9. Plantas vasculares com sementes: Gimnospérmicas (leitura

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9. Plantas vasculares com sementes: Gimnospérmicas
(leitura recomendada Raven et al. Capítulo 18:Gymnosperms)
As gimnospérmicas (plantas com sementes nuas) compreendem actualmente quatro divisões:
Cycadophyta, Ginkgophyta, Coniferophyta e Gnetophyta. São todas plantas lenhosas, com
desenvolvimento de estruturas secundárias, embora os vasos xilémicos não apresentem
traqueias e o floema não tenha células companheiras. O esporófito é usualmente
arborescente, com ramificação variada. São plantas funcionalmente heterospóricas, sendo
comum a diferenciação dos esporângios em estróbilos. Cada estróbilo é constituído por
inúmeros micros- ou macrosporófilos, com micros- e macrosporângios onde são formados
respectivamente micrósporos e macrósporos.
O macrosporângio (nucelo) é indeiscente e está rodeado por um tecido, o tegumento,
interrompido na parte superior estabelecendo uma abertura denominada micrópilo. O
macrosporângio e o tegumento formam o óvulo. No interior do macrosporângio encontra-se
apenas um macrósporo funcional cujo posterior desenvolvimento em gametófito, se dá sempre
no interior do macrosporângio. O micrósporo, no interior do qual se encontra o gametófito
masculino imaturo, é designado por grão de pólen. Nem o gametófito masculino nem o
feminino são autotróficos. A fertilização ocorre no óvulo e nos grupos mais primitivos é feita
por gâmetas masculinos multiflagelados (Cycadophyta e Gynkgophyta), enquanto nas divisões
mais derivadas (Coniferophyta e Gnetophyta) o gâmeta masculino já não apresenta flagelos
nem meios de locomoção especializados. O desenvolvimento do embrião é endospórico e este
permanece no interior da semente formada a partir do óvulo. Uma vez ocorrida a fecundação,
o zigoto inicia o seu desenvolvimento dando origem ao embrião (esporófito). Ao óvulo
maduro, com tegumento bem diferenciado, gametófito feminino e embrião, dá-se o nome de
semente.
Divisão Coniferophyta
A divisão Coniferophyta inclui as árvores de maior longevidade e maior porte que se
conhecem. A maioria das coníferas possui um único tronco central que forma grupos de
troncos bem organizados que se diferenciam em macro e braquiblastos. As coníferas podem
ser monóicas ou dióicas. Os estróbilos são sempre unisexuais e em muitas plantas os cones
femininos são maiores e lenhosos. Nesta divisão incluem-se diversas famílias, entre as quais
Pinaceae e Cupressaceae, estão bem representadas na nossa flora.
Género Pinus
No Pinus é possível reconhecer dois tipos de ramos, os ramos principais ou macroblastos, com
folhas escamiformes , e os braquiblastos de crescimento determinado que suportam as folhas
aciculares.. Os estróbilos femininos formam-se anualmente na extremidade de macroblastos e
os estróbilos masculinos formam-se em braquiblastos.
Os estróbilos masculinos são formados por microsporófilos dispostos helicoidalmente ao longo
de um eixo, formando um cone (Fig. 1A). Estes estróbilos agrupam-se por sua vez formando
estróbilos compostos. Cada microsporófilo possui dois microsporângios, ou sacos polínicos, nos
quais se formam as células mãe dos micrósporos. As células mãe dos micrósporos sofrem
meiose e dão quatro micrósporos, os quais originam os grãos de pólen (ex. Fig 3). Os grãos de
pólen consistem em quatro células: duas células protálicas, uma célula geradora e uma célula
do tubo . O gametófito masculino é endospórico e produz o tubo polínico, através do
desenvolvimento da célula do tubo. O tubo polínico transporta dois gâmetas masculinos não
móveis até aos arquegónios.
Os estróbilos femininos são maiores e mais complexos na sua estrutura (Fig. 1 B e C). As
escamas ovulíferas que suportam os 2 óvulos, não são apenas macrosporófilos, constituem um
sistema de ramos modificados em que cada escama ovulífera suporta dois óvulos e é por sua
vez suportada por uma bráctea estéril, a bráctea tetriz, que a liga ao eixo do estróbilo (Fig 4).
As folhas das Coniferophyta apresentam adaptações de resistência à secura. A epiderme está
coberta por uma cutícula espessa e possui hipoderme- (Fig. 2). Os estomas são aprofundados.
O mesófilo da folha é compacto. O tecido vascular é rodeado por endoderme e uma ou duas
bandas vasculares. O parênquima de transfusão, formado por traqueídos e células
parenquimatosas, rodeia quantidades aproximadamente iguais de xilema e de floema.
Fig. 1 Pinus sp: estróbilos masculinos A, pinhas jovens B, pinhas do 2º ano após libertação das
sementes C.
Fig. 2 – Corte transversal duma folha de pinheiro
Fig. 3a Grãos de pólen de Pinus sp
Fig. 3b Pormenor mostrando as asas e o corpo
de grãos de pólen de Pinus sp
Fig. 4a - Corte de pinha jovem, onde se observa a Fig. 4b - Pormenor de um corte de pinha jovem onde
escama ovulífera e a bractea trectriz
se observa também o óvulo
Fig. 4c - Óvulo com nucelo
Fig. 4d - Pormenor de um grão de pólen junto ao
micrópilo imediatamente antes da polinização.
Observações
Dado que em Portugal, as espécies de Pinus, só produzem estróbilos masculinos na Primavera,
optou-se por exemplares de um género exótico, existente no Jardim Botânico.
1 - Observe um dos estróbilos masculinos de Sequoia à lupa. Como estão dispostos os
microsporófilos? Retire um microsporófilo e observe. Quantos microsporângios, ou sacos
polínicos possui cada microesporófilo ?
2 – Observe um estróbilo feminino à lupa. Como estão dispostos os macrosporófilos? Abra
uma pinha e tente descobrir quantos óvulos existem por escama ovulífera? Consegue observar
a bráctea tetriz? O que é o pinhão?
3 – Observe o ramo vegetativo. Identifique o macroblasto. Onde se inserem os braquiblastos?
Quantas folhas tem cada braquiblasto?
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