UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS ESCOLA DE VETERINÁRIA E ZOOTECNIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL Disciplina: SEMINÁRIOS APLICADOS DOENÇA DAS MUCOSAS: UMA ENFERMIDADE SINGULAR CAUSADA POR UM MEMBRO DA FAMÍLIA Flaviviridae Hidelbrando Ricardo Domeneguete Amaral Orientador (a): Prof. Dr.ª Wilia Marta Elsner Diederichsen de Brito GOIÂNIA 2012 ii HIDELBRANDO RICARDO DOMENEGUETE AMARAL DOENÇA DAS MUCOSAS: UMA ENFERMIDADE SINGULAR CAUSADA POR UM MEMBRO DA FAMÍLIA FLAVIVIRIDAE Seminário apresentado junto à Disciplina Seminários Aplicados do Programa de Pós-Graduação em Ciência Animal da Escola de Veterinária e Zootecnia da Universidade Federal de Goiás. Nível: Mestrado. Área de Concentração: Sanidade Animal, Higiene e Tecnologia de Alimentos (SANHTA) Linha de Pesquisa: Etiopatogenia, epidemiologia, diagnóstico e controle das doenças infecciosas dos animais Orientador (a): Prof. Dr.ª Wilia Marta Elsner Diederichsen de Brito – IPTSP/UFG Comitê de Orientação: Prof. Dr.ª Maria Clorinda Soares Fioravanti – EV/UFG Prof. Dr Alexandre Ramos – CENARGEN/EMBRAPA GOIÂNIA 2012 iii SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................... 1 2 REVISÃO DE LITERATURA ............................................................................... 2 2.1 A família Flaviviridae ........................................................................................ 2 2.2 O gênero Pestivirus .......................................................................................... 4 2.3 O agente etiológico, Vírus da Diarréia Viral Bovina (BVDV)............................. 6 2.4 Geração de bezerros persistentemente infectados .......................................... 7 2.5 Doença das mucosas ....................................................................................... 9 3 CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................. 14 REFERÊNCIAS .................................................................................................... 15 1 INTRODUÇÃO Doença das mucosas (DM) é uma apresentação clinica rara decorrente da infecção de bovinos pelo vírus da Diarréia Viral Bovina (Bovine viral diarrhea virus - BVDV). Tal vírus pertence à família Flaviviridae, gênero Pestivirus, tem distribuição mundial e é um dos principais patógenos de bovinos, responsável por perdas econômicas, produtivas e reprodutivas nos rebanhos bovinos de todo o mundo. No Brasil, a diarreia viral bovina (BVD) está amplamente distribuída nos rebanhos bovinos de corte e leite com taxas de prevalência que podem variar de 60 a 85% de animais soropositivos, em Goiás a prevalência é de 64%. A infecção pelo BVDV pode ser assintomática ou determinar uma gama de sinais clínicos (BAKER, 1995; RIDIPAH & FLORES, 2007; BRITO et al., 2010). O maior impacto da infecção de bovinos pelo BVDV é na esfera reprodutiva. A infecção em fêmeas gestantes pode resultar em perdas embrionárias e fetais, malformações congênitas, natimortalidade e nascimento de bezerros fracos e inviáveis. A infecção fetal entre 40 e 120 dias de gestação por cepas de BVDV não citopatogênico (ncp), com frequência, é seguida de persistência viral e indução de imunotolerância. Estes fetos originam bezerros persistentemente infectados (PI), que podem representar até 2% nos rebanhos infectados, eliminam constantemente o BVDV em grande quantidade por todas as secreções e excreções, constituindo o elo da cadeia epidemiológica da doença (BOLIN et al., 1985; HOUE et al., 1999; PILZ et al., 2007). Além de contribuírem de maneira fundamental na disseminação do BVDV nos rebanhos os animais PI podem desenvolver uma enfermidade fatal, denominada doença das mucosas. Tal doença ocorre quando o animal PI imunotolerante a uma cepa de BVDV ncp é superinfectando por uma cepa de BVDV citopatogênico (cp) (BAKER, 1995). Desta forma, este seminário discorrerá sobre os aspectos envolvidos na infecção de bovinos pelo BVDV apresentando a família viral ao qual pertence até chegar a casos individuais de uma doença única na natureza, a doença das mucosas. 