MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO ESCOLA DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS PERFIL DE CITOCINAS PRODUZIDAS POR MONÓCITOS E CÉLULAS DENDRÍTICAS INFECTADAS COM VÍRUS DENGUE-2 (DENV), FEBRE AMARELA VACINAL (FAVac) E QUIMÉRICOS (FAVac/DENV) MARIANA GANDINI Rio de Janeiro Novembro 2006 MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO ESCOLA DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS PERFIL DE CITOCINAS PRODUZIDAS POR MONÓCITOS E CÉLULAS DENDRÍTICAS INFECTADAS COM VÍRUS DENGUE-2 (DENV), FEBRE AMARELA VACINAL (FAVac) E QUIMÉRICOS (FAVac/DENV) MARIANA GANDINI Monografia de graduação apresentada à disciplina de Imunologia do Departamento de Microbiologia e Parasitologia da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, com vistas à obtenção do Bacharelado em Biomedicina, com área de concentração em Imunologia. Rio de Janeiro Novembro 2006 ii FICHA CATALOGRÁFICA Gandini, Mariana Perfil De Citocinas Produzidas Por Monócitos E Células Dendríticas Infectadas Com Vírus Dengue-2 (DENV), Febre Amarela Vacinal (FAVac) E Quiméricos (FAVac/DENV)/ Gandini, Mariana-2006 xvii 90fls Orientadora: Claire Fernandes Kubelka Monografia – Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, Centro de Ciências Biológicas e da Saúde 1. Dengue. 2. Células dendríticas. 3. Vírus quiméricos. 4. Citocinas. I. Kubelka, Claire Fernandes. II. Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro. III. Título. iii Monografia realizada sob orientação científica da Drª. Claire Fernandes Kubelka, pesquisadora titular do Laboratório de Imunologia Viral do Departamento de Virologia, Instituto Oswaldo Cruz, FIOCRUZ, e orientação acadêmica da Profª. Drª. Rosa Maria Tavares Haido, professora adjunta da disciplina de Imunologia do Departamento de Microbiologia e Parasitologia da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO). iv MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO ESCOLA DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS PERFIL DE CITOCINAS PRODUZIDAS POR MONÓCITOS E CÉLULAS DENDRÍTICAS INFECTADAS COM VÍRUS DENGUE-2 (DENV), FEBRE AMARELA VACINAL (FAVac) E QUIMÉRICOS (FAVac/DENV) MARIANA GANDINI ORIENTADOR CIENTÍFICO: __________________________________ Drª. Claire Fernandes Kubelka ORIENTADOR ACADÊMICO: __________________________________ Profª. Drª. Rosa Maria Tavares Haido BANCA AVALIADORA: ________________________________ Profª. Drª. Rosa Maria Tavares Haido _________________________________ Drª. Elzinandes Leal de Azeredo __________________________________ Drª. Luzia Maria de Oliveira Pinto Aprovado em 27 de Novembro de 2006 Rio de Janeiro Novembro 2006 v DEDICATÓRIA Dedico esta monografia a minha mãe e ao meu pai, que sempre me incentivaram desde pequena a estudar e a seguir os meus sonhos, não importando as dificuldades da vida. Obrigada por sempre me guiarem no caminho do conhecimento e por acreditarem na minha capacidade. vi AGRADECIMENTOS À Deus pela força para suportar todos os percalços do caminho. Aos meus pais Luiz e Miriam e irmãos Felipe e Gabriel pelo amor, carinho, apoio, amizade e, principalmente, pelo aprendizado em família, que é a principal escola da vida. Mãe e Biel, obrigada por suportarem sem reclamar o meu mau humor. Aos meus queridos avós Therezinha e Miranda, por todo incentivo e carinho dispensados em todos os momentos da vida. Ao Pedro, Igor e Juan, que sempre estiveram ali todas as vezes que as forças me faltaram, sempre com palavras de incentivo e carinho. Obrigada pelos momentos felizes e pelo alento que vocês me proporcionam. À todos meus amigos de Cabo Frio, principalmente Lilia e Marcela, por simplesmente terem feito a diferença. Apesar da distância, sempre os guardo na lembrança. À toda equipe do Laboratório de Imunologia Viral, que mais que colegas de trabalho, são amigos: Sônia e Patrícia (pelos experimentos com monócitos e pela paciência em ensinar), Naide (pela grande ajuda no citômetro), Denise (pela ajuda com as DCs e com os vírus), Amanda, Fábio (pelas altas horas e fins de semana de trabalho), Allan, Mariana, Alessandro, Karina, Nathalia, Cynthia, Maryrose e Waldir (pelas inúmeras caronas). Meu muito obrigado pelas inúmeras horas de trabalho, risos e brincadeiras. À Drª. Claire Kubelka, por ter aceitado me orientar neste trabalho, pelas oportunidades concedidas e por todo ensinamento ministrado. À Drª. Myrna Bonaldo, ao Dr. Ricardo Galler e à equipe do Laboratório de Biologia Molecular de Flavivírus pelo fornecimento do vírus quimérico utilizado neste trabalho. vii Ao Dr. Marcos Freire e à equipe do LATEV/Biomanguinhos pelo apoio no crescimento das massas virais e titulação dos vírus. À todos professores da UNIRIO pela paciência e pelos conhecimentos ministrados. Obrigada àqueles que ultrapassam os limites de mestres e se tornaram companheiros. À todos funcionários do Departamento de Virologia, que direta e indiretamente participaram deste trabalho. Ao CNPq e à FIOCRUZ pelo apoio científico e financeiro. À todos aqueles que de alguma forma contribuíram para a minha formação. viii RESUMO O vírus Dengue causa a mais comum arbovirose do mundo. As manifestações clínicas causadas pelo Dengue variam das formas brandas, como a Febre do Dengue, às mais graves, ou Febre Hemorrágica do Dengue/Síndrome do Choque do Dengue - caracterizadas pela febre aguda, mialgia e extravasamento de plasma, onde tem sido destacado o papel dos mediadores imunológicos. As células dendríticas e os monócitos são alvos do vírus Dengue que induz a produção de citocinas pró-inflamatórias, como o fator de necrose tumoral – alfa (TNF-α) e também do interferon – alfa (IFN-α), uma citocina antiviral. Um vírus quimérico candidato à vacina contra o Dengue foi criado utilizando o vírus Febre Amarela Vacinal e uma cepa de Dengue-2. Para melhor compreender a interação do sistema imunológico humano com esses vírus, foi utilizado um modelo de infecção in vitro, primeiramente em monócitos e também em células dendríticas. Foi possível verificar que o vírus Dengue-2 (cepa 16681) foi capaz de reproduzir em monócitos um perfil de citocinas semelhante ao encontrado em pacientes. Em células dendríticas, observamos a maior detecção de antígenos para o Dengue-2 genótipo asiático (16681) em comparação ao Dengue-2 genótipo brasileiro (44/2), vírus Febre Amarela Vacinal e ao vírus quimérico, demonstrando a alta virulência cepa asiática, suportada pelas altas concentrações de TNF-α encontradas. O vírus Dengue-2 genótipo brasileiro (44/2) exibiu infecção produtiva quando uma alta carga viral foi inoculada, além da alta produção de TNF-α. Ambos os vírus Dengue-2 apresentaram produção tardia de IFN-α, corroborando a inibição exercida pelo Dengue na via de sinalização desta citocina. Para os vírus Febre Amarela Vacinal e quimérico, o IFN-α induzido foi precoce e em altos níveis. Além disso, foi possível visualizar, em um painel de citocinas, a baixa produção de TNF-α e IL-6 por estas cepas. A alta produção de IFN-α indica que esta citocina possa estar envolvida na imunidade vacinal induzida pelo vírus Febre Amarela Vacinal. A semelhança desse perfil observada na cepa quimérica indica um bom prognóstico deste vírus como candidato à vacina. ix ABSTRACT Dengue virus causes the most common arbovirosis worldwide. Dengue clinical manifestations range from mild (Dengue Fever) to severe forms (Dengue Haemorrhagic Fever/Dengue Shock Syndrome). Among the classical symptoms are acute fever, mialgia and plasma leakage where immunological mediators play a key role in pathogenesis. Dendritic cells and monocytes are targets for Dengue virus that induces proinflammatory cytokines, such as tumor necrosis factor-alpha (TNF-α) and also an antiviral cytokine interferon-alpha (IFN-α). A chimeric virus vaccine candidate was constructed using vaccinal Yellow Fever virus as backbone and one Dengue-2 strain. An in vitro infection model was used with monocytes and dendritic cells to further understand interactions of the immune system with those viruses. We could observe that DENV-2 (16681 strain) induced in monocytes a similar cytokine profile as one of these found in patients. Dendritic cells exhibit higher antigen detection for DENV-2 Asian genotype (16681 strain) than Dengue-2 Brazilian genotype (44/2), vaccinal Yellow Fever virus and chimeric virus. High virulence of Asian strain is supported by enhanced TNF-α production. Dengue-2 Brazilian genotype (44/2) infected productively with TNF-α production when inoculated with high viral loads. Both Dengue-2 viruses demonstrated low and late IFN-α concentrations, supporting the concept of IFN-α signaling inhibition by Dengue virus. On the other hand, high and early IFN-α concentrations and low proinflammatory TNF-α and IL-6 were found for vaccinal Yellow Fever and chimeric viruses. A participation of IFN-α in vaccinal immunity indicates a good prognostic value for this chimeric virus vaccine. x LISTA DE ABREVIATURAS ADE = Facilitação dependente de anticorpo (do inglês antibody-dependent enhancement) AP-1 = Fator de transcrição proteína ativadora-1 (do inglês activating protein-1) APC = Célula apresentadora de antígeno (do inglês antigen-presenting cell) BDCA-2 = Antígeno de célula dendrítica plasmacitóide CCL = Ligante de quimiocina motivo CC CCR = Receptor de quimiocina motivo CC CD80 = do inglês cluster differentiation cDC = Célula dendrítica convencional CMV = Citomegalovírus CXCR = Receptor de quimiocina motivo CXC DC = Célula dendrítica (do inglês dendritic cell) DC-SIGN = Ligante de molécula de adesão intercelular não integrina específica de DC (do inglês DC-specific ICAM-grabbing nonintegrin) DENV = Vírus Dengue DSAC = Dengue com sinais associados ao choque ELISA = Método Imunoenzimático (do inglês Enzime-linked Immunossorbent Assay) FAV = Vírus Febre Amarela Vacinal Fc = Fragmento cristalizado FcαR, FcγR, FcεR = Receptor para porção Fc de anticorpos classe A (α), γ (G), ε (E) FD = Febre do Dengue FHD = Febre Hemorrágica do Dengue GM-CSF = Fator estimulante de colônias de granulócitos e macrófagos (do inglês granulocyte-macrophage colony-stimulating factor) GRP78/BIP = Proteína reguladora de glicose 78 HCV = Vírus da Hepatite C HIV = Vírus da Imunodeficiência Humana HLA = Antígeno leucocitário humano (do inglês human leukocyte antigen) IFN = Interferon IL = Interleucina imDC = Células dendríticas imaturas iNOS = óxido nítrico sintetase induzida JAK = quinase de Janus (do inglês Janus Kinase) LC = Célula de Langerhans (do inglês Langerhans cells) LPS = Lipopolissacarídeo MDDC = Células dendríticas derivadas de monócitos (do inglês monocyte-derived dendritic cells) MFI = Intensidade média de fluorescência (do inglês mean fluorescence intensity) MHC = Complexo de histocompatibilidade principal (do inglês major histocompatibility complex) MIP-3β = Proteína inflamatória de macrófago-3β (do inglês macrophage inflammatory protein-3β) MOCK = Sobrenadante de cultura celular MOI = multiplicidade de infecção (do inglês multiplicity of infection) NC = Nucleocapsídeo NF-κB = Fator de transcrição nuclear κB (do inglês nuclear factor-κB) xi NK = Célula Natural Killer OMS = Organização Mundial de Saúde OPAS = Organização Panamericana de Saúde ORF = do inglês open reading frame pDC = Célula dendrítica plasmacitóide Proteína C = Proteína do capsídeo Proteína E = Proteína do envelope Proteína M = Proteína de membrana Proteína NS = Proteína não estrutural (do inglês nonstructural) PRR = Receptores de reconhecimento de padrões moleculares (do inglês pattern recognition receptors) RIG-I = do inglês retinoic-acid inducible gene-I RNA = Ácido ribonucléico (do inglês ribonucleic acid) SCD = Síndrome do Choque do Dengue SFB = Soro Fetal Bovino SIV = Vírus da Imunodeficiência dos símios STAT = Transdutor de sinal e ativador de transcrição (do inglês signal tranducer and activator of transcription) TAP = Transportador associado ao processamento antigênico TCR = Receptor de célula T TGF-B = Fator de crescimento transformante-β (do inglês transforming grownth factor-β) Th = do inglês T helper TLR = Receptor Toll-like TNF-α = Fator de necrose tumoral-α (do inglês tumor necrosis factor-α) YFV = Vírus da Febre Amarela xii LISTA DE FIGURAS Figura I: Sorotipos circulantes do Dengue por estados, Brasil, 2004 4 Figura II: Flavivírus: Sorocomplexos, Clades e Clusters dos vetores de 5 transmissão Figura III: Organização estrutural do DENV 7 Figura IV: Função efetora das células dendríticas 24 Figura 1: Titulação em monócitos infectados com DENV-2 52 Figura 2: Cinética em monócitos infectados com DENV-2 53 Figura 3: TNF-α produzido por monócitos infectados com DENV-2 detectados por 53 ELISA Figura 4: Cinética da produção de citocinas em monócitos infectados com DENV- 54 2 detectados por Luminex® Figura 5: Caracterização fenotípica das populações de monócitos e de células 55 dendríticas originados de PBML Figura 6: Caracterização da população de células dendríticas pela expressão de 56 CD1a Figura 7: Caracterização da população de células dendríticas mediante a adição de 57 LPS e IFN-γ Figura 8: Padrões do FACS para antígenos de DENV e FAVac durante infecção in vitro de células dendríticas por diferentes vias (doador 1) xiii 58 Figura 9: Comparação da infecção de DCs pelas cepas virais DENV-2 AS, DENV- 59 2 BR, FAVac e FAVac/ DENV-2 em dois doadores infectados com MOI 4 Figura 10: Produção de TNF-α por DCs infectadas pelas cepas virais DENV-2 AS, 60 DENV-2 BR, FAVac e FAVac/ DENV-2 com MOI 4 Figura 11: Produção de IFN-α por DCs infectadas pelas cepas virais DENV-2 AS, 61 DENV-2 BR, FAVac e FAVac/ DENV-2 com MOI 4 Figura 12: Infecção e produção de IFN-α e TNF-α em DCs infectadas pelas cepas 62 virais DENV-2 AS, FAVac e FAVac/DENV-2 com MOI 4 (Doador 1) Figura 13: Cinética de infecção e produção de TNF-α e IFN-α por DCs infectadas 63 pela cepa viral DENV-2 BR com MOI 15 Figura 14: Cinética da produção de citocinas em DCs infectadas com DENV-2 AS 64 ® (16681), FAVac/DENV-2 (44/3) e FAVac (17DD) detectados por Luminex (doador 2) Figura 15: Esquema de hipótese para a interação vírus-células dendríticas xiv 73 ÍNDICE 1 – INTRODUÇÃO 1 1.1 – Histórico e epidemiologia do dengue 1 1.2 – O Vírus dengue 4 1.2.1 – A família Flaviviridae 4 1.2.2 – Variações genéticas do vírus dengue 6 1.2.3 – Características estruturais do vírus dengue 6 1.2.4 – Sítios de infecção 8 1.2.5 – Ciclo de transmissão 9 1.2.6 – Manifestações clínicas 9 1.2.6.1 – Febre do dengue 9 1.2.6.2 – Febre hemorrágica do dengue, síndrome do choque do 10 dengue e outras formas graves 1.2.7 – Patogênese do dengue 11 1.2.7.1 – Teoria da facilitação dependente de anticorpos 11 1.2.7.2 – Teoria da virulência viral 12 1.2.7.3 – Teoria do “pecado original” 13 1.2.7.4 – Teoria do mimetismo molecular 13 1.2.7.5 – Teoria do polimorfismo genético 14 1.2.7.6 – Teoria da interação multifatorial 14 1.2.7.7 – Imunopatologia do dengue 14 1.3 – Células do sistema fagocitário mononuclear 16 1.3.1 – Monócitos e macrófagos 16 1.3.2 – Células dendríticas 18 1.3.2.1 – Origem in vivo e subpopulações das células dendríticas 18 1.3.2.2 – Captura de antígenos pelas células dendríticas 20 1.3.2.3 – Maturação e migração das células dendríticas 22 1.3.2.4 – Células dendríticas e citocinas 23 1.3.2.5 – Células dendríticas nas infecções virais 27 1.4 – Vacinas 28 1.4.1 – Vacinas para o dengue 29 xv 2 – OBJETIVOS 32 3 – MATERIAL E MÉTODOS 33 3.1 – Cepas virais 33 3.2 – Produção de massas virais 33 3.2.1 – Meio de cultura e cultivo de células C6/36 33 3.2.2 – Produção do estoque viral em células C6/36 34 3.2.3 – Titulação viral por ensaios de diluição seriada 34 3.2.4 – Meio de cultura e cultivo de células vero 35 3.2.5 – Produção do estoque viral em células vero 36 3.2.6 – Titulação por unidades formadoras de placa 36 3.3 – Leucócitos mononucleares do sangue periférico 3.3.1 – Monócitos 37 37 3.3.1.1 – Obtenção de monócitos 37 3.3.1.2 – Infecção de monócitos 38 3.3.2 – Células dendríticas 38 3.3.2.1 – Cultura de células dendríticas 38 3.3.2.2 – Infecção de células dendríticas 38 3.4 – Citometria de fluxo 39 3.4.1 – Marcação extracelular para marcador de superfície 39 3.4.2 – Marcação intracelular para antígeno viral 39 3.5 – Detecção de citocinas nos sobrenadantes das culturas 40 3.6 – Material e reagentes 42 3.6.1 – Meios de cultura 42 3.6.2 – Reagentes 42 3.6.3 – Soluções 43 3.6.4 – Anticorpos 45 4 – RESULTADOS 46 4.1 – Padronização da infecção in vitro de DENV-2 em monócitos 46 4.1.1 – Titulação da diluição do inóculo viral do DENV-2 (cepa 16681) 46 4.1.2 – Cinética viral do DENV-2 47 4.1.3 – Cinética de produção de citocinas induzidas pelo DENV-2 em 47 monócitos 4.2 – Caracterização morfológica e fenotípica das culturas de monócitos e de xvi 48 células dendríticas 4.3 – Interações entre as células dendríticas e os vírus DENV-2, FAVac e 49 quimérico (FAVac/DENV-2) 4.3.1 – Cinéticas de infecção dos vírus DENV-2, FAVac e quimérico 49 (FAVac/DENV-2) 4.3.2 – Produção de citocinas pelas células dendríticas infectadas com os 50 vírus DENV-2, FAVac e quimérico (FAVac/DENV-2) 5 – DISCUSSÃO 65 6 – CONCLUSÃO E PERSPECTIVAS 74 7 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 75 ANEXO 89 Anexo 1: Curvas padrões e cálculos do ELISA xvii 90 1 1 - INTRODUÇÃO A Febre do Dengue (FD) e suas formas graves como a Febre Hemorrágica do Dengue (FHD) são causadas pelos vírus Dengue, pertencentes à família Flaviviridae do gênero Flavivirus. Existem quatro sorotipos do vírus: Dengue-1 (DENV-1), Dengue-2 (DENV-2), Dengue-3 (DENV-3) e Dengue-4 (DENV-4), que são classificados de acordo com critérios imunológicos e biológicos (Halstead, 1990; Malavige, Fernando et al., 2004) e todos capazes de causar os variados quadros patológicos do Dengue (Gubler, 1997). Antigamente uma doença de ocorrência esporádica, a FD se tornou a arbovirose (doença transmitida por artrópodes) mais difundida no mundo e está presente em todos os continentes, exceto na Europa. As áreas tropicais são as mais atingidas pelo fato de estarem densamente povoadas pelo mosquito transmissor Aedes aegypti, que é responsável pela manutenção do ciclo de transmissão do vírus (Gubler, 1998). Atualmente, existem de dois e meio a três bilhões de pessoas com risco de contrair a doença. As estimativas indicam que anualmente ocorram cem milhões de casos da Febre do Dengue e quinhentos mil casos da Febre Hemorrágica do Dengue (Malavige, Fernando et al., 2004). 1.1 - Histórico e epidemiologia do dengue Estudos relatados na literatura propõem que o DENV teria sido originado em um ciclo silvestre entre mosquitos do gênero Aedes e primatas inferiores. Sabe-se que esses vírus são muito bem adaptados aos mosquitos hospedeiros. Sendo assim, a dispersão do vírus estaria intimamente ligada ao povoamento do vetor pelo mundo. Com a expansão das fronteiras habitacionais, o vírus iniciou um ciclo peri-doméstico nas áreas rurais, intensificando o contato com os humanos. A expansão comercial através de navios possibilitou a colonização de outros continentes pelo Aedes e, consequentemente, a dispersão do vírus (Gubler, 1997). Vários casos de FD foram registrados nos séculos dezessete, dezoito e dezenove, e a partir de 1780, foram relatados casos esporádicos com manifestações hemorrágicas graves ou fatais. Em razão dos intervalos relativamente longos entre as epidemias apresentando os casos hemorrágicos, não foram consideradas importantes ao ponto de caracterizarem um problema de saúde pública mundial (Gubler, 1997). A emergência de epidemias FD/FHD começou no continente asiático, na região do Pacífico. O cenário da Segunda Guerra Mundial propiciou a mudança da estrutura 2 epidemiológica local, decorrente dos desmatamentos e do aumento da população, o que intensificou o contato do Aedes aegypti com o homem. Epidemias periódicas ocorreram na região e um quadro de hiperendemicidade (co-circulação de multiplos sorotipos do vírus Dengue) se estabeleceu em diversos países (Gubler, 1997). A FD surgiu nas Américas ainda durante a Segunda Guerra Mundial e evidências apontam uma endemia pelo DENV-2 na região do Caribe (Ehrenkranz, Ventura et al., 1971), porém, a primeira epidemia americana foi registrada em 1963. Uma das explicações para este fenômeno é a erradicação do mosquito transmissor na região, visto que uma intensa campanha de combate ao vetor Aedes aegypti estava sendo realizada, nas décadas de 40 e 50, pela Organização Panamericana de Saúde (OPAS), que tinha por objetivo diminuir a transmissão urbana do vírus da Febre Amarela. Com a descontinuação do programa, foi possível a reinfestação do mosquito e ressurgimento das epidemias de FD (Gubler, 1997). A primeira epidemia de FD nas Américas ocorreu em 1963 na Jamaica e em Porto Rico e o DENV-3 foi o sorotipo responsável (Gubler, 1987). Até o início da década de 80, a FD foi caracterizada como hipoendêmica (circulação de um sorotipo por vez em um determinado país) e além das epidemias causadas pelo sorotipo DENV-3, também foram registradas incidências do DENV-2 na Jamaica e Porto Rico (1969) e do DENV-1 na Jamaica e em Cuba (1977), e em Porto Rico e na Venezuela (1978). Em 1981, Cuba registra a primeira epidemia de FHD com a Síndrome do Choque do Dengue (SCD) nas Américas, seguida pela Venezuela em 1989/90. O sorotipo DENV-2 causador foi relacionado com os casos fatais e provavelmente era um cepa proveniente do Vietnã (Rico-Hesse, 1990). Sendo um dos países que aderiram ao programa de erradicação da OPAS, o Brasil conseguiu erradicar o mosquito Aedes nas décadas de 50 e 60 (Franco, 1961). Este fato explicaria o ressurgimento do vírus no país apenas no início da década de 80, já que existem relatos de doenças similares a FD registradas em 1923 (Figueiredo, 2000). Em 1981, em Boa Vista no estado de Roraima, ocorreu a primeira epidemia de FD diagnosticada laboratorialmente no Brasil e os sorotipos responsáveis foram o DENV-1 e o DENV-4 (Osanai, Travassos Da Rosa et al., 1983). O vírus DENV-1 continuou a se disseminar pelo Brasil, causando epidemias no Rio de Janeiro, Ceará e Alagoas em 1986 (Schatzmayr, Nogueira et al., 1986); e Mato Grosso do Sul, Bahia e Pernambuco em 1987 (Vasconcelos, Mota et al., 2000). Em 1990, foi detectado o sorotipo DENV-2 pela primeira vez no Brasil, no estado do Rio de Janeiro, e a circulação simultânea do DENV-1 e DENV-2 foi correlacionada com o aparecimento dos primeiros casos de FHD no estado (Nogueira, Miagostovich et al., 1990). No Ceará, em 1994, foi relatada a circulação do sorotipo DENV-2 3 e foram diagnosticados dezenas de casos de FHD em Fortaleza (Vasconcelos, Lima et al., 1998). Nos anos de 1996 e 1997, foram relatados respectivamente, casos de DENV-1 e DENV-2 no estado do Pará totalizando 17.440 indivíduos infectados (Trravassos Da Rosa, Vasconcelos et al., 2000). O sorotipo DENV-3 foi inserido no país em Limeira (1999), estado do São Paulo, de um caso importado da Nicarágua, mas casos autóctones só foram relatados em 2001 no estado do Rio de Janeiro (De Simone, Nogueira et al., 2004). Em 2002, o DENV-3 foi responsável pela maior epidemia no Rio de Janeiro de FD, sendo registrados no Brasil 780.644 casos de FD e 2.607 casos de FHD (O.P.A.S., 2002). Casos de FHD foram relatados nos anos seguintes, mas com incidências menores que o ano de 2002 (Secretaria-de-Vigilância-emSaúde, 2005a). No ano de 2005 mais de 200 mil casos foram registrados no país (SecretariaDe-Vigilância-Em-Saúde, 2005b). Neste ano de 2006, no período de Janeiro a Março, no Brasil, 77.847 casos de FD foram notificados, sendo 57 de FHD (Secretaria-de-Vigilânciaem-Saúde, 2006). Foi constatada uma mudança no panorama epidemiológico dos casos de FD/FHD no Brasil caracterizada pela transição de surtos epidêmicos (1986-1993) para um quadro de endemia com subseqüentes epidemias periódicas (Siqueira, Martelli et al., 2005). O aumento da incidência de FHD tem sido associado com a presença de infecções seqüenciais na população, uma vez que foi constatado um maior número de casos após a introdução do terceiro sorotipo no país. Com base neste argumento, o surgimento do sorotipo DENV-4 no país poderá agravar o número de casos de FHD nas próximas epidemias, já que a circulação autóctone pelos sorotipos 1, 2 e 3 está estabelecida em 24 estados de acordo com a figura I (Secretaria-de-Vigilância-em-Saúde, 2005a). 