06/09/2016 MORFOLOGIA E ULTRAESTRUTURA DE BACTÉRIAS Biologia IV Profa. Dra. Ilana Camargo A célula procariótica o Parede celular *Estrutura da célula eucariótica: membrana, citoplasma e núcleo. o Membrana plasmática o Citoplasma (80% água, proteínas, carboidratos, lipídeos, íons orgânicos, compostos de baixo peso molecular) – não possui citoesqueleto. o Área Nuclear ou nucleóide o DNA circular grande de dupla fita (=cromossomo bacteriano), fixado à membrana plasmática. o Plasmídeo: DNA circular pequeno de dupla fita, replicação independente, 5 a 100 genes, transportam genes relacionados à resistência a antibióticos, tolerância a metais tóxicos, produção de toxinas e síntese de enzimas. 1 a várias cópias, 1 ou mais tipos por célula. o Ribossomos – milhares, conferindo aspecto granular ao citoplasma; 70S (30s+50S); sensível à ação de antibióticos. o Inclusões 1 06/09/2016 A célula procariótica típica Corte transversal de uma bactéria. a) Esquema. b) Micrografia. (Fonte: Tortora et al., 2005) A célula procariótica x célula eucariótica DNA (material genético) não está envolvido por uma membrana e ele é um cromossomo circular. DNA não está associado a proteínas histonas. Não possuem organelas revestidas por membranas. Parede celular contendo quase sempre peptídeoglicano. Geralmente divisão celular por fissão binária (envolve menos estruturas e processos que a divisão de eucariotos). 2 06/09/2016 Procariotos - bactéria Cromossomo da Escherichia coli: tem cerca de 4,6 milhões de pares de bases (~4.300 genes) a)DNA emergindo da célula rompida. b)Mapa genético. (Fonte: Tortora et al., 2005) Procariotos - bactéria 1 Cromossomo DNA de dupla fita, circular, grande E. coli – 1,3 m de comprimento - 4,2 x 103 kb Mycoplasma – 750 kb Exceção: Brucella abortus – 2 cromossomos diferentes http://www.sciencebuddies.org/mentoring/plugin_bac_diversity_bacteria_and_dna.jpg Replicação de DNA bacteriano 3 06/09/2016 Procariotos - bactéria E. coli - 4,2 x 103 kb - ~4300 genes Célula humana: Quantidade de DNA: mais de 1000 vezes superior; Número de genes: 7 vezes maior http://drugline.org/img/term/e-coli-4798_3.jpg http://mercedesmoreira.blogspot.com.br/2012/08/actividad-n12-celulas.html Plasmídeos DNA circular pequeno, de dupla fita, além do cromossomo bacteriano; São elementos genéticos extra-cromossômicos: não estão conectados ao cromossomo bacteriano principal e replicam-se independentemente do DNA cromossômico; http://users.rcn.com/jkimball.ma.ultranet/BiologyPages/R/RecombinantDNA.html 4 06/09/2016 Plasmídeos Contém de 5 a 100 genes não cruciais para a sobrevivência da bactéria em condições ambientais normais; Podem ser ganhos ou perdidos sem lesar as células; Alguns conferem a vantagem da transferência de genes de resistência aos antibióticos, tolerância aos metais tóxicos, produção de toxinas e síntese de enzimas. Podem ser utilizados para a manipulação genética. http://www.asbmb.org/asbmbtoday/asbmbtoday_article.aspx?id=15152 Procariotos - bactéria Plasmídeos – elementos de DNA móveis que não são essenciais para a vida do microrganismo, mas que traz vantagens Plasmídeos de 150 Kb – grandes 70 kb - médios 3.5 kb - pequenos enovelado 5 06/09/2016 Plasmídeos - Origem de replicação para produzir Conjugação cópias que passam para células filhas na divisão celular ou para outra célula através da conjugação, - Integrativos que se inserem no cromossomo bacteriano ou não. Resistência aos antimicrobianos devido à aquisição de plasmídeos 6 06/09/2016 Tamanho das células Fonte: Madigan et al., 2004 Tamanho das células - gigantes Epulopiscium sp, bactéria endossimbionte de peixes herbívoros marinhos. Células podem atingir o tamanho de 600 µm por 80 µm. http://www.pubmedcentral.nih.gov/articlerender.fcgi?artid=107617 7 06/09/2016 Morfologia celular: Forma e arranjo Coco Bacilo ovaladas cilíndricas Morfologia celular: Forma e arranjo Células de várias espécies permanecem unidas em grupos ou conjuntos após a divisão celular Arranjos Streptococcus sp. Frequentemente os arranjos são característicos de determinados