A Economia da Mudança Climática e Seus Impactos na

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XLV CONGRESSO DA SOBER
"Conhecimentos para Agricultura do Futuro"
A ECONOMIA DA MUDANÇA CLIMÁTICA E SEUS IMPACTOS NA
AGROPECUÁRIA E AGROINDÚSTRIA BRASILEIRA
GUSTAVO INÁCIO DE MORAES.
ESALQ/USP, PIRACICABA, SP, BRASIL.
[email protected]
APRESENTAÇÃO ORAL
AGRICULTURA, MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
A Economia da Mudança Climática e Seus Impactos na Agropecuária e
Agroindústria Brasileira
Grupo de Pesquisa: Agricultura, Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável
Resumo: Oscilações nas condições climáticas representam um perigo a qualquer tempo
para a espécie humana. Dispondo de crescente evidência que a atual era vivencia uma
mudança climática cabe estudar as conseqüências e adaptações possíveis. O setor
agropecuário e a agroindústria tendem a ser os principais setores econômicos afetados pela
mudança climática, pois lidam com o principal insumo afetado: a terra. Deste modo, os
reflexos negativos serão sentidos, predominantemente, nos países em desenvolvimento,
que dependem da produção agropecuária para manter seu desenvolvimento econômico. O
artigo estima, através de um modelo de equilíbrio geral computável, para a economia
brasileira, quais os impactos econômicos esperados sob diferentes cenários. Conclui-se que
os efeitos são importantes e sobretudo originados da queda da produtividade da terra em
comparação aos efeitos oriundos da perda de dinamismo do comércio internacional,
coeteris paribus.
Palavras-Chave: Mudança Climática, Agricultura, Economia Brasileira.
Abstract: Oscillations in climate conditions represent, for the civilization, danger in any
age. The increasing evidence that the present age is living a global warming, show how
important it is to study its consequences. Agricultural and Live stocking sectors tend to
suffer major consequences of the climate changes, since they deal with the main affected
input (land). Therefore, negative impacts will occur largely in developing countries, which
depend on agricultural sector to maintain their economic development. This paper
estimate, by using a computable general equilibrium methodology, what are the economic
impacts expected in different scenes. Results show the importance of the effects and that
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they are caused by the productivity negative shock in the agricultural sector, in contrast
with the shock in the international trade.
Key- Words: Climate Change, Agricultural, Brazilian Economy.
1.Introdução
Desde o momento em que se tornou sedentária, dominando a agricultura e construindo
cidades, a espécie humana jamais enfrentou mudança brusca na condição climática do
planeta. As condições climáticas de curto prazo e locais, fundamentais para várias
atividades humanas, são relativamente conhecidas e dominadas sendo, entretanto, ainda
relativamente desconhecidas às interligações globais do clima e o comportamento de longo
prazo do clima no planeta. Um exemplo constitui-se no desconhecimento a respeito de
como, quando e porque ocorrem “idades do gelo”.
Pode-se, todavia, constatar-se nos últimos séculos, através de registros sistemáticos, que a
temperatura da terra e do mar vem se elevando e, em paralelo, a superfície de geleiras
diminui. As causas dessas anomalias são, por outro lado, polêmicas: atribui-se desde ao
ciclo natural e/ou a ação humana, que desde a implementação dos processos industriais tem
emitido gases, como subproduto, capazes de atuar na atmosfera e dessa forma influir nos
processos naturais.
O objetivo do presente artigo é, através de um modelo de equilíbrio geral computável,
estimar impactos econômicos da mudança climática na economia brasileira. O setor
agropecuário e a agroindústria brasileira, em especial, serão examinados, uma vez que
estão intimamente ligados aos eventos relacionados por utilizarem como insumo básico
recursos naturais.
Para cumprir com este objetivo o artigo está dividido em quatro seções: a primeira
discutirá as evidências de mudança climática, polemizando sobre suas causas e tendo como
principal justificativa explicitar os cenários aguardados, sobretudo para a agricultura; numa
segunda seção apresentar-se-á o modelo de equilíbrio geral computável utilizado; na
terceira seção serão simulados, no modelo proposto, os cenários de mudança climática e
apresentados os resultados e enfim, numa última seção, serão consolidadas brevemente as
principais conclusões.
2. Mudança Climática e Agricultura
O homem sempre se mediu com a natureza, dominá-la sempre foi uma preocupação para
manter a espécie e diminuir os problemas da comunidade. A passagem do dia e a passagem
das estações marcaram sempre as atividades humanas, determinando os afazeres. Mais
recentemente, com o acúmulo de informações e a possibilidade de difundir conhecimento
mais rapidamente, perceberam-se regularidades mais amplas do que dias e estações. As
composições da atmosfera, dos elementos e do solo foram percebidas e amparam várias
atividades.
A compreensão de que o clima das diferentes regiões do planeta está interligado aumenta
sistematicamente. Exemplo disso é a percepção de que as cheias e secas do Rio Nilo são
influenciadas por erupções vulcânicas em altas latitudes (Oman et alli, 2006) ou ainda de
que a seca no Nordeste brasileiro pode ser antecipada por quedas da pressão atmosférica
em outros continentes em períodos defasados (Nimer, 1979). Nesse sentido a percepção de
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que os fenômenos ENSO1 e as tempestades tropicais no Atlântico na costa africana são
responsáveis por, respectivamente, precipitações acima da média na América do Sul e
furacões no Caribe constituem-se no caso clássico (Alley, 2004), desse modo, monitorar as
condições climáticas de todo o planeta justifica-se. Entretanto, os monitoramentos
constatam que a temperatura do planeta eleva-se em um ritmo talvez nunca constatado,
como demonstra o atual estado de conhecimento da Paleoclimatologia2.
World Meteorological Organization/United Nations Environment Programme (2001, p.
26/7) comprova o constante aumento de temperatura, tanto na superfície terrestre quanto
na superfície do mar. Para a superfície do oceano, desde os anos 50, o aumento da
temperatura é de 0,04ºC por década. Já na superfície do planeta a temperatura elevou-se
em 0,6ºC com intervalo de erro de 0,2ºC desde 1861, sendo o ano de 1998 o mais quente
da história e a década de 90 do século vinte a mais quente já verificada.
Os modelos climatológicos concentram-se na interação entre atmosfera e oceano, sendo
simulados através de equações que descrevem o comportamento dos constituintes destes.
Dois métodos costumam ser adotados para a previsão do clima futuro: um extrapolando as
tendências observadas pela paleoclimatologia, outro com modelos numéricos reproduzindo
a circulação geral atmosférica, envolvendo oceanos e superfície terrestre na análise
(Cusbasch et alli, 1990).
