) levantamento dos custos dos serviços e/ou produtos ( ) análise de custos ( ) análise do balanço e demonstração do resultado do exercício ( ) análise da margem de lucro (markup) ( ) análise do ponto de equilíbrio ( ) outros ________________________________ 43 5- Com que freqüência você visitou seus clientes em 2007? ( ) quinzenalmente ( ) mensalmente ( ) semestralmente ( ) não visita 6- Que motivos levam seus clientes a procurar seu serviço? ( ) discutir a vida financeira da empresa ( ) tributação ( ) declaração de IR ( ) discutir análise de investimentos ( ) analisar o ponto de equilíbrio da empresa ( ) outros ______________________________ 7- No período entre 1997 e 2007, você considera que houve modificação nos serviços fornecidos pelos contadores das pequenas empresas em decorrência da evolução da Contabilidade? ( ) sim ( ) não Se sim, indique quais foram essas modificações:________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ 8- De que forma você considera que a Contabilidade gerencial influenciou nos serviços contábeis? ( ) aumentou o serviço dos contadores ( ) facilitou a relação entre contador e cliente ( ) valorizou a profissão contábil ( ) não influenciou no serviço do contador Obrigada pela atenção! 44 APÊNDICE B Este formulário tem o intuito de responder a um problema de pesquisa de Trabalho de Conclusão de Curso das Faculdades Doctum realizado pela aluna Cristiane Aparecida Carvalho Ribeiro. Problema de pesquisa: Como os contadores das pequenas empresas de IúnaES que atuam no mercado há no mínimo dez anos, têm acompanhado a evolução da Contabilidade? QUESTIONÁRIO DE PESQUISA - EMPRESÁRIOS 1-Há quanto tempo sua empresa atua no mercado de Iúna-ES? ( ) 10 anos ( ) 15 anos ( ) outros ____________ 2- Nos últimos 10 anos, o contador da sua empresa permanece o mesmo? ( ) sim ( ) não 3- Você tem um contador específico para atender à sua empresa? ( ) sim ( ) não 4- Quais eram os serviços fornecidos pelo seu contador em 1997? ( ) emissão da folha de pagamento ( ) guias de recolhimento de impostos ( ) balanço patrimonial ( ) demonstração de resultado do exercício ( ) levantamento dos custos dos serviços e/ou produtos ( ) escrituração das movimentações da empresa ( ) outros ________________________________ 5- Que contatos você tinha com seu contador em 1997? ( ) somente quando precisava de informações (alíquota de impostos, direitos trabalhistas, etc) ( ) mensalmente ( ) somente para declarar IR ( ) não mantinha nenhum contato ( ) outros __________________________ 6- Nos últimos anos, você tem percebido alguma modificação na prestação dos serviços contábeis? ( ) sim ( ) não 45 7- Em 2007 que tipos de serviços foram fornecidos pelo contador da sua empresa? ( ) emissão da folha de pagamento ( ) guias de recolhimento de impostos ( ) balanço patrimonial ( ) demonstração de resultado do exercício ( ) levantamento dos custos dos serviços e/ou produtos ( ) análise de custos ( ) análise do balanço e demonstração do resultado do exercício ( ) análise da margem de lucro (markup) ( ) análise do ponto de equilíbrio ( ) outros ________________________________ 8- Com que freqüência o contador visitou sua empresa em 2007? ( ) quinzenalmente ( ) mensalmente ( ) semestralmente ( ) não visita 9- Hoje, que motivos levam você a procurar seu contador? ( ) discutir a vida financeira da empresa ( ) tributação ( ) declaração de IR ( ) discutir análise de investimentos ( ) analisar o ponto de equilíbrio da empresa ( ) outros ______________________________ Obrigada pela atenção!