gêneros Staphylococcus sp. 8 06/09/2016 Morfologia celular: Forma e arranjo Espiral Forma de estrela: Stella Forma quadrada e plana: Haloarcula Forma helicoidal (saca-rolhas) com corpo rígido, movimentação com flagelos Bacilo torcido Intensamente espiralada Forma helicoidal (saca-rolhas) com corpo flexível, movimentação com filamento axial (flagelo contido em bainha externa flexível) Aula de hoje... o Parede celular o Estruturas internas à parede o Membrana citoplasmática o Inclusões o Endósporos o Estruturas externas à parede o Glicocálice (ou glicocálix) o Flagelos o Fímbrias e Pili o Locomoção da célula bacteriana o Flagelar o Deslizamento o Taxias (fototaxia, quimiotaxia) 9 06/09/2016 Parede celular - Função o Estrutura complexa, semi-rígida e que confere forma à célula. o Previne a ruptura da célula (Lise celular) – fornece rigidez contra a pressão de turgor (meio intracelular é geralmente mais concentrado em solutos que o meio externo). o Proteção contra choques físicos; o Essencial para crescimento e divisão da célula; o Importância clínica e taxonômica; o Visualização individualizada somente em microscopia eletrônica. Parede celular 10 06/09/2016 Parede celular – Gram-Positivo e Gram-Negativo Camada rígida Parede celular – composição e estrutura Ácido N-acetilmurâmico N-acetilglicosamina (NAM) (NAG) o Peptideoglicano (ou mureína) – principal componente da camada rígida da parede (só encontrado em Bacteria). o Unidades repetidas de dois derivados de açúcar unidas por polipeptídeos. Ligação 1,4 sensível à lisozima!! Cadeia de glicano (ligações covalentes) Interligadas através da ligação cruzada de suas cadeias de tetrapeptídeos para formar peptídeoglicano Ponte cruzada de peptídeos (interpeptídica) Cadeia adjacente de glicano 11 06/09/2016 Parede celular – composição e estrutura http://www.cryst.bbk.ac.uk/PPS95/course/10_interactions/NAMNAGb14_t.gif Ligações peptídicas Parede celular – composição e estrutura Ligações glicosídicas Organização das unidades repetitivas formando a camada de peptideoglicano. a) Ligação cruzada em bactérias Gramnegativas. b) Ponte interpeptídica de glicina em bactérias Gram-positiva (Staphylococcus aureus). c) Várias fitas de peptídeoglicano unidas por ligações cruzadas. (Madigan et al., 2004). Obs.: DAP (ácido diaminopimélico) ocorre nas Gramnegativo e poucas Gram-positivo; Lys (lisina), maioria dos cocos Gram-positivo. 12 06/09/2016 Paredes celulares de Bacteria Diagrama esquemático das paredes celulares de bactérias Gram-positivo (a) e Gram-negativo (b) (Fonte: Madigan et al., 2004) Parede das bactérias Gram-positivo o o o Muitas camadas (até ~25) de peptideoglicano (corresponde a 90% da parede). Apresentam ácido teicóico e lipoteicóico (polissacarídeo ácido, com resíduo de glicerol fosfato ou ribitol fosfato), que confere carga negativa à superfície celular, regulando o movimento de íons + (Ca2+ e Mg2+) na célula. Ácidos teicóicos – respondem pela especificidade antigênica da parede, tornando possível a identificação de bactérias em testes laboratoriais. Ligação covalente com resíduos do ácido murâmico Ligação covalente com lipídeos da membrana Fonte: Madigan et al, 2004. 13 06/09/2016 Parede das bactérias Gram-negativo o o o Membrana externa composta de lipopolissacarídeo (LPS), lipoproteínas e fosfolipídeos. Periplasma – espaço entre a MP e a ME – fluido com alta concentração de enzimas e proteínas de transporte (consistência de gel). Uma ou poucas camadas de peptideoglicano (que não contém ácido teicóico). Fonte: Madigan et al, 2004. Parede das Gram-negativo o Membrana externa o Permeável a pequenas moléculas pela presença de porinas, que permitem a passagem de moléculas hidrofílicas de baixa massa molecular (alguns nucleotídeos, dissacarídeos, peptídeos, aminoácidos, vitamina B12 e ferro). o Propriedade tóxica: associada ao lipídeo A (=endotoxina) do LPS. Exemplos de gêneros patogênicos Escherichia, Salmonella e Shigella. o Polissacarídeos O do LPS atuam como antígenos e são úteis para diferenciar espécies de bactérias Gram-negativas. Estrutura do lipopolissacarídeo de bactérias Gram-negativas. A composição química do lipídeo A e dos polissacarídeos é variável nas diferentes espécies. Fonte: Madigan et al, 2004. 