Na interação da atmosfera destaca-se o efeito estufa, processo natural que domina o
balanço de energia do planeta. Conforme Meirelles (1994, p.4): “A atmosfera terrestre é
constituída de gases que permitem a passagem da radiação solar, porém absorvem grande
parte da radiação infravermelha termal, que é emitida pela superfície terrestre”.
Grande quantia do efeito estufa natural deve-se ao vapor d água, o dióxido de carbono e as
nuvens, sendo de apenas 10% a contribuição natural de ozônio, óxido nitroso, metano e
outros gases. A principal influência humana para potencializar a mudança climática
residira no aumento sobremaneira da concentração de gases que provocam o efeito estufa.
Com a alteração da composição química da atmosfera o efeito estufa desviaria de suas
condições naturais aquecendo sobremaneira o planeta. Naquilo que diz respeito à
agricultura, sua contribuição para acelerar o efeito estufa encontra-se na alteração dos
fluxos naturais de nitrato, fosfato e carbono, com liberação principalmente do gás
carbônico e metano (Meirelles, 1994).
Em favor da evidência da decisiva participação da atividade humana na elevação da
temperatura associada ao efeito estufa a concentração dos principais gases coligados
elevou-se em comparação ao período pré-revolução industrial, conforme demonstra o
quadro 1, abaixo. A vida útil da atmosfera é uma medida útil para a discussão do problema
já que o conceito procura mensurar a razão entre a taxa de acúmulo e a capacidade da
atmosfera utilizar o gás. Para o gás carbônico, no entanto, a estimativa refere-se apenas à
atmosfera, uma vez que este pode se fixar em outros componentes como, por exemplo, o
oceano.
QUADRO 1 – SUMÁRIO DA CONCENTRAÇÃO DE GASES NA ATMOSFERA
1750-1800
CO2
280 ppmv
CH4
0,8 ppmv
CFC-11
0
CFC-12
0
N2O
288
1
ENSO – Oscilação Sul El Niño, fenômeno responsável pelo El Niño e La Nina, respectivamente, o
aquecimento e resfriamento das águas do Pacífico.
2
A medição da temperatura global de outras épocas, sem registro histórico, é possível através do exame de
árvores e fósseis vegetais e animais, sedimentos, testemunhos de gelo etc. É a isto que se dedica a
investigação da Paleoclimatologia.
3
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1990
353 ppmv
1,72 ppmv
280 pptv
484 pptv
ppbv
310
ppbv
0,8 ppbv
150 anos
Taxa de Acumulação
1,8 ppmv
0,015 ppmv
9,5 pptv
17 pptv
Vida útil da
50 -200 anos
10 anos
65 anos
130 anos
Atmosfera
Fonte: Extraído de World Metereological Organization/United Nations Environment Programme
(1990, p.7). Legenda: CO2 – gás carbônico; CH4 – metano; CFC-11 – clorofluocarboneto 11; CFC12 – clorofluocarboneto 12; N2O – óxido nitroso; ppvm – volume em partes por milhão; ppvb –
volume em partes por bilhão; ppvt – volume em partes por trilhão.
Já entre aqueles que advogam a idéia de que o aumento recente da temperatura tem origens
naturais destacam-se os seguidores do astrônomo sérvio Milutin Milankovich, que
associou as idades do gelo e as alterações no clima terrestre ao movimento do planeta em
relação ao Sol e a posição do eixo da Terra, afetando por conseqüência a insolação
recebida. Essa teoria explicaria, sobretudo, a ocorrência de idades do gelo, mas seria
aplicada também a variações em temperatura em geral do planeta, pois a posição do
planeta teria comportamento cíclico (Kopal, 1980).
Todavia, mesmo Lomborg(2002), o auto-denominado “ambientalista cético”, reconhece
que apesar dos ambientalistas serem exagerados e confundirem muitos conceitos,
notadamente os estatísticos, há razões para preocupar-se com o lançamento de gases na
atmosfera e que, em algum tempo, haveria um efeito importante sobre o planeta.
Davis(2002), de forma dramática expressa a ligação entre variações climáticas naturais e a
distribuição do produto econômico. A “ENSO” da década de 70 do século 19 aliada a
apropriação do produto agrícola, em colapso, pelos colonizadores ingleses na Ásia
condenou milhões de indianos e chineses a morte por fome. Em paralelo, relaciona a
migração de nordestinos à Amazônia, mais tarde iniciando o ciclo da borracha, à severa
seca vivida pelo Nordeste e a total ausência de medidas adaptativas. O aspecto a ser
destacado é que tragédias sociais e/ou políticas podem ser evitadas se a organização social
também souber se adaptar e transformar-se em função da mudança climática. Nesse
sentido, os efeitos sobre a agricultura mundial de uma mudança climática atingiriam
metade da força de trabalho mundial, afora o fato de o setor ser o maior da economia em
um quarto dos países ao redor do mundo, como destaca Fischer et alli (2002).
Como resposta ao nível de emissões de gases que poderiam contribuir para potencializar o
efeito estufa o Protocolo de Kyoto determinou cotas para os países, inicialmente apenas os
industrializados, para limites de emissões por atividade. O mecanismo de desenvolvimento
limpo (MDL) nasceu das oportunidades de “compra” de cotas adicionais de emissões. O
protocolo criou as bases para um entendimento futuro, pois sua efetividade ficou
comprometida uma vez que o principal poluidor, os Estados Unidos, não aderiu ao acordo.
Bohringer & Loschel (2005) testam novos cenários até 2020 dentro da metodologia de
equilíbrio geral computável, e concluem que mesmo os impactos econômicos para os
Estados Unidos seriam moderados ao se associarem a novas rodadas do protocolo, ao
passo que os países membros da Opep, o México, a Oceania, o Canadá, os países da exUnião Soviética e os países da África observariam perdas econômicas em qualquer dos
cenários construídos.
Jorgenson et alli (2005) utiliza uma metodologia de equilíbrio geral computável e
confronta dois cenários de mudança climática onde o PIB pode cair até 2% ou até mesmo
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elevar-se em 1%. Os efeitos são em grande medida originados pela queda do preço dos
produtos agropecuários, e complementando-os temos principalmente mortalidade humana
e alterações nos preços energéticos.
Pizer et alli (2003) sugere que os instrumentos econômicos aplicados a redução de
emissões são ineficientes e avaliam através de um modelo de equilíbrio geral computável
quais medidas de natureza regulatórias e, sobretudo, concentradas sobre os setores de
energia e transportes, podem apresentar retorno marginal maior.
