No Último Degrau da Vida: Um Estudo no Asilo Barão do Amparo em Vassouras R e s e n h a s R. Mestr. Hist., Vassouras, v. 5, p. 117-150, 2003 151 Na Encruzilhada do Império: Hierarquias Sociais Na Encruzilhada do Império: Hierarquias Sociais e Conjunturas Econômicas e Conjunturas Econômicas no Rio de Janeiro no Rio de Janeiro (c - 1650 c - 1750) (c - 1650 c - 1750) Maria Yedda Leite Linhares1 SAMPAIO, Antonio Carlos Jucá de. Na Encruzilhada do Império: hierarquias sociais e conjunturas econômicas no Rio de Janeir - (c - 1650 c - 1750). Prêmio Arquivo Nacional de Pesquisa 2001. Rio de Janeiro: Arquivo Nacional, 2003. A publicação de uma tese premiada é não apenas um estímulo à pesquisa mas também o reconhecimento de uma vocação e a oportunidade de tornar o seu conhecimento accessível à coletividade acadêmica já que ao iniciante na vida profissional faltam-lhe as condições materiais e de trânsito nos meios universitários.. Nesta pesquisa, o autor demonstra dominar o seu ofício com eficiência. É um prazer constatar que a História econômica e social da produção e das trocas continua sendo feita e em grande estilo. Antonio Carlos Jucá levou o seu prêmio e ingressa na comunidade acadêmica com brilho. Como tese preenche a contento os requisitos do ofício de historiador: erudição, fundamentação teórica, estilo. Em cinco capítulos, o Autor discorre sobre suas fontes e sua metodologia com conhecimento de causa exaustivo tendo pesquisado consideráveis acervos do arquivo Histórico Ultramarino, da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro, do Primeiro e do Segundo Ofícios de Nota, do arquivo do Mosteiro de São Bento, do Arquivo Geral da Cidade do Rio de Janeiro, do Arquivo Nacional, Rio de Janeiro, entre os mais importantes, com o objetivo de esmiuçar a documentação relativa à capitania do Rio de Janeiro e suas características econômicas e sociais entre 1650 e 1750. O autor define sua tese como a confluência de uma série de Professora emérita da UFRJ e Professora do Programa de Mestrado em História da Universidade R. Mestr.Sombra Hist., Vassouras, v. 5, p. 149-152, 2003 Severino - Vassouras/RJ 149 1 Maria Yedda Leite Linhares preocupações surgidas de uma longa reflexão teórica acerca do devir da sociedade brasileira. A primeira dessas preocupações diz respeito às relações entre as flutuações da economia colonial e as conjunturas internacionais seguindo a trilha aberta, como é assinalado pelo autor, nas conhecidas teses de João Fragoso e Manolo Florentino que apontaram para a autonomia da economia fluminense em finais do século XVIII e inicio do XIX face às conjunturas européias., autonomia essa que se explicava, em parte, pelo baixo custo de reprodução dos principais componentes do modo de produção escravista colonial (terra, mão-de-obra e alimentos) A palavra-chave para a explicação do fenômeno reside numa palavra: violência como marca registrada de todo um sistema social e que torna exeqüível e rentável o processo de escravização do ser humano, em todas as suas fases. Na Introdução da tese encontram-se com a necessária erudição os elementos explicativos do tema e seus aportes teóricos. Com inúmeros recursos de erudição a seu dispor, o autor deu conta de uma obra completa e irrepreensível, referência obrigatória para os estudiosos. Composta de cinco capítulos: as transformações numa sociedade colonial e as característica da economia fluminense entre 1650 e 1750: transformações e permanências; o agro fluminense e suas transformações; na encruzilhada do império; o Rio de Janeiro nos quadros do “mundo lusitano”; o mercado de crédito e bens urbanos: as formas de acumulação e a perpetuação da exclusão (são analisados aí os diversos mercados de crédito e de bens urbanos); o capital mercantil: características e formas de atuação no Rio de Janeiro, 1701-1750 – a elite mercantil do Rio de Janeiro; a reprodução social fora do mercado: formas não-mercantis de acumulação e transmissão de riqueza; o Estado como via de acumulação. O prefácio de João Luís Fragoso constitui um elemento de valorização do livro na medida em que situa a trajetória dos estudos agrários no Brasil desde o seu nascedouro no final da segunda metade da década de 80 e o faz com a autoridade de que é investido pelo seu trabalho acadêmico 150 R. Mestr. Hist., Vassouras, v. 5, p. 149-152, 2003 Na Encruzilhada do Império: Hierarquias Sociais e Conjunturas Econômicas no Rio de Janeiro (c - 1650 c - 1750) da melhor qualidade neste país. Concordo plenamente quando afirma que com o conhecimento já acumulado é possível e necessário redescobrir o império português, um dos primeiros passos para sairmos do coloquialismo da história do Brasil. Outro passo seria entrar pela porta aberta da História Contemporânea. Mas essa é outra história. Por enquanto, fiquemos com a história dos tempos modernos como já começamos a vislumbrar neste país em alguns centros de ensino e pesquisa. R. Mestr. Hist., Vassouras, v. 5, p. 149-152, 2003 151