14 06/09/2016 Características comparativas entre Gram – e + Característica Gram-positivo Gram-negativo Reação de Gram. Retém o corante violeta Aparece o contracorante (safranina) Camada de peptideoglicano. Espessa – múltiplas Camada única – fina Ácidos teicóicos. Presentes em muitas Ausentes Espaço periplasmático. Ausente Presente Membrana externa. Ausente Presente Conteúdo de LPS. Nenhum Alto Conteúdo de lipídeos e lipoproteínas. Baixo Alto (devido à ME) Toxinas produzidas. Exotoxinas Endotoxinas Resistência à ruptura física. Alta Baixa Ruptura da parede por lisozima. Alta Baixa Sensibilidade à penicilina e às sulfonamidas. Alta Baixa Sensibilidade à estreptomicina, cloranfenicol e tetraciclina. Alta Baixa Adaptado de Tortora et al., 2005. 15 06/09/2016 Parede celular de Archaea o Diversidade de tipos de parede neste domínio – porém inexiste peptideoglicano. o Tipo mais comum: Camada S – camada superficial paracristalina (também encontrada em Bacteria) o formada por um arranjo bidimensional de proteínas, com várias simetrias; o função pouco esclarecida: atua como barreira de permeabilidade – permite passagem de pequenas moléculas; o em bactérias patogênicas poderia proteger a célula contra mecanismo de defesa da célula hospedeira. o Paredes compostas por polissacarídeos, glicoproteínas ou proteínas (Methanosarcina, Halococcus). o Pseudopeptideoglicano: presente em algumas espécies de Archaea, como Methanobacterium. o Possui o N-acetiltalosaminurônico (NAT), em substituição ao Nacetilmurâmico (NAM) de Bacteria. o Ligações glicosídicas do tipo -1,3 (insensível à lisozima). Parede celular de Archaea Pseudopeptideoglicano de Archaea: ligações peptídicas cruzadas entre os resíduos do NAT (N-acetil talosaminurônico). Fonte: Madigan et al, 2004. 16 06/09/2016 Parede celular o Estruturas internas à parede o Membrana citoplasmática o Inclusões o Endósporos o Estruturas externas à parede o Glicocálice (ou glicocálix) o Flagelos o Fímbrias e Pili o Locomoção da célula bacteriana o Flagelar o Deslizamento o Taxias (fototaxia, quimiotaxia) Membrana citoplasmática dos procariotos Bicamada de fosfolipídios (invertidos) Porção hidrofílica Porção hidrofóbica 17 06/09/2016 Membrana citoplasmática dos procariotos Estrutura de uma bicamada lipídica. Fonte: Madigan et al., 2004. o Bacteria possuem hopanol, em substituição ao esterol das MP dos eucariotos (o que torna a MP menos rígida). o Algumas bactérias possuem dobras internas da MP onde localizam-se enzimas e pigmento envolvidos na fotossíntese (cromatóforos ou tilacóides). Membrana citoplasmática dos procariotos Funções: -Barreira para a maior parte das moléculas solúveis em água, é muito mais seletiva que a Parede Celular. - Sítio de localização de Permeases, proteínas específicas que transportam pequenas moléculas para dentro da célula; -Enzimas produzem energia e auxiliam a síntese da Parede Celular. 18 06/09/2016 Membrana citoplasmática dos procariotos Proton motive force is composed of ∆pH and ∆ (membrane potential) Redox loop and electron transfer chain Dehydrogenase + quionone + Proton pump + cytochrome + ATP synthase Membrana citoplasmática bacteriana Funções de barreira: Osmose e Difusão Permite a osmose - entrada de água quando em uma solução hipotônica (baixa concentração de soluto) e saída de água de dentro da célula para fora quando em solução hipertônica (alta concentração de soluto). Também permite a difusão simples, a entrada de moléculas pequenas como oxigênio e dióxido de carbono, dissolvidos por meio da membrana citoplasmática sem gasto de energia (um processo passivo); Entretanto, a maior parte dos nutrientes é transportada por permeases e requer gasto de energia (processo ativo) 19 06/09/2016 Membrana citoplasmática bacteriana A maioria das Membranas Citoplasmáticas procarióticas não contém esteróis (colesterol), por isso são menos rígidas