Com a incorporação dos problemas ambientais nas agendas políticas a partir dos anos
oitenta, o problema da oferta energética adequada e das emissões adquiriu uma
“popularidade” inédita. Particularmente, na Europa os movimentos verdes alcançaram
cadeiras no Legislativo e no final do século vinte participavam de gabinetes executivos
(Alemanha / Suécia). Na Inglaterra o governo trabalhista foi o responsável por levantar
questões acerca da mudança climática. Especificamente, foi encomendada pelo governo a
confecção de um relatório destacando os impactos econômicos da mudança climática que
se materializou, em 2006, no denominado “Stern Review on Climate Change”, coordenado
por Sir Nicholas Stern, dando novo status ao debate.
Texto em parte político, parte técnico, Stern (2006) inicia-se com um apelo para que os
países possam colaborar com a redução do nível de emissões, pois a atual trajetória é
considerada insustentável e confessa a fé em soluções no setor privado a partir de ações
governamentais de incentivo, que iriam além de instrumentos econômicos, incluindo ações
regulatórias e diplomáticas, especificamente para disciplinar as cognominadas economias
de rápido crescimento.
O relatório, prosseguindo sua argumentação, aponta os tipos de eventos que a humanidade
estaria sujeita na hipótese de confirmação da tendência hoje verificada para o ritmo da
mudança climática. O primeiro deles seriam as inundações como conseqüência do
derretimento das calotas polares e da neve localizada nos cumes montanhosos e que
afetariam não apenas áreas costeiras, mas todo o curso de rios que nascem em grandes
cordilheiras. Outra importante conseqüência negativa se daria sobre as espécies e a
biodiversidade do planeta, as quais as áreas tropicais seriam as principais vítimas. A
alteração das propriedades químicas dos oceanos seria outro importante evento,
acarretando em alterações nos estoques populacionais das espécies marítimas, para além
daquele ocasionado pela pesca predatória e afetando o clima do planeta já que
influenciariam as correntes marítimas. Ademais, a mortalidade humana aumentaria como
conseqüência da fome, do mal estar em altas temperaturas, além da maior reprodução de
vetores de doenças importantes, como malária e dengue. Depois de tantas más notícias, o
relatório nos informa que algumas regiões poderiam observar aumento das colheitas
agrícolas (ver próximo tópico), mas os efeitos globais seriam ainda negativos. A extensão
dos efeitos dependeria, maiormente, do ritmo e da intensidade da elevação da temperatura
da atmosfera, mas também das águas superficiais do oceano.
Nesse cenário apocalíptico os impactos sobre o PIB mundial seriam significativos. Em
2005 esses custos superaram 0,5% do PIB Mundial3, batendo um recorde de prejuízos de
US$ 200 bilhões. Finalmente admite que na pior das hipóteses esses custos podem se
estabilizar em 2% ao ano, no melhor cenário, ao passo que poderiam, no pior cenário,
elevar-se ao longo das décadas atingindo 3% (2015), 5% (2035) e por fim, 6% do PIB
3
1,2% do PIB dos Estados Unidos foi o custo do furacão Katrina em 2005 (Munich Re, 2006 apud Stern
(2006))
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Mundial em 2045 (Stern, 2006, p. 132). Existem custos associados a eventos de pequena
escala e a estimativa para países em desenvolvimento que o relatório não dimensiona.
O custo para se abater emissões de gases ligados ao efeito estufa estimados pelo mesmo
relatório não passaria de 1%, compensando, desse modo, sua adoção em vistas dos
prejuízos esperados, sendo esta uma das mensagens do relatório, sobretudo aos países em
desenvolvimento4.
2.1 – Efeitos sobre a Agricultura
No geral, os diferentes cenários agrícola-climáticos concordam que os países localizados
em altas latitudes serão os maiores beneficiados na redistribuição da produção agrícola que
pode ocorrer com o cenário de aquecimento global sendo mantido. Em contra partida
seriam os maiores perdedores no que diz respeito à exposição a catástrofes naturais e/ou
climáticas. É preciso, a esta altura, ponderar que a agricultura e a pecuária são responsáveis
por importante contribuição no total de gases emitidos.
Wolfe & Erickson(1993) reconhecem o efeito positivo sobre a produção agrícola que as
altas concentrações de CO2 podem trazer. Na medida em que o insumo básico para a
fotossíntese é o gás carbônico, a agricultura iria se beneficiar. Contudo, a interação entre
temperatura alta e gás carbônico por longo período leva a retornos decrescentes, conforme
as culturas se adaptem a situação, visto que a principal enzima (rubizco) envolvida torna-se
mais frágil com as concentrações de CO2. Entretanto, alertam que esses benefícios nos
países em desenvolvimento e subdesenvolvidos são duvidosos, pois necessitam de
fertilizantes, herbicidas, pesticidas e irrigação adequada, insumos muitas vezes inacessível.
Esses elementos estavam presentes nas experiências laboratoriais e dessa forma teriam que
ser reproduzidos nas condições de campo para os resultados serem próximos. Além disso,
destacam a incidência de raios ultravioleta mais intensa nas regiões tropicais,
coincidentemente as subdesenvolvidas.
Reilly et alli (2001) consideram os impactos sobre a agricultura em cinco efeitos
principais: uso de pesticidas, suprimento de água para irrigação, qualidade do pasto
disponível para pecuária, comércio internacional e, finalmente, produtividade das lavouras.
Esses cinco elementos foram combinados para determinar consumo, preço, produção
regional e uso de recursos e os resultados foram simulados para os horizontes de 2030 e
2090, a partir de um cenário base. No caso específico dos efeitos sobre o comércio
internacional o estudo aponta que o Brasil observaria queda da produção de trigo, grãos,
arroz e outras colheitas em dois cenários climáticos distintos: UKMO e GISS5. Os dois
cenários confirmam em escala global aquilo que se espera para a agricultura com mudança
climática: os países em desenvolvimento seriam prejudicados ao passo que os países
desenvolvidos extrairiam vantagens para a agricultura. Os modelos, entretanto, são
discordantes quanto à produção na ex-União Soviética; para um (UKMO) haveria queda
importante, ao passo que para outro seria observado crescimento expressivo da produção
agrícola (GISS). Ambos os cenários, consideram o papel do gás carbônico no benefício da
fotossíntese. Abaixo, na tabela 1, ilustram-se os efeitos esperados para o modelo climático
mais severo (UKMO), enquanto na tabela 2 são ilustrados os efeitos esperados do modelo
climático mais brando (GISS).
4
Uma mensagem sugestiva antes da Reunião em Nairóbi com o intuito de revisão das cotas do Protocolo de
Kyoto.
