MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E CULTURA – MEC UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ – UFPI PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO – PRPPG Coordenadoria Geral de Pesquisa – CGP Campus Universitário Ministro Petrônio Portela, Bloco 06 – Bairro Ininga Cep: 64049-550 – Teresina-PI – Brasil – Fone (86) 215-5564 – Fone/Fax (86) 215-5560 E-mail: [email protected]; [email protected] AVALIAÇÃO DA COMBINAÇÃO DO CÂNCER DE MAMA COM A QUIMIOTERAPIA NA MODULAÇÃO DE MARCADORES INFLAMATÓRIOS Amanda Freitas Goudinho (Iniciação Científica CNPq), Ana Amélia de Carvalho Melo Cavalcante (Orientadora, Centro de Ciências da Saúde/Programa de Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas) INTRODUÇÃO A quimioterapia é o tratamento padrão para pacientes com câncer de mama localmente avançado. No entanto, a resposta dos indivíduos à terapia pode ser desenvolvida de forma amplamente variável, impossibilitando uma previsão precisa da resposta individual das pacientes à terapia (MICHLMAYR et al., 2010). Doxorrubicina e ciclofosfamida são agentes antineoplásicos largamente utilizados no tratamento de vários tipos de neoplasias, em especial o câncer de mama. Muitos quimioterápicos têm como alvo células proliferativas, o que inclui células tumorais bem como células-tronco normais (NURGALIEVA; LIU; DU, 2010). Sendo assim, é importante determinar os efeitos produzidos por drogas antineoplásicas utilizadas na terapêutica de paciente com câncer de mama. Para tanto, esse estudo teve como objetivo avaliar a modulação das interleucinas 6 e 10 em pacientes com câncer de mama antes, durante e ao final do tratamento quimioterápico com ciclofosfamida e doxorrubicina. MATERIAIS E MÉTODOS Dentre diversas pacientes com diagnóstico patológico para câncer ductal invasivo de mama, no setor de Oncologia do Hospital São Marcos, Teresina, Piauí, no período de 2012 a 2013, foram selecionadas 28 pacientes (Idade média de 50,8 ± 12,8) aleatoriamente que concordaram em participar de forma voluntária desta pesquisa, com atendimento à resolução 466/12 do Conselho Nacional da Saúde. Estas pacientes foram monitoradas antes, durante e ao fim do tratamento com o protocolo AC (Doxorrubicina 60 mg/m 2 e Ciclofosfamida 600 mg/m 2). Vinte e oito mulheres (Idade média de 48,1 ± 12,8) saudáveis serviram como grupo controle (GC), livres de qualquer neoplasia maligna e livre de quaisquer manifestações clínicas, bioquímicas, hematológicas, hepática, cardiovascular, doenças renais ou endócrinas. Após a aplicação do questionário, os dados foram submetidos à análise estatística descritiva no programa SPSS. Aspectos Éticos Essa pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da UNINOVAFAPI sob número 0406.0.043.00011. Depois de aprovada pelo CEP, o projeto ainda foi apreciado pela comissão de ética do Hospital São Marcos para autorização da realização da pesquisa. Determinação das Amostras As dosagens de IL-6 e IL-10 foram realizadas por ensaio imunoenzimático pelo método de ELISA (kit R&D Systems, Inc., Minneapolis, MN, USA), seguindo a metodologia do fabricante. Análises estatísticas Todos os resultados foram apresentados como média ± desvio padrão da média (E.P.M.). Os dados obtidos foram avaliados por meio da Análise de Variância (ANOVA) seguida do teste t-StudentNeuman-Keuls como post hoc teste. Os dados foram analisados utilizando o software GraphPad Prism 5.0 (San Diego, CA, EUA), os grupos experimentais foram comparados com o grupo controle e entre si. As diferenças foram consideradas estatisticamente significativas quando p<0,05. RESULTADOS Através da mensuração da IL-10 (Tabela 1) pode ser observado que as pacientes com câncer de mama apresentam níveis (p<0,0001) inferiores em relação ao grupo controle (GC). Com a