2 2 REVISÃO DE LITERATURA 2.1 A família Flaviviridae A família Flaviviridae abriga vários vírus de importância em saúde humana e animal. Os membros dessa família possuem vírions esféricos (40-60nm de diâmetro), envelopados, que contêm uma molécula de RNA linear de polaridade positiva (9 a 12.3 kilobases) como genoma. A família é dividida em três gêneros: Flavivirus (do latim flavus – amarelo), Pestivirus (do latim pestis – peste) e Hepacivirus (do grego heptos – fígado) (RIDPATH & FLORES, 2007). A molécula de RNA apresenta duas regiões não-traduzidas (untranslated region, UTRs) próximas às extremidades 5’ e 3’ e possui uma única fase aberta de leitura (open reading frame, ORF), que é responsável pela codificação de uma poliproteína. Essa poliproteína é processada por proteases virais e celulares durante e após a tradução, originando outras proteínas. Diferente dos outros dois gêneros (Figura 1), os Pestivirus são os únicos que codificam as proteínas Npro (proteína não estrutural) e Erns (proteína estrutural). A Npro é uma proteinase cuja única função conhecida é se autoclivar da poliproteína logo após a sua síntese. Além da atividade ribonuclease e associação ao envelope viral, a glicoproteína Erns é secretada das células infectadas (RIDPATH 2003; RIDPATH & FLORES, 2007; LIU et al., 2009). 3 FIGURA 1: Esquema da organização do genoma dos três gêneros da família Flaviviridae. UTR é região não traduzida (untranslated region), NS codifica proteína não estrutural (non structural), Npro codifica nucleoprotease, C o capsídeo e Erns uma ribonuclease solúvel; Erns, E1 e E2: glicoproteínas do envelope; NS2, NS3, NS4A, NS4B, NS5A e NS5B: proteínas não-estruturais. Adaptado de RIDPATH & FLORES, 2007. Os gêneros da família Flaviviridae diferem entre si pela extensão, estrutura e organização genômica, número e função de produtos gênicos e em alguns aspectos biológicos. Várias dessas características são utilizadas para a sua classificação em gêneros e espécies (RIDPATH & FLORES, 2007). As principais diferenças entre os gêneros estão apresentadas na Tabela 1. TABELA 1: Características gerais dos três gêneros da família Flaviviridae. Adaptado de RIDPATH & FLORES, 2007. GENERO GENOMA MULTIPLICACAO HOSPEDEIROS EM CULTIVO VETORES ARTRÓPODES CELULAR Flavivirus 11kb X Humanos e X animais Pestivirus 12.5kb X Animais - Hepacivirus 9.6kb - humanos - 4 2.2 O gênero Pestivirus A classificação dos generos dos pestivírus utiliza três critérios: A) Hospedeiro de origem: Este critério de classificação não é confiável uma vez que, alguns pestivírus não são restritos a um único hospedeiro (RIDPATH & FLORES, 2007). B) Características antigênicas e reatividade sorológica cruzada: a reatividade sorológica cruzada entre as espécies de pestivírus é baixa e pode ser bastante variável também entre diferentes isolados de uma mesma espécie viral (RIDPATH & FLORES, 2007). C) A homologia entre as sequências de nucleotídeos: é o critério mais seguro para diferenciar os três gêneros da família Flaviviridae e o de maior segurança. A região 5’UTR é a mais frequentemente utilizada para a detecção e caracterização de variações no genoma, uma vez que apresenta segmentos altamente conservados, facilitando a amplificação pela reação de cadeia de polimerase (PCR). No entanto, a região da proteína não-estrutural Npro, presente apenas nos pestivírus, se constitui na região de eleição para a comparação e caracterização inicial de isolados. O gene E2, que codifica a proteína imunodominante do envelope viral, também pode ser usado na filogenia dos pestivírus. A utilização conjunta das três regiões genômicas (5’UTR, Npro e E2) apresenta melhores resultados na análise filogenética e permite a classificação de diferentes espécies, tipos e subtipos de pestivírus (LIU et al., 2009; ALMEIDA, 2010). A análise filogenética das sequências que codificam a N pro possibilita a divisão do gênero Pestivirus em sete grupos genéticos principais (Figura 2). Quatro desses ramos correspondem às quatro espécies aceitas no gênero (Vírus da Diarreia Viral Bovina tipo 1, BVDV-1; Vírus da Diarréia Viral Bovina tipo 2, BVDV-2; Vírus da Doenca da Fronteira dos Ovinos, BDV e Vírus da Peste Suína Clássica - CSFV). Os três ramos restantes correspondem a pestivírus ainda não classificados que possuem base genética e propriedades antigênicas que diferem das espécies descritas anteriormente no gênero (RIDPATH, 2003; RIDPATH & FLORES, 2007). 