Circulação aspectos gerais e detalhamento nos peixes Prof. Marcelo Nunes Mestriner Quando realizamos os movimentos respiratórios estamos compensando uma situação gerada por nossas células, pois são elas que na verdade estão respirando, ou seja, elas usam o oxigênio e a glicose para produzir energia para suas atividades e como resíduo liberam gás carbônico e água. O gás carbônico não é uma substância interessante de se ter no interior do organismo, portanto os pulmões, brânquias ou outras estruturas respiratórias realizam esse trabalho de captura do oxigênio e liberação do gás carbônico para o ambiente. Você já percebeu uma idéia escondida nesse parágrafo: "Os pulmões e brânquias são, na verdade, órgãos de respiração e de excreção!" Da mesma forma que os pulmões capturam e liberam os gases respiratórios em um ambiente aéreo as brânquias fazem o mesmo serviço na água. Os peixes se utilizam, na maioria das vezes, de brânquias para realizarem seu processo respiratório. As brânquias são órgãos adaptados à troca de gases em ambiente aquático, sendo constituídos por projeções em forma de lâminas ou filamentos finos mergulhados na água, esses filamentos são extremamente vascularizados, ou seja, cheios de vasos sanguíneos que recebem o oxigênio e liberam o gás carbônico para o ambiente. Nos peixes as brânquias ficam presas em arcos ósseos ou cartilaginosos logo atrás da cabeça do animal. Arcos branquiais, cada um com milhares de brânquias (semelhantes a cocares de índios), situam-se enfileirados formando estruturas muitas vezes denominadas de "guelras do peixe". Essas guelras são encontradas aos pares em cada animal, um conjunto de cada lado, próximos à cabeça do animal. Nos peixes ósseos as brânquias ficam posicionadas embaixo de uma tampa óssea chamada de opérculo (em biologia - tampa) e com a inalação de água pela boca e posterior abertura do opérculo o animal gera um fluxo de água através dos arcos branquiais e consequentemente através das brânquias, viabilizando a respiração do animal. Nos peixes cartilaginosos (com exceção das quimeras) os arcos se posicionam sob fendas branquiais logo atrás da cabeça, bem visíveis em tubarões e raias (5 a 7 pares de fendas dependendo da espécie). O movimento da água é realizado de forma parecida com o que acontece nos peixes ósseos. Existem algumas lendas de que tubarões não podem parar de nadar porque se "afogam", esse fato não é verdade, pois apesar de o animal nadar um período grande de seu dia ou noite (dependendo da espécie em questão - período de vigília), eles apresentam estratégias para não ficarem sem respiração em seus momentos de repouso, por exemplo, buscam um local e se posicionam de frente para uma corrente marinha abrindo sua boca e deixando a corrente fazer o serviço. Muitas espécies apresentam músculos nas paredes das fendas e as movimentam forçando a água atravessar os arcos branquiais, esse é o caso de um tubarão muito comum aqui no litoral do Brasil principalmente no estado de São Paulo o tubarão-lixa. Tubarão-lixa (Ginglymostoma cirratum) Outra curiosidade a respeito da respiração em peixes é a presença de espécies pulmonadas ou dipnóicas. Os peixes ósseos apresentam um órgão de flutuação conhecido como bexiga natatória, esse órgão permite ao animal o posicionamento em relação à profundidade “desejada”, seu funcionamento se baseia em densidade, quando o animal quer subir ele deposita gases no interior da bexiga-natatória (diminuindo a densidade) e quando ele quer afundar ele retira os gases da bexiga passando-os para o sangue (aumentando sua densidade). Bexiga natatória Alguns peixes de rios temporários ou que vivem em água com pouca oxigenação se utilizam desse órgão para a respiração, transformando-o em um pulmão através de uma comunicação da bexiga com as regiões da boca e/ou das narinas para a captação e eliminação de gases respiratórios. Como a bexiga natatória é muito vascularizada a troca com o sangue é possível. Paleontólogos acreditam que peixes ancestrais de anfíbios apresentavam esse tipo de respiração. Obs.: Os peixes cartilaginosos como os tubarões não apresentam a bexiga natatória, compensando sua flutuação com o esqueleto cartilaginoso (mais leve que o ósseo) e com a reserva de muito óleo no fígado. Peixes pulmonados brasileiros Pirambóia (Lepidosiren paradoxa) Pirarucu (Arapaima gigas)