4 Fonte: Serviço de Vigilância Epidemiológica/Ministério da Saúde Figura I: Sorotipos circulantes do DENV por estados, Brasil, 2004. 1.2 - O vírus dengue 1.2.1 - A família Flaviviridae Inicialmente os flavivírus foram classificados como arbovírus do grupo B na família Togaviridae juntamente com os alfavírus (grupo A). Os dois grupos eram diferenciados através de testes de inibição de hemaglutinação. Ensaios bioquímicos e testes moleculares demonstraram diferenças suficientes nos flavivírus para a criação de uma nova família: a Flaviviridae. Recentemente o gênero Pestivirus, que inclui o vírus da Hepatite C, foi classificado na família. Em resumo, a família é composta de três gêneros: Pestivirus, Hepacivirus e Flavivirus (Solomon e Mallewa, 2001). O gênero Flavivirus é o maior da família compreendendo mais de 70 vírus, sendo aproximadamente a metade destes causadores de doenças. A maioria dos flavivírus são arbovírus (vírus transmitidos por artrópodes), sendo 40 transmitidos por mosquitos, 16 por carrapatos e 18 vírus têm vetor desconhecido. Em geral, os flavivírus são zoonoses, que não dependem do ser humano para sua manutenção, com a exceção do DENV. Os seres humanos 5 são hospedeiros acidentais que não contribuem para o ciclo de transmissão natural. Entretanto, o DENV se adaptou completamente aos seres humanos, sendo mantido em grandes áreas urbanas através da transmissão pelo vetor e não dependendo de reservatórios animais (Mackenzie, Gubler et al., 2004). Existem vários hospedeiros intermediários que podem estar envolvidos como reservatórios dos flavívirus na natureza: pássaros para alguns e roedores, primatas e marsupiais, para outros vírus (Monath e Heinnz, 1996). Podemos classificar os integrantes desse gênero de acordo com critérios sorológicos em complexos antigênicos ou em cluster e clades de acordo com a filogenia molecular como demonstra a figura II. Os vírus mais importantes do gênero, transmitidos por mosquito são o DENV, o vírus da febre amarela (YFV) e os vírus do sorocomplexo da encefalite japonesa (Mukhopadhyay, Kuhn et al., 2005). Além disso, os flavivírus também podem ser agrupados de acordo com a síndrome clínica que causam. Em geral, são três as síndromes descritas para esses vírus: febre-artralgias-eritema; febre hemorrágica com ou sem hepatite; e doenças neurológicas. O DENV é um agente etiológico clássico da síndrome febre-artralgias-eritema, sendo também causador de febres hemorrágicas assim como o vírus da Febre Amarela. O grupo sorológico da encefalite japonesa está relacionado com os sintomas neurológicos (Simpson, 1996; Solomon e Mallewa, 2001). Fonte: Extraído de Mukhopadhyay, Kuhn et al., 2005 Figura II: Flavivírus: Classificação de acordo com Sorocomplexos, Clades e Clusters dos vetores de transmissão. 6 1.2.2 – Variações genéticas do vírus dengue Critérios sorológicos foram utilizados para detectar quatro sorotipos do DENV. Na escala evolutiva, o primeiro a se diferenciar foi o DENV-4, seguido pelo DENV-2, DENV-3 e DENV-1 (Mackenzie, Gubler et al., 2004). Técnicas moleculares possibilitaram a classificação dos vírus em genótipos baseada em estudos moleculares do genoma viral. Os genótipos refletem o acúmulo de mudanças evolucionárias sofridas pelos vírus. Foram descritos por Rico-Hesse (1990), baseando-se no sequenciamento de 240 nucleotídeos na região E/NS1, cinco grupos genotípicos para o DENV-1 e também para o DENV-2 (RicoHesse, 1990). Quatro grupos genéticos foram descritos para o DENV-3 e dois para o DENV-4 (Lanciotti, Lewis et al., 1994; Lanciotti, Gubler et al., 1997). Estudos relatados na literatura apontaram genótipos específicos sendo capazes de causar maior incidência de FHD. Por exemplo, o genótipo asiático do DENV-2 está intimamente ligado à dispersão de FHD no Sudeste Asiático, enquanto o genótipo Americano foi isolado de pacientes apresentando FD (Rico-Hesse, Harrison et al., 1997). 1.2.3 – Características estruturais do vírus dengue Os vírions DENV, assim como os membros do gênero Flavivirus, têm diâmetro aproximado de 500Å e o seu genoma é composto de uma fita de RNA simples com senso positivo. O material genético é envolto pela proteína do capsídeo e mais externamente pela membrana bilipídica da célula hospedeira com a inclusão de 180 cópias de duas glicoproteínas virais (Mukhopadhyay, Kuhn et al., 2005). O genoma de aproximadamente 11Kb possui uma ORF (do inglês Open Reading Frame) codificando um único polipeptídio. A porção amino terminal do genoma codifica três proteínas estruturais que constituem a partícula viral – capsídeo (C), membrana (M, que é transcrita na forma de seu precursor prM) e envelope (E); e o restante do genoma codifica sete proteínas não-estruturais essenciais na replicação viral – NS1, NS2A, NS2B, NS3, NS4A, NS4B e NS5. A poliproteína sofre modificações pós-traducionais para dar origem às dez proteínas virais (Chang, 1997). 7 A B Fonte: A – Extraído de Zhang et al., 2003; B – Extraído de Kuhn e Zhang, 2002. Figura III: Organização estrutural do DENV. Em A, foi feito um corte longitudinal do vírion que demonstra o formato icosaédrico da membrana, sendo que quanto mais escura a imagem, maior a densidade da estrutura visualizada (microscopia eletrônica de criofratura). Em B, Na ilustração computadorizada da estrutura tridimencional do DENV, os dímeros da proteína E estão representados em azul, vermelho e amarelo, com áreas de fusão em verde, formando uma concha protetora que recobre toda a partícula. A superfície é incomumente lisa, revelando uma arquitetura diferente de qualquer outro vírus visto. (Zhang, Chipman et al., 2003) (Kuhn, Zhang et al., 2002) A proteína do capsídeo é formada por aproximadamente 120 aminoácidos e está envolvida na montagem da partícula viral com a formação do nucleocapsídeo (NC). E e prM são duas glicoproteínas, cada qual contendo duas hélices transmembranares. Estudos com o Vírus da Encefalite do Carrapato indicam que a proteína prM, antes de ser clivada na maturação viral, funcionaria como chaperone na montagem da proteína E (Lorenz, Allison et al., 2002). Vários autores relatam que a proteína E dos flavivírus é constituinte principal da superfície dos vírions que contém uma região de ligação de receptores e um peptídeo de fusão (Stadler, Allison et al., 1997; Allison, Schalich et al., 2001). As proteínas não-estruturais possuem funções ainda não completamente esclarecidas. A NS1 é encontrada nas membranas das células infectadas e na forma solúvel no plasma de pacientes infectados (Young, Hilditch et al., 2000). Avirutnan e colaboradores demonstraram recentemente que a NS1 é capaz de ativar proteínas do sistema complemento (Avirutnan, Punyadee et al., 2006). A NS5 é uma polimerase, enquanto a NS3 possui funções de protease/helicase (Johansson, Brooks et al., 2001). 8 A penetração do DENV na célula hospedeira é realizada através de endocitose mediada por receptores. Foram sugeridos como receptores primários para o vírus as moléculas DC-SIGN (do inglês dendritic cell-specific intercellular adhesion molecule 3-grabbing nonintegrin), GRP78/BiP (proteína reguladora de glicose 78) e moléculas associadas ao CD14 (Chen, Wang et al., 1999; Navarro-Sanchez, Altmeyer et al., 2003; Jindadamrongwech, Thepparit et al., 2004). Um modelo de ciclo viral foi sugerido por Mukhopadhyay e colaboradores (2005) baseado em vários estudos moleculares realizados com flavivírus. O ambiente ácido do endossoma iniciaria uma mudança conformacional irreversível na proteína E que resultaria na fusão das membranas viral e celular. Após a fusão, o NC é liberado no citoplasma, ocorrendo a dissociação da proteína do capsídeo e do RNA, propiciando a replicação do genoma. Inicialmente, partículas virais imaturas são formadas no lúmen do retículo endoplasmático. Essas partículas, que são formadas pelas proteínas E e prM, pelo NC e recobertas pela membrana bilipídica, não são infectantes. A quebra da prM em M ocorre no complexo de Golgi, criando partículas maduras, que seriam liberadas por exocitose (Mukhopadhyay, Kuhn et al., 2005). 1.2.4 – Sítios de infecção Nas infecções naturais, o DENV é inoculado pelo vetor provavelmente no espaço subcutâneo ou no espaço intradérmico. A replicação viral ocorre no local da inoculação, provavelmente nas células retículo-endoteliais, células de Langerhans ou nos fibroblastos, que se encarregam de levar o vírus até os linfonodos regionais, favorecendo sua disseminação no sangue, preferencialmente nos monócitos (Rothman, 1997). A detecção de RNA e de antígenos virais na fração das células mononucleares do sangue periférico de pacientes demonstrou que o DENV é capaz de infectar essas células. Estudos in vitro em monócitos humanos confirmaram a suscetibilidade de monócitos à replicação pelo DENV (Espina, Valero et al., 2003; Neves-Souza, Azeredo et al., 2005). Wu e colaboradores (2000) demonstraram que células dendríticas (DCs) intersticiais e células de Langerhans são mais permissivas ao vírus que monócitos e macrófagos, fazendo das DCs principais alvos do DENV (Wu, Grouard-Vogel et al., 2000). Além da linhagem monocítica, já foram encontrados antígenos virais em células endoteliais (Huang, Lei et al., 2000); e em macrófagos e células de Kupfer em tecidos de casos fatais de órgãos de como fígado, cérebro, baço e pulmão (Miagostovich, Ramos et al., 1997; Jessie, Fong et al., 2004). 9 1.2.5 – Ciclo de transmissão Os mosquitos pertencentes ao gênero Aedes (A. aegypti; A. albopictus; A. polynesiensis) são os principais transmissores do DENV. Dependendo da região geográfica, podemos encontrar diferentes densidades das espécies, porém o grande vetor é o Aedes aegypti. Ciclos silvestres e peri-domésticos são mantidos na natureza, tendo como hospedeiros mosquitos e macacos. Entretanto, o principal ciclo de transmissão envolvido em epidemias é o urbano. Após um mosquito picar um ser humano infectado, o DENV penetra na fêmea adulta. A primeira replicação ocorre no intestino delgado, atinge a hemocele e a hemolinfa, ganhando acesso aos tecidos do inseto. Ocorre uma segunda replicação nas glândulas salivares, permitindo a transmissão do vírus aos seres humanos numa próxima alimentação do mosquito. O vírus também pode infectar o aparelho genital dos vetores, possibilitando a transmissão trans-ovariana do patógeno. Esse tipo de infecção possivelmente é responsável pela manutenção do vírus em uma determinada região nos períodos inter-epidêmicos, sem participação de seres humanos ou outros vertebrados (Malavige, Fernando et al., 2004). 1.2.6 - Manifestações clínicas Um amplo espectro de quadros clínicos pode ser causado pelo DENV. A doença pode se manifestar assintomaticamente ou apresentar sintomas brandos como uma febre indiferenciada e a Febre do Dengue; ou ainda, causar quadros mais graves como a Febre Hemorrágica do Dengue (FHD) e a Síndrome do Choque do Dengue (SCD) (O.M.S., 2000). 1.2.6.1 – Febre do dengue A FD é uma doença não fatal que pode ocorrer tanto nas infecções primárias quanto nas secundárias e afetar crianças e adultos. Caracterizam a doença o aparecimento súbito de febre alta, dor de cabeça, dor retro-orbital, artralgia, mialgia, anorexia e desconforto abdominal. Eritemas máculo-papular podem ser detectados em alguns casos. A febre pode ser bifásica, tendendo a durar de 2 a 7 dias. Manifestações hemorrágicas como petéquias, epistaxe, gengivorragias, sangramento gastrintestinal, hematúria, hematese, apesar de incomuns na FD, podem ocorrer em alguns indivíduos (Gubler, 1998; Malavige, Fernando et al., 2004). 10 Na maioria dos casos, os achados laboratoriais associados à FD incluem neutropenia com linfocitose subseqüente, marcado pela presença de linfócitos atípicos. Os níveis de enzimas hepáticas no soro podem ser elevados. A trombocitopenia é também comum, 34% de pacientes com FD possuem contagem de plaquetas menor do que 100.000/mm³ (O.M.S., 1997; Gubler, 1998; Malavige, Fernando et al., 2004). 1.2.6.2 – Febre hemorrágica do dengue, síndrome do choque do dengue e outras formas graves As manifestações mais graves da FD são caracterizadas pela FHD/SCD e ocorrem com maior freqüência nas infecções secundárias. Os sintomas iniciais se assemelham à FD, porém as manifestações hemorrágicas evoluem rapidamente. A FHD é caracterizada por quatro grandes manifestações clínicas: febre alta, fenômenos hemorrágicos, e frequentemente, hepatomegalia e insuficiência circulatória (Gubler, 1998; Malavige, Fernando et al., 2004). Em geral, são descritas três fases na progressão da doença, que são divididas nas fases febril, do extravasamento do plasma e da convalescença. A fase crítica da FHD é iniciada no final da fase febril. Após 2 a 7 dias de febre, a queda brusca da temperatura é geralmente acompanhada por sinais de distúrbios circulatórios de graus variados. O paciente pode apresentar sudorese, agitação, extremidades frias, alterações no pulso e queda da pressão arterial. Em casos menos graves, essas alterações são mínimas e transitórias, decorrentes do baixo grau de extravasamento do plasma. Alguns pacientes se recuperam espontaneamente e a maioria, após terapia de reposição de eletrólitos e fluidos. Em casos mais graves, em que a perda de plasma é crítica, o quadro de choque se instala. O choque é decorrente do aumento da permeabilidade vascular, seguida de hemoconcentração e falência circulatória, podendo levar o paciente ao óbito em 12 a 24 horas, se não for devidamente tratado (O.M.S., 1997). A trombocitopenia e a hemoconcentração (hematócrito elevado) são achados laboratoriais típicos e são considerados pela OMS como indicadores da FHD. A hemoconcentração com o hematócrito 20% maior que o normal da população local evidencia o aumento da permeabilidade vascular e o extravasamento do plasma. A leucopenia (neutropenia) é detectada no fim da fase febril. Ocorrem mudanças no padrão de coagulação com aumento do tempo de protrombina, tromboplastina parcial e trombina e diminuição de fibrinogênio, protrombina, fator VIII, fator XII e antitrombina III. Também são detectados um aumento nas enzimas hepáticas, hipoprotenemia e distúrbios eletrolíticos. Nos casos de 11 choque profundo, são frequentemente observados acidose metabólica e aumento dos níveis de uréia do sangue (O.M.S., 1997; Malavige, Fernando et al., 2004) Baseados em dados laboratoriais e clínicos, a OMS classificou as manifestações da FHD em quadro graus, sendo o grau III e IV considerados SCD: Grau I – Febre acompanhada por sintomas não específicos, em que a única manifestação hemorrágica é a prova do laço positiva. Grau II – Além das manifestações constantes do grau I, somam-se hemorragias espontâneas leves. Grau III – Choque: colapso circulatório com pulso fraco e rápido; hipotensão; pele pegajosa e fria e inquietação. Grau IV – Choque profundo com pressão sanguínea e/ou de pulso indetectáveis. Contrastando com esta classificação da OMS, foram relatados na Nicarágua por Harris e colaboradores (2000) quadros clínicos de SCD, que não foram enquadrados no esquema acima. Tendo em vista a dificuldade de classificar os casos graves segundo o critério da OMS, foi criada uma nova categoria a DSAC (Dengue com Sinais Associados ao Choque), quadro muito semelhante a SCD, porém sem presença de trombocitopenia e hemoconcentração (Harris, Videa et al., 2000). Essa dificuldade na classificação dos casos graves tem sido comum entre países da América Central e América Latina (Azeredo, De Oliveira-Pinto et al., 2006). Atualmente, os problemas encontrados em seguir os parâmetros da OMS na triagem dos casos graves de Dengue demonstram a necessidade de um estudo mais amplo que estabeleça um esquema de classificações que possa ser utilizado por todas regiões endêmicas (Deen, Harris et al., 2006). 1.2.7 – Patogênese do dengue O alto grau de variação das manifestações clínicas causadas pelo DENV induziu a formulação de teorias propostas para explicar as diferentes reações ao vírus nas formas da FD, FHD e SCD. 1.2.7.1 – Teoria da facilitação dependente de anticorpos Halstead e colaboradores sugeriram um papel na patogênese para os anticorpos nãoneutralizantes produzidos nas infecções pelo DENV, baseado em dados epidemiológicos (Halstead, 1988). A teoria da facilitação dependente de anticorpos (ADE) explica porque 12 indivíduos que tiveram infecção prévia por um sorotipo de DENV, se infectados por um sorotipo diferente, teriam maior incidência de FHD em relação aos de infecção primária. Os anticorpos heterólogos desenvolvidos na infecção do primeiro sorotipo estariam em níveis sub-neutralizantes durante a infecção pelo segundo sorotipo. A linhagem monocítica foi descrita como principal alvo de infecção dos DENV e dispõe de alta expressão de receptores FcRγ. Sendo assim, os anticorpos heterólogos não-neutralizantes ligados aos vírus, seriam atraídos para a superfície celular através da ligação da porção Fc da imunoglobulina com o FcRγ, aproximando o vírus de seu receptor e resultando no aumento da infecção das células (Halstead, 2003). Atualmente, porém, esta teoria foi contestada em alguns trabalhos em que através de ensaios in vitro, não foram encontradas correlações entre a gravidade da doença secundária e anticorpos preexistentes no plasma de pacientes com infecção primária (Laoprasopwattana, Libraty et al., 2005). Outros estudos demonstraram que células dendríticas, altamente permissivas ao DENV, não sofrem o fenômeno de facilitação in vitro (Wu, Grouard-Vogel et al., 2000; Libraty, Pichyangkul et al., 2001). 1.2.7.2 – Teoria da virulência viral Outra teoria sugerida para explicar a patogênese da FD/FHD é a da virulência viral. As extensas variações genéticas do DENV possibilitaram a classificação desse vírus em grupos denominados genótipos (Rico-Hesse, 1990). Estudos filogênicos e epidemiológicos demonstram que genótipos específicos são capazes de produzir maior incidência de FHD em populações de estado imunológico variado. Evidências podem ser encontradas na comparação entre os genótipos americanos e asiáticos do sorotipo DENV-2. Estudos realizados no Peru demonstraram que a FHD e SCD são raramente associadas com as cepas americanas (Leitmeyer, Vaughn et al., 1999), ocorrendo o oposto com o genótipo asiático (Watts, Porter et al., 1999). Cologna e colaboradores (2005) propõem que as altas taxas de infecção dos vírus do genótipo asiático sugerem que vírus com potencial de causar FHD tem vantagem seletiva sobre as formas menos virulentas, evidenciado pela crescente dificuldade do isolamento de vírus americanos após a entrada dos vírus asiáticos nas Américas (Cologna, Armstrong et al., 2005). 