5 FIGURA 2: Agrupamento filogenético de isolados de pestivírus com base na homologia de nucleotídeos do gene da proteína Npro; 1, 2, 3 e 4 representam os ramos das quatro espécies de aceite do gênero Pestivirus conhecidas: BVDV-1, BVDV-2, BDV e CSFV; os três ramos restantes correspondem a um pestivírus isolado de uma girafa, um isolado de antílope e um ramo composto por pestivírus atípicos (“Hobi"). Adaptado de RIDPATH & FLORES (2007). A crescente identificação desses Pestivírus atípicos em vários continentes tem suscitado grande preocupação de técnicos e pesquisadores em sanidade animal, pois se constituem em agentes recentes, cuja epidemiologia, biologia e patogenia ainda são desconhecidas (RIDPATH, 2010). Além do genótipo, as cepas de pestivírus podem ser agregadas em subgenótipos. Quinze subgenótipos dentro do BVDV-1 (BVDV-1a a BVDV-1o) e dois do BVDV-2 (BVDV-2a e BVDV-2b) têm sido descritos por todo o mundo. Uma diversidade maior é observada entre as cepas européias nos sete diferentes grupos reportados (FLORES et al, 2002; LIU et al., 2010; RIDPATH, 2010). Embora não sejam utilizados para diferenciar as espécies, dois biótipos existem entre os pestivírus: os vírus citopáticos (cp) e os não-citopáticos (ncp) 6 (BAKER, 1995). Tais vírus e suas características serão abordados na próxima seção. 2.3 O agente etiológico, Vírus da Diarréia Viral Bovina (BVDV) O BVDV é reconhecido como causador de diversas manifestações clínicas que vão desde infecções subclínicas a infecção aguda altamente fatal, afetando principalmente o sistema reprodutivo (abortos, má formação, mumificação, crescimento retardado), sistema respiratório, sistema digestivo, sistema circulatório (leucopenia, trombocitopenia e síndrome hemorrágica) e sistema tegumentar quando a DM se instala num animal PI (DUBOVI, 1994). Os bovinos são considerados os seus hospedeiros naturais, porem pode infectar ruminantes domésticos, silvestres e suínos (RIDPATH & FLORES, 2007). Há grande variabilidade antigênica nos isolados de campo de BVDV, devido à presença de regiões hipervariáveis na glicoproteína E2 (gp53). Com base nas características genéticas e antigênicas, os isolados podem ser divididos em dois grupos: BVDV-1 (E2 com um epítopo dominante) e BVDV-2 (E2 com três epítopos dominantes). O primeiro abrangem grande parte das cepas de referência e os vírus utilizados em vacinas, sendo geralmente isolados com virulência baixa a moderada. O segundo foi isolado de surtos de BVDV aguda e doença hemorrágica no Canadá entre 1993/1994, porém também possui isolados com baixa virulência (HAMERS et al., 2001; RIDPATH et al., 2003). Os isolados do BVDV-1 e BVDV-2 já foram divididos em subgrupos genéticos (BVDV-1a e 1b; BVDV-2a e 2b). A reatividade sorológica cruzada entre BVDV-1 e BVDV-2 é geralmente baixa, e isto apresenta implicações importantes para o diagnóstico, controle, desenvolvimento e eficácia de vacinas , assim como auxiliam o vírus na evasão da resposta imune do hospedeiro prejudicando estratégias de imunização (FLORES et al., 2000a; FLORES et al., 2000b; FLORES et al., 2002; RIDPATH, 2003; PILZ et al., 2007). Com relação a replicação em cultivo celular, os isolados de BVDV podem ser divididos em citopáticos (cp) e não-citopáticos (ncp). Os isolados ncp se constituem nos BVDV responsáveis pela maioria das infecções naturais e 7 pelas infecções fetais persistentes. Os isolados cp são raros, não são capazes de produzir infecções persistentes e são isolados quase que exclusivamente de animais com a DM. Os BVDV cp são gerados nos animais PI a partir do vírus ncp original, através de mutações, recombinações, deleções ou rearranjos genéticos que levam à expressão na proteína NS3 (p80) como um polipeptídeo individual. Em contraste, os vírus ncp expressam apenas a proteína precursora NS23 (p125). A expressão da NS3 (p80) sugere que esta proteína está direta ou indiretamente relacionada ao efeito lítico do vírus em cultivos celulares, porém o mecanismo responsável pela indução de citopatologia ainda não foi esclarecido. O efeito citopatico em cultivo celular não indica se um isolado é virulento ou não, fato este comprovado pelo isolamentos feitos a partir de surtos graves da doença onde o BVDV ncp foi o responsável (BROWNLIE, 1990; GROOMS, 2004; RIDPATH, 2003; RIDPATH & FLORES, 2007). É bom frisar que o genótipo não deve ser confundido com o biotipo. Os dois genótipos do BVDV (tipo 1 e 2) podem existir como um dos biotipos: cp e ncp, com base no efeito que causam em culturas de células. O biotipo é uma diferença fenotípica. Enquanto o genótipo reflete diferença no genoma viral, o fenótipo é baseado nas diferenças de traços expressos (RIDPATH, 2003). 