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LESÕES GENITAIS MASCULINAS
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Arquivo Pessoal
m grande número de pacientes procura o consultório do
urologista com infecções genitais. As mais comuns são as uretrites (em
geral por gonorréia ou clamídia), o herpes genital, as verrugas genitais
e alguns casos de lesões ulceradas genitais. Todas são doenças
sexualmente transmissíveis (DST).
As uretrites são infecções que atingem a mucosa e glândulas da
uretra (canal que leva a urina da bexiga até a extremidade do pênis). Os
sintomas mais comuns são ardência ou desconforto ao urinar,
associado à saída de secreção pela uretra. No caso da gonorreia
(causada pela bactéria Neisseria gonorrheae) a secreção uretral é de
aspecto purulento e em grande quantidade (suja bastante a cueca e
tem cor amarelo-esverdeada). A partir do contato com a bactéria os
sintomas em geral se iniciam rapidamente, de 3 a 5 dias e em alguns
em apenas 24h. Um aspecto bastante importante da gonorreia é que
pode ser assintomática nas mulheres (não apresenta dor, secreção,
mau cheiro ou corrimento). O tratamento da gonorréia é simples,
barato e está disponível gratuitamente na maioria dos postos de saúde.
Em geral utilizamos antibióticos em dose única.
Outro tipo de uretrite é a provocada pela bactéria Chlamydia
trachomatis, que é a doença sexualmente transmissível (DST) de
maior prevalência no mundo. A infecção atinge especialmente a uretra
e órgãos genitais, e nos homens pode causar inflamações nos
epidídimos (epididimite) e nos testículos (orquite), capazes de
promover obstruções que impedem a passagem dos espermatozoides.
Nas mulheres, o risco é a bactéria atravessar o colo uterino, atingir as
trompas e provocar a doença inflamatória pélvica ( D I P ).
Consequentemente, pode causar infertilidade masculina e feminina.
O período de incubação é de aproximadamente 15 dias, fase em que
é possível o contágio. A infecção pode ser assintomática, mas quando
aparecem os sintomas são similares em ambos os sexos: dor ou ardor
ao urinar, aumento do número de micções, presença de secreção clara
(transparente ou levemente esbranquiçada) e fluida. As mulheres
podem apresentar, ainda, perda de sangue nos intervalos do período
menstrual e dor no baixo ventre. O tratamento também consiste no uso
de antibióticos.
O Herpes genital é uma doença de alta prevalência, causada pelo
vírus do herpes simples (HSV), que provoca lesões na pele e nas
mucosas dos órgãos genitais masculinos e femininos. No momento em
que há essas lesões, o vírus pode ser transmitido através do contato
sexual. O Herpes não tem cura. Podem existir períodos longos (às
vezes muitos anos) sem manifestação da doença, mas o vírus se
esconde dentro das raizes nervosas e o sistema imunológico e medica-
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mentos antivirais não têm acesso a ele. Em situações de baixa
imunidade, o vírus se manifesta com a formação de pequenas vesículas
(bolhas), em geral numerosas e confluentes, que rompem
espontaneamente, criam casca e cicatrizam mesmo que não haja
nenhum tratamento. No entanto, o vírus migra pela raiz nervosa até
alojar-se num gânglio neural, onde permanece "adormecido" até a
recidiva seguinte.
As verrugas genitais são quase sempre provocadas pela infecção do
vírus HPV (papilomavírus humano), nome genérico de um grupo de
vírus que engloba mais de cem tipos diferentes. As lesões genitais
podem ser de alto risco, pois são precursoras de tumores malignos,
especialmente do câncer do colo do útero e do pênis, e de baixo risco
(não relacionadas ao aparecimento de câncer). A infecção causada pelo
HPV pode ser assintomática ou provocar o aparecimento de verrugas
com aspecto parecido ao de uma pequena couve-flor na pele e nas
mucosas. O diagnóstico é bem mais fácil no homem, devido às
características anatômicas dos órgãos genitais masculinos. Nas
mulheres, porém, elas podem espalhar-se por todo o trato genital e
alcançar o colo do útero, uma vez que, na maior parte dos casos, só são
diagnosticáveis por exames especializados, como Papanicolau,
colposcopia, hibridização in situ, PCR (reação da cadeia de polimerase)
e captura híbrida. A transmissão se dá predominantemente por via
sexual, mas existe a possibilidade de transmissão vertical (mãe/feto), de
auto-inoculação e de inoculação através de objetos que hospedem o
HPV. O vírus do HPV pode ser eliminado espontaneamente, sem que a
pessoa sequer saiba que estava infectada. Uma vez feito o diagnóstico o
tratamento pode ser clínico (com medicamentos) ou cirúrgico, com
destruição das lesões (cauterização química, eletrocauterização,
crioterapia e laser).
Por fim, as úlceras genitais são como grandes "aftas" que acometem a
região genital. As mais perigosas se referem às infecções pelo
Haemophilus ducreyi (que provoca o cancro "mole") e pelo Treponema
pallidum que provoca a Sífilis (cancro "duro"). O cancro mole provoca
úlceras menores, mais rasas, mas em grande número e geralmente
dolorosas. A Sífilis tem uma lesão única, indolor, endurada e com bordos
elevados (similar a uma "cratera"). Pode se disseminar pela corrente
sanguínea e acometer vários órgãos, inclusive o sistema nervoso
central, e ser até fatal. O tratamento para todos os casos é feito com
antibióticos.
Somente a prática sexual segura com uso de preservativos pode
prevenir o contágio dessas doenças. Visitas regulares ao seu médico
(urologista e ginecologista) são fundamentais para a identificação e
tratamento precoces dessas doenças. Procure seu médico assim que
manifestar qualquer sintoma que possa sugerir uma DST.
Dr. Gustavo de Mendonça Borges
CRM 94121
Graduação e Residência Médica em Urologia pela Unicamp
Pós Graduação em Reprodução Humana.
Título de Especialista em Urologia pela SBU (Sociedade Brasileira de Urologia).
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