13 1.2.7.3 – Teoria do “pecado original” Uma outra explicação para a maior incidência de FHD em infecções secundárias seria pela resposta dos linfócitos T. A chamada teoria do “pecado original” também observado para outras doenças. Durante a infecção primária, ocorre a expansão clonal da população de células T com maior afinidade pelos epítopos presentes no sorotipo infectante, ocasionando a formação de células de memória para este sorotipo. Entretanto, na infecção secundária por outro sorotipo, as células de memória geradas na primeira infecção seriam ativadas e se expandiriam mais rapidamente que as células virgens específicas para o sorotipo infectante. Por terem menor afinidade pelos antígenos virais da infecção secundária, os clones de células T de memória seriam menos efetivos na eliminação viral, porém teriam alta capacidade de liberação de citocinas pró-inflamatórias, influenciando na imunopatologia da doença (Mongkolsapaya, Dejnirattisai et al., 2003). Novas evidências para essa hipótese foram obtidas em um estudo com crianças do Sudeste Asiático apresentando infecção aguda por DENV, em que células T específicas para o DENV de reatividade cruzada demonstraram níveis abaixo do normal de degranulação, porém alta produção de citocinas que pode contribuir para o extravasamento de plasma característico da FHD (Mongkolsapaya, Duangchinda et al., 2006). 1.2.7.4 – Teoria do mimetismo molecular Recentemente, foi proposta a teoria do mimetismo molecular. A comparação entre o gene da proteína E e de proteínas da coagulação humana revelaram trechos com homologia entre eles (Bielefeldt-Ohmann, 2000). Sendo assim, anticorpos de reatividade cruzada estariam influenciando nas cascatas de coagulação e a presença desses anticorpos foi correlacionada com as manifestações hemorrágicas, mas não com a FHD (Chungue, Poli et al., 1994). Lin e colaboradores (2003) demonstraram que anticorpos contra a proteína viral NS1 podem reagir com antígenos presentes na superfície de células endoteliais e induzir o processo de apoptose, o que causaria dano ao endotélio (Lin, Lei et al., 2003). 14 1.2.7.5 – Teoria do polimorfismo genético Foi postulado que indivíduos de etnia negra têm maior resistência a FHD. Fatores suportando esta hipótese são encontrados no Haiti, onde se observa a ausência de FHD apesar da transmissão hiperendêmica do FHD. Na África, onde ocorre a co-circulação dos quatro sorotipos e freqüentes epidemias de FD ocorrem, são observados raros casos de FHD (Halstead, Streit et al., 2001). Sendo assim, verificou-se que fatores genéticos do hospedeiro também podem influenciar na patogênese da FD/FHD. Foram descritos polimorfismos nos genes do antígeno leucocitário humano (do inglês Human Leukocyte Antigen - HLA) correlacionados com o aumento ou diminuição da suscetibilidade a FHD (Loke, Bethell et al., 2001). Estudos de polimorfismos nos genes do fator de necrose tumoral (do inglês tumor necrosis factor-alpha - TNF-α) e receptor IIA de FcRγ correlacionaram alguns alelos com a ocorrência de FHD (Loke, Bethell et al., 2002; Fernandez-Mestre, Gendzekhadze et al., 2004). Estudos também foram realizados em grupos étnicos tailandeses, em que foi demonstrada uma associação entre um alelo do promotor da molécula DC-SIGN e a freqüência de FD e FHD (Sakuntabhai, Turbpaiboon et al., 2005). 1.2.7.6 – Teoria interação multifatorial Alguns autores acreditam que os riscos do desenvolvimento da FHD são resultantes multifatoriais, ou seja, fatores como sorotipo e virulência viral, idade, sexo, status do sistema imunológico, fatores nutricionais e fatores genéticos do hospedeiro estariam interagindo para dar origem a resposta contra a infecção, sendo ela benéfica ou prejudicial para o hospedeiro (Guzman e Kouri, 2002; Malavige, Fernando et al., 2004). 1.2.7.7 – Imunopatologia do dengue Os principais mecanismos pela qual a infecção pelo DENV causa a FHD têm ocasionado muitas controvérsias desde que a síndrome foi descoberta. Entretanto, observações feitas por vários grupos de pesquisa forneceram indícios do papel patológico de componentes da resposta imunológica à infecção pelo DENV no desenvolvimento da FHD. Como descrito anteriormente, o DENV infecta monócitos, macrófago e células dendríticas que são células apresentadoras de antígenos e podem produzir diferentes citocinas e outros fatores solúveis quando infectadas. Dentre as citocinas pró-inflamatórias encontradas in vivo e 15 in vitro pode-se destacar o TNF-α. Vitarana e colaboradores foram os primeiros a demonstrar os altos níveis de TNF-α em pacientes com FHD, sendo sugerido um papel fundamental no choque hipovolêmico (Vitarana, De Silva et al., 1991). Desde então, vários grupos detectaram a presença do TNF-α em soro de pacientes com FD/FHD (Hober, Poli et al., 1993; Kuno e Bailey, 1994; Kubelka, Borges et al., 1995; Pinto, Oliveira et al., 1999; Nguyen, Lei et al., 2004; Chakravarti e Kumaria, 2006) e altos níveis dessa citocina foram correlacionados com as manifestações hemorrágicas (Braga, Moura et al., 2001). Altos níveis de interleucina-6 (do inglês interleukin-6 ou IL-6) têm sido encontrados em pacientes com FHD/SCD e vários autores correlacionaram a presença da citocina com a gravidade da doença (Juffrie, Meer et al., 2001; Avila-Aguero, Avila-Aguero et al., 2004; Chen, Lei et al., 2006). Nguyen e colaboradores (2004) relataram níveis significantemente elevados de IL-6 em recém-nascidos com infecção fatal e a citocina foi fortemente correlacionada com ativação da via extrínseca de coagulação em casos de FHD/SCD (Nguyen, Lei et al., 2004). Níveis de IL-6 foram associados com marcadores de coagulação e fibrinólise (Suharti, Van Gorp et al., 2002). Elevados níveis de IL-10 e de interferon-gama (do inglês interferon-gamma ou IFN-γ) têm sido relatados em pacientes com FD e FHD. Foi proposto que a geração de citocinas antiinflamatórias estaria ocorrendo na tentativa de balancear a inflamação (Azeredo, Zagne et al., 2001; Nguyen, Lei et al., 2004). A IL-10 possui papel imunomodulador e pode ser capaz de inibir a função apresentadora de células dendríticas infectadas com DENV (Palmer, Sun et al., 2005). Também foram descritas altas concentrações de IFN-α tanto em pacientes com FHD quanto com FD, porém seu papel na gravidade da doença ainda não foi totalmente elucidado (Kurane, Innis et al., 1993). O IFN-α é uma citocina que induz resistência aos vírus por ativar vias intracelulares não citolíticas que limitam a dispersão viral e atenuam a infecção (Grandvaux, Tenoever et al., 2002). Diamond e colaboradores (2000) demonstraram que os interferons α e β podem proteger células contra infecção pelo DENV in vitro (Diamond, Roberts et al., 2000) e Shresta e colaboradores relataram que o IFN-α limita replicação do DENV no sistema nervoso central de camundongos (Shresta, Kyle et al., 2004). Contrariando a hipótese do papel protetor do IFN-α, pesquisadores demonstraram que o DENV escapa do sistema imunológico através da inibição da via do IFN-α e que outros flavivírus utilizam o mesmo mecanismo (Lin, Liao et al., 2004; Foy, Li et al., 2005). Jones e colaboradores (2005) indicam que o DENV inibe a ação do IFN-α e não do IFN-γ, através da diminuição da expressão do transdutor de sinal e ativador de transcrição 2 (do inglês STAT-2) (Jones, 16 Davidson et al., 2005), sendo esses resultados também encontrados por outros autores (Ho, Hung et al., 2005). Munoz-Jordan e colaboradores (2005) demonstraram que a proteína não estrutural NS4B inibe a expressão dos elementos de resposta ao estímulo pelo interferon (do inglês interferon stimulated response elements - ISRE) e que a co-expressão de NS4A e NS4B aumenta essa inibição (Munoz-Jordan, Laurent-Rolle et al., 2005). Outros mediadores da resposta inflamatória foram encontrados em pacientes com Dengue. Neves-Souza e colaboradores (2005) descreveram a expressão da enzima óxido nítrico sintetase induzida (do inglês inducible nitric oxide synthase - iNOS) em pacientes com infecção aguda pelo DENV. Também foi demonstrado que o vírus DENV-1 foi suscetível ao óxido nítrico produzido pelos monócitos humanos infectados (Neves-Souza, Azeredo et al., 2005). Esses resultados contribuem para um papel protetor do óxido nítrico, sendo esse mediador associado com casos brandos de FD (Valero, Espina et al., 2002). Conforme descrito anteriormente, vários autores relataram evidências que confirmam a ativação de clones de células T de reatividade cruzada durante a infecção secundária pelo DENV. Essas células de memória são em geral específicas contra a proteína NS3 do DENV (Mongkolsapaya, Dejnirattisai et al., 2003), sendo também descritas reatividade cruzada contra outros flavivírus como o vírus da febre amarela e o vírus da encefalite japonesa (Scott, Eckels et al., 1983). Células T de pacientes com FHD/SCD na fase aguda exibiram fenótipo altamente ativado e apoptótico (Mongkolsapaya, Dejnirattisai et al., 2003). Células CD4+ e CD8+ específicas para o DENV produzem predominantemente altos níveis de IFN-γ, TNF-α e TNF-β, além de quimiocinas, após interação com células apresentadoras de antígenos infectadas (Gagnon, Ennis et al., 1999). Células NK expressando precocemente marcadores de ativação, citotoxicidade e moléculas de adesão em pacientes com FD foram correlacionadas com bom prognóstico da doença (Azeredo, De Oliveira-Pinto et al., 2006). 1.3 – Células do sistema fagocitário mononuclear 1.3.1 – Monócitos e macrófagos Os monócitos fazem parte do sistema fagocítico mononuclear e possuem origem mielóide. No sangue se apresentam como uma população heterogênea, variando no tamanho celular, granulosidade e morfologia nuclear. São encontradas populações de células CD14+ CD16-, chamados monócitos clássicos, que expressam o receptor de quimiocina CCR2, e células CD14+ CD16+, que se assemelham a macrófagos tissulares maduros. Além disso, 17 uma população CD14+ CD16+ CD64+ também foi descrita, em que essas células apresentam características típicas de monócitos e células dendríticas, como alta expressão de CD86 e moléculas de MHC classe II (Gordon e Taylor, 2005). Os monócitos originam a maior parte dos macrófagos tissulares e ainda células especializadas como as células dendríticas e os osteoclastos. A heterogenicidade das populações de macrófagos geradas reflete as diversas especializações adotadas por essas células nos tecidos, em que o microambiente tissular influencia o fenótipo dos macrófagos residentes. Dentre as funções dos macrófagos estão: manter a homeostase tecidual através da remoção de células velhas, remodelamento e reparo de tecidos após inflamação; remoção de vírus, bactérias e partículas, por exemplo, por macrófagos alveolares, que expressam altas concentrações de receptores de padrões moleculares e “scavengers”; eliminação de linfócitos apoptóticos, gerados durante a resposta imunológica, nos centros germinativos por macrófagos tímicos especialmente localizados; e alta fagocitose de macrófagos da lâmina própria do intestino, com baixa produção de citocinas pró-inflamatórias, refletindo também, papel na tolerância (Gordon e Taylor, 2005). Assim, os macrófagos são células especializadas em fagocitose, mas expressam em sua superfície celular moléculas de MHC de classe II, sendo também células apresentadoras de antígenos. Entretanto, a grande função destas células é a eliminação de patógenos invasores. Através de receptores para carboidratos que não são normalmente expostos pelos antígenos próprios, os macrófagos conseguem reconhecer as substâncias não próprias e as eliminam. Além disso, a alta expressão de receptores para complemento e anticorpos, facilita reconhecimento de patógenos pela célula. Uma vez fagocitadas, essas partículas são sujeitas à substâncias tóxicas produzidas pelos macrófagos que auxiliam na sua eliminação, como superóxidos, radicais hidroxila, ácido hipocloroso, óxido nítrico, proteínas e peptídeos catiônicos antimicrobiais e lisozimas (Delves e Roitt, 2000). Estudos in vitro demonstraram a existência de diferentes estados de ativação existente em macrófagos inflamatórios. Porém fenótipos mais complexos são esperados in vivo. Quando ativados com IFN-γ e LPS, os macrófagos exibem alta produção de TNF-α, assim como produção de outras citocinas pró-inflamatórias; imunidade celular; alta atividade microbicida com aumento de produção de radicais de oxigênio e da expressão da enzima óxido nítrico sintetase induzida. Este estado de ativação foi denominado de clássico. Na ativação alternativa, os macrófagos cultivados com IL-4 e IL-13 estão associados com reparo tecidual e imunidade humoral. Já a ativação inata é mediada por ligação dos agonistas de receptores de padrões moleculares, é associado com atividade microbicida e também com a 18 produção de citocinas pró-inflamatórias. A desativação é induzida pela presença de IL-10 ou TGF-β ou pela ligação de receptores inibitórios como o CD200 ou CD172a, e é associada com a produção de citocinas anti-inflamatórias (IL-10, TGF-β) e diminuição da expressão de moléculas de MHC classe II (Gordon e Taylor, 2005). 1.3.2 – Células dendríticas As células dendríticas (do inglês dendritic cells – DCs) são células apresentadoras de antígenos (do inglês antigen-presenting cells – APCs) que compreendem menos de 1% do número total de células do sangue periférico (Steinman, 1991) e têm importância crucial na ligação entre a resposta imunológica inata e adaptativa. Após o reconhecimento e processamento do antígeno, as DCs os apresentam às células T e dirigem a resposta a ser desencadeada frente ao antígeno: tolerância, imunidade ou memória (Kelsall, Biron et al., 2002). 1.3.2.1 – Origem in vivo e subpopulações das células dendríticas As DCs formam um grupo heterogêneo de células com localização em vários órgãos e se originam de uma linhagem distinta no desenvolvimento dos leucócitos. Uma das particularidades constatadas na geração de DCs é a plasticidade de sua formação, sendo as células originadas através de precursores mielóides e linfóides (Manz, Traver et al., 2001; Steinman, 2003). Células pluripotentes CD34+ localizadas na medula óssea originam os precursores das DCs, que durante a diferenciação em suas subpopulações, migram pela corrente sangüínea indo se alojar nos órgãos específicos. Tradicionalmente, as células dendríticas têm sido classificadas de acordo com localização anatômica, expressão de moléculas de superfície e função no sistema imunológico. A importância dos vários grupos de DCs tem sido atribuída principalmente pelas diferentes capacidades de ação na resposta imunológica envolvendo produção de citocinas e quimiocinas, receptores de fagocitose de antígenos e receptores de reconhecimento de microorganismos (Lipscomb e Masten, 2002). Em seres humanos, foram descritos três subtipos principais de células dendríticas imaturas: as células de Langerhans (do inglês Langerhans cells – LCs), as DCs intersticiais e as DCs plasmacitóides (Lipscomb e Masten, 2002). Entretanto, atualmente além dessa classificação, as DCs são agrupadas em DCs convencionais (cDCs) e DCs plasmacitóides (do 19 inglês plasmacytoid dendritic cells – pDCs), sendo diferenciadas pelo marcador mielóide CD11c (Klechevsky, Kato et al., 2005). Duas das populações que constituem o grupo das DCs convencionais podem ser encontradas nos tecidos da pele: as LCs e as DCs intersticiais. Apesar de localizadas na pele, essas populações se encontram em camadas diversas: as LCs têm localização na epiderme e as DCs intersticiais, nos interstícios do tecido. Além da pele, podemos encontrar as DCs intersticiais e as DCs dermais – população de células dendríticas que se estabelece na derme, em vários outros órgãos (Lipscomb e Masten, 2002). Quando ativadas pelo processamento de antígenos, as LCs migram para a área T dos órgãos linfóides, apresentando os antígenos para células T. Já as DCs intersticiais migram para os folículos linfóides onde se tornam DCs dos centros germinais e estimulam a transformação de células B em células secretoras de anticorpos (Gluckman, Canque et al., 2002). LCs e DCs intersticiais expressam vários marcadores em comum como CD11c, CD13 e CD33; e não apresentam CD123. Entretanto, LCs são diferenciadas pela presença de marcadores específicos como CD1a, molécula apresentadora de antígenos de origem glicolipídica; langerina, lectina do tipo C envolvida na endocitose mediada por receptor; os grânulos de Birbeck, relacionados com maturação e migração; e a molécula de adesão Ecaderina, que permite a localização epidermal das células. Já as DCs intersticiais podem ser diferenciadas pela expressão do fator de coagulação XIIIa (Lipscomb e Masten, 2002; Steinman, 2003). LCs e DCs intersticiais são capazes de ativar células CD4 e CD8 e induzir a produção de IL-12 (Dubois, Bridon et al., 1999). DCs plasmacitóides são caracterizadas pela ausência do marcador CD11c e algumas evidências, como a ausência de marcadores mielóides CD33 e CD13, sugerem origem linfóide. O precursor sanguíneo dessas células expressa além de CD123, o CD62L que é um característico marcador de migração. As pDCs continuadamente recirculam entre a corrente sanguínea e os órgãos linfóides através das veias de endotélio alto, podendo assim podem ser encontradas nas zonas T dos órgãos linfóides, no timo e no sangue (Lipscomb e Masten, 2002). Essas células têm capacidade de produzir enormes quantidades de IFN-α quando estimuladas por uma infecção viral através da ativação das vias dos receptores do tipo Toll (do inglês toll-like receptor - TLR). Ao contrário das DCs convencionais, que ativam a via do IFN-α através do TLR3 e do RIG-I (do inglês retinoic-acid inducible gene-I), as pDCs utilizam os receptores TLR7 e TLR9 (Kato, Sato et al., 2005). Mesmo que as pDCs sejam fracas na captura de antígenos solúveis e particulados, encontramos a expressão de BDCA-2, uma molécula capaz de mediar a endocitose e apresentar antígenos. Assim como as cDCs, 20 pDCs são capazes de ativar células CD4 e CD8 e induzir a produção de IL-12 (Lipscomb e Masten, 2002). 1.3.2.2 – Captura de antígenos pelas células dendríticas As DCs estão presentes na maioria dos tecidos em fase de diferenciação chamada “imatura”. As DCs imaturas (do inglês immature DCs – imDCs) são caracterizadas por intensa atividade endocítica e podem capturar vários tipos de antígenos como: patógenos, células infectadas, células mortas e seus produtos. As imDCs poderiam ter uma função na indução de tolerância periférica de células CD4+ e CD8+, induzindo a deleção, a anergia ou a regulação de determinados clones (Tassaneetrithep, Burgess et al., 2003). As imDCs também capturam antígenos continuadamente e migram para os linfonodos participando na apresentação aos linfócitos T, apesar das imDCs expressarem baixos níveis de moléculas do complexo de histocompatibilidade principal (do inglês major histocompatibility complex MHC) e de moléculas co-estimulatórias (Steinman e Nussenzweig, 2002). Uma vez endocitados, antígenos se ligam às moléculas de MHC, levando ao início do processo de maturação das DCs, transformando-as assim em células próprias para apresentação dos antígenos fagocitados às células T (Quah e O'neill, 2005). Essas características associadas à sua localização em todo organismo e em tecidos periféricos fazem das DCs as células sentinelas que monitoram o ambiente na procura por patógenos invasores (Cella, Sallusto et al., 1997). A captura de antígenos pelas DCs ocorre por diferentes vias: fagocitose, macropinocitose e endocitose via receptores de superfície. As DCs seqüestram em geral partículas e microorganismos, porém os últimos também podem ser capturados por endocitose via receptores (Banchereau e Steinman, 1998). A macropinocitose permite que grandes volumes de fluidos sejam endocitados, contribuindo para o monitoramento dos líquidos extracelulares. Essa via de endocitose permite que concentrações nanomolares e picomolares de antígenos sejam eficientemente apresentadas às células do sistema imunológico (Norbury, 2006). As células dendríticas podem diferenciar patógenos através do reconhecimento de seus padrões moleculares. Dentre os vários receptores de reconhecimento (do inglês pattern recognition receptors – PRRs) destacam-se os TLRs. Esses receptores possuem função primordial de reconhecer os padrões moleculares e quando ativados, desencadeiam as vias de sinalização intracelular que auxiliam na resposta a ser seguida mediante o microorganismo 21 reconhecido. Uma dessas respostas é o aumento da capacidade macropinocítica das DCs (Norbury, 2006). Foram descritas as expressões de TLR1, TLR2, TLR3, TLR4, TLR5, TLR7 e TLR9 em DCs (Van Kooyk e Geijtenbeek, 2003). Dentre outras moléculas, esses receptores reconhecem lipoproteínas de procariotos, glicolipídeos, flagelina, CpG DNA e lipossacarídeos (Janeway e Medzhitov, 2002). Existe uma grande variedade de receptores endocíticos em DCs. Os imunocomplexos são capturados com auxílio de receptores para porção Fc das imunoglobulinas, expressos em DCs: FcαR (CD89), FcγRII, FcγRIII e FcεRI (Cella, Sallusto et al., 1997). DCs imaturas também expressam integrinas αvβ3 e αvβ5 e CD36 que estão envolvidas na captura contínua de material apoptótico (Quah e O'neill, 2005). As lecitinas do tipo C são encontradas nas DCs como a langerina (CD207), o receptor de manose (CD206), o receptor de manose para macrófago DEC-205 (CD205) e o receptor DC-SIGN. Esses receptores reconhecem carboidratos na superfície dos patógenos e também medeiam a endocitose (Engering, Geijtenbeek et al., 2002). O receptor DC-SIGN está envolvido no acoplamento de vários vírus como o HIV (do inglês human immunodeficiency virus), o Ebola e o DENV (Geijtenbeek, Kwon et al., 2000; Alvarez, Lasala et al., 2002; Tassaneetrithep, Burgess et al., 2003). Os antígenos capturados devem entrar nas vias exógenas ou endógenas de processamento e apresentação através de moléculas de MHC. A apresentação pela via exógena é realizada pelas moléculas MHC tipo II. O produto da endocitose é alojado em endossomos e é parcialmente hidrolisado até a fusão com vesículas ricas em moléculas de MHC tipo II chamadas MIIC. Esses endossomos especiais possuem além das moléculas de MHC tipo II, uma série de proteases de cisteína e hidrolases que fragmentam os antígenos para apresentação. O pH levemente ácido do endossomo auxilia no desacoplamento das moléculas antigênicas de seus receptores endocíticos, sendo estes reciclados posteriormente para a membrana plasmática. Fragmentados, os antígenos se ligam às moléculas MHC, são exocitados e expressos na membrana plasmática para reconhecimento pelas células T CD4+ (Lipscomb e Masten, 2002; Quah e O'neill, 2005). A via endocítica permite que sejam apresentados antígenos presentes no citosol das DCs. Entretanto, as DCs possuem a capacidade de fazer apresentação cruzada, ou seja, antígenos de produtos fagocitados podem ser apresentados por MHC tipo I e tipo II. Na via MHC tipo I, peptídeos derivados do citosol são degradados pelo transportador associado a apresentação de antígeno (do inglês transporter associated with antigen processing – TAP) e no retículo endoplasmático se unem às moléculas de MHC tipo I. Através de vesículas 22 exocíticas, os antígenos são expressos na membrana (Lipscomb e Masten, 2002). O mecanismo exato da apresentação cruzada ainda não foi totalmente elucidado, porém supõese a existência de mecanismos de transporte dos peptídeos presentes no MIIC para o citosol (Quah e O'neill, 2005). 