2.4 Geração de bezerros persistentemente infectados Fêmeas prenhes soronegativas que se infectam pelo BVDV frequentemente transmitem o vírus ao embrião ou feto. As consequências da infecção do embrião/feto dependem do estágio de gestação em que ocorre a infecção, do biotipo (ncp) e da cepa do vírus: reabsorção, abortos, mumificação fetal, natimortos, malformações congênitas, nascimento de bezerros fracos e inviáveis ou o nascimento de animais PI. Abortos em qualquer fase de gestação podem ser atribuídos ao BVDV. Fetos infectados no terço final da gestação nascem normais, livres do vírus e soropositivos (DUBOVI, 1994; KRAMPS et al., 1999; RIDPATH & FLORES, 2007). As possíveis consequências da infecção de fêmeas prenhes pelo BVDV estão ilustradas na Figura 3. 8 FIGURA 3: Consequências da infecção de fêmeas prenhes pelo BVDV, de acordo com o biótipo do vírus e o tempo de gestação. Adaptado de RODPATH & FLORES, 2007. O estabelecimento da infecção persistente ocorre quando o feto é infectado entre os 40 e 120 dias de gestação (Figura 3), tanto pelo BVDV-1 quanto pelo BVDV-2. A infecção do feto bovino com o biótipo ncp antes do desenvolvimento da competência imunológica pode resultar na geração de um animal que apresenta a infecção persistente pelo BVDV por toda sua vida. Nessa fase da gestação, o sistema imunológico do feto é imaturo e as proteínas virais são reconhecidas erroneamente como próprias (self), tornando o animal imunologicamente tolerante especificamente aquela cepa ncp de BVDV que o infectou in utero. É necessário que se estabeleça uma infecção não-lítica com o BVDV para que não prejudique o desenvolvimento fetal, assim, a infecção transplacentária com um BVDV cp não pode produzir uma infecção persistente (BAKER, 1995; GROOMS, 2004; BROCK, 2003; RIDPATH, 2003; LIEBLERTENORIO, 2005). Esses animais tornam-se portadores permanentes e excretam o vírus continuamente em secreções e excreções, por toda a vida, sendo os 9 responsáveis pela transmissão constante do agente a outros bovinos. Os bezerros que nascem PI são geralmente soronegativos para aquela cepa de BVDV para o qual foram infectados in utero (BROCK, 2003; HOUE, 1999; ARENHART et al., 2009). Os animais PI podem apresentar crescimento retardado, malformações congênitas ou ser aparentemente saudáveis. Alguns apresentam crescimento retardado e são mais susceptíveis a infecções secundárias (BAKER, 1995; PILZ et al., 2007; RIDPATH & FLORES, 2007). A maioria dos animais PI morre nos primeiros meses de vida, no entanto, alguns deles podem viver até os dois anos ou mais. Existem vários relatos de animais PI que sobrevivem até a idade adulta, podendo se tornar reprodutores e transmitir o vírus para a progênie (fêmeas) ou pelo sêmen (machos). Fêmeas PI que atingem a idade adulta e ficam prenhes geralmente produzem bezerros PI, perpetuando assim, uma família de bovinos PI (HOUE, 1999; BAKER, 1995; RIDPATH & FLORES, 2007; GONZALEZ-ALTAMIRANDA et al., 2012). Em uma revisão a respeito da forma como BVDV cp surgem PETERHANS et al, (2010) estabelece muito bem os mecanismos imunológicos envolvidos no desencadeamento da persistência viral, com destaque para a falha do organismo em produzir interferon gama (INF-γ) em resposta a infecção inicial pelo BVDV ncp. 2.5 Doença das mucosas Doença das mucosas é uma rara apresentação da infecção pelo BVDV que acomete apenas animais nascidos PI. A doença desenvolve-se quando um animal PI, portador de um BVDV ncp, é superinfectado com um BVDV cp. O BVDV cp que determina o desenvolvimento da DM geralmente se origina do BVDV ncp do próprio animal PI por mutações. Vários tipos de mutações, deleções e rearranjamentos genéticos têm sido identificados na geração de BVDV cp, todos esses mecanismos resultam na expressão da proteína viral NS3 (p80). Além das de variações genéticas outras fontes de vírus cp que podem determinar a DM incluem