5
As siglas referem-se a fonte do cenário, no caso: UKMO – United Kingdom Meteorology Office; GISS –
Goddard Institute for Space Studies
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TABELA 1 – Cenários para o Comércio Internacional: Variações Percentuais Esperadas com
Base no Cenário UKMO de Mudança Climática.
Região
Trigo
Coarse
Arroz
Outros
Secundários
Grains
Cereais
Canadá
+4,5
-6,6
+6,0
-7,5
-2,0
Europa Ocidental
+11,0
+9,8
+13,5
+11,6
-1,4
Ex-URSS
-8,1
-6,0
-7,4
-1,4
-0,3
Leste Europeu
+1,5
+3,0
+3,1
+11,2
-0,3
Oceania
+46,2
+19,8
+28,0
+27,0
-0,3
China, Taiwan e Coréia
+0,9
+0,7
+2,6
+12,9
+0,5
Outros Leste Asiático
-15,0
-30,0
-15,7
-10,2
-0,8
India
-19,8
-36,0
-17,1
-25,6
-1,2
Argentina
-7,6
-0,6
+18,7
+17,5
0,0
Brasil
-28,4
-13,7
-18,6
-7,0
-0,6
Mexico
-27,2
-33,8
-24,1
-16,1
-0,2
Japão
+1,6
+17,3
+8,5
+10,4
-1,7
Africa & Oriente Médio
-12,8
-25,3
+8,7
-8,0
-1,6
Outros América Latina
-28,7
-17,6
-15,5
-25,2
+0,1
Fonte: Reilley et alli (2001, p.59)
TABELA 2 – Cenários para o Comércio Internacional: Variações Percentuais Esperadas com
Base no Cenário GISS de Mudança Climática.
Região
Trigo
Coarse
Arroz
Outros
Secundários
Grains
Cereais
Canada
+20,0
+17,2
+2,2
+20,3
+1,4
Europa Ocidental
-0,7
+3,1
+4,5
+12,0
+0,7
Ex-URSS
+23,0
+12,0
+13,2
+17,6
+0,1
Leste Europeu
+6,8
+1,3
+1,3
+13,7
+0,1
Oceania
China, Taiwan e Coréia
Outros Leste Asiático
India
Argentina
Brasil
-11,6
+14,9
-21,0
-4,4
-25,8
-35,2
+10,7
+0,1
-32,9
-13,9
+8,5
-10,3
+17,1
+1,1
-5,7
-2,2
+9,8
-11,8
+8,2
+15,6
-15,6
-6,1
+6,0
-0,5
+0,4
-0,1
+0,4
+0,8
+0,4
+0,2
Mexico
Japão
Africa & Oriente Médio
-34,9
-1,9
-19,0
-34,8
+22,2
-24,0
-18,0
+11,4
+3,2
-19,9
+11,2
-5,3
+0,2
+0,4
+1,9
Outros América Latina
-29,1
-10,6
-9.7
-18,6
+0,1
Fonte: Reilley et alli (2001, p.59)
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Os efeitos sobre o sul da Ásia incluem alteração nos efeitos das monções tradicionais, que
são importantes para o ciclo agrícola e são especialmente graves se considerados em
paralelo ao crescimento populacional esperado para esta região do mundo. Nas demais
partes do mundo, os efeitos são distintos incluindo secas severas e mais freqüentes para os
países da América Latina (Mendelshon & Dinar,1999) (Reilley et alli, 2001) (Bohringer &
Loschel, 2005) (Stern, 2006).
Bosello & Zhang (2005) também realizam simulação de impactos utilizando um modelo de
equilíbrio geral computável e, linha geral, concluem que os países em desenvolvimento
percebem as maiores conseqüências. A base de dados utilizada é o GTAP modificado por
Burniaux et alli (2002) e o horizonte temporal foi dado por 2010, 2030 e 2050. Os autores
aplicaram um choque exógeno de produtividade diferenciado por área. Os resultados foram
consolidados por atividade em cada país, tendo como variáveis endógenas produto e preço,
sendo que, regra geral, mostra pequenos impactos em relação ao cenário base, já que se
considera a adaptação à mudança climática.
Nesse particular, existem pesquisadores céticos quanto ao impacto mais forte sobre os
países em desenvolvimento e consideram que os agentes se adaptarão. Mendelshon &
Dinar (1999) apontam que evidências a partir de amostra de agricultores do Brasil e da
Índia demonstram essa adaptabilidade, mas ainda assim reconhecem a necessidade do
poder público conduzir o estímulo nessa direção, sinalizando se possível com instrumentos
econômicos.
Warren et alli (2006) estimam para a América do Sul os efeitos sobre a agricultura e sobre
o fornecimento de água de aumentos de temperatura da atmosfera em intervalos de 1ºC. O
cenário-base são as condições de 1990 e apontam que a produtividade agrícola cairia entre
-1,5% e -4,1% para a cultura de milho para cada grau de aumento. Para o arroz situar-se-ia
entre -1,2% e -7,7% e o trigo fica entre assistir queda de 6,4% e aumento de 2,6%.
Baseados ainda nos cenários climáticos mais difundidos foram possíveis simulações não
apenas para a produção agropecuária, mas para todas as variáveis associadas. Julia et alli
(2005), por exemplo, preocupando-se com repercussões no comércio internacional
analisou o impacto para seis diferentes tipos de condições de terreno. Seus resultados
mostram uma ampliação da área destinada a agropecuária, aumentos de preços para grãos
(+0,65% a +1,17%), carnes (+0,41% a +0,72%) e para outros produtos (+0,65% a 1,18%) e
quedas nos salários agrícolas.
3. Metodologia - O Modelo MINIMAL e Suas Características
Como metodologia para se apurar os efeitos econômicos dos eventos associados à
mudança climática, será utilizado o modelo de equilíbrio geral computável MINIMAL,
originalmente construído por Hodridge (2001) com dados para a economia australiana. O
MINIMAL, todavia, foi adaptado para os dados da economia brasileira e a versão
brasileira é descrita por Hasegawa et alli (2006). Duas observações a princípio são
importantes: a primeira observação é que o MINIMAL foi alimentado pelos dados da
matriz de insumo-produto de 1996. A segunda observação é que ao contrário da agregação
de setores sugerida por Hasegawa et alli (2006), no presente artigo optou-se por agregar os
setores da matriz de insumo produto de outro modo, bem como os elementos relativos à
demanda final. Esta diferenciação foi necessária para que se possam atingir os objetivos do
presente artigo e será explicitada na seqüência.