1.3.2.3 – Maturação e migração das células dendríticas Sendo realizada a função de captura e patrulhamento dos tecidos do corpo, ou seja, uma vez reconhecido o “perigo”, as DCs devem apresentar os antígenos para as células T e B objetivando iniciar as respostas celulares e humorais. Primeiramente, é necessário que ocorra um fenômeno identificado por maturação. Este processo é caracterizado pelas mudanças que acompanham as imDCs na transição para um determinado estado “efetor” em resposta aos sinais de origem exógena (como microorganismos) ou endógena (como citocinas, hormônios e células mortas). A qualidade desses sinais é um fator determinante na escolha do tipo de DC “efetora”, apesar da ontogenia também ter seu papel, visto que alguns subtipos de DCs estão pré-dispostos a alguns estados “efetores” ou têm o repertório restrito (Reis, 2006). Vários fatores induzem a maturação das DCs como por exemplo componentes bacterianos, virais e de parasitas. Eles são reconhecidos, como já citado, pelo TLRs que ao interagir com patógeno, ativam as vias intracelulares, aumentando a expressão da família do controle transcripcional do fator de transcrição nuclear κB (do inglês nuclear factor-κB – NFκB), que por sua vez regula a expressão de proteínas inflamatórias e moléculas coestimulatórias. A distribuição dos receptores TLR varia de acordo com a população de DCs ativada permitindo respostas especializadas de acordo com o patógeno, por exemplo, as DCs plasmacitóides expressam TLR7 e TLR9 e a ativação dessas vias por produtos virais induz altos níveis de IFN-α/IFN-β pelas células. Entretanto, pDCs não expressam TLR4, o que limita a sua resposta ao LPS (Wallet, Sen et al., 2005). Além da sinalização pelos receptores TLR, o balanço entre as citocinas próinflamatórias e anti-inflamatórias presentes no ambiente como TNF-α, IL-1, IL-6, IL-10 e fator de crescimento transformante -beta (do inglês transforming grownth factor-beta – TGFβ) induz à maturação das DCs (Banchereau, Briere et al., 2000). Durante o processo, a atividade fagocítica tem um pico de atividade, mas logo diminui, favorecendo a apresentação de antígenos pela ausência de reciclagem das moléculas de MHC tipo II ligadas presentes nos exossomas. As DCs passam a expressar moléculas co-estimulatórias que irão auxiliar na ativação de células T durante o contato, ou sinapse imunológica, sendo aumentadas a 23 expressão de CD40, CD83 e CD86. Moléculas de adesão também são expressas como CD2, CD11a, CD54 e CD58, além das integrinas β1e β2 (Quah e O'neill, 2005; Wallet, Sen et al., 2005). Apesar do papel endocítico, o DC-SIGN ainda é expresso nas DCs maduras, pois é fundamental no primeiro contato e na ligação entre as DCs e células T, durante a sinapse imunológica, ou seja, na estimulação antígeno específica (Steinman, 2000). As DCs imaturas expressam receptores de quimiocinas que as atraem para os tecidos periféricos, como o CCR6, CCR1, CCR2 e CCR5. No processo de maturação, as células passam a expressar o CCR7 e adquirem capacidade de responder ao CCL21 e ao CCL19 (MIP-3β), entre outros receptores de quimiocinas linfóides (Lipscomb e Masten, 2002). Essas quimiocinas são produzidas pelas células T dos órgãos linfóides e também pelas DCs residentes destes. Sendo assim, as DCs ativadas passam a migrar através da corrente linfática para os linfonodos proximais e entram na área paracortical, onde efetuam contato com as células T (Wallet, Sen et al., 2005). 1.3.2.4 – Células dendríticas e citocinas A interação das DCs com células T ocorre principalmente nos linfonodos regionais e desencadeia a resposta imunológica adaptativa. O primeiro contato é exercido pela molécula DC-SIGN que permite à DC procurar pelo receptor da célula T (do inglês T cell receptor – TCR). Em seguida ocorre a formação da sinapse imunológica que é composta de três sinais: 1) ligação do MHC – peptídeo com o TCR; 2) ligação entre as moléculas co-estimulatórias expressas nas células; e 3) reconhecimento das citocinas presentes no ambiente. A interação desses três sinais definirá a diferenciação, e consequentemente o fenótipo das células T (Steinman, 2000). O tempo de interação entre as DCs e as células T também pode ser um dos fatores na definição da função das células T, ou seja, se serão células anérgicas, efetoras ou células de memória. De acordo com Lanzavecchia e Sallusto, o contato prolongado com alta expressão de antígenos e moléculas co-estimulatórias pelas DCs, na presença de citocinas, geraria células T efetoras; o contato de curta duração com expressão de antígenos e moléculas coestimulatórias geraria células de memória; e o contato de curta duração de DCs expressando baixas quantidades de antígenos e moléculas co-estimulatórias geraria células tolerantes (Lanzavecchia e Sallusto, 2004). Entretanto, conforme citado acima, para compreender a natureza da resposta imunológica, é necessário considerar os sinais recebidos durante a transformação das imDC 24 em DCs “efetoras” como exemplifica a figura IV. O perfil de citocinas encontrada no local do estímulo, além do reconhecimento de patógeno pelos PRRs, determina a resposta de citocinas a ser tomada pelas DCs presentes no local (Reis, 2006). Fonte: Modificado de Reis, 2006 Figura IV: Função efetora das células dendríticas. Dependendo do microambiente em que se encontram, as DCs podem permanecer imaturas, o que poderia estar relacionado à tolerância periférica; ou ainda maturar e estimular diversas funções e respostas nas células T. Em geral, o reconhecimento de patógenos intracelulares, ativa as vias de produção de citocinas pró-inflamatórias pelas DCs. Essas citocinas atuam de maneira autócrina e parácrina 25 (na própria célula ou em células vizinhas, respectivamente), induzindo sua produção pelas DCs. Dentre algumas citocinas produzidas pelas DCs, podemos citar: TNF-α – É considerado uma citocina multifuncional e o mais importante mediador inflamatório. O TNF-α exerce funções diversas como indução da produção de outras citocinas e quimiocinas pelas células do sistema imunológico, além de induzir a expressão de moléculas de adesão e o aumento da permeabilidade no endotélio, o que propicia o aumento do número de células mononucleadas no local da inflamação (Vassalli, 1992; Cerami, 1993). A sinalização do TNF-α é realizada principalmente através de receptores de superfície que ativam os fatores de transcrição nucleares NF-κB e AP-1, que são promotores de inúmeros genes pró-inflamatórios (Wallach, Varfolomeev et al., 1999). Além de induzir as vias de produção dos reativos do oxigênio, a ligação do TNF-α aos seus receptores pode ativar a via das caspases e desencadear o processo de apoptose celular (Hehlgans e Pfeffer, 2005) A sua potente ação biológica propicia um intenso dano tecidual, quando liberado em altas concentrações sistemicamente, podendo ser o responsável pelos quadros de hipotensão, supressão do miocárdio, extravasamento plasmático e estimulação de cascatas de coagulação em condições patológicas como na sepsis bacteriana e na Febre do Dengue (Pinto, Oliveira et al., 1999; Pfeffer, 2003). IL-1β – Também conhecida como pirógeno endógeno, a IL-1β induz uma grande quantidade de genes não normalmente expressos na homeostase, como a indução de ciclooxigenase-2 e expressão de iNOS. Além disso, em conjunto com o TNF-α, estimula a produção de IL-6, quimiocinas e moléculas de adesão. A secreção de IL-1β é finamente regulada e agonistas dos TLR, como LPS, podem iniciar a síntese do precursor de IL-1β. Grande parte das funções do IL-1β também são exercidas pelo TNF-α, sendo que o primeiro não destrói as células e atua na medula óssea, estimulando um aumento dos precursores mielóides (Dinarello, 2005). IL-6 – Considerada uma citocina pleiotrópica, auxilia na regulação da reatividade imunológica, na resposta de fase aguda, na inflamação, na oncogênese e na hematopoiese. Ao se ligar ao seu receptor, a IL-6 ativa o complexo JAK-STAT (do inglês Janus Kinase – Signal transducer and Activator of Transcription) que promove transcrição de proteínas de fase aguda e citocinas pró-inflamatórias. A produção de IL-6 é estimulada por TNF-α e IL-1β e persiste por mais tempo no plasma do que estas citocinas pró-inflamatórias. Níveis plasmáticos de IL-6 foram correlacionados com mortalidade no choque séptico (Song e Kellum, 2005). 26 IL-8 – A quimiocina IL-8 também pode ser chamada de CXCL8 (as quimiocinas são responsáveis pela quimiotaxia de leucócitos ao local da inflamação e virtualmente todas as células nucleadas do corpo podem produzi-la). As fontes típicas de IL-8 são monócitos e macrófagos, que a secretam após múltiplos estímulos como LPS, bactérias vivas e outras citocinas pró-inflamatórias (e.g. TNF-α e IL-1β). A IL-8 é produzida precocemente durante as infecções, mas pode persistir por longos dias na circulação. Sua função é dada pela atração e manutenção no foco inflamatório de neutrófilos, através de um gradiente quimiotático (Remick, 2005). IL-15 – Esta citocina exerce um papel importante na interação entre DCs e células NK (Walzer, Dalod et al., 2005). A IL-15 pode induzir in vivo e in vitro mudanças fenotípicas e funcionais de citotoxicidade das NK, transformando-as em células produtoras de IFN-γ (Ohteki, 2002). IFN-α. – É uma citocina anti-viral produzida em grandes quantidades principalmente pelas DCs plasmacitóides mediante a infecção viral. Através da ligação com seu receptor na célula, ativa as vias do JAK-STAT, que induzem a expressão dos genes estimulados pelo interferon (do inglês Intereron-Stimulated Genes – ISGs). Dentre as funções dos ISGs, podese destacar a interferência na tradução e edição do RNA mensageiro viral e, ainda, a ação enzimática direta sobre este RNA (Katze, He et al., 2002). O IFN-α é um potente diferenciador do desenvolvimento das repostas do tipo Th1 (do inglês T helper) e da imunidade celular, principalmente da ativação de células NK (Marshall, Heeke et al., 2006). IL-12 – Esta citocina é o fator dominante que direciona células T virgens a se tornarem células Th1 produtoras de IFN-γ. A IL-12 possui duas subunidades p35 e p40, que juntas formam a proteína ativa p70. As APCs são fonte principal de IL-12 e em DCs a produção varia de acordo com o estado das células. As DCs imaturas produzem IL-12 que é capaz de atrair células NK, macrófagos e células T de memória para o local da inflamação, já as DCs maduras produzem baixas quantidades e por curto espaço de tempo durante a sinapse imunológica. Provavelmente, esta particularidade da produção de IL-12 pelas mDCs objetiva o desvio para Th1 somente das células T antígeno específicas. A produção de IL-12 varia de acordo com a subpopulação de DCs, sendo as DCs mielóides maiores produtoras que as pDCs (Moser e Murphy, 2000; Lutz, Schnare et al., 2002). IL-10 - Objetivando a regulação da resposta imunológica, apesar da presença do antígeno, o microambiente apresenta concentrações de IL-10 que possui função nessa modulação imunológica. A IL-10 diminui a expressão dos marcadores de maturação das DCs, diminuindo a secreção de citocinas pró-inflamatórias como IL-1β, TNF-α e IL-12; e a 27 expressão de moléculas co-estimulatórias (Wallet, Sen et al., 2005). Além disso, DCs produtoras de IL-10 podem induzir a diferenciação de linfócitos T virgens em células T regulatórias 1. Essas células participam na imunomodulação da resposta imunológica Th1 e Th2, inibindo as células T ativadas através da secreção de IL-10 ou através de mecanismos de contato célula a célula (Wakkach, Fournier et al., 2003; O'garra e Trinchieri, 2004). A produção de IL-10 é induzida durante respostas inflamatórias por TNF-α e IL-1β, o que sugere a existência de uma retroalimentação negativa entre essas citocinas. Nos quadros de sepsis, as altas concentrações das citocinas pró-inflamatórias no início da doença são seguidas por um perfil de citocinas imunossupressor no desenvolvimento da doença. Não se sabe ao certo se, no caso, a IL-10 produzida seria um mecanismo compensatório ou imunopatológico, apesar da função modulatória na produção de TNF-α, que é citocina fundamental na patogênese do choque séptico (Scumpia e Moldawer, 2005). 1.3.2.5 - Células dendríticas nas infecções virais A disposição das DCs nos tecidos determina que sejam, na maioria das vezes, as primeiras células do sistema imunológico encontradas pelos patógenos. Sendo assim, as DCs são objeto dos inúmeros mecanismos usados pelos vírus para inibir, bloquear ou evadir as defesas do organismo (Kaiserlian e Dubois, 2001). Raftery e colaboradores descreveram que DCs derivadas de monócitos são infectadas por Hantavírus. As DCs infectadas exibiram aumento na expressão de MHC do tipo I, na expressão de moléculas co-estimulatórias e de moléculas de adesão, ou seja, o Hantavírus não inibiu a maturação e a apoptose celular. Além disso, o vírus foi capaz de induzir níveis significativos de TNF-α e de IFN-α (Raftery, Kraus et al., 2002). Níveis significantes de citocinas pró-inflamatórias foram encontrados em pacientes com a síndrome renal por Hantavírus (Krakauer, Leduc et al., 1995; Linderholm, Ahlm et al., 1996; Mori, Rothman et al., 1999), corroborando a hipótese de que, assim como o Dengue, a imunopatologia tem papel fundamental na febre hemorrágica por Hantavírus, sendo as células produtoras de citocinas pró-inflamatórias de fundamental importância para o estabelecimento do quadro (Raftery, Kraus et al., 2002). O vírus Ebola pode inibir a produção e a resposta a IFN-α/β exógeno em macrófagos. DCs infectadas secretam algumas quimiocinas, falham na expressão de moléculas coestimulatórias e de MHC, e não são capazes de induzir diferenciação de linfócitos alogênicos (Bray e Geisbert, 2005). Os vírus Marburg são capazes de infectar MDDCs, porém não 28 induzem produção de citocinas, principalmente do IFN-α, e induzem maturação anômala (Bosio, Aman et al., 2003). O receptor DC-SIGN é freqüentemente utilizado por vírus para escapar da vigilância imunológica exercida pelas DCs, sendo que certos vírus como o Ebola, o vírus da imunodeficiência dos símios (SIV), o citomegalovírus (CMV), o HIV e o vírus da hepatite C (HCV) são exemplos desses patógenos (Geijtenbeek e Van Kooyk, 2003). Os vírus HIV e HCV subvertem a função do DC-SIGN de reconhecimento e endocitose mediada por receptor, através da fuga da degradação pelo pH ácido típico dos lisossomos, facilitando a disseminação viral e transmissão às células alvo, hepatócitos, no caso do HCV (Ludwig, Lekkerkerker et al., 2004), e linfócitos T CD4, no caso do HIV (Van Kooyk, Appelmelk et al., 2003). Como dito anteriormente, as DCs são alvos para o vírus DENV. Wu e colaboradores demonstraram que imDCs são permissivas à replicação viral pelo DENV (Wu, GrouardVogel et al., 2000). Ho e colaboradores relataram que a infecção pelos quatro sorotipos induz maturação das DCs (Ho, Wang et al., 2001) e vários grupos detectaram a produção de TNF-α e IFN-α pelas DCs infectadas (Ho, Wang et al., 2001; Libraty, Pichyangkul et al., 2001; Palmer, Sun et al., 2005). 1.4 – Vacinas O uso de vacinas de forma mais ampla foi introduzido a partir do início do século passado, como revisto por Arvin e Greenberg (2006) e contribuiu de forma inequívoca para a redução de doenças infecciosas. A vacinação é a intervenção médica mais efetiva contra doenças causadas por patógenos virais humanos (Arvin e Greenberg, 2006). Através da geração de uma ampla combinação de respostas imunológicas de tipo humoral, celular e de mucosa, as vacinas virais previnem ou modificam a gravidade da doença nos indivíduos e interrompem ou reduzem a transmissão dos patógenos a outros indivíduos suscetíveis (Ada, 2003). Conforme revisado por Schatzmayr (2003), dentre os exemplos clássicos de doenças limitadas pela aplicação de vacinas na população brasileira, podemos destacar o sarampo, a rubéola, a caxumba, a febre amarela e a hepatite B, sendo que a varíola e a poliomielite foram, por este mecanismo, erradicadas no Brasil (Schatzmayr, 2003). As vacinas empregadas na imunização da população podem ser produzidas de diferentes maneiras, conforme revisado por Ada (2005). Uma forma eficiente de produção vacinal é a 29 formulação de vacinas virais vivas atenuadas. Apesar dos riscos em relação aos efeitos adversos e mutações virais, essas vacinas geram imunidade duradoura por causarem uma resposta imunológica completa. São formas de atenuação viral: a deleção molecular manipulada dos genes de virulência e passagem em culturas de células animais. Células de rim de macaco Rhesus ou, simplesmente, células Vero e também ovos embrionados de galinha são utilizados para passagens de vírus, objetivando atenuação (Ada, 2005). Avanços nas técnicas moleculares permitiram o desenvolvimento de quimeras virais, em que são introduzidos fragmentos antigênicos de vírus patogênicos no genoma de outros vírus, que funcionam como vetores de clonagem (Galler, Freire et al., 1997). Dentre as vacinas existentes comercializadas, as únicas disponíveis contra flavivírus são as vacinas contra a encefalite japonesa, a encefalite do carrapato e contra a febre amarela. As duas primeiras estão disponíveis como vírus inativados por formalina e a última como vírus atenuado (Tsai, 2000). Por muitos anos, a febre amarela foi considerada a mais importante arbovirose humana. Clinicamente, a febre amarela é, assim como a FD, uma febre hemorrágica caracterizada por febre alta abrupta, cefaléia, dores musculares, náuseas, vômitos e em quadros severos pode ocorrer incapacidade funcional do fígado, originando o quadro ictérico. A diminuição da incidência da doença foi atingida pelo intenso controle de vetores e pelo desenvolvimento de uma vacina atenuada eficaz (Vasconcelos, 2003). Conforme revisado por Post e colaboradores, a atual vacina contra febre amarela produzida no Brasil por Biomanguinhos/FIOCRUZ é originada da cepa 17D. A atenuação do vírus foi obtida utilizando o vírus patogênico isolado do africano Asibi e realizando várias passagens em culturas de tecidos celulares (Lloyd, Theiler et al., 1936). Em 1937, o vírus 17D foi trazido para o Brasil e várias subcepas foram obtidas ao se submeter o vírus a mais passagens em culturas. A subcepa escolhida para produção vacinal por Biomanguinhos foi a cepa 17DD devido a baixa indução de efeitos adversos e altas taxas de soroconversão (Post, De Carvalho et al., 2001). 