REAÇÃO HEMOLÍTICA TRANSFUSIONAL TARDIA POR ANTI

Propaganda
 REAÇÃO HEMOLÍTICA TRANSFUSIONAL TARDIA POR ANTI-­‐Jkb EM PACIENTE POLITRANSFUNDIDA Thiago Sebold1; Luiz Filipe Machado Garcia1; Fabíola Steffani2; Denise Ramos de Almeida3; CrisBane da Silva R odrigues de Araújo3 Acadêmico de Medicina da Universidade de Passo Fundo (UPF) Biomédica -Serviço de Hemoterapia do Hospital São Vicente de Paulo, Passo Fundo/RS
1
2
3Médica
Hematologista e Hemoterapeuta.Professora da Faculdade de Medicina da Universidade de Passo Fundo (UPF). INTRODUÇÃO As reações hemolíticas transfusionais
tardias (RHTT) são decorrentes da
interação entre anticorpos específicos
do receptor e antígenos eritrocitários
do doador levando a um quadro de
hemólise pós-transfusional.
Como a fisiopatologia das RHTT é
decorrente de um processo de
reimunização, os níveis de anticorpos
antes da transfusão são muito baixos
para serem detectados na prova
cruzada, o que acaba dificultando o
diagnóstico precoce.
Aproximadamente um terço dos
anticorpos envolvidos na RHTT são
pertencentes ao sistema Kidd (antiJKa e anti-JKb) . As RHTT costumam
cursar com um quadro de anemia,
dias após a transfusão, de instalação
rápida e acompanhada de leve
icterícia. Os anticorpos Kidd são
geralmente IgG e fixam complemento,
podendo induzir rápida e intensa
resposta anamnéstica ocasionando
reação hemolítica transfusional tardia
(RHTT) grave. (GIRELLO,A.L, 2002).
. Segundo Girello, A.L (2002), o anti-Jkb
é mais raro que o anti-Jka e
usualmente está associado a outros
aloanticorpos.
Estes anticorpos são de difícil
detecção devido ao rápido declínio do
título dos mesmos in vivo e in vitro
entretanto, uma vez identificado o
anticorpo, a chance de encontrar
doador compatível é de 25%.
OBJETIVO O presente trabalho tem por objetivo
relatar o caso de paciente
politransfundida com RHTT por
aloanticorpo anti-Jkb .
MÉTODOS Estudo observacional descritivo do
tipo relato de caso, baseado em
revisão de prontuário médico do
Serviço de Hemoterapia do Hospital
São Vicente de Paulo – Passo FundoRS.
RELATO DO CASO DISCUSSÃO M.L.B., feminino, 50 anos, 02
gestações, diagnosticada com
talassemia minor há 26 anos, prótese
v a l v a r m e t á l i c a , a n t i c o a g u l a d a,
hepatite viral C. Histórico de
transfusão de concentrado de
hemácias (CH) nas gestações e 07 CH
na cirurgia cardíaca em 2007. Em 2011,
durante tratamento para hepatite C
transfundiu 02 CH. Exames imunohematológicos pré transfusionais: A
RhD positivo, pesquisa de anticorpos
irregulares (PAI) positiva e Coombs
Direto (CD) negativo pelo método
tubo, PAI e identificação de anticorpos
(IAI) negativos em gel teste.
Transfundidos 02 CH compatíveis em
tubo e gel.
Uma semana após a transfusão a
paciente apresentou quadro de
hemólise franca, com hemoglobinúria
e icterícia, queda de hemoglobina de
10,5g/dL para 6,1g/dL, hematócrito de
34,9% para 21,3% e reticulócitos 10%.
Realizado novo estudo que
demonstrou PAI positivo, CD positivo,
e IAI positivo em todas as hemácias,
evidenciando anti-Jkb e aglutinações
inespecíficas. Permaneceu internada,
manejada com ácido folínico, repouso
e oxigenioterapia até recuperação. Em
agosto de 2015, sem transfusões
recentes, retorna para reavaliação.