O modelo MINIMAL adaptado para o Brasil não distingue modalidades de impostos,
considerando apenas dois (um sobre a produção, outro sobre a importação) e sua estrutura
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de produção é dada inicialmente por uma função Leontief entre as diferentes matérias
primas necessárias à produção de cada setor e os fatores primários, que no modelo são
apenas trabalho e capital. Num segundo nível as matérias primas podem ser formadas por
dotações importadas e domésticas em uma relação de elasticidade substituição constante
(CES), bem como essa relação de elasticidade de substituição constante é observada nos
fatores primários de produção, ou seja, entre trabalho e capital.
Nesse aspecto o MINIMAL aproxima-se do modelo FARM construído por Darwin et alli
(1995) para examinar o impacto da mudança climática na agricultura mundial. Neste
modelo os insumos primários e intermediários comportam-se numa função de produção
Leontief, ao passo que a composição dos diferentes insumos intermediários comporta-se
numa função de elasticidade constante. Entretanto, os insumos primários são quatro: terra,
água, trabalho e capital.
No que diz respeito a demanda de famílias o modelo considera unidades maximizadoras e
cuja estrutura de demanda comporta-se como uma função Cobb-Douglas entre os
diferentes produtos demandados pelas famílias. Em um segundo nível há uma elasticidade
de substituição constante entre a demanda em particular de cada produto para produto
importado ou doméstico. Ademais, o modelo supõe uma estrutura de mercado em
competição perfeita, com as famílias consumindo toda a renda obtida e desse modo do lado
da produção o custo do produto corresponde ao seu preço.
A agregação dos setores obedeceu a lógica de aproximá-los por afinidade e mantendo os
setores que nos interessam diretamente desagregados para fins de aplicação de políticas
setoriais e/ou análise. A tabela 3 explicita como foram realizadas as agregações entre os
setores intermediários e de demanda final.
Considerando a agregação realizada pela pesquisa as elasticidades de Armington, de
demanda por exportações e de substitubilidade entre fatores primários também foram
agregadas e ponderadas segundo o peso do setor. Para os dados da elasticidade de
Armington, a substitubilidade entre insumos domésticos e importados, foram usados os
dados de Tourinho et alli(2003). Para os dados referentes a elasticidade de exportações
foram utilizados os dados de Domingues(2004) e finalmente para as elasticidades de
substituição entre fatores primários foram utilizados os dados de Oliveira(2002). Os
valores das elasticidades para os setores agregados estão contidos na tabela 4, na
sequência.
A próxima seção será dedicada à simulação dos efeitos da mudança climática no modelo
MINIMAL para a economia brasileira. Ressalte-se adicionalmente que os modelos de
equilíbrio geral computável têm sido utilizados para esta finalidade: Wingle (2001) lembra
que as primeiras aplicações ambientais dos modelos de equilíbrio geral computável
ocorreram com simulações de aplicação de impostos sobre emissão de poluentes.
Tabela 3 – Agregação de Setores da Matriz de Insumo Produto
Nova Agregação
Setores da Matriz Insumo Produto
Agropecuária
Agropecuária
Mineração
Extrativa Mineral; Extração de Petróleo e Gás; Minerais Não
Metálicos; Siderurgia; Metais Não Ferrosos; Outros Metalúrgicos
Manufatura
Máquinas e Tratores; Material Elétrico; Equipamentos Eletrônicos;
Automóveis; Outros Veículos e Peças; Madeira e Mobiliário; Papel e
Gráfica; Indústria de Borracha; Elementos Químicos; Refino de
Petróleo; Químicos Diversos; Farmácia e Perfumaria; Artigos
Plásticos e Indústria Diversas
Indústria Têxtil
Indústria Têxtil
9
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Artigos de Vestuário
Fabricação de Calçados
Indústria de Café
Benefeciamento Vegetal
Indústria de Abate de
Animais
Indústria de Laticínios
Indústria de Açúcar
Fabricação de Óleos
Vegetais
Outros Produtos
Alimentares
Comércio / Transporte
Serviços
Investimento
Consumo Governo
Consumo Famílias
Exportação
Fonte: Dados da Pesquisa
Artigos de Vestuário
Fabricação de Calçados
Indústria de Café
Benefeciamento Vegetal
Indústria de Abate de Animais
Indústria de Laticínios
Indústria de Açúcar
Fabricação de Óleos Vegetais
Outros Produtos Alimentares
Comércio; Transporte
SIUP; Construção Civil; Comunicações; Instituições Financeiras;
Serviços Famílias; Serviços Empresas; Aluguel de Imóveis;
Administração Pública e Serviços Privados Não Mercantis
Investimento; Estoques
Consumo Governo
Consumo Famílias
Exportação
Tabela 4 – Agregação de Setores da Matriz de Insumo Produto
Elasticidades de
Elasticidades de
Nova Agregação
Elasticidade de
Armington
Demanda por
Substituição de
Exportação
Fatores Primários
Agropecuária
1,91
13,24
0,24
Mineração
1,12
1,54
1,04
Manufatura
1,15
1,74
1,26
Indústria Têxtil
2,34
4,54
1,26
Artigos de Vestuário
2,20
0,40
1,26
Fabricação de Calçados
0,15
0,89
1,26
Indústria de Café
2,65
0,41
1,12
Beneficiamento Vegetal
2,47
1,94
1,12
Indústria de Abate de Animais
3,80
2,12
1,12
Indústria de Laticínios
2,68
2,64
1,12
Indústria de Açúcar
2,65
0,35
1,12
Fabricação de Óleos Vegetais
1,15
1,32
1,12
Outros Produtos Alimentares
0,95
0,75
1,12
Comércio / Transporte
1,33
6,40
1,68
Serviços
1,08
2,11
1,28
Fonte: Dados da Pesquisa com base em Domingues(2004); Oliveira(2002) e Tourinho et alli(2003)
4. Cenários, Simulação de Políticas e Resultados
4.1 – Cenários Adotados e Fechamentos de Curto e Longo Prazo
Como Wingle (2001, p.5) afirma o experimento típico em equilíbrio geral computável é
perguntar-se: “Qual o impacto de uma determinada política?”. Em nossa simulação,
10
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entretanto, o impacto é dado pelas condições naturais, logo a pergunta é “Qual o efeito da
mudança climática”?
O problema da mudança climática é caracteristicamente de longo prazo, embora parte de
seus efeitos já possam ser conhecidos no curto prazo. Assim, vale a pena testar cenários
nos dois horizontes temporais, lembrando que a distinção entre curto prazo e longo prazo
refere-se ao comportamento das variáveis econômicas e não a uma data específica para os
dois horizontes.