que as células eucarióticas. Exceção são os micoplasmas, a única eubactéria que não possui parede celular. Possuem esteróis junto à membrana citoplasmática ajudando a manter sua integridade. Moléculas planas e rígidas Mycoplasma – as menores bactérias 20 06/09/2016 Membrana citoplasmática de Archaea • Diferença dos domínios Bacteria e Eucarya está na composição do lipídeo. – Ligação do tipo éter entre glicerol e a cadeia lateral hidrofóbica. – Cadeia lateral não é um ácido graxo e sim unidades repetitivas de isopreno (hidrocarboneto de 5 C). (a) Ligação éster (liga o glicerol ao ácido graxo em Eucarya e Bacteria). (b) Ligação éter (liga o glicerol à cadeia lateral, em Archaea). (c) Isopreno, estrutura da cadeia lateral hidrofóbica dos lipídeos de Archaea. Madigan et al., 2004. Membrana citoplasmática de Archaea • Tipos de cadeia lateral definem a alta resistência a rupturas que alguns grupos apresentam, inclusive as ocasionadas por altas temperaturas (caso das arquéias hipertermófilas). Principais lipídeos de Archaea e a estrutura de suas membranas. Madigan et al., 2004. Na monocamada lipídica as cadeias laterais de fitanil de cada molécula de glicerol estão covalentemente ligadas, o que confere a resistência a rupturas. 21 06/09/2016 Parede o Estruturas internas à parede Membrana citoplasmática o Citoplasma o Inclusões o Endósporos o Estruturas externas à parede o Glicocálice (ou glicocálix) o Flagelos o Fímbrias e Pili o Locomoção da célula bacteriana o Flagelar o Deslizamento o Taxias (fototaxia, quimiotaxia) Citoplasma Substância da célula dentro da membrana plasmática Espesso, aquoso, semitransparente, elástico 80% - àgua Proteínas (enzimas) Carboidratos Lipídeos Íons inorgânicos Compostos de peso molecular muito baixo Principais estruturas: DNA Ribossomos Inclusões 22 06/09/2016 Inclusões da célula bacteriana • Função de armazenamento de energia ou como reservatório de constituintes estruturais. • Geralmente envolvidas por uma fina camada de lipídeos. • Polímeros de armazenamento de carbono – PHB (ácido poli-b-hidroxibutírico): natureza lipídica – PHA (poli-b-hidroxialcanoato): nome coletivo para os grânulos acumulados, cujos polímeros podem variar de tamanho (C4 até C18). – Glicogênio (polímero de glicose) Estrutura química do PHB. Micrografia eletrônica de uma seção da célula de Rhodovibrio sodomensis. (Madigan et al., 2004) Inclusões da célula bacteriana • Grânulos de polifosfato (volutina): reserva de fosfato inorgânico para ser usado na síntese de ATP (também encontrados em algas, fungos e protozoários). • Grânulos de enxofre: Thiobacillus (bactéria do enxofre)- glóbulos de enxofre no periplasma!. • Magnetossomos: inclusões de óxidos de ferro - Fe3O4 – em algumas bactérias Gram-negativo. Função provável relacionada ao movimento – atração magnética a sedimentos onde [ ] de O2 é menor. • Vesículas de gás: em procariotos aquáticos (cianobactérias, fotossintéticas anoxigênicas), com função de aumentar a flutuabilidade. Magnetossomos: fotomicrografia de Aquaspirillum magnetotacticum com uma cadeia de magnetossomos. Fonte: Tortora et al., 2005. 23 06/09/2016 Parede celular o Estruturas internas à parede Membrana citoplasmática Inclusões o Endósporos o Estruturas externas à parede o Glicocálice (ou glicocálix) o Flagelos o Fímbrias e Pili o Locomoção da célula bacteriana o Flagelar o Deslizamento o Taxias (fototaxia, quimiotaxia) Endósporos • Estruturas de resistência (ao calor, à agentes químicos, à dessecação, radiação), desidratadas e duráveis. • São formados em condições de exaustão de nutrientes no meio. • Geralmente em bactérias do solo, Gram-positivo (descritos em cerca de 20 gêneros de Bacteria). Não se observou em Archaea. • Bem estudados nos gêneros Clostridium e Bacillus. • Podem permanecer dormentes por longos períodos de tempo: – Clostridium aceticum: 34 anos, frasco perdido em depósito da Universidade da Califórnia. – Thermoactinomyces: 2.000 anos. Fragmentos de ruínas de sítio arqueológico romano no Reino Unido. 