1.4.1 – Vacinas para o dengue Rothman (2003) revisou as dificuldades encontradas na produção de uma vacina efetiva contra o DENV. Tendo como princípio que a infecção natural por um determinado sorotipo induz imunidade duradoura e protetora somente para o sorotipo infectante, a vacina deverá prevenir a infecção pelos quatro sorotipos do vírus (Rothman, 2003). Além disso, a resposta 30 aos epítopos dos quatro sorotipos deverá ser completa e balanceada, sendo que até a queda de produção de anticorpos deverá ser semelhante entre os sorotipos, objetivando prevenir excesso de anticorpos facilitadores sobre os neutralizantes (Stephenson, 2005). As tentativas atuais para produção das vacinas giram em torno da obtenção de vacinas vivas, ou seja, com vírus atenuados ou quimeras virais, de acordo com revisão por Halstead (2002). Duas vacinas atenuadas feitas por passagens sucessivas em culturas de tecidos nãohumanas estão em fases de testes. Apesar das altas taxas de soroconversão (Halstead, 2002), essas vacinas estão sujeitas as rápidas mutações e recombinações, existindo uma arriscada probabilidade de reversão para fenótipos virulentos (Stephenson, 2005). Quatro vacinas quiméricas estão em fases finais de desenvolvimento. Em geral, são utilizados vírus atenuados como carreadores dos epítopos antigênicos. A estabilidade e segurança da vacina contra febre amarela 17D propiciaram a sua utilização como vetor de clonagem (Bonaldo, Caufour et al., 2000). Sendo assim, uma vacina quimérica tetravalente foi desenvolvida inserindo os genes pré-membrana (prM) e envelope (E) na porção nãoestrutural do 17D e concentrações de anticorpos neutralizantes foram encontrados em todos os macacos vacinados (Guirakhoo, Arroyo et al., 2001). Também foram utilizados o DENV 2 e 4 atenuados, onde foram inseridos na porção não-estrutural os genes prM e E dos DENV patogênicos (Huang, Butrapet et al., 2000; Durbin, Karron et al., 2001). Essas vacinas também apresentaram altos níveis de soroconversão dos macacos imunizados e estão em fase final dos testes de triagem I em seres humanos (Monath, Myers et al., 2005; Pugachev, Guirakhoo et al., 2005). No Brasil, as vacinas contra o Dengue estão em fase de desenvolvimento. Foram construídos vírus quimérico por Caufour e colaboradores que utilizam o vírus 17D como vetor de expressão das quimeras, sendo que os genes prM e E do vírus vacinal são substituídos pelos mesmos genes de duas cepas dos vírus DENV-2. A cepa NGC pertence ao genótipo asiático e a cepa 44/2 foi isolada de um paciente que foi ao óbito causado por FHD, pelo laboratório da Dra. Rita Nogueira (Virologia/FIOCRUZ). A quimera FAVac/DENV-2 44/3 utiliza os genes pr-M e E da cepa NGC, sendo que o final carboxílico da proteína E (aminoácidos E261-E495) pertencem a cepa brasileira 44/2. Foram obtidos bons resultados de imunização: 85% de camundongos vacinados sobreviveram desafio ao DENV-2 NGC (Caufour, Motta et al., 2001) e 6 de 7 macacos Rhesus imunizados desenvolveram anticorpos neutralizantes contra DENV-2, sobrevivendo ao desafio com DENV-2 44/2 (Galler, Marchevsky et al., 2005). 31 Embora bons resultados estejam sendo obtidos em estudos com primatas não-humanos, a seleção dos melhores candidatos à vacina deverá necessariamente se basear na comparação entre as respostas imunológicas obtidas dos vacinados com um determinado perfil protetor no desenvolvimento das respostas naturais ao DENV (Rothman, 2003). 32 2 – OBJETIVOS Vacinas contra o Dengue ainda estão em fases de testes, existindo assim a necessidade de ensaios in vitro com intuito de comprovar o grau de atenuação e a interação entre o sistema imunológico humano e os vírus quiméricos candidatos a vacina. Além disso, esta interação também é pouco estudada para os vírus vacinais. Portanto, o objetivo geral do presente trabalho é: Caracterizar a infecção e a produção de citocinas por células dendríticas induzidas por um vírus quimérico Febre Amarela Vacinal/Dengue (FAVac/DENV) candidato à vacina e de cepas padrões de Dengue-2 e Febre Amarela Vacinal, comparando as respostas entre os diferentes vírus. Para isso objetivamos especificamente: 1 . Caracterizar a produção de citocinas do vírus DENV-2 cepa padrão em monócitos humanos, determinando as taxas e tempo de infecção; 2 . Padronizar a infecção de 3 flavivírus em culturas de células dendríticas derivadas de monócitos humanos: DENV-2 cepa do tipo 2, vírus vacinal da febre amarela e vírus quimérico FAVac/DENV candidato à vacina; 2.1 . Determinar as taxas de infecção de células dendríticas infectadas por esses vírus; 2.2 . Determinar a produção de citocinas pró-inflamatórias, anti-inflamatórias e antivirais induzidas em células dendríticas infectadas por esses vírus; 2.3 . Comparar as taxas de infecção e a produção de citocinas obtidas pela infecção pelos diferentes vírus. 33 3 – MATERIAL E MÉTODOS 3.1 - Cepas virais Para a padronização dos ensaios das cinéticas virais em monócitos, foi utilizada uma cepa asiática padrão internacional – 16681, do vírus DENV-2 crescida em células C6/36 de mosquito. Esse vírus foi cedido originalmente pelo Dr. Halstead do Instituto Militar de Pesquisa Walter Reed, Maryland/EUA (Halstead e Marchette, 2003) e sua massa viral foi crescida no Laboratório de Imunologia Viral. Nas infecções em DCs, foram utilizados vírus crescidos em células Vero. Esses vírus foram produzidos no Laboratório de Tecnologia Virológica – LATEV, em Biomanguinhos, com a colaboração de Marcos Freire (LATEV/Biomanguinhos) e Denise Irene Soeiro Cerqueira. Duas cepas do vírus DENV-2 foram testadas, a cepa 16681 e a cepa 44/2 isolada de um paciente brasileiro que apresentou Dengue hemorrágico (Caufour, Motta et al., 2001). Os outros vírus testados foram o febre amarela vacinal (FAVac) 17DD, a atual vacina de Biomanguinhos/FIOCRUZ, disponível no Brasil contra a febre amarela (Post, De Carvalho et al., 2001) e o quimera FAVac/DENV-2 44/3. Criado pela equipe do Dr. Ricardo Galler do Instituto Oswaldo Cruz – IOC da FIOCRUZ, o vírus quimérico foi construído usando o esqueleto do FAVac 17D (Lloyd, Theiler et al., 1936) e trocando as regiões genômicas de interesse do vírus original pelas do DENV. Foram utilizados os genes prM/E (prémembrana/envelope) do vírus DENV-2 New-Guinea C com a terminação carboxílica do gene E derivado da cepa DENV-2 44/2 brasileira (Caufour, Motta et al., 2001). 3.2 - Produção das massas virais 3.2.1 – Meio de cultura e cultivo de células C6/36 Células de mosquito Aedes albopictus, clone C6/36, foram cultivadas em garrafas de cultura de 150 cm² com 50 mL de meio Leibovitz (L-15) suplementado com 2 mL de bicarbonato de sódio (7,5% p/v); L-glutamina 1%; fungizona 0,4%; penicilina-estreptomicina 1%; aminoácidos não-essenciais 0,5%; triptose fosfato 10%; e soro fetal bovino (SFB) 10%. 34 As culturas foram incubadas em estufa 28°C até a formação da monocamada completa. Em seguida foram utilizadas para produção de massa viral e titulação viral. 3.2.2 - Produção do estoque viral em células C6/36 Garrafas de 150 cm² de cultura de células C6/36 foram lavadas com 5 mL de meio L-15 suplementado sem SFB. Foram adicionados 3 mL de inóculo do vírus diluído 1/10 em meio L-15. Após 90 min de adsorção em estufa 28°C, o inóculo viral foi retirado e foram adicionados 50 mL de meio L-15 suplementado com 2% de SFB. As culturas foram mantidas em estufa 28°C de 7 a 10 dias até a detecção do efeito citopático (CPE). O sobrenadante foi centrifugado a 1200 RPM por 10 min (Beckman GS-15R), aliquotado e armazenado a -70°C para posterior titulação. A massa viral de DENV-2 16681 utilizada nos experimentos com monócitos foi obtida na sexta passagem celular em células C6/36 e recuperada no nono dia após infecção. 3.2.3 - Titulação viral por ensaios de diluição seriada A titulação dos vírus crescidos em células C6/36 foi realizada através de imunofluorescência indireta, utilizando-se os cálculos de Reed & Müench (Reed e Müench, 1938). Em placas de 96 poços fundo chato, foram adicionados 0,1 mL de suspensão contendo 2 x 105 células/mL em meio L-15 com 10% de SFB. A placa foi incubada em estufa 28°C até o fechamento da monocamada. O sobrenadante foi retirado e adicionado 0,1 mL de inóculo viral com diferentes diluições (10-1 a 10-11). Para cada diluição foi feita uma quadruplicata de poços, além de quatro poços controle. A adsorção viral foi feita por 120 min em estufa 28°C e após incubação, o sobrenadante foi retirado e 0,2 mL de meio L-15 com 2% de SFB foi adicionado. A cultura foi mantida por um período de 7 a 10 dias em estufa 28°C, com observação diária para visualização do efeito citopático. Após verificação deste, são retirados 0,1 mL de sobrenadante, sendo a cultura celular ressuspendida no meio restante com auxílio de uma ponteira plástica. A suspensão celular (0,025 mL) é colocada em lâminas de imunofluorescência previamente lavadas. Após secagem em temperatura ambiente, as lâminas foram rinsadas com tampão fosfato (do inglês Phosphate Buffered Saline – PBS) e fixadas com acetona P.A. por 20 min a 4°C. Foram adicionados em cada orifício das lâminas 0,02 mL de anticorpo primário anti-DENV diluído 1/100 em solução de lavagem I, seguindo de incubação por 60 min em 35 câmara úmida e estufa 37°C. Foram feitas duas lavagens com PBS 1x por 10 min. Após secagem a temperatura ambiente, foram adicionados em cada orifício 0,02 mL de anticorpo secundário anti-IgG de camundongo FITC diluído 1/50 em solução de lavagem I, seguindo de incubação por 30 min em câmara úmida e estufa 37°C. As lâminas foram lavadas duas vezes em PBS 1x por 10 min e rinsadas com água destilada. Após secagem em temperatura ambiente, as lâminas foram montadas com glicerol contendo anti-fading. A leitura foi realizada em microscópio óptico de fluorescência no filtro azul para fluoresceína. Através da fórmula de Reed & Müench, o título foi obtido em TCID50 (do inglês 50% tissue culture infectious dose). # poços # poços Total Total positivos negativos positivo negativo 10-1 4 0 36 0 36/36 100 10-2 4 0 32 0 32/32 100 10-3 4 0 28 0 28/28 100 10-4 4 0 24 0 24/24 100 10-5 4 0 20 0 20/20 100 10-6 4 0 16 0 16/16 100 10-7 4 0 12 0 12/12 100 10-8 4 0 8 0 8/8 100 10 -9 4 0 4 0 4/4 100 10-10 0 4 0 4 0/4 0 10-11 0 4 0 8 0/8 0 Diluição Razão % Fórmula de Reed & Müench: (nº % imediatamente acima de 50%) – (% abaixo 50%)____________ = dose imediatamente acima de 50% – dose imediatamente abaixo 50% 50 – (% imediatamente abaixo 50%) X – dose imediatamente abaixo 50% O título viral do DENV-2 16681 utilizado nos experimentos com monócitos foi 5,5x1010 TCID50/mL. 3.2.4 - Meio de cultura e cultivo de células vero Células Vero (ATCC CCL81) foram mantidas pela equipe do Dr. Marcos Freire (LATEV). O protocolo que se segue foi utilizado para o cultivo. As células Vero foram 36 cultivadas em garrafas de cultura de 175 cm² com 80 mL de meio 199 Earle’s suplementadas com 1% gentamicina; 5% bicarbonato de sódio (7,5% p/v); e 5% de SFB. As garrafas foram incubadas em estufa 37°C/5% CO2 até a formação de monocamada confluente. Em seguida foram utilizadas para titulação e produção das massas virais. 3.2.5 - Produção do estoque viral em células vero Garrafas de 175 cm² de cultura de células Vero contendo 5 x 105 células/mL foram inoculadas com as cepas virais. O sobrenadante foi retirado e foram adicionados 2 mL do inóculo viral com multiplicidade de infecção (MOI), que determina o número de partículas virais por célula; de 0,02 PFU/mL. Após 60 min de adsorção viral, o inóculo foi retirado e foram adicionados 80 mL de meio 199 suplementado com 5% de SFB. As garrafas foram incubadas em estufa 37°C/5% CO2 por 7 dias, quando foi detectada a presença do CPE. O sobrenadante foi centrifugado a 2000 RPM por 10 min (Beckman J6C), aliquotado e armazenado a -70°C para posterior titulação. 3.2.6 -Titulação por unidades formadoras de placa Os vírus foram titulados em microplacas de 24 poços contendo uma camada confluente de 2 x 105 células/mL de células Vero mantidas em 3 mL de meio 199 suplementado com 5% de SFB. Após a formação das monocamadas, o meio foi retirado e 0,1 mL de inóculo viral diluído em meio 199 (10-1 a 10-6) foi adicionado às culturas. Cada diluição foi semeada em quadruplicatas, assim como os poços controles. A placa foi incubada em estufa 37°C/5% CO2 por 60 min para adsorção viral. Após esse período, o inóculo viral foi aspirado e substituído por meio 199 contendo 1,57% p/v de carboximetil celulose (CMC). As placas foram incubadas por 7 dias e, após este período, a monocamada foi fixada com 1 mL de formol 10% por poço. Depois de 60 min, as placas foram lavadas em água corrente e as células foram coradas com cristal violeta a 0,2% p/v em água destilada. Os orifícios na monocamada formados pela ruptura de células infectadas foram contados em projetor sob amplificação de 12,5x para calcular o título viral. A fórmula utilizada foi log número de placas formadas + log diluição do vírus + log da fração de 1 mL do inóculo = log título viral. O título foi obtido em PFU (do inglês plaque forming unit) por mL. 37 Os títulos dos vírus utilizados em experimentos com células dendríticas foram, em log de PFU/mL: 6,60 para DENV-2 16681; 7,49 para DENV-2 44/2; 6,76 para FAVac/DENV-2 44/3; 7,78 para FAVac 17DD. 3.3 - Leucócitos mononucleares do sangue periférico As células mononucleares do sangue periférico foram obtidas de doadores saudáveis que se dirigiam ao setor de Banco de Sangue - HEMOCENTRO do Hospital Universitário Clementino Fraga. As bolsas de fase leucocitária Buffy Coat contendo aproximadamente 50 mL de volume celular foram doadas após realização de testes sorológicos para VDRL, Chagas – Hemaglutinação – ELISA, Hepatites – HBsAg – anti-HCV, ALT-anti-HIV-1 e 2 – ELISA, anti-HTLV-1 e 2- ELISA confirmando sorologia negativa. 3.3.1 – Monócitos 3.3.1.1 – Obtenção de monócitos As células do sangue de doadores humanos, obtidas a partir de bolsas de fase leucocitária Buffy Coat, foram obtidas através da técnica de gradiente de densidade. Foi utilizado meio de cultura RPMI 1640 suplementado com L-glutamina 1%; penicilinaestreptomicina 1%; HEPES 20mM. O sangue foi diluído 1/2 em meio RPMI totalizando um volume final de 100 mL. Cada volume de 25 mL de sangue diluído foi lentamente adicionado sobre 15 mL de Ficoll-Hypaque, em tubos Falcon estéreis de 50 mL. Em seguida, o gradiente foi centrifugado a 1500 RPM por 30 min (Renavan Cientec 5500D), à temperatura ambiente. Após centrifugação, o anel de leucócitos, que se forma na interface do meio de cultura com o Ficoll, foi recuperado e submetido a três lavagens por centrifugação com meio RMPI completo a 1500 RPM por 10 min (Beckman GS-15R) a 18°C. Cada tubo, no total de quatro, teve o “pellet” ressuspendido em 5 mL de meio RPMI, distribuído em 5 garrafas de cultura celular de 175 cm2 e completado para um volume final de 50 mL. Após 90 min de incubação em estufa 37ºC/5% CO2, o sobrenadante com células não-aderentes foi desprezado e as garrafas foram lavadas duas vezes com meio RPMI. As células foram recuperadas em meio RMPI frio com auxílio de um raspador e centrifugadas a 1500 RPM por 10 min (Beckman GS-15R) a 18ºC. Uma suspensão celular de 10 mL foi feita, uma alíquota tirada e diluída 1/10 em 0,2% azul de Trypan para contagem em microscópio óptico com auxílio da câmara de 38 Newbauer. As células foram plaqueadas a 1,0 x 106 células por poço com 1,0 mL/poço em meio RPMI com 10% de SFB. As culturas de monócitos foram mantidas em estufa 37ºC/5% CO2 por 1 dia até o momento da infecção. 3.3.1.2 - Infecção dos monócitos O sobrenadante da cultura de monócitos foi retirado e adicionado 0,3 mL do inóculo viral diluído em meio RPMI sem SFB. As culturas também foram inoculadas com vírus inativado a 56ºC por 20 min e com meio de cultura RPMI ou MOCK (sobrenadante de cultura celular). Após a adsorção do vírus por 120 min em estufa 37ºC/5% CO2, o inóculo foi retirado e 1,0mL de meio RPMI suplementado com 2% de SFB foi adicionado. A placa foi incubada em estufa 37ºC/5%CO2. De acordo com a cinética, as células infectadas com vírus DENV-2 16681 e seus controles negativos foram coletadas para marcação intracelular do antígeno viral e os sobrenadantes foram armazenados a -20°C para posterior dosagem de citocinas. 3.3.2 – Células dendríticas 3.3.2.1 - Cultura de células dendríticas Os monócitos se diferenciam em células dendríticas imaturas através da adição na cultura das citocinas IL-4 e granulócito macrófago-fator estimulador de colônia (do inglês granulocyte macrophage-colony stimulating factor – GM-CSF). Após a contagem dos monócitos, a suspensão celular foi ajustada para 2 x 106 células por mL, com 10% de SFB, 500 U/mL de GM-CSF e 500 U/mL de IL-4 em meio RPMI 1640 completo. As células foram plaqueadas com 0,5 mL por poço e incubadas em estufa 37°C/5% CO2. As citocinas foram repostas a cada 2 dias durante 6 dias, sendo que o procedimento de troca de meio foi feito retirando metade do volume total do poço cuidadosamente e adicionando-se às culturas meio com citocinas 2x e 20% de SFB. 3.3.2.2 - Infecção das células dendríticas As células dendríticas obtidas pela técnica descrita acima, foram infectadas retirando-se 0,3 mL do sobrenadante e sendo adicionados 0,5 mL de vírus diluído e dos respectivos vírus 39 inativados e de MOCK. Após a adsorção do inóculo viral por 180 min em estufa 37ºC/5% CO2, 0,5 mL do sobrenadante foi retirado, sendo reposta a mesma quantidade de meio RPMI com concentração final nos poços de 500 U/mL de GM-CSF, 500 U/mL de IL-4 e 10% de SFB. De acordo com a cinética, as células infectadas com as cepas virais e seus controles negativos foram coletadas para marcação intracelular do antígeno viral e os sobrenadantes foram armazenados a -20°C para posterior dosagem de citocinas. 3.4 – Citometria de Fluxo 3.4.1 - Marcação extracelular para marcador de superfície Os monócitos foram marcados um dia após a realização da obtenção por gradiente de densidade, sendo armazenados no intervalo de tempo a 4°C em meio de cultura RPMI com 10% de SFB. As DCs foram recuperadas após 7 dias de diferenciação celular e marcadas no mesmo dia. Após a centrifugação da suspensão celular a 1200 RPM por 7 min (Beckman GS-15R), as células foram lavadas com 1 mL de solução de lavagem I. O sobrenadante foi desprezado, foram adicionados 0,5 mL de solução de bloqueio I, seguido de incubação por 30 min a 4ºC. Foram adicionados 0,5 mL de solução de lavagem I e as células foram centrifugadas a 1200 RPM por 7 min (Beckman GS-15R). O sobrenadante foi desprezado e às células foram adicionados 0,02 mL de anticorpo anti-humano CD1a-PE, DC-SIGN-FITC, CD14-FITC, HLA-DP,DQ,DR-FITC, CD80-FITC e isotipos. Os anticorpos foram diluídos em solução de lavagem I e incubados por 30 min a 4ºC. Após, foram centrifugadas com 1,0 mL de solução de lavagem I. O sobrenadante foi descartado e as células fixadas com 0,25 mL de solução de fixação. As amostras foram guardadas a 4ºC para posterior leitura em FACS. A análise dos resultados foi feita pelo programa FlowJo. 3.4.2 -Marcação intracelular para antígeno viral As células foram recuperadas de acordo com as cinéticas e marcadas no mesmo dia. As suspensões celulares foram centrifugadas com 1,0 mL de solução de lavagem I a 1200 RPM por 7 min (Beckman GS-15R). O sobrenadante foi desprezado e as células fixadas com 0,5 mL de solução de fixação com incubação por 20 min a 4ºC. Após, foram adicionados 0,5 mL de solução de permeabilização, seguindo de centrifugação a 1200 RPM por 7 min (Beckman 40 GS-15R). O sobrenadante foi descartado e foi adicionado 1 mL de solução de permeabilização, seguindo de incubação por 10 min a 4ºC. As células foram centrifugadas a 1200 RPM por 7 min (Beckman GS-15R) e o sobrenadante descartado. Foram adicionados 0,5 mL de solução de bloqueio I e realizada incubação por 30 min a 4ºC. Foram adicionados 0,5 mL de solução de permeabilização e as células foram centrifugadas a 1200 RPM por 7 min (Beckman GS-15R). O sobrenadante foi desprezado e às células foram adicionados 0,02 mL de anticorpo primário anti-Dengue ou anti-febre amarela diluídos em solução de permeabilização, seguido de incubação por 60 min a 4ºC. Após, foram lavadas com 1,0 mL de solução de permeabilização. Foram adicionados 0,02mL de anticorpo secundário anti-IgG de camundongo PE diluído 1/50 com incubação por 30 min a 4ºC. Após, foram lavadas com 1,0 mL de solução de permeabilização. O sobrenadante foi descartado e as células fixadas com 0,25 mL de solução de fixação. As amostras foram guardadas a 4ºC para posterior leitura em FACS. A análise dos resultados foi feita pelo programa FlowJo. 3.5 - Detecção de citocinas nos sobrenadantes das culturas Foram utilizados kits de ELISA (do inglês enzyme linked immunesorbent assay) para detecção de TNF-α e de IFN-α no sobrenadante das culturas. A padronização dos kits foi realizada, porém os dados não são aqui demonstrados, sendo que apenas dois exemplos de curvas padrões foram demonstrados no apêndice. Também foi utilizado um kit de tecnologia de análise múltipla para citocinas (do inglês Multiplex Cytokine Analysis Technology), Luminex® (Beadlyte®, Upstate) para detecção de TNF-α, IFN-α, IL-1β, IL-6, IL-8, IL-10, IL-15 e IL-12. O TNF-α foi detectado nos sobrenadantes das culturas pela técnica de ELISA utilizando kits da PeproTech®, que foram padronizados de acordo com a literatura (Kittigul, Temprom et al., 2000). Placa de 96 poços (Maxi-sorp – Nunc®) foi sensibilizada com 0,1 mL de anticorpo captura diluído 1/125 em PBS 1x e incubada overnight a temperatura ambiente. Posteriormente, foram efetuadas quatro lavagens com 0,25 mL de solução de lavagem II para adição de 0,3 mL de solução de bloqueio II. A placa foi agitada por 90 min a temperatura ambiente. Após quatro lavagens com solução de lavagem II, as amostras foram diluídas 1/2 e distribuídas na placa juntamente com a curva padrão. A placa foi incubada overnight a 4ºC. Após quatro lavagens com solução de lavagem II, o anticorpo detecção diluído 1/200 em solução diluente foi adicionado e a placa mantida por 60 min a temperatura ambiente, sob 41 agitação. Após seis lavagens com solução de lavagem II, estreptavidina-HRP diluída 1/2000 em solução diluente foi adicionada e mantida por 30 min a temperatura ambiente sob agitação. Após oito lavagens com solução de lavagem II, 0,1 mL de TMB (tetrametilbenzidina) foi adicionado e incubado por 5 min a temperatura ambiente sob agitação. A leitura da placa foi feita a 630 nm e o cálculo das amostras foi feito por regressão linear, conforme exemplificado no apêndice. A técnica utilizada para detecção de IFN-α nos sobrenadantes é semelhante ao protocolo descrito acima e o kit utilizado é da Bender MedSystems®. A placa de 96 poços (Maxi-sorp Nunc®) foi sensibilizada com anticorpo captura diluído 1/10 em PBS 1x e incubada overnight a 4ºC. Posteriormente, foi efetuada uma lavagem com 0,25 mL de solução de lavagem II para adição de 0,25 mL de solução de ensaio. A placa foi agitada por 120 min a temperatura ambiente. Após duas lavagens com solução de lavagem II, as amostras foram diluídas 1/2 em solução de ensaio e distribuídas na placa juntamente com a curva padrão. O anticorpo detecção conjugado com HRP diluído 1/1000 em solução de ensaio foi adicionado e a placa mantida por 120 min a temperatura ambiente, sob agitação. Após três lavagens com solução de lavagem II, 0,1 mL de TMB foi adicionado e incubado por 20 min a temperatura ambiente sob agitação. Foram adicionados 0,05mL de ácido sulfúrico 4N. A leitura da placa foi feita a 450 nm e o cálculo das amostras foi feito por regressão linear, conforme exemplificado no apêndice. O ensaio de detecção multiplex Luminex® consiste na detecção de várias citocinas em um mesmo poço utilizando microesferas específicas para cada citocina (mais informações no http://www.luminexcorp.com). Esta técnica vem sendo utlizada por vários grupos de pesquisa (Cesbron-Gautier, Simon et al., 2004; Dupont, Wang et al., 2005; Heijmans-Antonissen, Wesseldijk et al., 2006) e também pela nossa equipe (Kubelka, em manuscrito). Cada microesfera possui uma mistura de dois fluorocromos que as diferenciam umas das outras. As microesferas são recobertas com anticorpos que se ligam a uma citocina específica. Um anticorpo marcado com ficoeritrina (PE) se liga ao complexo citocina-microesfera, determinando a quantidade de ligante no complexo. Esse sistema será lido no aparelho por dois lasers: o primeiro identifica a bead analisada e o segundo determina a concentração da citocina ligada à bead. Comparando com uma curva padrão, é obtida a concentração de cada citocina calculada estatisticamente. O protocolo utilizado na dosagem dos sobrenadantes de cultura foi realizado de acordo com o fabricante do kit Beadlyte®, Upstate (catálogo #48-508). Suscintamente, as amostras foram plaqueadas em placas de 96 poços com filtro no fundo, diluidas em tampão fornecido pelo kit. O padrão de citocinas fornecido foi diluido e 42 plaqueado. Um pool de beads de cada citocina analisada foi plaqueado, seguindo de incubação. A placa foi lavada à vácuo e foi adicionado um pool de anticorpos biotinilados para as citocinas. Após incubação, foi adicionada estreptavidina-PE prosseguindo de incubação. Uma solução STOP fornecida foi adicionada e a placa foi lavada à vácuo. Após ressuspensão das beads com tampão, foi realizada a leitura da placa no aparelho Luminex® Instrumentation System. O cálculo das amostras foi processado pelo programa fornecido pelo aparelho. 