A elevada incidência de vírus em olivais nacionais: causas e consequências Maria do Rosário Félix, Carla Varanda e Maria Ivone Clara Laboratório de Virologia Vegetal (ICAAM/Universidade de Évora) Cultivares de Olea europaea L. estudadas Negrinha de Freixo* Santulhana Verdeal Alentejana Cordovil de Serpa Galega vulgar * Estableceu-se um campo de clones isentos de vírus (testados por ELISA e dsRNA) em Mirandela Percentagens de infeção obtidas em rastreios feitos em olivais nacionais Introdução Teste de Deteção Infeção Olival Nº de árvores testadas DAS-ELISA (SLRSV/CLRV ArMV/CMV) Inoculação mecânica % I II III IV V VI 15 10 15 15 10 15 6 4 11 10 5 9 5 7 3 0 6 0 60 100 73 66 70 60 Galega PB SP AB MO 10 10 10 10 0 0 7 9 1 1 10 8 10 10 100 100 Cordovil PB SF SP AB CR ML MO VM 10 10 7 10 10 10 10 10 0 0 0 5 8 7 0 4 0 0 0 9 0 5 1 1 0 0 0 100 80 90 10 50 Verdeal PB AB CR CH ML MO 10 10 10 10 10 10 4 6 9 8 5 3 2 6 2 7 0 4 50 90 90 80 50 60 Cultivar Santulhana Félix et al., 2002 Introdução CLRV ArMV TNV-D TNV-D * OMMV OMMV OLRSV SLRSV OLV-1 OLV-1 Vírus que infetam a oliveira CMV OLV-3 OLV-2 OLYaV TMV OVYaV OYMDaV OSLV Vírus identificados em Portugal Género Necrovirus OLV-1- Olive latent virus 1 TNV-D - Tobacco necrosis virus D OMMV - Olive mild mosaic virus *OMMV – Vírus novo para a ciência, isolado da cv. Galega e descoberto no Laboratório de Virologia (Cardoso et al., 2005) Olive mild mosaic virus (OMMV) Os Necrovirus de oliveira (OLV-1, TNV-D e OMMV) Caracterização molecular e sequenciação do RNA genómico OLV-1 TNV-D OMMV Félix et al., 2005; Cardoso et al., 2004 e 2009 Resultados Qual o grande objectivo prático do conhecimento da sequenciação do genoma viral? Desenhar ‘primers’ específicos para o desenvolvimento de testes de diagnóstico molecular altamente sensíveis 1 - Testes de RT-PCR específicos para identificar cada um dos necrovirus 747 bp 934 bp 278 bp Diagnóstico de OLV-1 Diagnóstico de OMMV Diagnóstico de TNV-D Varanda et al., 2010 M OMMV RNAOLV-1 RNATNV-D RNA OMMV OLV-1 TNV-D RNA -C 2- Testes de RT-multiplex PCR para identificar os 3 Necrovirus de oliveira em simultâneo 934 bp 747 bp 278 bp ca. 2035 bp 3-Testes de RT-PCR para identificar 4 Necrovirus (OLV-1, TNV-A, TNV-D e OMMV) importante para apoio a programas de melhoramento Varanda et al., 2010 A aplicação de testes de RT-multiplex PCR em olivais mostrou elevadas taxas de infeção, não reveladas anteriormente pelos testes ELISA e dsRNA M +C 1 2 3 4 5 6 7 -C 934 bp (OMMV) 747 bp (OLV-1) 278 bp (TNV-D) A aplicação de RT-multiplex PCR num olival da cv. Galega revelou: 31% infeção por necrovirus Elevado número de infeções mistas (duplas e triplas) Varanda et al., 2010 De facto os nossos estudos, pela aplicação de testes de RT-PCR e recurso a plantas indicadoras, demonstraram a presença destes necrovirus: • Nos frutos • Nas flores • Nos ramos • Nas raizes • No solo Lobão et al., 2002; Félix et al., 2004 CAUSAS para tão elevadas taxas de infeção? Presença de fungos vetores de Necrovirus: 1 - O fungo do solo Olpidium brassicae, conhecido vetor de vírus foi encontrado em todos os olivais em que foi pesquisado. Esporos de O. brassicae dentro de células de raiz O. brassicae permite o transporte de vírus presente no solo para a raiz das plantas infetando-as. Identificação molecular de O. brassicae A transmissibilidade viral depende de interação especifica vírus/parede do esporo do fungo Varanda et al., 2011a; 2011b CAUSAS para tão elevadas taxas de infeção? Outros modos de dispersão viral: • Utilização de material propagativo infetado • Incumprimento da legislação fitossanitária