24 06/09/2016 Formação do endósporo • Condição de limitação de um ou mais nutrientes essenciais. • Em B. subtilis, ~ 200 genes envolvidos no processo de esporulação. Processo completo pode levar 8 horas. • Interrupção da síntese de proteínas envolvidas nas funções da célula vegetativa e ativação da síntese das proteínas específicas do esporo, em resposta a um sinal ambiental. Célula com metabolismo ativo e úmida Endósporo seco, metabolicamente inerte e extremamente resistente Estágios da formação de um endósporo (fonte Tortora et al., 2005) 25 06/09/2016 Composição da estrutura do endósporo Exósporo – Camada externa consiste de membrana lipoprotéica que contém aminoaçúcares. Capa do esporo – rígida composta de proteína rica em ligações de dissulfeto intramoleculares que confere a resistência aos agentes químicos Parede do esporo – peptideoglicano que dará origem a parede celular da célula vegetativa; Córtex – camada espessa (peptideoglicano diferente com menos ligações cruzadas); Cerne do esporo – Região interna Estrutura do endósporo • Camadas adicionais e externas à parede celular que protegem o DNA, formadas basicamente por proteínas. • Núcleo: parcialmente desidratado (contém de 10 a 30% de água da célula vegetativa) inativa as enzimas, aumenta a termoresistência. – Apresenta altas [ ] de PPASs (pequenas proteínas de ácido solúveis de esporo): liga-se ao DNA, protegendo-o de possíveis danos causados pela radiação, calor seco e dessecamento; pode ser utilizado como fonte de energia e carbono na germinação do esporo. – Ácido dipicolínico: exclusivo dos esporos, corresponde a 10% do peso seco do esporo. Endósporo bacteriano. (a) MET de esporo maduro de Bacillus megaterium. (b) Fotomicrografia de fluorescência de célula de B. subtilis em esporulação. O corante liga-se a uma proteína da capa do esporo. Fonte: Madigan et al., 2004. 26 06/09/2016 Germinação do endósporo • Ativada por lesão física (aquecimento) ou química no revestimento do esporo. • Enzimas do endósporo rompem as camadas extras. • Intumescimento devido à entrada de água; síntese de novas moléculas de RNA, proteínas e DNA (se condições nutricionais foram favoráveis). Germinação de um endósporo em Bacillus. (a) esporo maduro. (b) ativação – perda de refringência. (c) e (d) extrusão – nova célula emergindo. Fonte: Madigan et al., 2004. Endósporos • Endósporos - Se formam dentro da célula, são exclusivos das bactérias. • • • Possuem parede celular espessa; São altamente refratáveis; Altamente resistentes às mudanças do ambiente, à exposição a compostos químicos tóxicos (desinfetantes). • Em M. O. - Coloração específica após o aquecimento do material para que os mesmos absorvam o corante. • Variam em forma e localização dentro da célula! 27 06/09/2016 Coloração de Schaeffer-Fulton Bacillus anthracis – Endósporos e células vegetativas Localização, tamanho e forma dos endósporos Esporos ovais: localização central (Bacillus cereus) Esporos esféricos: localização terminal (Clostridium tetani) Esporos ovais: localização subterminal (Clostridium subterminale) São mais freqüentes nos gêneros Clostridium e Bacillus. Geralmente em culturas que se aproximam do final de um crescimento ativo. 28 06/09/2016 Localização, tamanho e forma dos endósporos Endósporos bacterianos. Fotomicrografia de contraste de fase ilustrando localizações intracelulares de endóporos em diferentes espécies. (a) Terminais (b) Subterminais (c) Centrais. Fonte:Madigan et al., 2004. Atrapalhou a tentativa de contrariar a Teoria da Geração Espontânea Condições de experimentos não eliminavam as formas latentes de bactérias e fungos; No combate ao carbúnculo, os microbiologistas compreenderam que as formas latentes do bacilo do carbúnculo poderiam sobreviver no solo por anos!! 29 06/09/2016 Clostridium botulinum Causam a intoxicação alimentar - Botulismo. Possui endósporos: resistem a fervura durante horas; As células vegetativas são mortas por temperaturas acima de 70°C, mas a maioria dos endósporos pode resistir a 80°C por até 10 minutos. Perda de água durante a esporulação; Resistência ao calor