vírus de vacinas vivas modificadas ou transmissão de vírus cp apartir de outros animais PI. Nos animais que desenvolvem a DM, os dois vírus (ncp e cp) 10 estão presentes e devem ser isolados para que se diagnostique a doença com precisão (BROWNLIE, 1990; TAUTZ, et al., 1994; RIDPATH, 2003; POTGIETER, 2004; RIDPATH & FLORES, 2007). A doença das mucosas (DM) pode ocorrer de forma aguda ou crônica. Nos casos agudos da doença as cepas cp e ncp são homólogas. Já nos casos de DM crônica geralmente as cepas cp e ncp são heterólogas. Quando a cepa de BVDV cp é antigenicamente semelhante à cepa de BVDV ncp da qual se originou o sistema imune do hospedeiro não consegue desenvolver uma resposta contra esta nova variante do vírus e sucumbe rapidamente a infecção, caracterizando a DM aguda. No caso da DM crônica o bovino se infecta com uma cepa de BVDV cp diferente da cepa de BVDV ncp presente no hospedeiro e seu sistema imune é capaz de montar uma resposta contra a cepa cp. Contudo esta resposta é incompleta e lenta, permitindo o desenvolvimento da enfermidade até a morte do animal (BAKER, 1995; BROCK, 1998; BROCK, 2003; POTGIETER, 2004). É bom ressaltar que a DM é uma forma esporádica da infecção pelo BVDV de curso invariavelmente fatal, ocorre principalmente em animais com seis meses a dois anos de idade. Caracteriza-se por febre, leucopenia, diarreia, inapetência, desidratação, lesões erosivas nas narinas e na boca e morte dentro de poucos dias. Na necropsia, erosões e ulcerações podem ser encontradas no trato gastrintestinal, particularmente nas placas de Peyer (Figuras 4 e 5). No esôfago, essas lesões apresentam-se no sentido longitudinal, com aspecto de “arranhão de gato”. As placas de Peyer apresentam-se edematosas, hemorrágicas e necróticas. O conteúdo intestinal é escuro e aquoso e observa-se enterite catarral ou hemorrágica. A histopatologia revela uma necrose extensiva dos tecidos linfoides e da mucosa intestinal, incluindo as placas de Peyer, nos centros germinativos do baço e linfonodos. Devido à proporção de animais PI em um rebanho serem geralmente muito baixa (2%), a morbidade da DM também é baixa, contudo a letalidade é de 100% (BAKER, 1995; GROOMS, 2002; POTGIETER, 2004; RIDPATH & FLORES, 2007). 11 FIGURA 4: Achados de necropsia no trato digestivo em bovino com doença das mucosas associada a dermatite. (A) Ulcerações que evoluíram para fendas longitudinais na língua. (B) Numerosas ulcerações longitudinais no esôfago. Adaptado de FERREIRA et al., 2008. FIGURA 5: Placas de Peyer evidentes na mucosa do intestino delgado, área focal de ulceração delimitada por halo hiperêmico (seta). Adaptado de Santos, 2010. Na DM crônica, menos comum, os sinais clínicos são inespecíficos. Observa-se inapetência, perda de peso e apatia progressiva. É caracterizada como crônica, pois, além das cepas cp e ncp serem heterólogas o animal não morre dentro do prazo previsto para a doença aguda. A diarreia pode ser contínua ou intermitente. Algumas vezes, ocorrem descarga nasal e descarga ocular persistente. Áreas alopécicas e de hiperqueratinização podem aparecer, geralmente no pescoço. Lesões erosivas crônicas podem ser observadas na mucosa oral e na pele. Laminite, necrose interdigital e deformação do casco 12 podem também ocorrer, sendo a contaminação secundária um achado comum (GROOMS et al., 2002; POTGIETER, 2004; RIDPATH & FLORES, 2007). Casos de DM associada à dermatite generalizada foram descritos por FERREIRA et al., (2008) e ODEON et al., (2003). Na forma aguda da DM a morte geralmente ocorre entre 3 e 10 dias, podendo chegar a 21 dias. Na forma crônica, a evolução pode ser de até 18 meses e os animais morrem por severa debilidade. A distinção entre DM crônica e aguada somente é possível em casos experimentais, pois na maioria dos isolados de campo não é possível determinar a identidade do BVDV cp original (GROOMS et al., 2002, POTGIETER, 2004, LIEBLER-TENÓRIO, 2005). Experimentalmente a DM pode ser induzida em bezerros PI por inoculação de BVDV cp homólogo a cepa ncp presente. A caracterização do BVDV envolvido na DM aguda ou crônica revela que nos casos agudos o BVDV cp re-isolado de animais enfermos é idêntico ao BVDV cp usado na inoculação. Em contraste, na DM crônica o BVDV cp recuperado é a