Como “numeráire” para o modelo foi escolhido o índice de preços ao consumidor para
ambos os fechamentos. As variáveis exógenas de curto prazo, portanto, são aquelas
sugeridas em Hasegawa et alli(2006, p. 47):
• índice de preços ao consumidor;
• demanda de investimento;
• demanda de governo;
• estoque de capital corrente;
• salário real;
• consumo real das famílias;
• mudança técnica associada ao uso de fatores de produção;
• preços mundiais;
• deslocador da demanda de exportação;
• alíquota de importação e alíquota de imposto sobre a produção.
Para as variáveis de longo prazo também foi atendida a sugestão de Hasegawa et alli(2006,
p. 48) e escolhidas como variáveis exógenas:
• índice de preços ao consumidor; demanda de investimento;
• demanda de governo;
• taxas de retorno do capital;
• emprego agregado; consumo real das famílias;
• mudança técnica associada ao uso de fatores de produção;
• preços mundiais; deslocador da demanda de exportação;
• alíquota de importação e alíquota de imposto sobre a produção.
As variáveis que sofrerão choques, tanto no longo prazo quanto no curto prazo, serão o
deslocador da demanda por exportações, representando o impacto de choques sobre o PIB
mundial por conseqüência de mudanças climáticas. Outra variável que sofrerá choque será
a mudança técnica no uso de fatores primários como resultado dos efeitos da mudança
climática sobre os solos da agricultura brasileira. Nesse sentido, o impacto negativo do
deslocador da demanda de exportações atuará sobre todos os setores, ao passo que o
choque sobre a variável mudança técnica no uso de fatores primários sofrerá choque,
negativo, apenas sobre o setor agropecuário.
O cenário de curto prazo verificar-se-á com um impacto negativo de 1% sobre o
deslocador de demanda de exportações com base em Stern (2006), ao passo que a mudança
técnica do uso de fatores primários no setor agropecuário será de 1% representando
impacto ainda pequeno sobre o desempenho do fator terra, que será admitido no
MINIMAL como incorporado ao capital.
Os impactos de longo prazo, entretanto, são mais severos. Nesse sentido dois cenários
serão testados: um correspondente a uma mudança climática moderada e outro com
mudança climática mais severa. No primeiro caso o deslocador de demanda de exportações
11
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terá choque negativo de 3%, ao passo que no segundo observará choque negativo de 6%,
baseado em Stern (2006).
Para a mudança técnica do uso de fatores primários o cenário de longo prazo de mudança
climática presenciará um choque de 5%, como resultado das simulações do modelo
climático GISS (ver tabela 2). No cenário mais severo, baseado no modelo climático
UKMO, o choque negativo sobre a mudança técnica do uso de fatores primários será de
10% (ver tabela 1). Lembramos que as culturas tropicais e outros produtos agropecuários
representativos na produção brasileira não foram estudados, logo a adoção de uma média
ponderada para ambos os cenários constituir-se-ia em um equívoco. Assim, uma escolha
ad hoc baseada na observação destes cenários climáticos talvez seja mais interessante e
simples para a visualização dos resultados6.
4.2 – Simulação e Resultados para o Cenário de Curto Prazo
O cenário de curto prazo considerará um impacto negativo sobre a renda mundial de 1%,
adotando assim um impacto sobre a variável deslocadora das exportações mundiais. Além
disso, considerar-se-á um impacto sobre a mudança técnica do uso de fatores primários,
também negativo, de 1% como representativo da depreciação do fator terra sob condições
de mudança climática. A análise fez uso do software GEMPACK.
Os resultados para esta simulação estão contidos na tabela 5 e 6, na seqüência. A tabela 5
contém os resultados para cada impacto e o total dos impactos, já a tabela 6 contém
variações por setores agregadas.
O impacto sobre o PIB real neste cenário é de -0,18% e a maior parte dos efeitos originamse na deterioração da produtividade dos fatores primários. Digno de nota também é a
variação da taxa de câmbio neste cenário, valorizando-se 0,43% e naquilo que dependesse
apenas da perda da produtividade seria valorizada em 0,6%, ao passo que o choque na
demanda externa anula esse efeito, pois seu efeito é desvalorizar a taxa de câmbio em
0,17%. Ainda no campo do setor externo da economia percebe-se que o índice de preços
de exportação observou uma queda mais moderada do que a notada para o índice de
volume, o que se repetirá para os demais cenários. Quanto ao índice de preços do
investimento, o choque na demanda mundial provoca sua elevação, ao passo que o choque
de produtividade negativo na agricultura provoca a queda, sendo o resultado líquido
negativo. A taxa agregada de salário permanece inalterada.
Na tabela 6 é possível observar o comportamento de várias variáveis por setor. A produção
observa queda em todos os setores, exceto artigos de vestuário, sendo o impacto mais
intenso na agropecuária. Por fontes de choque percebeu-se uma única variação positiva, em
artigos de vestuário quando o choque se deu sobre o uso de fatores primários e uma única
variação positiva, sobre a indústria de laticínios, quando o choque se deu sobre o
deslocador de demanda de exportações. O emprego sofre uma queda agregada (tabela 5),
mas entre os setores ainda percebe variação positiva em agropecuária (dado o fator
primário composto) e artigos de vestuário apenas.
Sobre o preço, por se tratar de concorrência perfeita, pode-se dizer que iguala o custo
unitário de produção e os setores agropecuário e todos os relativos à agroindústria com
6
Importante notar que os dados da tabela 2 referem-se a quantidades. O cenário base adotado pelos modelos
climáticos considera, apesar de tudo, expansão das terras ocupadas pela agropecuária, o que resultaria numa
produtividade agregada menor. Todavia, o ideal seria uma análise por cultura levando-se em conta a
atratividade econômica, no cenário base, das diferentes culturas.
12
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maior uso de insumos na agropecuária observaram aumento nos preços, enquanto os
demais setores observaram queda.
Percebe-se ademais que os movimentos provocados pelo choque sobre o uso dos fatores
primários predominam sobre os movimentos apontados pelo choque do deslocador da
demanda de exportações. Em outras palavras mesmo que por algumas vezes os dois
choques tenham apresentado tendências distintas, a intensidade do primeiro mostrou-se
mais forte que a intensidade do segundo.