associação do tratamento quimioterápico AC, foi observado, após o segundo ciclo (Q2), uma diminuição (p<0,0001) em comparação aos níveis basais (Q0); e, ao final do tratamento (Q4); uma redução (p<0,001) nos níveis de IL-10 foi verificada quando comparada com Q2. Tabela 1. Níveis de IL-10 em pacientes com câncer de mama antes (Q0), durante (Q2), após quimioterapia AC (Q4) e grupo controle (GC). GC Q0 Q2 Q4 Interleucina 10 1,50 ± 0,014 1,02 ± 0,001a 0,900 ± 0,001a,b 0,700 ± 0,001a,b.c Interleucina 6 1,51 ± 0,297 2,017 ± 0,033a 2,41 ± 0,005a,b 2,71 ± 0,005a,b,c ap<0,0001 em relação ao GC; bp<0,0001 em relação ao Q0; cp<0,0001 em relação à Q2. Os níveis de IL-6 (Tabela 1) foram detectados elevados (p<0,0001) em todos os grupos quando comparados ao grupo controle. No entanto, é observado um aumento dos níveis de IL-6 durante e ao final do tratamento AC em relação aos níveis basais (Q0) dessas pacientes. Ao final do tratamento, a IL-6 está elevada (p<0,0001) em comparação aos níveis anteriores (Q2). Discussão A IL-10 é uma imunocitocina multifuncional com funções antiangiogênica e que pode participar no desenvolvimento e progressão de diversos tumores (MOCELLIN et al., 2004). Michlmayr e colaboradores (2010) verificaram em seus estudos uma elevação mínima das interleucinas IL-6 e IL-10 no plasma de pacientes com câncer de mama, 24 horas após administração dos quimioterápicos epitorubicina e doxetacel. Em contraste com nossos dados, observamos uma considerável elevação da IL-6 durante e após o tratamento AC e uma diminuição da IL-10 inversamente proporcional à IL-6 (Tabela 1). No desenvolvimento do câncer de mama, a IL-10 tanto pode facilitar o desenvolvimento do câncer de mama ao modular a ação do sistema imunológico, quanto pelos efeitos antiangiogênicos da IL-10 que podem evitar ou reduzir o crescimento do tumor diminuindo o risco de metástase (GERGER et al., 2010). A IL-6 tem sido proposta por estar envolvida em eventos adversos associados ao tratamento quimioterápico. Dentro desse contexto pode ser destacada a fadiga que prevalece em 59-100% de todos os pacientes com câncer (SALIGAN; KIM, 2012). CONCLUSÃO As pacientes com câncer de mama apresentaram alterações acentuadas das IL-6 e IL-10 durante todas as fases avaliadas e foi verificado que a doença leva a uma diminuição da IL-10 e que esta diminuição é acentuada durante o tratamento quimioterápico, efeito contrário ao observado nos níveis de IL-6. APOIO FINANCEIRO: CNPq e CAPES. REFERÊNCIAS GERGER, A.; RENNER, W., LANGSENLEHNER, T.; HOFMANN, G.; KNECHTEL, G.; SZKANDERA, J.; SAMONIGG, H.; KRIPPL, P.; LANGSENLEHNER, U. Association of interleukin-10 gene variation with breast cancer, Prognosis Breast Cancer Res Treat, v. 119, p. 701–705, 2010. HORI, S.; NOMURA, T.; SAKAGUCHI, S.; Control of regulatory T cell development by the transcription factor Foxp3. Science, v. 299, n. 5609, p. 1057–61, 2003. MICHLMAYR, A. et al. Modulation of plasma complement by the initial dose ofepirubicin/docetaxel therapy in breast cancer and its predictive value. British Journal of Cancer, v. 103, p. 1201 – 1208, 2010. MOCELLIN, S.; MARINCOLA, F.; ROSSI, C. R.; NITTI, D.; LISE, M. The multifaceted relationship between IL-10 and adaptive immunity: putting together the pieces of a puzzle. Cytokine & Growth Factor Reviews, v. 15, p. 61–76, 2004. NURGALIEVA, Z.; LIU, C.C.; DU, X.L. Chemotherapy use and risk of bone marrow suppression in a large population-based cohort of older women with breast and ovarian cancer. Medical Oncology, v. 28, n. 3, p. 716–725, 2010. SALIGAN, L. N.; KIM, H. S. A systematic review of the association between immunogenic markers and cancer-related fatigue. Brain, Behavior, and Immunity, v. 26, p. 830–848, 2012. Palavras-Chave: Câncer de mama. Citocinas. Quimioterapia. Interleucina.