recombinação da cepa ncp persistente e a cp usada na inoculação (BROWLIE & CLARCK, 1993; FRITZEMEIER et al, 1997). Foi relatado por EDWARDS et al., (1991) a recuperação de um animal que desenvolveu DM. Neste caso o bezerro PI apresentou sinais transitórios de DM, se recuperou e chegou a ser abatido. Porém foi o único relato de sobrevivência observado e necessita de maior investigação. Os métodos diagnósticos mais comumente utilizados são a soroneutralização, ensaio imunoenzimático, isolamento viral, reação em cadeira de polimerase. No caso de animais PI o melhor método de triagem relatado é a imunohistoquimica realizada num fragmento de pele obtido por meio de biopsia (GROOMS & KEILEN, 2002). A melhor forma de prevenir e controlar a diarreia viral bovina é por meio da investigação de casos de aborto, levando em consideração que a doença pode estar presente. Uma vez confirmado, por teste diagnóstico confiável, algum caso da doença na propriedade, deve-se buscar prioritariamente identificar animais PI e eliminá-los do rebanho e mais breve possível. O uso de vacinas deve ser visto com cautela, uma vez que a grande variabilidade antigênica do BVDV pode fazer com que o programa de imunização falhe. A aquisição de animais sem 13 exigência de comprovação de sorologia negativa para BVDV também é uma forma possível de introdução da doença num rebanho livre (DUBOVI, 1994). Não há um programa oficial de controle e erradicação do BVDV no Brasil. Por esses motivos um programa de controle e erradicação do BVDV, cuja característica seria a adesão voluntaria dos produtores, como observado em outros países que implantaram essa medida, tornaria os rebanhos do país mais produtivos e competitivos no cenário internacional (FLORES et al., 2005; HOUE et al. 2006). 14 3 CONSIDERAÇÕES FINAIS A importância atribuída à Febre Aftosa durante décadas relegou outras enfermidades víricas de bovinos a um segundo plano. Com a erradicação da Febre Aftosa de muitas regiões, essas enfermidades vêm agora despertando interesse crescente de produtores, técnicos, pesquisadores, autoridades sanitárias e sobretudo de laboratórios produtores de vacinas. O conhecimento sobre a infecção pelo BVDV no país vem crescendo consideravelmente. A facilidade de comunicação e colaboração entre laboratórios, a disponibilidade de reagentes de qualidade para o diagnóstico e o interesse crescente da indústria de vacinas têm contribuído para esse crescimento. Medidas de combate à infecção têm sido adotadas por iniciativa voluntária, sem a interferência oficial. No entanto, num futuro não muito distante espera-se que restrições sanitárias ao comércio internacional de produtos animais exijam o estabelecimento de regras sanitárias oficiais. A DM foi muito estudada e bem caracterizada quando da descoberta da enfermidade e dos avanços em biologia molecular, porém dos anos 2000 até os dias atuais o estudo da enfermidade não tem tido muitos avanços. Apesar de ser uma enfermidade que desperta curiosidade na forma como pode ocorrer, o estudo desta variação de apresentação clinica da infecção pelo BVDV tem sido relegada por pesquisadores da área. A identificação de pestivírus atípicos e a busca por vacinas realmente eficazes contra os vários subgenótipos de BVDV tem despertado mais interesse e investimentos tanto da comunidade científica quando da indústria de imunobiológicos, deixando outros ramos do estudo da enfermidade em segundo plano. É necessário que, no Brasil, os estudos com relação ao BVDV avancem uma vez que grande parcela de nossa economia é pautada na exploração pecuária. As consequências econômicas da infecção são grandes e os produtores muito pouco sabem das mesmas. Um estudo aprofundado da realidade nacional, associado a políticas públicas na área de sanidade animal, contribuiriam de forma substancial para o aumento da renda de produtores pela diminuição das perdas ocasionadas pela enfermidade, assim como aumentaria o grau de controle sanitário sobre o rebanho do país. 15 REFERÊNCIAS 1. ALMEIDA, L. L. Vírus da diarréia viral bovina: detecção e aspectos epidemiológicos. Porto Alegre, 2010. 