3.6 – Material e reagentes 3.6.1 – Meios de Cultura Meio L15 (Leibovitz) #41300-070 – Gibco Meio 199 Earle’s #M5017 – Sigma Meio RPMI 1640 #11876-093 – Gibco 3.6.2 – Reagentes Bicarbonato de Sódio P.A. #302 - ISOFAR L-Glutamina #21051-024 - GibcoBRL Fungizona #15290-018 – Gibco Penicilina-Estreptomicina #15140-122 – Gibco Aminoácidos não essenciais #11140-050 – Gibco Triptose Fosfato #T8782 – Sigma Soro Fetal Bovino #10270-106 – Gibco HEPES #15630-080 – Gibco Ficoll-Paque™ Plus #17-1440-03 – Amercham Biosciences AB Citocina humana recombinante Interleucina-4 humana #200-04 – PeproTech Citocina humana recombinante GM-CSF #300-03 – PeproTech Albumina Bovina (BSA) #A-8022 – Sigma Saponina #S-7900 – Sigma Paraformaldeído #P6148-500G – Sigma Azul de Trypan – Sigma Tween 20™ (Polyoxythylene Sorbitan Monolaurate) #P-1379 – Sigma 43 Human TNF-α ELISA Development Kit (Padrão, Anticorpos Captura e Detecção) #900-K25EDK – PeproTech Human IFN-α Module Set (Padrão, Anticorpo Captura e Conjugado com peroxidase) #BMS216MST – BenderMed Systems Estreptavidina-HRP #43-4323 – Zymed TMB (tetrametilbenzidina) #T-0440 – Sigma Kit de detecção multiplex Luminex® Beadlyte® #48-508 – Upstate 3.6.3 Soluções PBS (Tampão fosfato) pH 7.4 (10x) Cloreto de sódio......................................................... 80 g Cloreto de potássio..................................................... 2 g Fosfato dibásico de sódio........................................... 28,98 g Fosfato monobásico de potássio................................ 2 g Água destilada q.s.p. ................................................. 1000 mL Bicarbonato de sódio Bicarbonato de Sódio ............................................... 7,5 g Água destilada q.s.p. ................................................ 100 mL Solução de azul de trypan 2% Azul de trypan .......................................................... 2 g PBS q.s.p. ................................................................. 100 mL Soluções para Citometria de Fluxo Solução de Lavagem I – BSA 1% Azida 0,1% PBS 1x Azida Sódica........................................................... 0,1 g BSA ........................................................................ 1 g PBS q.s.p. ............................................................... 100 mL 44 Solução de bloqueio I – BSA 1% Azida 0,1% Plasma autólogo 5% PBS 1x Azida sódica............................................................. 0,1 g BSA ......................................................................... 1 g Plasma autólogo ...................................................... 5 mL PBS q.s.p. ................................................................ 100 mL O plasma autólogo deve ser inativado a 56°C por 30 min. Solução de permeabilização – BSA 1% Azida 0,1% Saponina 0,15% PBS 1x Azida sódica ........................................................... 0,1 g BSA ........................................................................ 1 g Saponina ................................................................. 0,15 g PBS q.s.p. ............................................................... 100 mL Solução de fixação – Paraformaldeído 2% PBS 1x Paraformaldeído ..................................................... 2 g PBS q.s.p. ............................................................... 100 mL Soluções para ELISA Solução de lavagem II – Tween 20 0,05% PBS 1x Tween 20 ............................................................... 0,5 mL PBS q.s.p. .............................................................. 1000 mL Solução de bloqueio II – BSA 1% PBS 1x BSA ........................................................................ 1 g PBS q.s.p. ............................................................... 100 mL Solução diluente – BSA 0,1% Tween 20 0,05% PBS 1x BSA ........................................................................ 0,1 g Tween 20 ................................................................ 0,05 mL PBS q.s.p. ............................................................... 100 mL 45 Solução de ensaio – BSA 0,5% Tween 20 0,05% PBS 1x BSA ........................................................................ 0,5 g Tween 20 ................................................................ 0,05 mL PBS q.s.p. ............................................................... 100 mL 3.6.4 – Anticorpos Anticorpo de camundongo anti-Dengue complexo #MAB8705 – Chemicon International (1/100) Anticorpo anti-febre amarela MIAF (fluído ascítico hiperimune) – ATCC (1/100) Anticorpo anti-IgG de camundongo (F (ab’)2) – RPE #R0480 – DakoCytomation (1/50) Anticorpo anti-IgG de camundongo (F (ab’)2) – FITC #F0313 – DakoCytomation (1/50) Anticorpo de camundongo anti-DC-SIGN humano – FITC #FAB161F – R&D Systems (1/5) Anticorpo de camundongo anti-CD1a humano – RPE #LMHCD1a04 – Caltag Laboratories (1/20) Anticorpo de camundongo anti-CD14 humano – FITC clone TÜK4 #F0844 – DakoCytomation (1/50) Anticorpo de camundongo anti-CD80 humano – FITC #PNIM1853 – IOTest Immunotech (1/20) Anticorpo de camundongo anti-antígeno HLA-DP,DQ,DR humano – FITC clone CR3/43 #F0817 – DakoCytomation (1/50) Anticorpo de camundongo IgG1 – RPE #X0928 – DakoCytomation Anticorpo de camundongo IgG1 – FITC #X0927 – DakoCytomation Anticorpo de camundongo IgG2a – FITC #X0933 - DakoCytomation Anticorpo de camundongo IgG2b – FITC #RMG2b01 – Caltag Laboratories 46 4 – RESULTADOS 4.1 – Padronização da infecção in vitro de DENV-2 em monócitos 4.1.1 – Titulação da diluição do inóculo viral do DENV-2 (cepa 16681) Como foi descrito acima, monócitos, macrófagos e células dendríticas são alvos para o DENV. Objetivando padronizar a produção de citocinas nas infecções virais nos fagócitos mononucleares, a padronização dos experimentos de cinéticas virais foi desenvolvida em nosso laboratório em monócitos pelo seu menor custo de obtenção. Uma população de células aderentes ricas em monócitos foi obtida pela técnica de gradiente de densidade e em seguida pela aderência em garrafas de plástico. Estas células foram infectadas um dia após o plaqueamento em placas de 24 poços, com diferentes diluições do vírus DEN-2 cepa padrão 16681 com título 5,5x10-10 TCID50/mL crescido em células C6/36. Foram utilizadas as diluições do inóculo de 1/10, 1/25, 1/50, 1/75 e 1/100 nas infecções, que correspondem ao título final de 5,5x10-9, 1,37x10-8, 2,75 x10-8, 4,28 x10-8 e 5,5 x10-8 em TCID50/mL, respectivamente. As células foram recuperadas dois dias após a infecção e foram feitas marcações para o antígeno viral em duplicatas. Culturas inoculadas com vírus inativado e meio de cultura foram utilizadas como controles da infecção. De acordo com a figura 1, não foi detectada expressão de antígeno viral nas culturas controles, indicando que os vírus infecciosos estão se multiplicando para manter a expressão do antígeno. Para todas as diluições usadas, foram detectadas células positivas para o antígeno do DENV, sendo a porcentagem de células positivas proporcional à carga viral inoculada. A maior porcentagem de células positivas para o antígeno viral foi detectada para título final do inóculo de 0,55 x108 TCID50/mL com 72,3%. No entanto, foi escolhida a diluição final do vírus de 1,37 x10-8 TCID50/mL para ser utilizada nas cinéticas dos monócitos infectados com os vírus DENV-2 16681 crescido em C636, uma vez que esta diluição demonstrou percentual de infecção superior a 50%, taxa essa capaz de provocar alterações detectáveis em monócitos (NevesSouza, 2005). 47 4.1.2 – Cinética viral do DENV-2 Uma vez padronizada a diluição a ser utilizada, foi realizada uma cinética em nosso laboratório com monócitos infectados pelo DENV-2 (cepa 16681). As células foram infectadas e recuperadas de 1 a 5 dias após a infecção para marcação do antígeno viral. O sobrenadante da cultura celular (MOCK) e o vírus inativado foram utilizados como controles negativos para a infecção. O antígeno viral foi detectado em todos os pontos analisados (figura 2), sendo que o pico de replicação viral foi detectado no 2° dia após a infecção (54,45%). No 3° dia (39,7%), encontramos valores semelhantes ao 1° (40,94%), enquanto nos 4° (35,33%) e 5° dias (28,99%) ocorreu diminuição gradual da expressão do antígeno. Conforme o esperado, não houve detecção de antígenos nas culturas infectadas com MOCK e vírus inativado em todos os pontos da cinética (figura 2). 4.1.3 – Cinética de produção de citocinas induzidas pelo DENV-2 em monócitos As células da linhagem monocítica são intensas produtoras de TNF-α. Para analisar a produção desta citocina por monócitos, induzida pelo DENV-2 16681, os sobrenadantes da cinética viral realizada no item anterior foram armazenados a -20°C para dosagem por ELISA. As concentrações obtidas foram calculadas por regressão linear usando uma curva padrão. As culturas incubadas com meio de cultura, MOCK e vírus inativado foram utilizadas como controles negativos e não induziram concentrações significativas de TNF-α em relação ao vírus infeccioso. A produção de TNF-α foi detectada em todos os pontos da cinética (figura 3), sendo que logo no 1° dia, já foram detectados níveis elevados da citocina (503,65 ± 13,44 pg/mL). No 2° (817,33 ± 106,92 pg/mL) e 3° dias (895,47 ± 288,60 pg/mL), os valores aumentam, porém o pico de produção foi visto no quarto dia com 1055,48 ± 118,87 pg/mL, seguida da queda da concentração no 5° dia (440,46 ± 113,40 pg/mL), de acordo com a figura 3. Em outra cinética realizada também com o DENV-2, em que a taxa de infecção dos monócitos foi de 30,86% no 2° dia após a infecção, os sobrenadantes foram recuperados de 1 a 7 dias e dosados pela tecnologia de multiplex (Luminex®). Meio de cultura e vírus inativado foram utilizados como controles negativos e foram dosadas as concentrações de TNF-α, IL1β, IL-6, IFN-α, IL-10, IL-12, IL-8 e IL-15 (figura 4). Não foram encontradas diferenças entre as concentrações induzidas pelos controles negativos e pelo vírus infeccioso em nenhum ponto das cinéticas de IL-12 (figura 4 H) e IL-15 (figura 4 F). As concentrações de IL-8 48 induzidas pelo vírus infeccioso não apresentaram diferenças em relação ao vírus inativado (figura 4 G). Neste experimento, a produção de TNF-α (figura 4 A) foi precoce com pico no 2° dia após a infecção (64,33 pg/mL), tendo queda no 3° (48,05 pg/mL) e 4° dias (41,72 pg/mL). A IL-1β também foi produzida precocemente com pico no 2° dia após a infecção (10,43 pg/mL) e também foi detectada uma produção da citocina na fase tardia (figura 4 B). A citocina IL-6 foi secretada tardiamente com picos de produção no 5° (1274,50 pg/mL) e 6° dias (1479,10 pg/mL) e, assim como o TNF-α e IL-1β, foi detectada produção de IL-6 pelo vírus inativado na fase tardia da cinética (figura 4 C). Foi determinado um platô de produção de IFN-α do 3° (143,66 pg/mL) ao 6° (171,70 pg/mL) dias (figura 4 D) e também da IL-10 (figura 4 E) no mesmo período. 4.2 – Caracterização morfológica e fenotípica das culturas de monócitos e de células dendríticas As células dendríticas (DCs) foram geradas a partir de monócitos, obtidos de leucócitos mononucleares do sangue periférico (PBML) de doadores saudáveis e a morfologia e os aspectos celulares das culturas foram acompanhados por microscopia óptica. Os monócitos apresentaram morfologia bem esférica e regular, dando aspecto de uniformidade na cultura. Durante a diferenciação em DCs, conforme eram adicionadas as citocinas recombinantes IL-4 e GM-CSF às culturas, as células foram sofrendo modificações morfológicas, sendo que eram mais arredondadas e maiores em relação aos monócitos. No último dia de diferenciação, a cultura não era mais regular e apresentava agrupamentos celulares, formados pelas células arredondadas. Os grupos celulares ou clusters estavam dispersos em todo poço e eram encontrados fracamente aderidos no fundo do poço e no sobrenadante da cultura. Objetivando diferenciar os tipos celulares obtidos antes e depois da diferenciação, foi realizada a imunofenotipagem das populações de monócitos e células dendríticas obtidas, utilizando marcações para CD1a, CD14, DC-SIGN, CD80 e HLA-DP,DQ,DR, que diferenciam os tipos celulares. Analisando os parâmetros de tamanho (FSC, do inglês Foward Scatter) e granulosidade (do inglês Side Scatter), os monócitos foram selecionados na região R1 (figura 5 A) típica dessa população e foram fenotipicamente: CD14 positivo (90,4%) e DC-SIGN negativo (1,79%). Já as células cultivadas por 6 dias na presença de GM-CSF e IL-4 foram selecionadas na região R2 (figura 5 B), que apresentou células maiores e mais granulosas que as células da região R1. A região R2 demonstrou células CD14 negativas (3,32%) e DC-SIGN 49 positivas (96,5%). Em outro experimento, foi feita a marcação de CD1a, marcador característico de células dendríticas, em que 58,7% das células eram CD1a positivas (figura 6). As marcações para verificação do fenótipo de maturação das células dendríticas foram realizadas através da comparação das DCs obtidas pela diferenciação na cultura com adição das citocinas recombinantes, com culturas de DCs acrescentadas de LPS e IFN-γ. As DCs foram selecionadas na região R2 e as células obtidas em cultura (figura 7 A) foram 84,6% (MFI 371) DC-SIGN positivas; 4,17% (MFI 165) CD80 positivas e 89,3% (MFI 400) HLADP,DQ,DR positivas, enquanto as células ativadas com LPS e IFN-γ foram 71,3% (MFI 340) DC-SIGN positivas; 42,8% (MFI 271) CD80 positivas e 98,5% (MFI 549) HLA-DP,DQ,DR positivas (figura 7 B). Além do aumento de porcentagem de células positivas foi observado também um aumento da intensidade de fluorescência para o CD80 e HLA das DCs ativadas. 4.3 – Interações entre as células dendríticas e os vírus DENV-2, FAVac e quimérico (FAVac/DENV-2) 4.3.1 – Cinéticas de infecção dos vírus DENV-2, FAVac e quimérico (FAVac/DENV-2) Uma vez padronizada a cinética de infecção em monócitos e produção de citocinas, além da verificação da obtenção de células dendríticas, procedeu-se às cinéticas em DCs utilizando os vírus DENV-2 cepas asiática (16681) ou DENV-2 AS, e brasileira (44/2) ou DENV-2 BR; FAVac (17DD) e o quimera FAVac/DENV-2 (44/3). Para realizar as comparações, foram utilizados dois doadores de bolsas de sangue nas cinéticas de infecção e dosagem de citocinas. Foram utilizados como controles negativos culturas inoculadas com meio de cultura, MOCK e vírus inativados. A mesma multiplicidade de infecção (MOI = 4) foi utilizada para comparação entre as cepas virais nos dois doadores. A análise da infecção foi feita determinando-se a porcentagem de células positivas para antígenos virais versus tamanho das células da região R2 (figura 8). No doador 1 (figura 9 A), a maior percentagem de antígeno viral, no primeiro dia após a infecção, foi detectada nas culturas infectadas com o DENV-2 AS (54%), enquanto que nas culturas infectadas com os outros vírus esses valores foram muito reduzidos (DENV-2 BR, 1,37%; FAVac/DENV-2, 6,91%; FAVac 2,97%). No quarto dia após infecção, ocorreu uma redução na detecção de antígenos do DENV-2 AS (5,71%), DENV-2 BR (valor menor que 1%), FAVac/DENV-2 (4,43%), enquanto houve um aumento na do FAVac (17,48%). Já no sétimo dia após infecção, a detecção de antígenos foi muito baixa para todos os vírus, sendo o 50 maior valor do FAVac (5,25%). No doador 2 (figura 9 B), o DENV-2 AS infectou 12,8% das DCs no segundo dia, enquanto as outras cepas virais tiveram valores menores (DENV-2 BR, 3,18%; FAVac/DENV-2, 1,47%; FAVac, 4,16%). No quarto dia, cairam as taxas de infecção das culturas inoculadas com o DENV-2 AS (7,02%), DENV-2 BR e FAVac/DENV-2 (valores menores que 1%) e aumentou a taxa de infecção das DCs infectadas com FAVac (5,0%). No sétimo dia, as taxas de infecção cairam para o DENV-2 AS (3,0%) e o FAVac/DENV-2 (menos de 0,5%) e aumentaram para o DENV-2 BR (2,4%) e para o FAVac (10,71%). O doador 1 se mostrou mais sensível à infecção, embora ambos doadores permitissem o crescimento dos 3 vírus. Em ambos o DENV-2 BR infectou uma taxa muito pequena de células. 4.3.2 – Produção de citocinas pelas células dendríticas infectadas com os vírus DENV-2, FAVac e quimérico (FAVac/DENV-2) Os sobrenadantes das culturas de DCs infectadas foram armazenados e dosados por ELISA para TNF-α e IFN-α, como descrito anteriormente na metodologia. Foram realizadas as dosagens para os dois doadores citados no item anterior, utilizando como controles negativos os sobrenadantes das culturas infectadas com vírus inativado, MOCK ou meio de cultura. Conforme demonstrado nas figuras 10 e 11, para o doador 1, o vírus DENV-2 AS induz a produção de TNF-α nos primeiro dias de infecção com pico no quarto dia (800,18 ± 312,27 pg/mL), enquanto a produção de IFN-α teve início no quarto dia com altos níveis da citocina detectados no sétimo dia (256,34 ± 77,08 pg/mL). O vírus DENV-2 BR apresentou mais baixa produção de TNF-α, com pico no primeiro dia (176,04 ±34,00 pg/mL) e níveis abaixo de 6 pg/mL de IFN-α. O FAVac teve uma produção de TNF-α com pico no quarto (290,01 ± 36,52 pg/mL) e uma alta produção de IFN-α também no quarto dia (619,68 ± 51,03 pg/mL). Já o vírus FAVac/DENV-2 apresentou uma produção menor de TNF-α (150,22 ± 10,07 pg/mL) e um pico de produção de IFN-α no quarto dia com 358,05 ± 3,88 pg/mL. O perfil de produção de TNF-α e IFN-α foi semelhante para os dois doadores, porém os níveis de TNF-α foram mais baixos no segundo doador para todos os vírus. Os níveis de IFN-α foram semelhantes nos dois doadores. Ao compararmos as cinéticas de infecção, a produção de TNF-α e de IFN-α, pode-se observar, de acordo com a figura 12, que a concentração de TNF-α foi proporcional às taxas 51 de infecção dos vírus e foi induzida precocemente pelas cepas virais. Já o IFN-α foi produzido principalmente pelas cepas quimérica e vacinal, sendo a indução pelo vírus vacinal em fase precoce da sua cinética de infecção. Uma vez que não foi detectada a produção de citocinas com precisão pelo vírus DENV2 BR, suspeitou-se que o MOI baixo estaria dificultando a infeção das DCs. Foi realizada, então, uma cinética utilizando um MOI de 15 PFU/mL no intuito de verificar o perfil da produção de TNF-α e IFN-α por esta cepa. O pico de infecção foi detectado no 1° dia após a infecção com 29,8 % de células DENV+ (figura 13). Em relação às citocinas testadas, o TNFα foi detectado precocemente com pico no 2° dia (1021,83 pg/mL), enquanto a produção de IFN-α é tardia com maior produção detectada no 6° dia após a infecção (207,17 pg/mL). Os sobrenadantes da cinética das cepas virais em DCs do doador 2 também foram dosados pela técnica do Luminex. A escolha deste doador foi determinada pelo tempo de armazenamento das amostras, uma vez que o kit de multiplex não se encontrava disponível quando foi realizada a cinética com o doador 1. De acordo com os ensaios prévio por ELISA, foram confirmados os dados que apontam a maior produção de TNF-α pela cepa DENV-2 AS (31,30 pg/mL) em relação as demais (figura 14 A), assim como a maior produção do FAVac de IFN-α, com 438,70 pg/mL (figura 14 B). Altas concentrações de IL-6 (figura 14 D) foram produzidas pelas culturas de DCs incubadas com MOCK (6547,67 pg/mL), o que dificulta a análise da sua produção pelos vírus. Os maiores níveis de produção desta citocina foram do vírus DENV-2 AS com (6739,41 pg/mL), porém não significativa devido à alta produção pelo vírus inativado (6172,36 pg/mL). A maior diferença entre vírus infeccioso e inativado foi detectada no FAVac (3986,38 e 1168,15 pg/mL, respectivamente). O FAVac/DENV-2 induziu baixas concentrações com pouca diferença entre o infeccioso e o inativado (2011,26 e 1803,45 pg/mL, respectivamente). Também foram detectadas altas concentrações de IL-10 (figura 14 E) induzidas pelo MOCK. Uma produção significante desta citocina foi induzida pelos vírus FAVac (162,22 pg/mL) e FAVac/DENV-2 (187,03 pg/mL), enquanto não foi encontrada diferença expressiva entre a produção de IL-10 entre o DENV-2 AS infeccioso e inativado (93,34 e 127,26 pg/mL, respectivamente). A produção de IL-8 (figura 14 F) demonstrou menor produção para os vírus infecciosos em relação aos seus controles negativos, sendo maior diferença encontrada para o FAVac/DENV-2 (4817,53 e 2203,42 pg/mL, respectivamente inativado e infeccioso) e a menor para o FAVac (4738,65 e 3950,92 pg/mL, respectivamente inativado e infeccioso). Não foram encontradas diferenças significantes de produção de IL-1β (figura 14 C), IL-15 (figura 14 G) e IL-12 (figura 14 H) entre os vírus e seus controles negativos. 