Realizada fenotipagem estendida,
confirmado fenótipo Jk(a+b-) e
identificados aloanticorpos anti-Jkb +
anti-E.
O surgimento de aloimunização é
diretamente proporcional ao poder
sensibilizante do antígeno e à
probabilidade de exposição ao
mesmo, que pode ocorrer durante
transfusão sanguínea ou gestação.
(GARCIA G.,1994). A probabilidade é
dada pela prevalência do antígeno na
população.
Este caso está relacionado, conforme
descrito na literatura, a uma resposta
imune secundária. Segundo Langui
(2007), durante a nova resposta
imunológica, os aloanticorpos têm
maior avidez pelo antígeno,
requerendo doses antigênicas bem
menores para que sejam produzidos.
Um estudo na Índia mostrou que para
o sistema Kidd com fenótipo Jk (a-b-),
nenhum caso foi evidenciado,
confirmando a raridade do desse
fenótipo. (THRAKAL, B. Et al 2010).
Em um estudo na cidade de São Paulo
em doadores de sangue, este fenótipo
foi evidenciado em 0,5% dos
caucasoides, 0,24% em mulatos e
0,12% em negros(NOVARETTI, M.,
2000), similares às descritas em
caucasianos norte-americanos e em
portugueses. Entretanto o fenótipo Jk
(a+b-), conforme o caso relatado, ,
segundo apresenta uma frequência de
26% em caucasianos, 52% em negros
e 23% em asiáticos. (GEOFF, D., 2011).
Antígenos Kidd possuem moderada
imunogenicidade.
Anticorpos Kidd
são perigosos e podem causar
reações hemolíticas tardias severas,
como foi o caso da paciente relatada
neste trabalho.
CONCLUSÃO É de extrema importância o histórico
transfusional, suspeita e investigação
de reação transfusional em anemia
hemolítica e, mediante confirmação
do anticorpo, indicação de
concentrado de hemácias fenotipado,
a fim de evitar aloimunização, em
especial por aloanticorpos que
causam RHTT grave, como é o caso
dos anticorpos Kidd.
BIBLIOGRAFIA 1.ALVES, V.L. Frequência de Aloanticorpos Irregulares
Antieritrocitários em Receptores de Concentrados de
Hemácias Atendidos com Emergências Médicas e/ou
com Doenças Agudas no Hospital de Clínicas da
UFTM. Tese apresentada ao PPG em Patologia Clínica
da Universidade Federal do Triângulo Mineiro.
Uberaba, 2010.
2.GEOFF, D. Other Blood Groups. In: ROBACK, J.D. et
al. AABB Technical Manual. Bethesda: Ed. AABB , 2011.
Chapter 14, p411.
3.GIRELLO, A.L. Fundamentos da Imuno-hematologia
eritrocitária. 3ªed. São Paulo: Senac,2002. Vol1.
4.HARMENING, D.M. Técnicas modernas em banco de
sangue e transfusão. 4ªed. Rio de Janeiro: Revinter,
2006. Vol.1.
5..HOFFMAN, R. et al. Hematology: basic principles
and practice. Philadelphia: Elsevier Saunders, 2013.
6.NOVARETTI, M.C.Z et al. Estudo de grupos
sanguíneos em doadores de sangue caucasóides e
n e g r ó i d e s n a c i d a d e d e S ã o P a u l o . R e v.
bras.hematol.hemoter, São Paulo,22(1) p.23-32,2000.
7.SHASTRY, S. et al. Further evidence for naturally
occuring anti Jka antibodies. Asian J Transfus Sci, v.9,
p. 107, 2015.
8.THRAKAL, B. Et al. Phenotype frequencies of blood
group systems (Rh, Kell, Kidd, Duffy,
MNS, P, Lewis, and Lutheran) in north Indian blood
donors. Transfusion and Apheresis Science, 43, 17–22,
2010.
Fiig.1: Fenotipagem para Jka e Jkb em gel
Fig. 2: Hemácias Aglutinadas , reação Ag-­‐‑Ac
Fig. 3 e 4: Pesquisa e identificação de anticorpos
[email protected]
Download