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TABELA 5 – CENÁRIO DE CURTO PRAZO – Variáveis Macro
Resultados da Simulação em Variações Percentuais
Resultado Total
Resultado Mudança Resultado Queda PIB
Técnica Fatores
Mundial
Primários
-0,0015
-0,00113
-0,00037
Razão Balança Comercial /
PIB (variação)
Emprego Agregado
-0,19303
-0,16048
-0,03254
Deflator do PIB
0,01094
0,027445
-0,01651
Índice de Preços do
Investimento
-0,07575
-0,08375
0,008001
Índice de preços de exportação
-0,06113
-0,03792
-0,02322
Taxa de Câmbio (R$)/(US$)
-0,43068
-0,60293
0,172256
Índice do volume importado a
preços CIF
0,239964
0,461756
-0,22179
PIB Real
-0,18165
-0,16308
-0,01857
-2,19839
-1,66087
-0,53752
Índice do volume Exportado
Fonte: Dados da Pesquisa
TABELA 6 – CENÁRIO DE CURTO PRAZO – Resultados por Indústria Agregados
Resultados da Simulação em Variações Percentuais
Produção
Preço
Emprego
Taxa de Retorno do
Capital
-0,97917
0,869369
0,073234
0,384986
Agropecuária
-0,38628
-0,247284
-0,83628
-0,72528
Mineração
-0,23839
-0,208919
-0,62252
-0,41896
Manufatura
-0,25745
-0,197229
-0,76539
-0,5326
Indústria Têxtil
0,078579
-0,117703
0,084872
0,143206
Artigos de Vestuário
-0,48203
-0,163374
-0,82522
-0,58019
Fabricação de
Calçados
-0,49725
0,220124
-1,79808
-1,5324
Indústria de Café
-0,52706
0,238217
-1,41084
-1,18579
Beneficiamento
Vegetal
-0,55403
0,369767
-1,35107
-1,1323
Indústria de Abate de
Animais
-0,31929
0,241261
-1,26654
-1,05666
Indústria de
Laticínios
-0,5499
0,293997
-0,7261
-0,57324
Indústria de Açúcar
-0,78399
0,23411
-2,88385
-2,50504
Fabricação de Óleos
Vegetais
-0,23878
0,06577
-0,48343
-0,35627
Outros Produtos
Alimentares
-0,20938
-0,076589
-0,24734
-0,07161
Comércio /
Transporte
-0,04312
-0,043106
-0,07845
0,014491
Serviços
Fonte: Dados da Pesquisa
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4.3 – Simulação e Resultados - Longo Prazo com Mudança Climática Moderada
Para os cenários de longo prazo, o fechamento foi modificado sendo substituídas as
variáveis, retorno ao capital e salário real, por, respectivamente, estoque de capital e
emprego como variáveis exógenas.
Neste cenário, onde a mudança técnica de fatores primários recebe um choque negativo de
5% e o deslocador da demanda por exportações recebe um choque negativo de 3%, o PIB
real cai 0,48%, enquanto o índice de volume exportado cai 5,93%. O salário real observa
queda de 0,58% e a taxa de câmbio aprecia-se em 0,92% .As únicas variáveis que
observam variação positiva são o índice de preço das exportações (0,12%) e o índice de
volume das importações (0,57%), esses resultados considerados em conjunto com a queda
do volume de exportação resulta numa queda da Balança Comercial como proporção do
PIB de -0,00402%.
Novamente os choques apresentaram alguma discrepância nas tendências (as mesmas do
cenário de curto prazo): taxa de câmbio, índice do volume importado e no índice de preços
do investimento. Mais uma vez, também, os efeitos da mudança técnica do uso de fatores
mostraram-se mais agudos.
TABELA 7 – CENÁRIO DE LONGO PRAZO MODERADO – Variáveis Macro
Resultados da Simulação em Variações Percentuais
Resultado Total Resultado Mudança Resultado Queda PIB
Técnica Fatores
Mundial
Primários
-0,00402
-0,00273
-0,00129
Razão Balança Comercial /
PIB (variação)
Salário Real
-0,58745
-0,47787
-0,10958
Deflator do PIB
-0,04944
-0,0063
-0,04314
Índice de Preços do
Investimento
-0,30271
-0,32013
0,017412
Índice de preços de
exportação
0,126065
0,11184
0,014225
Taxa de Câmbio (R$)/(US$)
-0,92478
-1,36525
0,440474
Índice do volume importado
a preços CIF
0,574419
1,155885
-0,58147
PIB Real
-0,48404
-0,39812
-0,08593
Índice do volume Exportado
Fonte: Dados da Pesquisa
-5,93491
-4,01655
-1,91836
Os resultados setoriais, regra geral, também sofrem extensão maior dos choques sobre a
mudança técnica dos fatores. Para a produção, como já havia ocorrido no curto prazo, o
único setor a variar positivamente sua produção foi o setor artigos para vestuário. O setor
mais prejudicado na produção (=demanda doméstica) seria mais uma vez o agropecuário,
seguido de fabricação de óleos vegetais. O emprego, variável exógena, tem variação
agregada zero, mas variações setoriais que são positivas para agropecuária, artigos para
vestuário e serviços. Finalmente, o estoque de capital, que era fixo no curto prazo, agora
15
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assiste a variações, negativas para todos os setores exceto agropecuária. Lideram as quedas
de estoque de capital os setores de fabricação de óleos vegetais e indústria de abates de
animais.
As variações positivas de preço para a agropecuária e suas principais inter-relações, as
agroindústrias registram variação positiva refletindo o maior uso de insumos enquanto os
demais setores observam queda do preço de seus produtos sendo a maior para o setor de
comércio e transporte.
TABELA 8– CENÁRIO DE LONGO PRAZO MODERADO – Variáveis Macro
Resultados da Simulação em Variações Percentuais
Produção
Preço
Emprego
Estoque de
Capital
Agropecuária
-3,23854
3,249523
1,65812
1,589143
Mineração
-1,17408
-0,370858
-1,01473
-1,31011
Manufatura
-0,75473
-0,322969
-0,53362
-0,89142
Indústria Têxtil
-0,87983
-0,19584
-0,64228
-0,99969
Artigos de Vestuário
0,281145
-0,381285
0,307927
-0,0529
Fabricação de Calçados
-1,54295
-0,207589
-1,39503
-1,74973
Indústria de Café
-2,05999
1,829801
-1,83226
-2,14621
Beneficiamento Vegetal
-2,14606
1,437923
-1,94906
-2,26264
Indústria de Abate de Animais
-2,19628
1,78016
-2,01083
-2,32422
Indústria de Laticínios
-1,74775
1,597262
-1,51175
-1,82673
Indústria de Açúcar
-1,76402
1,177632
-1,68745
-2,00187
Fabricação de Óleos Vegetais
-2,87817
1,610027
-2,65059
-2,96192
Outros Produtos Alimentares
-0,95159
0,536928
-0,79073
-1,10802
Comércio / Transporte
-0,32657
-0,476606
-0,25304
-0,73117
Serviços
-0,00238
-0,405323
0,162668
-0,20352
Fonte: Dados da Pesquisa
4.4 – Simulação e Resultados -Longo Prazo com Mudança Climática Severa
Finalmente, para o cenário mais severo de mudança climática (tabela 9) a queda do PIB
real atinge 0,92% de variação percentual sobre a variação do índice de preços ao
consumidor. Desta feita apenas o índice de preço das exportações e o índice de volume
importado vaiam positivamente. O salário real cai 1,14% e o índice do volume exportado
cai 11,2%. A Balança Comercial deteriora-se e o câmbio valoriza-se mais intensamente do
que nos cenários anteriores, conforme esperado. Como já foi notado nos cenários
anteriores verificou-se que os resultados derivados do choque da mudança técnica do uso
de fatores primários contribuem para os resultados de forma mais intensa. Desta forma,
comprova-se que para o MINIMAL os resultados da mudança climática no front interno
são mais significativos em impactos econômicos do que os resultados originados no front
externo.