52 80 Células DENV+ (%) 70 60 50 40 30 5.0 2.5 5, 5 4, 28 2, 75 1, 37 0, 55 M O CK 0.0 T ítulo do final do inóc ulo (x10-8 TC ID 50/mL) MOC K Inativado Infeccioso Figura 1: Titulação em monócitos infectados com DENV-2. Monócitos humanos foram infectados por 2 dias com DENV-2 (cepa 16681) com 5,5x10-10 TCID50/mL em diluições sucessivas em duplicatas. Vírus DENV-2 inativado e MOCK foram utilizados como controles negativos. Após dois dias de infecção, as células foram recuperadas e marcadas com anticorpo anti-dengue ou anti IgG de camundongo-PE. As células para análise foram selecionadas na região dos monócitos na região lógica para CD14+ e as taxas de infecção obtidas na análise por citometria de fluxo estão representadas no gráfico de barras. O eixo x representa título final do inóculo no poço e o eixo y representa porcentagem de células positivas para antígeno viral. 53 Células DENV+ (%) 60 50 40 30 20 10 0 1 2 3 4 5 T empo (dias) Infeccioso Inativado MOC K Figura 2: Cinética em monócitos infectados com DENV-2. Monócitos humanos foram infectados com DENV-2 (cepa 16681) 5,5x10-10 TCID50/mL com inóculo final de 1,37x10-8 TCID50/mL. Vírus DENV-2 inativado e MOCK foram utilizados como controles negativos. As células foram recuperadas de 1 a 5 dias após infecção e marcadas com anticorpo anti-dengue ou anti IgG de camundongo-PE. As células para análise foram selecionadas na região dos monócitos no gate lógico para CD14+ e as taxas de infecção obtidas na análise por citometria de fluxo estão representadas no gráfico de linhas. O eixo x representa tempo após infecção em dias e o eixo y representa porcentagem de células positivas para antígeno viral. Concentração (pg/mL) 1250 1000 750 500 250 0 1 2 3 4 5 Tempo (dias) MO C K Me io I na tiva do I nfe ccio s o Figura 3: TNF-α produzido por monócitos infectados com DENV-2 detectados por ELISA. Monócitos humanos foram infectados com DENV-2 (cepa 16681) 5,5x10-10 TCID50/mL com inóculo de 1,37x10-8 TCID50/mL em duplicatas. Vírus DENV-2 inativado, meio de cultura e MOCK foram utilizados como controles negativos. Os sobrenadantes foram recuperados de 1 a 5 dias após infecção e dosados por ELISA. As concentrações foram representadas em pg/mL no gráfico de linhas. O eixo x representa tempo após infecção e o eixo y representa concentração em pg/mL da citocina analisada. 54 A TNFTNF-a B α 70 12.5 60 10.0 Concentração (pg/mL) Concentração (pg/mL) IL-1β IL-1b 50 40 30 20 10 7.5 5.0 2.5 0 0.0 1 2 3 4 5 6 7 1 2 T e m p o (d ia s ) C 3 4 5 6 7 T e m p o (d ia s ) D IL-6 IL-6 IFNα IFN-a 200 1750 Concentração (pg/mL) Concentração (pg/mL) 1500 1250 1000 750 500 250 100 0 0 1 2 3 4 5 6 7 1 2 T e m p o (d ia s ) F IL-10 IL-10 50 400 40 300 200 100 0 5 6 7 6 7 30 20 10 0 1 2 3 4 5 6 7 1 2 T e m p o (d ia s ) G 3 4 5 T e m p o (d ia s ) H IL-8 IL-8 IL-12 IL-12(p70) 25000 50 20000 40 Concentração (pg/mL) Concentração (pg/mL) 4 IL-15 IL-15 500 Concentração (pg/mL) Concentração (pg/mL) E 3 T e m p o (d ia s ) 15000 10000 5000 0 30 20 10 0 1 2 3 4 5 6 7 1 T e m p o (d ia s ) Meio 2 3 4 5 6 7 T e m p o (d ia s ) Inativado Infeccioso Figura 4: Cinética da produção de citocinas em monócitos infectados com DENV-2 detectados por Luminex®. Monócitos humanos foram infectados com DENV-2 (cepa 16681) 5,5x10-10 TCID50/mL com inóculo de 1,37x10-8 TCID50/mL. O vírus DENV-2 inativado e o meio de cultura foram utilizados como controles negativos. Os sobrenadantes foram recuperados de 1 a 7 dias após infecção e dosados pela técnica Luminex®. As cinéticas de produção de TNF-α (A), IL-1β (B), IL-6 (C), IFN-α (D), IL10 (E), IL-15 (F), IL-8 (G) e IL-12 (H) estão representadas nos gráficos acima. O eixo x representa o tempo após infecção e o eixo y representa a concentração em pg/mL. 55 B Monó Monócitos ex vivo Células dendrí dendríticas 6° dia de diferenciaç diferenciação 1000 800 800 SSC-H: SSC-Height 1000 SSC-H: SSC-Height SSC: granulosidade A 600 39.3 400 R1 200 60.8 600 400 R2 200 0 0 0 200 400 600 800 FSC-H: FSC-Height 1000 0 200 400 600 800 FSC-H: FSC-Height 1000 100 100 80 80 60 60 % of Max CD14 CD14 % of Max FSC: tamanho celular 40 3.32 40 90.7 20 20 0 0 10 1 2 10 CD14-FITC 10 3 10 0 4 10 100 100 80 80 60 60 % of Max DC-SIGN DC DC-SIGN % of Max 10 1.79 40 0 10 1 2 10 CD14-FITC 40 10 3 10 4 3 10 4 96.5 20 20 0 0 10 0 10 1 2 10 DC-SIGN-FITC 10 3 10 4 10 0 10 1 2 10 DC-SIGN-FITC 10 Figura 5: Caracterização fenotípica das populações de monócitos e de células dendríticas originados de PBML. A: Os monócitos enriquecidos pela aderência. B: Células aderentes cultivadas por 6 dias com IL-4 e GM-CSF. Cerca de 5.000 células foram analisadas na região selecionada. As células foram marcadas com anticorpos monoclonais anti-humano CD14 e DC-SIGN ambos marcados com FITC. A análise por citometria de fluxo das populações selecionadas nas regiões R1 e R2 está representada nos dotplots. O eixo x representa tamanho celular, FSC-H e o eixo y representa granulosidade, SSC-H. A análise dos marcadores celulares CD14/DC-SIGN-FITC está representada nos histogramas. 56 C élulas dendrí íticas dendr Células dendríticas 6 ° dia ção diferencia 6° dia de de diferenciaç diferenciação C élulas Totais Células Totais 10 4 0 A 60.8 FL2-H: CD1A-PE SSC-H: SSC-Height 800 600 400 200 10 3 10 2 10 1 58.7 B FL2-H: CD1a FL2 FL2-H: CD1a SSC--H: Granulosidade SSC SSC-H: 1000 R2 0 10 0 0 0 200 400 600 800 FSC-H: FSC-Height 1000 0 41.3 200 400 600 800 FSC-H: FSC-Height 1000 FSC-H: Tamanho celular FSC FSC-H: celular Figura 6: Caracterização da população de células dendríticas pela expressão de CD1a. Monócitos humanos obtidos de bolsa de fase leucocitária foram cultivados por seis dias com IL-4 e GM-CSF. No sétimo dia de diferenciação, após três reposições de citocinas, as células foram raspadas e marcadas com anticorpos monoclonais anti humano CD1a-PE (B). Cerca de 5.000 células foram analisadas na região selecionada. A análise por citometria de fluxo da população selecionada na região R2 (A) está representada no dotplot (B). O eixo x representa tamanho celular, FSC-H e o eixo y representa granulosidade, SSC-H (A) ou FL2-H: CD1a-PE (B) . 57 C élulas dendrí íticas dendr Células dendríticas Com Com meio meio C élulas dendrí íticas dendr Células dendríticas com -γ IFN com LPS LPS + + IFNIFN-γ B 100 100 80 80 60 60 % of Max DC-SIGN DC DC-SIGN % of Max A 84.6 40 40 71.3 20 20 0 0 0 10 1 2 10 DCSIGN-FITC 10 3 10 4 10 100 100 80 80 60 60 % of Max CD80 CD80 % of Max 10 4.17 40 20 10 0 10 1 2 10 CD80-FITC 10 3 10 1 2 10 DCSIGN-FITC 10 3 10 4 10 3 10 4 10 4 42.8 40 0 4 10 100 0 10 1 2 10 FL1-H: IgG-FITC 100 MFI 400 80 MFI 549 80 60 % of Max % of Max 10 20 0 HLA-DP, HLA HLA-DP, DQ,DR DQ,DR 0 89.3 40 20 60 98.5 40 20 0 10 0 10 1 2 10 10 HLA-DRDPDQ-FITC 3 10 4 0 10 0 10 1 2 10 10 HLA-DRDPDQ-FITC 3 Figura 7: Caracterização da população de células dendríticas mediante a adição de LPS e IFN-γ. Monócitos humanos obtidos de bolsa de fase leucocitária foram cultivados por seis dias com IL-4 e GM-CSF. Na última troca de meio, adicionou-se às culturas 10 μg/mL de LPS e 100 U/mL de IFN- γ (B) ou meio (A). As culturas foram recuperadas no dia seguinte, e marcadas com anticorpos monoclonais anti-humano DCSIGN-FITC, CD80-FITC e HLA-DP,DQ,DR-FITC. Cerca de 5.000 células foram analisadas na região selecionada. A análise por citometria de fluxo da população selecionada na região R2 está representada nos histogramas. O eixo x representa FL1-H: DC-SIGN/CD80/HLA-DP,DQ,DR-FITC e o eixo y representa a porcentagem do número máximo de células. 58 Meio Inativado 10 4 0.95 A 0 0 10 3 10 3 10 2 10 2 10 2 10 1 10 1 10 1 0 0 99.1 200 400 600 800 0 10 0 1000 99 0 10 4 FL2-H: DENV-PE 1.02 B 10 3 10 0 200 400 60 800 D 0 0.3 E 0 10 3 1 3 0 10 2 10 2 1 2 0 10 1 10 1 1 1 0 0 99.7 200 400 600 80 0 0 10 0 0 1000 10 4 99.4 200 400 600 800 0 H 10 3 10 2 10 2 10 2 10 1 10 1 10 1 0 99.8 200 400 600 800 0 10 4 99.8 0 10 0 1000 200 400 600 800 10 2 10 1 0 0 98.6 200 400 600 800 1000 400 600 800 1000 3.15 I 0 96.8 200 0 0.9 L 400 600 800 1000 33 M 10 3 10 2 10 1 10 0 91.2 200 0 10 3 FL2-H: FA-PE 10 3 8.78 10 4 0 1.37 J F 1000 DENVDENV-2 BR (44/2) 7 d.p.i. 10 0 1000 10 4 0 800 0 0 10 3 0 600 FAV/ DENVDENV-2 (44/3) 4 d.p.i. 0.23 10 3 10 0 40 0 10 4 0.23 G 0 1 0 0 0 1000 10 4 0 200 1 4 0 10 3 0 46 0 0.63 54 C DENVDENV-2 AS (16681) 1 d.p.i. 10 0 1000 10 4 0 10 0 FL2-H: DENV-PE 10 4 FL2-H: FA-PE FL2-H: DENV-PE 0 FL2-H: FA-PE Infeccioso 10 4 FAVac (17DD) 4 d.p.i. 10 2 10 1 99.1 0 10 0 0 200 400 600 800 1000 0 10 0 0 67 200 400 600 800 1000 FSC-H: Tamanho celular Figura 8: Padrões do FACS para antígenos de DENV e FAVac durante infecção in vitro de células dendríticas por diferentes vias (doador 1). DCs originadas de monócitos foram inoculadas com meio de cultura (figuras A, D, G e J) e vírus inativados (B, E, H e L). As células foram recuperadas e marcadas com anticorpo anti-dengue ou anti-febre amarela-PE. Foram feitas duplicatas para vírus infecciosos, mas somente uma é mostrada em C para DENV-2 AS (16681), em F para FAVac/DENV-2 (44/3), em I para DENV-2 BR (44/2) e em M para FAVac (17DD). O eixo x representa o tamanho celular na região R2 das DCs totais, FSC-H e o eixo y representa a intensidade de fluorescência dos anticorpos anti-dengue ou anti-febre amarela, ambos marcados com PE, FL2-H. 59 60 50 A 40 30 30 Doador 1 antíígeno viral (%) Células positivas para o antígeno ant Células 20 10 0 1 4 7 60 50 B 40 30 30 20 Doador 2 10 0 2 4 7 Tempo (dias) Figura 9: Comparação da infecção de DCs pelas cepas virais DENV-2 AS, DENV-2 BR, FAVac e FAVac/ DENV-2 em dois doadores infectados com MOI 4. DCs foram infectadas com as cepas virais (pontos conectados por linhas) e seus controles negativos (pontos) em duplicatas. As células foram recuperadas e marcadas com anticorpos antidengue ou anti-febre amarela no 1°, 4° e 7° dias no doador 1 e no 2°, 4° e 7° no doador 2. Foram feitas duplicatas para vírus infecciosos. As células para análise foram selecionadas na região das DCs e as taxas de infecção obtidas na análise por citometria de fluxo. As cinéticas dos vírus estão demonstradas em A para o doador 1 e em B para o doador 2. O eixo x representa o tempo em dias e o eixo y representa a porcentagem de células positivas para o antígeno viral . 60 TNF-α 1200 A 1000 800 Doador 1 Concentraç ção de TNF-α TNF--α (pg/mL) pg/mL) /mL) Concentra TNF (pg Concentração 600 400 200 0 1 4 7 1200 B 1000 800 Doador 2 600 400 200 0 2 4 7 Tempo (dias) Figura 10: Produção de TNF- α por DCs infectadas pelas cepas virais DENV-2 AS, DENV-2 BR, FAVac e FAVac/ DENV-2 com MOI 4. DCs derivadas de monócitos foram infectadas com as cepas virais (pontos conectados por linhas) e seus controles negativos (pontos) em duplicatas e em dois doadores. Os sobrenadantes foram utilizados para dosagem por ELISA. As cinéticas de produção de TNF-α estão representadas em A para doador 1 e B para doador 2. O eixo x representa tempo após infecção e o eixo y representa concentração em pg/mL de TNF- α. 61 IFN-α 750 A 500 Concentraç ção de IFN-α IFN--α (pg/mL) pg/mL) /mL) Concentra IFN (pg Concentração Doador 1 250 0 1 4 7 750 B 500 Doador 2 250 0 2 4 7 Tempo (dias) Figura 11: Produção de IFN- α por DCs infectadas pelas cepas virais DENV-2 AS, DENV-2 BR, FAVac e FAVac/ DENV-2 com MOI 4. DCs derivadas de monócitos foram infectadas com as cepas virais (pontos conectados por linhas) e seus controles negativos (pontos) em duplicatas e em dois doadores. Os sobrenadantes foram utilizados para dosagem por ELISA. As cinéticas de produção de IFN-α estão representadas em A para doador 1 e B para doador 2. O eixo x representa tempo após infecção e o eixo y representa concentração em pg/mL de IFN- α. 62 DENVDENV-2 AS (16681) A 1000 750 20 500 10 250 0 0 1 4 7 FAVac (17DD) 60 50 40 30 30 B 1000 750 20 500 10 250 0 0 1 4 7 FAV/DENVFAV/DENV-2 (44/3) 60 50 40 30 30 C 1000 750 20 500 10 250 0 Concentração Concentra ((pg/mL) Concentraç ção de citocinas (pg pg/mL) /mL) % de células cé élulas positivas para o antígeno antíígeno viral c ant 60 50 40 30 30 0 1 4 7 Tempo (dias) Figura 12: Infecção e produção de IFN-α e TNF-α em DCs infectadas pelas cepas virais DENV-2 AS, FAVac e FAVac/DENV-2 com MOI 4 (Doador 1). As cepas virais [em laranja – A: DENV-2 AS (16681), B: FAVac (17DD) e C: FAVac/DENV-2 (44/3)], TNF-α (em vermelho) e o IFN-α (em azul) são representados pelos pontos conectados com linhas. O eixo y esquerdo representa a porcentagem de células positivas para o antígeno viral. O eixo y direito representa a concentração das citocinas em pg/mL. O eixo x representa o tempo após infecção. 63 DENV-2 44/2 MOI 15 DENV+ (%) (%) Células DENV+ Células 35 30 A 25 Antí Antígeno 20 viral 15 10 5 0 1200 1000 1 2 3 6 B Concentraç ção de de citocinas citocinas (pg/mL) (pg pg/mL) /mL) Concentra ( Concentração 800 TNFTNF-α 600 400 200 0 1 2 3 6 250 200 C 150 IFNIFN-α 100 50 0 1 2 3 6 Tempo Tempo (dias) (dias) Figura 13: Cinética de infecção e produção de TNF-α e IFN-α por DCs infectadas pela cepa viral DENV-2 BR com MOI 15. DCs derivadas de monócitos foram infectadas com a cepa viral (linha vermelha) e seus controles negativos (MOCK, linha azul; vírus inativado, linha verde). As células foram recuperadas e marcadas com anticorpo anti-dengue no 1°, 2°, 3° e 6° dias e lidas no FACS. A cinética de infecção está representada em A. O eixo y representa porcentagem de células positivas para o DENV. Os sobrenadantes foram usados para dosagem por ELISA. As cinéticas de produção de TNF-α e IFN-α estão representadas em B e C respectivamente O eixo y representa a concentração em pg/mL das citocinas estudadas.. O eixo x representa o tempo após infecção. 64 A B TNFα TNF-a 40 30 20 10 0 MOCK inat infec inat infec inat 200 100 0 infec inat infec 44/3 D Concentração (pg/mL) 7 .5 5 .0 2 .5 0 .0 MOCK inat infec 16681 inat infec 17DD ILIL-66 inat infec 4 4 /3 inat 7500 5000 2500 0 infec 17D D MOCK inat infec inat F 250 infec 44/3 16681 IL10 IL-10 E inat infec 17DD IL-8 IL8 Concentração (pg/mL) 10000 200 150 100 50 MOCK inat infec 16681 G inat infec 44/3 inat 7500 5000 2500 0 infec 17DD MOCK inat infec IL-15 IL15 inat infec 44/3 16681 inat infec 17DD IL-12(p70) IL- 12(p70) H 20 10 Concentração (pg/mL) Concentração (pg/mL) inat 10000 1 0 .0 15 10 5 0 MOCK 16681 IL - 11β b IL- C Concentração (pg/mL) 300 infec 1 2 .5 Concentração (pg/mL) 400 17DD 44/3 16681 0 IFNIFN-aα 500 Concentração (pg/mL) Concentração (pg/mL) 50 MOCK inat infec 16681 inat infec 44/3 inat infec 17DD 8 6 4 2 0 MOCK inat infec 16681 inat infec 44/3 inat infec 17DD Figura 14: Produção de citocinas em DCs infectadas com DENV-2 AS (16681), FAVac/DENV-2 (44/3) e FAVac (17DD) detectados por Luminex® (doador 2). DCs derivadas de monócitos humanos foram infectadas com as cepas virais com MOI igual a 4. Os vírus inativado e MOCK foram utilizados como controles negativos. Os sobrenadantes foram recuperados no 4° dia a após infecção e dosados pela técnica multiplex. A produção de TNF-α (A), IFN-α (B), IL-1β (C), IL-6(D), IL-10 (E), IL-8 (F), IL-15(G) e IL-12 (H) está representada nos gráficos acima. O eixo x representa cada cepa viral e seus controles e o eixo y representa a concentração em pg/mL da citocina analisada. 65 5 – DISCUSSÃO O Dengue é uma doença que vêm aumentando sua incidência a cada ano, uma vez que não existem terápicos ou vacinas disponíveis e o mosquito transmissor ainda não foi erradicado. Considerando estas perspectivas, apontamos a necessidade de mais estudos nos mecanismos de patogenicidade e proteção relacionados com a doença. A falta de um modelo animal que reproduza a imunopatologia dos seres humanos propiciou a utilização dos modelos in vitro como forma de investigação. A infecção de fagócitos mononucleares primários in vitro possibilita o entendimento das interações dos vírus com suas células alvo, em nível da produção de mediadores imunológicos, da ativação das vias intracelulares de sinalização e de outros efeitos do DENV. Sendo assim, este trabalho visou estabelecer a infecção do vírus Febre Amarela Vacinal e do vírus quimérico candidato a vacina FAVac/DENV-2 no modelo de células dendríticas humanas, e compará-los com as cepas de DENV-2. Este modelo in vitro também poderá ser utilizado para aprofundar o conhecimento sobre as interações entre o sistema imunológico e os vírus candidatos à vacina contra o Dengue. Os principais alvos para o DENV são as células do sistema mononuclear fagocítico, assim, na primeira parte desse estudo buscou-se determinar a cinética de produção de citocinas por este vírus em monócitos. Para isso, foram realizados em nosso laboratório titulação e cinéticas de infecção em monócitos humanos infectados com DENV-2 cepa asiática, utilizando o modelo in vitro descrito em Neves-Souza e colaboradores (2005). A cepa em questão já vem sido utilizada largamente por vários grupos de pesquisa como DENV-2 padrão em ensaios diversos (Butrapet, Huang et al., 2000; Diamond, Edgil et al., 2000; Chen e Wang, 2002). Os resultados da titulação do DENV-2 16681 em monócitos humanos usando FACS confirmaram dados encontrados na literatura de que a infecção é proporcional à carga viral inoculada como descrito por outros autores para monócitos (Sydow, Santiago et al., 2000), DCs (Brandler, Brown et al., 2005) e outras linhagens celulares (Diamond, Edgil et al., 2000). A citometria de fluxo é uma metodologia adequada para detecção da replicação viral nas células alvo e recentemente também foi utilizada como um método rápido de titulação de massas virais, além dos tradicionais e demorados métodos de unidade formadoras de placas (PFU/mL) e ensaios de diluição seriada (TCID50) (Lambeth, White et al., 2005). A cinética do vírus 16881 demonstrou um pico de replicação precoce de 48 horas após a infecção, assim como relatado por Chen e colaboradores (2002) para a mesma 66 cepa e por Pryor e colaboradores (2001) para outras cepas de DENV-2 (Pryor, Carr et al., 2001; Chen e Wang, 2002). Sabe-se porém que esta cinética pode variar de acordo com a concentração do inóculo, ou seja, menores cargas virais podem causar picos de replicação mais tardios (Cologna e Rico-Hesse, 2003). Mediadores imunológicos solúveis estão envolvidos na imunopatologia do Dengue, assim foi investigada a presença destes nos sobrenadantes das culturas infectadas com o DENV. Como descrito por Braga (2001), o TNF-α é frequentemente encontrado no soro de pacientes com manifestações hemorrágicas do Dengue, sugerindo um papel no choque hipovolêmico (Vitarana, De Silva et al., 1991; Braga, Moura et al., 2001). O modelo in vitro utilizado foi capaz de induzir concentrações de TNF-α em monócitos infectados, sendo sua produção detectada em altas concentrações entre o segundo e quarto dias após a infecção, confirmando as altas taxas de infecção e a detecção dos antígenos virais até pontos tardios da cinética, reproduzidas neste doador. Ainda objetivando observar as cinéticas de produção de citocinas, um painel foi obtido através da tecnologia de análise múltipla para citocinas (Luminex®). No presente trabalho foram detectadas as cinéticas de produção de IL-1β, TNF-α e IL-6, citocinas próinflamatórias; de IL-10 e IFN-α, respectivamente, anti-inflamatória, e antiviral. As citocinas TNF-α e IL-1β foram encontradas precocemente, decaindo gradativamente e a IL-6 é detectada mais tardia. In vivo, o TNF-α pode estar atuando nas células endoteliais, induzindo a liberação de outras citocinas pró-inflamatórias, como a IL-1β, a IL-6, de quimocinas e de óxido nítrico (Cines, Pollak et al., 1998; Braga, Moura et al., 2001). Sinergicamente, as citocinas produzidas teriam papel fundamental na indução da febre e na alteração da permeabilidade vascular que caracteriza o extravasamento plasmático. Verificou-se produção de algumas das citocinas pró-inflamatórias pelos vírus inativados nos pontos tardios da cinética, o que provavelmente se deve às proteínas virais que estariam estimulando as células mesmo sem haver infecção viral. A IL-10 é produzida logo após os picos de TNF-α e IL-1β iniciarem sua queda, sugerindo que esta citocina poderia estar balanceando e modulando a reação inflamatória encontrada no Dengue. Porém, Azeredo e colaboradores relataram uma correlação