aplicável à comercialização de material vegetal • Pelo solo em condições de campo e pelo substrato de crescimento de plantas em estufa • Pelo pólen de plantas infetadas • Pela semente (embrião) de plantas infetadas e por plântulas utilizadas para enxertia de cultivares dificilmente enraizáveis per se Nota: OLV-1 é altamente estável e permanece viável no solo durante anos. Legislação fitossanitária aplicável à comercialização de material vegetal de oliveira (Categoria Conformitas Agraria Communitatis – CAC) CAUSAS para tão elevadas taxas de infeção? Outros modos de dispersão viral: • Utilização de material propagativo infetado • Incumprimento da legislação fitossanitária aplicável à comercialização de material vegetal • Pelo solo em condições de campo e pelo substrato de crescimento de plantas em estufa • Pelo pólen de plantas infetadas • Pela semente (embrião) de plantas infetadas e por plântulas utilizadas para enxertia de cultivares dificilmente enraizáveis per se Nota: OLV-1 é altamente estável e permanece viável no solo durante anos. CONSEQUÊNCIAS da infeção viral A presença de vírus pode ocorrer de modo assintomático, mas está também associada a várias sintomatologias, como: • Amarelecimento e queda das folhas Fonte: Savino et al., 1996 • Fraco vigor e produtividade • Declínio e morte da árvore Fonte: Savino et al., 1996 Fonte: Savino et al., 1996 • Deformação de folhas e frutos Fonte: Henriques et al., 1992 • Baixas taxas de enraizamento CONSEQUÊNCIAS da infeção viral • Impossibilidade de exportar material vegetal de oliveira infectado com vírus que são ‘organismos de quarentena’ • Alteração na qualidade do azeite ….Moreover, the quality of the virgin olive oils obtained from the infected fruits resulted depauperated in terms of richness in o-diphenols (especially in the 2nd harvest) as well as the decrease in the oleic/linoleic ratio may suggest a possible lowering of the oxidative stability during the oil storage. CONSEQUÊNCIAS da infeção viral Os vírus que afetam a oliveira não são exclusivos desta cultura e são transmissíveis a outras, nomeadamente: • Horticolas (tomate, espinafre, ...) • Ornamentais (túlipa) • Lenhosas (citrinos) Os resultados da nossa investigação: • Colaboração para o fornecimento de vírus purificados à empresa Loewe Phytodiagnostica (Alemanha) • Produção de um kit ELISA para diagnóstico de OLV-1 • 10 Projetos de Investigação • 2 Capítulos de livro • 17 Artigos em revistas internacionais com arbitragem cientifica • 5 Artigos em revistas nacionais com arbitragem cientifica • 4 Teses de doutoramento • 4 Teses de mestrado • Vários estágios e teses de licenciatura • Um pós-doutoramento e um doutoramento em curso Os resultados da nossa investigação: O grupo de investigadores do Laboratório de Virologia Vegetal, do ICAAM, dispõe do ‘Know-how’ para realizar certificação fitossanitária de material vegetativo de oliveira, a nível nacional, bem como para desenvolver métodos avançados de diagnóstico. Agradecimentos • Fausto Leitão e José F. Serrano (E. A.N.) • João Gomes e Antónia Cruz (Dir. Reg. Trás-os-Montes, Mirandela) • Carlos Novo (INETI) • Pedro Fevereiro (Fac. Ciências/IBET) • António Cordeiro e Leonilde Calado (Estação de Olivicultura/Elvas) • Aos Colegas dos Departamento de Biologia e Fitotecnia da Universidade de Évora E ainda os muitos estudantes de doutoramento, mestrado, licenciatura e outros: - Fernando Rei; Carla Varanda; Joana Cardoso; Ana Custódio; Teresa Louro; Rita Vala; Daniela Lobão; Patrícia Rato; Marta Silva; Sarah Azinheiro, Nádia Silva, Susana Santos e Marco Machado.