Presença em grande quantidade de ácido dipicolínico (DPA) combinado com grande quantidade de cálcio. Clostridium sp. 30 06/09/2016 Microrganismos em meio de cultura Fatores orgânicos de crescimento 61 Nutrientes Macronutrientes Micronutrientes 62 31 06/09/2016 Macronutrientes necessários em grandes quantidades • Carbono – elemento principal de todas as macromoléculas biológicas: • corresponde a 50% do peso seco da célula bacteriana típica. • fontes orgânicas de C – proteínas, carboidratos e lipídeos • fonte inorgânica de C – CO2 • Nitrogênio – importante constituinte de proteínas, ácidos nucléicos: • corresponde a 12-14% do peso seco da célula bacteriana típica. • encontrado na natureza principalmente na forma de compostos inorgânicos: amônia (NH3), nitrato (NO3-) ou N2. • fontes orgânicas: aminoácidos, bases nitrogenadas. • Fósforo e Enxofre – juntos, correspondem a 4% do peso seco da célula bacteriana típica: • Fósforo necessário para a síntese de ácidos nucléicos e fosfolipídeos. Forma usual encontrada na natureza – íon fosfato PO43- . • Enxofre – constituinte dos aa cisteína e metionina e também de vitaminas (tiamina, biotina). Maior parte do enxofre utilizado nos processos celulares vem de fontes inorgânicas: íon sulfato (SO42-) e sulfeto (HS-). 63 Macronutrientes Madigan et al., 2004. 64 32 06/09/2016 Micronutrientes (elementos-traço) Madigan et al., 2004. 65 Fatores orgânicos de crescimento Algumas bactérias necessitam de fontes extracelulares de vitaminas, que atuam como coenzimas. Ex. bactérias lácticas (Streptococcus, Lactobacillus, Leuconostoc) 66 Madigan et al., 2004. 33 06/09/2016 Microrganismos em meio de cultura Crescimento e multiplicação Meio de cultura satisfatório Deverá conter: Síntese de seus próprios monômeros Fonte de carbono Nitrogênio Sais inorgânicos Em certos casos: Vitaminas (tiamina, biotina, cobalamina...) Outros fatores de crescimento (Aminoácidos, purinas, pirimidinas) 67 Microrganismos em meio de cultura Exigente Nutricionalmente Meio específico/ Ricos Não Exigente Meio mínimo Pseudomonas Soluções aquosas de glicose, amônia, fosfato, sulfato e outros minerais Parasitas intracelulares obrigatórios 68 34 06/09/2016 Meios de Cultura • Soluções nutrientes utilizadas para promover o crescimento de microrganismos em laboratório. • Inóculo: microrganismos que são colocados em um meio de cultura para iniciar o crescimento. • Cultura: microrganismos que crescem e se multiplicam nos meios de cultura. Quimicamente definidos: Quantidades precisas de compostos químicos inorgânicos ou orgânicos altamente purificados, adicionados a água destilada. Meios Complexos (ou indefinidos): Não se conhece a composição precisa de alguns componentes. Empregam produtos de digestão da caseína (proteína do leite), de carne, de soja, de leveduras, extratos de plantas, entre outros. 69 Meios de cultura Utilizados para o cultivo dos microrganismos; Quimicamente definidos – Definição exata Retirando ou adicionando um constituinte ao meio definido, pode-se saber se aquele constituinte é essencial para o crescimento do microrganismo. 70 35 06/09/2016 Meios comerciais Já contém todos os componentes desejados; Adiciona-se água Esteriliza-se 121ºC durante 20 minutos. Distribui-se em placas de Petri também esterilizadas. Armazena-se em geladeira embaladas em sacos plásticos para diminuir a desidratação. 71 Microrganismos em meio de cultura Composição: Peptona (Fonte de nitrogênio) Triptose (reações de fermentações) Extrato de carne (carboidratos, constituintes minerais, vitaminas) Extrato de leveduras (Fonte de vitaminas) Água (destilada / deionizada) Sangue (Fator de crescimento, rico em nitrogênio, carboidratos e vitaminas) 72 36 06/09/2016 Ágar: polissacarídeo complexo solidificante obtido de algas marinhas. Poucos microrganismos degradam o ágar. Temperatura de fusão inferior à temperatura da água. Permanece líquido até 40ºC. Na técnica de Pour plate o ágar é mantido a 50ºC e é adicionado sobre o inóculo sem afetar, ou causar danos a bactéria. Dependendo de sua concentração os meios podem ser classificados quanto a consistência: - Líquido – menos de 1g de ágar por litro de água - Semi-sólido – 4 g/L - Sólido – 15 a 18 g/L 73 Classificação quanto à função: -Seletivo -Diferencial -Enriquecedor -Transporte 74 37 06/09/2016 Meios Seletivos Favorece o crescimento da bactéria de interesse impedindo o crescimento de outras bactérias. Inibidores: substâncias capazes de inibir algumas bactérias que não são de interesse. 