entre a redução no nível de plaquetas e o aumento da concentração de IL-10 encontrada em pacientes, o que indicaria um papel patológico desta citocina (Azeredo, Zagne et al., 2001). O IFN-α foi produzido pelo vírus, mas seu pico se dá em fase mais tardia. Foi observado que o efeito antiviral do IFN-α sofre interferência de proteínas do DENV, a NS4B inibe a STAT-2 (Jones, Davidson et al., 2005) e o promotor ISRE (Munoz-Jordan, Laurent- 67 Rolle et al., 2005). Esta inibição pode retardar o processo de clearance viral, sendo coerente com o quadro característico do Dengue de doença aguda com rápida resolução. As citocinas IL-15, IL-8 e IL-12 não foram induzidas por esta cepa em monócitos. Entretanto, não se pode afirmar que estas citocinas não sejam produzidas pelos monócitos. Chen e colaboradores detectaram níveis de TNF-α, IFN-α, IL-1β e IL-12, porém não detectaram IL-6 e nem IL-15. A IL-8 foi encontrada por este grupo e também por Moreno-Altamirano e colaboradores (2004) que detectaram expressão do gene da citocina aumentada em relação ao controle (Chen e Wang, 2002; Moreno-Altamirano, Romano et al., 2004). As variações nos perfis de citocinas encontrados podem ser explicadas pelas diferenças dos protocolos de infecção ou pela variabilidade genética tanto dos vírus quanto dos cohorts de doadores testados. Assim, pode-se afirmar que a infecção da cepa DENV-2 em monócitos foi bem sucedida, reproduzindo in vitro as características encontradas in vivo, uma vez que foram visualizadas a infecção produtiva e a produção de citocinas pelos monócitos. As células dendríticas estão entre os principais alvos do DENV por serem mais permissivas à infecção que os monócitos (Wu, Grouard-Vogel et al., 2000). Estas células possuem papel crucial de iniciação da resposta imunológica, pois através da apresentação de antígenos e da produção de citocinas, definem o tipo de resposta a ser tomada pelo organismo mediante infecções (Lipscomb e Masten, 2002). Dentre as células fagocitárias, a primeira população a entrar em contato com os vírus após a picada do mosquito é a de células de Langerhans (subpopulação de DCs) por sua localização nos tecidos da pele (Wu, GrouardVogel et al., 2000). Assim, as DCs foram selecionadas para os ensaios com os vírus quimérico, vacinal e DENV-2. Já foram descritos vários protocolos de geração de DCs in vitro. De acordo com os precursores e as citocinas utilizadas na diferenciação são obtidas diferentes populações de DCs. O precursor mais utilizado é o monócito CD14+ do sangue periférico (Lipscomb e Masten, 2002). Vários coquetéis de citocinas foram descritos, sendo que o protocolo mais difundido de obtenção de DCs utiliza GM-CSF e IL-4 para diferenciação e foi usado neste estudo (Seager Danciger, Lutz et al., 2004). As DCs geradas por este protocolo são designadas MDDCs (do inglês monocyte-derived dendritic cells) e fenotipicamente se assemelham às DCs dermais (Grassi, Dezutter-Dambuyant et al., 1998). Neste trabalho observamos conforme o esperado, que as MMDCs perderam o marcador CD14, característico de monócitos e passaram a expressar DC-SIGN e CD1a. O GM-CSF é responsável pela indução da expressão de CD1a nos monócitos (Kasinrerk, Baumruker et al., 1993); a IL-4 induz expressão de DC-SIGN (Granelli-Piperno, Pritsker et al., 2005) e apresenta um efeito 68 inibidor sobre a diferenciação de macrófagos (Romani, Gruner et al., 1994). Nem todos os monócitos das nossas culturas se diferenciaram completamente como mostra a marcação de CD1a e este fato se repete ainda que adicionemos o dobro da concentração de GM-CSF e IL-4 (dados não apresentados). Entretanto, a população obtida foi suficiente para verificar as diferenças entre as taxas de infecção dos vírus estudados. As DCs geradas também demonstraram capacidade de apresentação de antígenos, pois quando ativadas com LPS e IFN-γ, passam a expressar marcadores fenotípicos de maturação, expressando altos níveis de HLA-DQ,DP,DR e níveis mais moderados de CD80, conforme verificado por outros autores (Steinman, Inaba et al., 1999). As cepas virais estudadas foram capazes de infectar as DCs, porém verificou-se que a infecção varia entre as cepas virais e também de entre doadores. O vírus DENV-2 AS (cepa 16681) demonstrou as mais altas taxas de infecção em DCs, além da mais alta produção de TNF-α e uma baixa produção de IFN-α, podendo assim ser considerada a mais virulenta entre as cepas estudadas aqui. Duas massas virais desta cepa foram utilizadas nos experimentos, sendo o DENV-2 crescido em células C6/36 usado nos ensaios com monócitos e o crescido em Vero, nos ensaios com DCs. Mostramos que tanto o vírus crescido em linhagem de células C6/36 quanto em Vero são capazes de infectar os monócitos e as DCs. Porém, a diferença entre as células utilizadas no crescimento do DENV-2 poderia induzir eventualmente alterações na infectividade das massas virais. Além disso, os diferentes métodos utilizados para titular as massas virais não permitem a comparação quantitativa da carga viral inoculada nos experimentos, ou seja, não se pode comparar com precisão os resultados obtidos nos ensaios com monócitos e com os obtidos em DCs. Pela primeira vez foi demonstrado, em nosso trabalho, que uma cepa de FAVac produziu infecção em DCs humanas. O vírus vacinal FAVac (17DD) demonstrou taxas de infecção moderadas com picos mais tardios na cinética. A produção de TNF-α foi considerada baixa em relação ao DENV-2 AS e à produção de IFN-α e é interessante notar que o FAVac foi o maior indutor de IFN-α entre os vírus estudados. O vírus quimérico FAVac/DENV-2 (44/3) mesmo em baixas taxas de infecção também induziu concentrações de IFN-α maiores do que o DENV-2 AS e a produção de TNF-α foi menor. Podemos especular que as proteínas semelhantes presentes tanto na estrutura do vírus vacinal quanto na do vírus quimérico seriam responsáveis pela semelhança entre as curvas de produção de IFN-α. A resposta imunológica gerada pelas vacinas, no caso, pela da febre amarela é pouco conhecida. Estudos aprofundados da imunidade vacinal podem indicar algumas características que auxiliam na 69 formação da memória imunológica, o que propiciará novos parâmetros para construção de novas vacinas. O papel protetor do IFN-α pode ser especulado em razão de sua produção em altas concentrações pelo vírus vacinal e mais baixas pelo DENV-2 AS, a cepa mais virulenta. Apesar de ter sido demonstrado que a proteína NS4B do DENV e do YFV cepa patogênica esteja inibindo a sinalização do IFN-α (Munoz-Jordan, Laurent-Rolle et al., 2005), não se pode afirmar que o FAVac também interfira na sinalização; provavelmente não teria este efeito. Podemos notar que a produção de IFN-α do FAVac é precoce em relação à infecção, ao contrário do DENV-2 AS em que o pico da citocina antiviral é tardio em relação ao pico de replicação. Em geral, a indução da síntese do IFN-α/β ocorre por dois caminhos: o vírus e seus produtos são reconhecidos pela célula através dos PRRs que induzem uma pequena, mas necessária produção dessas citocinas. Esta concentração induz uma segunda produção dos IFN tipo I através da sinalização via receptores extracelulares, ativando o IRF-7 (do inglês interferon regulatory factor-7) que é responsável pela maior transcrição dos genes de IFNs pelas células, através de retroalimentação positiva (Taniguchi e Takaoka, 2002; Tailor, Tamura et al., 2006). Conforme esquematizado na Figura 15 A , o atraso da síntese de IFN-α pelo vírus DENV-2 AS pode decorrer da inibição da via dependente de IRF-7 exercida pelo vírus, o que diminuiria a produção de IFN-α e evitaria o rápido controle da infecção. Alternativamente, este atraso poderia ser exacerbado durante as infecções secundárias de Dengue, em que o ADE ativaria os FcγR, induzindo a produção de IL-10, que ativa a transcrição do supressor de sinalização de citocinas (do inglês supressor of cytokine signalling – SOCS). Este supressor interfere na via JAK/STAT, bloqueando a ação do IFN-α, ou seja, apesar de ser produzido, IFN-α não estaria sendo efetivo no controle da infecção do DENV (Suhrbier e La Linn, 2003). Hipoteticamente, como apresentado na Figura 15 B, o FAVac não teria a interferência na via de retroalimentação da síntese dos IFNs, explicando a sua produção em maiores quantidades que o DENV-2 AS. Suportando o papel protetor do IFN-α produzido pelas DCs em resposta à estimulação viral das via do TLR, esta citocina induz as células NK a produzirem IFN-γ e a aumentar a expressão de CD69 (marcador de ativação), estimulando a função citotóxica destas células que é fundamental para a resposta antiviral (Marshall, Heeke et al., 2006). Foi relatado que as maiores taxas de células NK (Azeredo, De Oliveira-Pinto et al., 2006) e de DCs plasmacitóides (principal produtora de IFN-α) (Pichyangkul, Endy et al., 2003) foram correlacionadas com o Dengue brando e com um bom prognóstico da doença. Sendo assim, nossos resultados podem suportar o conceito que o IFN-α tenha papel 70 importante na construção da imunidade vacinal e a alta produção desta citocina pelo vírus quimérico, assim como sua baixa indução de TNF-α indicam boas características vacinais. O DENV-2 BR (44/2) não infectou as DCs em taxas detectáveis nos experimentos com MOI baixo (4), ficando assim também prejudicada a avaliação da produção de citocinas por esse vírus. Não foi possível realizar experimentos de comparação das cepas virais com MOI maior, pois os títulos dos vírus 16681 e 44/3 estão 1 log abaixo das outras cepas. Porém, quando inoculadas com maior carga viral (MOI=15) do vírus DENV-2 BR, as DCs se mostraram permissivas à replicação do vírus que também induziu a produção de citocinas. Foi determinado que ocorre uma queda na detecção dos antígenos no segundo dia da cinética, que pode ser explicado pela intensa liberação da progênie viral no sobrenadante, o que reinfectaria as DCs. Uma análise quantitativa da carga viral no sobrenadante poderia confirmar esta hipótese. Também foi demonstrado que este vírus é capaz de induzir a produção de TNF-α e IFN-α pelas DCs. Assim como o DENV-2 AS, o pico de TNF-α é detectado logo após o pico de replicação viral e o IFN-α também é detectado tardiamente durante o período de infecção. Assim, podemos concluir que a cepa asiática é mais virulenta que a brasileira, pois esta última necessitou de maior carga viral para causar uma infecção produtiva com indução de citocinas. Com intuito de se estudar outras citocinas induzidas pelos vírus DENV-2 asiático, vacinal e quimérico foi analisado o perfil de 8 citocinas produzidas por estes vírus. Este estudo é pioneiro para os vírus FAVac 17DD e quimérico. As citocinas induzidas pelo DENV são extensamente estudadas na literatura, porém divergências são encontradas quanto ao perfil induzido. Chaturvedi e colaboradores encontraram, em culturas de leucócitos de sangue periférico infectadas com o vírus DENV, TNF-α, IL-2, IL-6 e IFN-γ precoce; e de IL-10, IL-5 e IL-4 em fase tardia, sugerindo que inicialmente a resposta ao vírus seria do tipo Th1, mudando para Th2 na fase tardia (Chaturvedi, Elbishbishi et al., 1999) e essa mudança estaria correlacionada com a FHD (Chaturvedi, Agarwal et al., 2000). Libraty e colaboradores demonstraram que DCs infectadas com vírus DENV produzem níveis significantes de TNF-α e IFN-α, baixos níveis de IL-10 e IL-12p70. A produção de IL-12 pode ser induzida com adição de IFN-γ. Foi sugerido que a gravidade resultaria da desregulação e exacerbação da resposta Th1 induzida por células T de memória fontes de IFN-γ (Libraty, Pichyangkul et al., 2001; Libraty, Endy et al., 2002). Já Ho e colaboradores descreveram a detecção de IL-2 e IFN-γ e de IL-4 e IL-10 em ensaios de co-culturas de linfócitos T e DCs infectadas, sugerindo que o DENV induza a produção de um perfil Th0 (Ho, Shaio et al., 2004). 71 O perfil de citocinas obtido neste presente estudo permite apenas a formulação de hipóteses sobre o real perfil induzido pelas cepas estudadas, uma vez que o experimento preliminar foi feito apenas para um doador e somente com duplicata para o vírus infeccioso da cepa quimérica. Além disso, somente foram analisados os sobrenadantes do quarto dia da cinética, ponto em que nos ensaios de ELISA, podemos visualizar as diferenças de produção do TNF-α e do IFN-α. A detecção destas citocinas foi semelhante à obtida por ELISA, enfatizando a reprodutibilidade do ensaio do multiplex em esferas. Assim, foram confirmadas as produções de TNF-α e IFN-α pelas cepas virais. A IL-6 teve altos níveis de produção pelo MOCK e pelos antígenos do DENV-2 AS, mas esses níveis caem para os vírus quimérico e vacinal. Podemos suspeitar que os antígenos desses vírus estejam inibindo a produção de IL-6, o que seria interessante visto a atuação desta citocina na permeabilidade vascular e na reação inflamatória. Dados obtidos de uma cinética do DENV-2 AS em outras condições experimentais indicaram uma produção em grandes quantidades de IL-6 no quarto dia da cinética e IL-1β precoce decaindo no quarto dia (Bonaldo e colaboradores, dados não publicados). Esses resultados apontam que a IL-6 poderia estar relacionada, assim como o TNF-α e a IL-1β aos quadros de extravasamento plasmático. Em nosso trabalho, a citocina IL-1β não foi detectada, no entanto, de acordo com os dados de Bonaldo e colaboradores, podemos suspeitar que a IL-1β seja bem precoce na cinética do DENV-2 AS. Ao contrário do esperado, a IL-10 não foi intensamente produzida pelo DENV-2 AS. Observou-se uma ligeira queda de sua produção pelo vírus infeccioso, o que poderia indicar inibição da síntese de IL-10 em DCs. Porém, Bonaldo e colaboradores apontaram uma pequena produção de IL-10 no primeiro dia após a infecção, supondo que a cinética de produção desta citocina seria precoce. A IL-10 poderia colaborar com uma inativação precoce das DCs propiciando menor ativação celular e menor controle da replicação viral. Entretanto, o papel da IL-10 na imunopatologia do Dengue não está bem elucidado. Por outro lado, o FAVac e o FAVac/DENV-2 produziram mais IL-10 que o DENV-2 infeccioso, o que poderia estar relacionado com a modulação mais eficiente da resposta inflamatória para estas cepas na fase tardia da cinética de infecção. A quimiocina IL-8 é encontrada em altas concentrações nos pacientes com Dengue (Huang, Lei et al., 2000) e alternativamente em pacientes brasileiros, a IL-8 não foi marcante (Kubelka et al., dados não publicados). Esta citocina possui funções de aumentar a permeabilidade trans-endotelial. Porém, os resultados demonstram uma queda acentuada da 72 produção de IL-8 pelos vírus infecciosos DENV-2 AS e FAVac/DENV-2, o que não acontece tão intensamente para FAVac. Podemos especular que antígenos presentes no DENV-2 e no quimera sejam responsáveis por esta queda ou que os vírus infecciosos induzam a síntese de IL-8 em pontos mais precoces ou tardios da cinética. As citocinas IL-12 e IL-15 não tiveram diferenças significativas de produção nesta dosagem. A baixa carga viral inoculada pode ter sido a razão de não terem sido encontradas concentrações significantes destas citocinas em DCs ou a produção seria maior em outros pontos da cinética. Em geral, os vírus FAVac/DENV-2 e FAVac não tiveram aumentadas as concentrações das citocinas pró-inflamatórias TNF-α e IL-6 e exibiram altas concentrações de IFN-α. Um perfil Th2 seria interessante para estes vírus, pois induziria uma boa resposta de anticorpos. Isto provavelmente está acontecendo para o FAVac, devido à excelente resposta de anticorpos e raríssimas notificações de efeitos adversos demonstradas para esta vacina. 73 DENV-2 A TLRs IFNAR RIG-I Ptns virais TLRs Jak/STAT Reconhecimento pelos PRRs do DENV IRF-7 TNFTNF-α IFNIFN-α IRFIRF-7 NF-κB Genes pró-inflamatórios IFNIFN-α ISRE Célula NK DCs IFN-γ Extravasamento Plasmá Plasmático Alta carga viral × citotoxicidade Imunidade Viral Endoté Endotélio vascular FAVac B TLRs IFNAR RIG-I Ptns virais TLRs Reconhecimento pelos PRRs do DENV Jak/STAT ? IRF-7 TNF-α NF-κB IFNIFN-α IRF-7 Genes pró-inflamatórios IFNIFN-α ISRE Célula NK DCs IFN-γ Baixa carga viral × citotoxicidade Endoté Endotélio vascular Imunidade Viral Figura 15: Esquema de hipótese para a interação vírus-células dendríticas. Em A, vírus DENV-2 AS (16681) e em B, FAVac (17DD). Setas de cor rosa representam vias mais ativadas. Linhas brancas com barras representam vias inibidas. A. O vírus DENV-2 AS (16681) poderá estimular preferencialmente as vias indutoras de genes próinflamatórios e inibir a via do interferon tipo I, propiciando uma alta carga viral e extravasamento do endotélio. B. Por outro lado, o vírus FAVac (17DD) estaria estimulando fortemente a via do interferon tipo I, o que resultaria no clearance viral e em uma ativação de células NK e da imunidade viral. 74 6 – CONCLUSÃO E PERSPECTIVAS O vírus DENV-2 AS é capaz de infectar monócitos humanos e induziu a produção de citocinas, reproduzindo o perfil encontrado em pacientes. Foi verificada a boa reprodutibilidade do modelo in vitro utilizado. Foi demonstrado que o DENV-2 padrão asiático é a cepa mais virulenta dentre as estudadas, devida a sua alta capacidade de infecção e produção de TNF-α. A cepa brasileira de DENV-2 utilizada é menos virulenta que a cepa asiática, mas também foi capaz de induzir a produção de citocinas quando inoculada com MOI maior. O vírus da Febre Amarela vacinal exibiu altas concentrações de IFN-α e baixas de TNF-α, sugerindo que estas condições possam estar envolvidas na geração ótima da imunidade vacinal. O vírus quimera FAVac/DENV-2 apresentou perfil dessas citocinas parecido com o FAVac, o que indica um bom prognóstico vacinal desta cepa quimérica. As dosagens pela técnica de análise múltipla para citocinas (Luminex®) dos sobrenadantes das culturas infectadas com as cepas virais não forneceram dados conclusivos, assim novos experimentos deverão ser realizados fazendo-se dosagens das cinéticas das citocinas com mais doadores. Além disso, outros vírus serão testados nesse sistema de infecção, dentre eles o DENV-1 e DENV-3 brasileiros e padrões internacionais. As células dendríticas diferenciadas de monócitos humanos exibiram marcadores fenotípicos característicos de DCs imaturas e quando ativadas foram capazes de aumentar a expressão de seus marcadores de ativação. Na continuidade deste trabalho, pretende-se analisar se existe alterações na expressão de marcadores de ativação das MDDCs induzidas pelos vírus DENV e também por FAVac e FAVac/DENV-2. As vias ativadas pelos receptores Toll-like (TLR) deverão ser estudadas em células dendríticas infectadas com estas cepas. Esses receptores são fundamentais para a escolha da resposta imune durante as infecções. Através das vias de sinalização intracelular, os receptores ativam fatores de transcrição que determinam o perfil de citocinas que será produzido (Janeway e Medzhitov, 2002). Já foi demonstrado que o vírus dengue é capaz de aumentar a expressão de receptores TLR2, mas não de TLR4 em monócitos (Neves-Souza, 2005). Os TLRs que reconhecem partículas virais ainda serão testados (TLR3, TLR7, TLR8 e TLR9) em células dendríticas além dos TLR2 e TLR4. Investigar a sinalização intracelular será uma abordagem adicional para verificar se o perfil de citocinas induzida pelo vírus quimérico dará origem à uma resposta protetora ou patológica ao ser humano. 75 7 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Ada, G. Progress towards achieving new vaccine and vaccination goals. Intern Med J, v.33, n.7, Jul, p.297-304. 2003. ______. Overview of vaccines and vaccination. Mol Biotechnol, v.29, n.3, Mar, p.255-72. 2005. Allison, S. L., J. Schalich, et al. Mutational evidence for an internal fusion peptide in flavivirus envelope protein E. J Virol, v.75, n.9, May, p.4268-75. 2001. Alvarez, C. P., F. Lasala, et al. C-type lectins DC-SIGN and L-SIGN mediate cellular entry by Ebola virus in cis and in trans. J Virol, v.76, n.13, Jul, p.6841-4. 2002. Arvin, A. M. e H. B. Greenberg. New viral vaccines. Virology, v.344, n.1, Jan 5, p.240-9. 2006. Avila-Aguero, M. L., C. R. Avila-Aguero, et al. 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ANEXO 90 Curvas Padrões IFN-α IFN IFN-α A TNF-α TNF TNF-α B 1,6 1,0 Densidade Óptica 1,4 0,8 1,2 1,0 0,6 0,8 0,4 0,6 0,4 0,2 0,2 0,0 0 100 200 300 400 0,0 500 0 200 400 600 800 1000 Concentração em pg/mL C álculos da Regressão Linear Cálculos C Concentraçõ es (C) C/C inicial (F) Log2 F (x) Curva 1 Curva 2 Média da DO (D) Log10 D (y) 0 - - 0,245 0,250 0,248 - 15,625 1 0 0,296 0,288 0,292 -0,53462 31,25 2 1 0,329 0,331 0,330 -0,48149 62,5 4 2 0,387 0,350 0,369 -0,43356 125 8 3 0,450 0,453 0,452 -0,34534 250 16 4 0,577 0,588 0,583 -0,23470 1000 64 6 1,409 1,367 1,388 0,14239 D E Nº 1 Interseção (I) Variável X 1 (A) A+I (B) -0,60812846 0,110450207 -0,497678252 Amostra Meio 1D Média da DO (D) 0,339 Log10 D (Y) -0,469800302 X = (Y-B)/A 0,252402881 2^X * C inicial 18,612 Diluição 1 18,61 Anexo 1: Curvas Padrões e cálculos do ELISA. Em A e B são demonstradas exemplos de curvas padrões de IFN-α (A) e TNF-α (B) obtidas. X representa concentração em pg/mL e y representa densidade óptica. Em C, D e E, é demonstrado um exemplo de cálculo de amostra para TNF-α. Primeiro em C, são obtidos os valores x e y, respectivamente na terceira e última coluna da esquerda para direita. Esses valores são utilizados pelo programa Excel (Microsoft®) no cálculo da regressão (D). O cálculo da amostra é realizado de acordo com a primeira linha de cima para baixo representada em E, sendo o valor final exemplificado: 18,61 pg/mL.