97f. Tese (Doutorado em Ciências Veterinárias) – Faculdade de Veterinária, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS. 2. ARENHART, S.; BAUERMANN, F. V.; OLIVEIRA, S. A. M.; WEIBLEN, R.; FLORES, E. F. Excreção e transmissão do vírus da diarreia viral bovina por bezerros persistentemente infectados. Pesquisa Veterinária Brasileira, Rio de Janeiro, v.29. n.29. p.736-742, 2009. 3. BAKER, J.C. The clinical manifestations of bovine viral diarrhea infection. Veterinary Clinics of North America, New York, v.11, n.3, p. 425-445, 1995. 4. BOLIN, S.R.; McCLURKIN, A.W.; CORIA, M.F. Frequency of persistent bovine viral diarrhea virus infections in select herds. American Journal of Veterinary Research, Washington, v.46, p.2385-2387, 1985. 5. BRITO, W. M. E. D.; ALFAIA, B. T.; CAIXETA, S. P. M. B.; RIBEIRO, A. C. C.; MIRANDA, T. M. T.; BARBOSA, A. C. V. C.; BARTHASSON, D. L.; LINHARES, D. C.; FARIA, B. O. Prevalência da infecção pelo vírus da diarréia viral bovina (BVDV) no estado de Goiás, Brasil. Revista de Patologia Tropical, Goiânia, v.39, n.1, p.7-19, 2010. 6. BROCK, K.V.; GROOMS, D.L.; RIDPATH, J.F.; BOLIN, S.R. Changes in levels of viremia in cattle persistently infected with bovine viral diarrhea virus. Journal of Veterinary Diagnostic Investigation, Columbia, v.10, p.22-26, 1998. 7. BROCK, K. V. The persistence of bovine viral diarrhea virus. Biologicals, Londres, v.31. p.133-135, 2003. 8. BROWNLIE, J. Pathogenesis of mucosal disease and molecular aspects of bovine virus diarrhoea virus. Veterinary Microbiology, Amsterdam, v.23. p.371-382, 1990. 9. BROWLIE J.; CLARKE, M.C. Experimental and spontaneous mucosal disease of cattle: a validation of Koch`s postulates in the definition of pathogenesis. Intervirology, Basel, v.35, p.51-59, 1993. 10. DUBOVI, E.J. Impact of bovine viral diarrhea virus on reproductive performance in cattle. Veterinary Clinics of North America: Food Animal Pratice, New York, v. 10, n. 3, p. 503-514, 1994. 11. EDWARDS, S.; WOOD, L.; BROCKMAN, S. Clinical e virological observations of a mucosal disease outbreak with persistently infected seropositive survivors. Arch Virol, Viena, v.3, p.125-132, 1991. 16 12. FERREIRA, L.C.L.; FLORES, E.F.; DRIEMEIER, D.; MELO, O.; LEMOS, R.A.A. Doença das mucosas associada a dermatite generalizada em bovinos, Mato Grosso do Sul. Pesquisa veterinária Brasileira, Rio de Janeiro, v.28, n.6, p.285-292, 2008. 13. FLORES, E. F.; WEIBLEN, R.; SCHERER C.F.C.; GIL, L.H.V.G.; PILATI, C.; DRIEMEIER, D.; MOOJEN, V.; WENDELSTEN, A., C. Identificacão do vírus da diarreia viral bovina tipo 2 (BVDV-2) no sul do Brasil. Pesquisa veterinária Brasileira, Rio de Janeiro, v. 20, n.2, p.1-10, 2000a. 14. FLORES, E. F.; GIL, L.H.G.V.; BOTTON, S.A.; WEIBLEN, R.; RIDPATH, J.F.; KREUTZ, L.C.; PILATI, C.; DRIEMEYER, D.; MOOJEN, V.; WENDELSTEN, A.C. Clinical, pathological and antigenic aspects of bovine viral doarrhea vírus (BVDV) type 2 isolates identified in Brazil. Veterinary Microbiology, Amsterdam, v.77, p.175-183, 2000b. 15. FLORES, E.F.; RIDPATH, J.F.; WEIBLEIN, R.; VOGEL, F.S.F.; GIL, L.H.V.G. Phylogenetic analysis of Brasilian bovine viral diarrhea virus type 2 (BVDV-2) isolates: evidence for a subgenotype within BVDV-2. Virus Research, Amsterdam, v.87, p.51-60, 2002. 16. FLORES E. F.; WEIBLEN, R.; VOGEL, F. S. F.; ROEHE, P. M.; ALFIERI, A. A.; PITUCO, E. M. A infecção pelo vírus da diarréia viral bovina (BVDV) no Brasil – histórico, situação atual e perspectivas. Pesquisa Veterinária Brasileira, v.25, p. 125-134, 2005. 17. FRITZEMEIER, J.; HAAS, L.; LIEBLER, L.; MOENING, V.; GREISER-WILKE, I. The development pf acute vs. late onset mucosal disease is a consequence of two different pathogenic mechanisms. Arch. Virol., Viena, v.142, p. 13351350, 1997. 18. GONZALEZ-ALTAMIRANDA, E.A.; KAISER, G.G.; WEBER, N.; LEUNDA, M.R.; PECORA, A.; MALACARI, D.A.; MORAN, O.; CAMPERO, C.M.; ODEON, A.C. Clinical and reproductive consequences of using BVDVcontaminated sêmen in artificial insemination in a beef herd in Argentina. Animal Reproduction Science, Amsterdam, v. 133, p.146-152, 2012. 19. GROOMS, D. L.; KEILEN, E.D. Screening of neonatal calves for persistent infection with bovine viral diarrhea virus by immunohistochemistry oh skin biopsy samples. Clinical and Diagnostic Laboratory Immunology, Washington, v. 9, n. 4, p.898-900, 2002. 