16
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TABELA 9 – CENÁRIO DE LONGO PRAZO SEVERO – Variáveis Macro
Resultados da Simulação em Variações Percentuais
Resultado Total
Resultado Mudança Resultado Queda PIB
Técnica
Fatores Mundial
Primários
-0,00765
-0,00504
-0,0026
Razão Balança Comercial /
PIB (variação)
Salário Real
-1,14311
-0,92334
-0,21977
Deflator do PIB
-0,0918
-0,00501
-0,08679
Taxa Agregada de Salário
-1,14311
-0,92334
-0,21977
Índice de Preços do
Investimento
-0,59586
-0,63068
0,03483
Índice de preços de
exportação
0,219711
0,19101
0,028701
Taxa de Câmbio
(R$)/(US$)
-1,88956
-2,76999
0,880428
Índice do volume
importado a preços CIF
1,237295
2,409809
-1,17252
PIB Real
-0,92789
-0,75479
-0,1731
Índice do volume
Exportado
Fonte: Dados da Pesquisa
-11,2041
-7,34783
-3,85626
Finalmente, os resultados setoriais (tabela 10) mostram os mesmos padrões registrados nos
cenários anteriores, porém com repercussões mais sérias. O setor de artigos para vestuário
persiste sendo o único com variação positiva da produção e no “balanço” dos choques
aquele que ocorre sobre o uso dos fatores primários permanecem determinando, na imensa
maioria dos casos, as tendências (sinais) dos efeitos.
4.5 –Limitações dos Resultados
A esta altura cabe lembrar que os resultados apresentados estão limitados pro algumas
razões, apontadas por Ferreira Filho(2006), como restringir o número de parâmetros a
serem estimados e adoção de pressupostos a respeito do comportamento dos agentes
produtores e consumidores. Ademais, uma das principais, porém, está relacionada aos
dados da matriz de insumo produto do ano de 1996, portanto correspondente a uma
estrutura econômica que se aproxima da verificada atualmente. Esta afirmação é válida
para as interações dos setores, mas é especialmente válida para a estrutura do setor externo,
uma vez que a relação cambial verificada era outra, distinta da atual configuração.
Assim sendo, mais do que as intensidades dos efeitos, importante é tomar atenção para a
direção dos efeitos e a sensibilidade dos parâmetros aos choques de política estudados,
como destacado por Ferreira Filho(2006, p.11).
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TABELA 10– CENÁRIO DE LONGO PRAZO SEVERO – Variáveis Macro
Resultados da Simulação em Variações Percentuais
Produção
Preço
Emprego
Estoque do
Capital
-5,9398
6,484714
3,581701
3,446099
Agropecuária
-2,34547
-0,729624
-2,04136
-2,60475
Mineração
-1,49022
-0,638807
-1,06627
-1,75198
Manufatura
-1,75849
-0,389851
-1,30363
-1,9877
Indústria Têxtil
0,550905
-0,750337
0,602744
-0,09454
Artigos de Vestuário
-3,08814
-0,404943
-2,807
-3,48064
Fabricação de Calçados
-4,06853
3,656706
-3,63745
-4,23153
Indústria de Café
-4,19188
2,861468
-3,81918
-4,41213
Beneficiamento Vegetal
-4,30168
3,557388
-3,95136
-4,54323
Indústria de Abate de
Animais
-3,45025
3,189216
-3,00206
-3,60005
Indústria de Laticínios
-3,49321
2,356918
-3,34796
-3,94375
Indústria de Açúcar
-5,5982
3,207752
-5,17074
-5,75525
Fabricação de Óleos
Vegetais
-1,82932
1,070293
-1,52141
-2,12836
Outros Produtos
Alimentares
-0,64556
-0,933773
-0,50417
-1,42258
Comércio / Transporte
-0,00513
-0,792112
0,313593
-0,39302
Serviços
Fonte: Dados da Pesquisa
5. Considerações Finais
Há uma clara percepção de que os resultados da mudança climática tendem a prejudicar
substancialmente os países em desenvolvimento e especialmente o setor agrícola destes.
Países com economias pequenas, dependentes do setor externo para garantir renda, ainda
tem um segundo efeito importante, trata-se do impacto sobre o PIB mundial de eventos
catastróficos decorrentes do processo de mudança climática.
Desse modo para os países em desenvolvimento, cuja situação social e tecnológica ainda é
defasada, o tema da mudança climática precisa ser considerado no planejamento desde o
presente momento.
Os modelos de equilíbrio geral computável vêm sendo largamente empregados para a
análise destes e outros efeitos sobre a economia. Deste modo o presente trabalho procurou
realizar uma avaliação para a economia brasileira utilizando-se de um modelo
simplificado, o MINIMAL. As estimativas variaram de impacto de -0,18% no PIB no curto
prazo, até -0,92% no longo prazo.
Outros aperfeiçoamentos são possíveis, tanto nos modelos como nas estimativas que os
alimentam. Quanto aos modelos o principal seria a introdução do fator terra como insumo
e a ampliação do número de relações da economia, além da contextualização regional. Para
as estimativas seria importante avaliar o efeito da mudança climática não apenas sobre os
cereais, cuja compreensão pode continuar avançando, mas também sobre culturas tropicais
e sobre a pecuária, importante fonte de renda para os países em desenvolvimento.
Finalmente, o cálculo sobre os efeitos econômicos para o PIB mundial deve introduzir os
efeitos sobre os países em desenvolvimento, ainda em grande parte ignorados.
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Defrontar-se com fenômenos naturais sempre foi desafiante para o homem, mas talvez em
nenhum outro período da história os efeitos em desorganização social e econômica sejam
potencialmente catastróficos como em nossa era.
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