1) Corantes: verde brilhante, eosina, cristal violeta... 2) Metais pesados: Bismuto; 3) Substâncias químicas: azida, citrato, desoxicolato, selenito e álcool feniletílico... 4) Agentes antimicrobianos: vancomicina, cloranfenicol 5) Meio hipertônico: alta concentração de sal (7,5%) 75 Meio Diferencial Utilizado para fácil detecção da colônia da bactéria de interesse quando existem outras bactérias crescendo na mesma placa do meio Substâncias utilizadas como indicadores de atividade enzimáticas que auxiliam na identificação -Indicadores de pH: fucsina, azul de metileno, vermelho neutro, vermelho de fenol e púrpura de bromocresol. Medem as variações de pH que resultam do metabolismo bacteriano de certos substratos. - Indicadores diversos: detectam produtos bacterianos específicos. Ex.: íons ferro e ferroso para a detecção de sulfato de hidrogênio 76 38 06/09/2016 CLED (Cistina Lactose- Eletrólitos-Deficientes) Com indicador azul de bromotimol Lactose + (Amarelo) Meio diferencial 77 CLED (Cistina Lactose- Eletrólitos-Deficientes) Com indicador de Andrade!! Lactose + (Rosa) Meio diferencial 78 39 06/09/2016 Ágar MacConkey Peptona de carne...................................................3 Peptona de caseína..............................................17 Nitrogênio e carbono NaCl.........................................................................5 Lactose..................................................................10 Sais biliares.........................................................1,5 Vermelho neutro................................................0,03 Cristal violeta...................................................0,001 Açúcar Inibidor de Gram+ Indicador de pH Inibidor de Gram+ Ágar....................................................................13,5 79 Meio Seletivo e Diferencial Muito utilizado na rotina laboratorial Ágar MacConkey – Seletivo e Diferencial Seletivo: Cristal violeta e sais biliares – inibem bactérias Gram-positivo; Diferencial: Este meio possui indicador de pH, por exemplo vermelho neutro: quando o meio fica ácido a cor fica rosa. Possui lactose que a bactéria pode degradar (fermentar) produzindo ácido que diminui o pH do meio. 80 40 06/09/2016 Lactose Lactose + MacConkey Cultura mista!!!!!! Seletivo para enterobactérias (Gram-negativo) a partir de fezes, urina, alimentos, água... 81 MacConkey Cultura mista!!!!!! 1. Lactose – 2. Lactose + Sais biliares e cristal violeta inibem Gram-positivas Meio seletivo e diferencial 82 41 06/09/2016 Ágar Manitol Hipertônico Peptona...............................................................10 Nitrogênio e carbono Extrato de carne..................................................1 Inibidor de algumas NaCl.....................................................................75 Gram+ e das Gram - Manitol................................................................10 Vermelho de fenol .......................................0,025 carboidrato Indicador de pH Ágar....................................................................12 Meio Seletivo e Diferencial 83 Ágar Manitol Hipertônico Manitol - Indicador Vermelho de fenol!!! Manitol + A degradação do manitol está relacionada com a patogenicidade, indicativo da presença de Staphylococcus aureus. Crescem apenas bactérias que suportam grande concentração de sal! 84 42 06/09/2016 E.M.B. (Eosina Azul de metileno) Para isolamento de Enterobactérias (Gram–negativo) Corantes inibem Gram-positivo Brilho verde metálico Escherichia coli??? Bactérias produtoras de ácidos fortes formam brilho verde metálico causado pela precipitação do corante nas colônias: SUGESTIVO de E. coli!!! Meio seletivo e diferencial 85 E.M.B. (Eosina Azul de metileno) Para isolamento de Enterobactérias (Gram–negativo) Corantes inibem Gram-positivo Colônias pardo rósea Produtora de ácido fraco Ex: Enterobacter sp Meio seletivo e diferencial 86 43 06/09/2016 Meio Mueller Hinton Pseudomonas aeruginosa Pigmento verde natural Escherichia coli Brilho verde metálico somente no meio EMB! Meio EMB Serratia marcescens Pigmento vermelho natural!! 