20. GROOMS, D. L. Reproductive consequences of infection with bovine viral diarrhea virus. The Veterinary clinics of North America: Food Animal Pactice, Philadelphia, v.20, p.5-19, 2004. 21. HAMERS, C.; DEHAN, P.; COUVREUR, B.; LETELLIER, C.; KERKHOFS, P.; PASTORET, P. P. Diversity among bovine pestiviruses. Veterinary Journal, v.161, n.2, p112-122, 2001. 17 22. HOUE, H. Epidemiological features and economical importance of bovine virus diarrhea virus (BVDB) infections. Veterinary Microbiology, Amsterdam, v.64, p. 89-107, 1999. 23. HOUE, H.; LINDBERG, A.; MOENING, V. Test strategies in bovine viral diarrhea virus control and eradication campaigns in Europa. Journal of Veterinary Diagnostic Investigation, Columbia, v.18, p.427-436, 2006. 24. KRAMPS, J., A.; VAN MAANEN, C.; VAN WETERING, G.; STIENSTRA, G.; QUAK, S.; BRINKHOF, J.; RONSHOLT, L.; NYLIN. A simple, rapid and reliable enzyme-linked immunosorbent assay for the detection of bovine virus diarrhea virus (BDVD) specific antibodies in cattle serum, plasma and bulk milk. Veterinary Microbiology, Amsterdam, v.64. p.135-144, 1999. 25. LIEBER-TENORIO, E. M. Pathogenesis. In: GOYAL, S. M.; RIDPATH, J. F. Bovine Viral Diarrhea Virus. Iowa: Blackwell Publishing. p.121-143, 2005. 26. LIU, L.; XIA, H.; WAHLBERG, N.; BELÁK, S.; BAULE, C. Phylogeny, classification and evolutionary insights into pestivírus. Virology, Londres, v.385. p.351-357, 2009. 27. LIU, L.; XIA, H.; BAULE, C.; BELÁK, S.; WAHLBERG, N. Effects of methodology and analysis strategy on robustness of Pestivirus phylogeny. Vet. Res., Iranian, v.147, p47-52, 2010. 28. NOGUEIRA, F. S. Diagnóstico da infecção pelo vírus da diarreia viral bovina em propriedades da microrregião de Viçosa. Viçosa, 2003. 51f. Dissertação (Mestrado em Medicina Veterinária) – Universidade Federal de Viçosa, Viçosa, MG. 29. ODEON, A.C.; RISATTI, G.; KAISER, G.G.; LEUNDA, M.R.; ODRIOZOLA, E.; CAMPERO, C.M.; DONIS, R.O. Bovine viral diarrhea virus genomic associations in mucosal disease, enteritis and generalized dermatitis outbreak in Argentina. Veterinary Microbiology, Amsterdam, v.96, n.2, p.133-144, 2003. 30. PERDRIZET, J. A.; REBHUN, W. C.; DUBOVI, E. J.; DONIS, R. O. Bovine virus diarrhea – clinical syndromes in dairy herds. Cornell Vet. 1987, 77: 4674, 1987. 31. PILZ, D.; ALFIERI, A. F.; LUNARDI, M.; ALFIERI, A. A. RT-PCR em pools de soros sanguíneos para o diagnóstico da infecção aguda e de animais persistentemente infectados pelo vírus da diarreia viral bovina. Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia, Belo Horizonte, v.59, n.1, p.1-7, 2007. 32. POTGIETER, L. N. D. Bovine viral diarrhea and mucosal disease. In: COETZER, J. A. W.; THOMSON, G. R.; TUSTIN, R. C. Infectious Diseases of Livestock. 2.ed. Vol.2. Cape Town: Oxford University Press, 2004. 18 33. RADOSTITS, O.M.; GAY, C.; BLOOD, D.C.; HINCHCLIFF, K. W. Diarreia viral bovina, doenca das mucosas, complex doenca pestivirus bovino. In: Clínica Veterinária: um tratado de doenças de bovinos, ovinos, suínos, caprinos e equinos. 9 ed. Rio de Janeiro: Editora Guanabara koogan, p.974-993, 2002. 34. RIDPATH, L. F. BVDV genotypes and biotypes: practical implications for diagnosis and control. Biologicals, Londres, v.31, p.127-131, 2003. 35. RIDPATH, J. F.; FLORES, E. F. Flaviviridae. In: FLORES, E. F. Virologia Veterinária. 1.ed. Santa Maria: Editora da UFSM, p.563-591, 2007. 36. RIDPATH, J. F. Bovine Viral diarrhea Virus: Global status. The Veterinary clinics of North America: Food Animal Pactice, Philadelphia, v.26, p.105121, 2010a. 37. RIDPATH, J.F.; FULTON, R.W.; KIRKLAND, P.D. Prevalence and antigenic differences observed between bovine viral diarrhea virus subgenotypes isolated from cattle in Australia and feedlots in the southwestern United States. J.Vet. Diagn.Invest, Columbia, v.22, p.184-191, 2010b. 38. SANTOS, A.S. Caracterização clínica, patológica e molecular da infecção pelo vírus da diarreia viral bovina tipo 2 não citopático em propriedade do Rio Grande do Sul. Porto Alegre, 2010. 83f. Dissertacao (Mestrado em Ciências Veterinárias) – faculdade de Veterinaria, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS. 39. TAUTZ, N.; THIEL, H-J.; DUBOVI, E.J.; MEYERS, G. Pathogenesis of Mucosal Disease: a cytopathogenic pestivirus generated by an internal deletion. Journal of Virology, Washington, v. 68, n.5, p.3289-3297, 1994.