87 Momento I “Aprendendo Microbiologia com Poema e Poesia” By Ilana Camargo http://www.icej.org.br/?p=372 44 06/09/2016 Encontro com uma Drag queen verde! Será que vai me notar? Se isso não ocorrer, não vou chorar, nem tampouco esporular! Sou mesófilo e sempre estou com você. No seu calor me sinto bem. Vou crescer, você vai ver!! Pode até me cortar o oxigênio, como sou anaeróbio facultativo, vou continuar a crescer, Oh! Gênio! Porém, se no meu meio jogar sal, me inibirá e te deixarei... Não sou halófilo, afinal! Se você quiser me ver, me semeie em EMB e vou aparecer. Fermento lactose e ácido forte pode ser observado. Assim, como uma Drag queen verde, por todos posso ser notado. Sou bacilo Gram Negativo. Meu nome é Escherichia coli, e nosso encontro pode ser divertido! 89 De volta à aula... 45 06/09/2016 Rico X Enriquecimento Rico: é o meio que é suplementado com sangue, soro, suplementos vitamínicos e extrato de levedura para isolar microrganismos exigentes. Ex: ágar Mueller Hinton suplementado com 5% de sangue de carneiro e ágar chocolate Meio de enriquecimento: Incrementa o crescimento de certas espécies bacterianas ao mesmo tempo que inibe o desenvolvimento de microrganismos que não sejam de interesse. Ex.: Caldo GN e Caldo selenito. 91 Ágar Mueller Hinton suplementado com sangue de carneiro a 5%. Meio rico Permite o crescimento da maioria das bactérias Colônia Hemólise 92 46 06/09/2016 Meios de Cultura Seletivo: Favorece o crescimento do microrganismo de interesse e impede o crescimento de outros. Ex.: Ágar sulfeto de bismuto para isolamento de Salmonella typhi a partir das fezes. Meios Diferencial: Permite a fácil identificação da colônia da bactéria de interesse, dentre as colônias de outras bactérias crescidas no meio. Ex.: Meio ágar sangue para detectar a presença de Streptococcus pyogenes (forma-se um halo claro em torno da colônia pela lise das hemáceas) de Enriquecimento: Semelhante ao seletivo, mas suplementado por nutrientes especiais, com a característica de aumentar o número da bactéria de interesse tornando-a detectável. 93 Técnicas de semeadura 47 06/09/2016 Isolamento de colônias para posteriormente obter cultura pura Objetivo dos métodos: Diminuir a população microbiana, assim as células individuais estarão localizadas a uma certa distância umas das outras. Para obter uma cultura pura, uma colônia individual é transferida do meio para outro em placa ou tubo. O bico de Bunssen e a zona asséptica/de segurança Zona Asséptica Bico de Bunssen 48 06/09/2016 Manobras assépticas Manobras assépticas 49 06/09/2016 Manobras assépticas 50 06/09/2016 Swab de algodão esterilizado 51 06/09/2016 Métodos de isolamento de microrganismos em cultura pura Métodos de isolamento de microrganismos: - Espalhamento em placa; - Pour-plate; - Esgotamento por estrias; 52 06/09/2016 Método Espalhamento em placa Método Pour Plate Espátula de Drigalski 53 06/09/2016 Método de espalhamento em placa Método de esgotamento em placa Por estrias 54 06/09/2016 Por estrias Método de esgotamento em placa Por estrias 55 06/09/2016 Cultura Pura Onde todas as células na população são idênticas e todas se originaram de uma mesma célula parenteral. Natureza - Culturas mistas: muitas espécies diferentes no mesmo ambiente Primeiro passo: Isolar as diferentes espécies contidas em um espécime (amostra). Cultura mista Cultura pura 56 06/09/2016 Bibliografia - Madigan et al., Microbiologia de Brock. São Paulo:Prentice-Hall, 10ª ed., 2004. Capítulo 4. - Tortora et al., Microbiologia. Porto Alegre; ArtMed, 8ª ed., 2005. Capítulo 4. 57