Rev Port Coloproct. 2010; 7(2): 54-59 Artigo Original Original Article TOXINA BOTULÍNICA NO TRATAMENTO DA FISSURA ANAL CRÓNICA: ANÁLISE RETROSPECTIVA DE 93 CASOS Resumo B. ARROJA1 M. CANHOTO1 C. GONÇALVES1 F. SILVA1 I. COTRIM1 H. VASCONCELOS1 (1)Serviço de Gastrenterologia, Hospital de Santo André EPE, Leiria Correspondência Bruno Arroja Hospital de Santo André EPE, Serviço de Gastrenterologia Rua das Olhalvas – Pousos 2410 – 197 Leiria, Portugal Contacto hospitalar: 244 817 000 Contacto pessoal: 91 9917216 E-mail: [email protected] 54 Introdução: A fissura anal crónica é uma patologia frequente em doentes jovens e responsável por morbilidade significativa. Várias terapêuticas médicas têm sido administradas nestes doentes, ainda que um número significativo dos pacientes venha a necessitar de esfincterotomia cirúrgica em última instância. A injecção intra-esfincteriana de toxina botulínica A tem sido utilizada nos últimos 20 anos no tratamento de fissura anal crónica, exercendo uma desinervação química transitória permitindo assim um relaxamento da musculatura esfincteriana anal com consequente cicatrização. Material e Métodos: estudo retrospectivo observacional de uma coorte de 93 doentes com fissura anal crónica tratados com toxina botulínica A (Botox®) entre 1 de Janeiro 2006 e 30 de Junho de 2009 numa Unidade de Gastrenterologia. O objectivo primário foi determinar a eficácia desta técnica na cicatrização da fissura anal crónica. Resultados: 93 doentes com 46% do sexo masculino, média de idades de 47.4 anos. Após injecção de Botox® 58% dos doentes apresentaram cicatrização da fissura anal aos 3 meses. Dez doentes apresentaram recidiva após cicatrização inicial. Foram referenciados a consulta de cirurgia 45 doentes (35 refractários + 10 recidivantes). Não se registaram complicações após a terapêutica. Conclusões: a toxina botulínica A é uma arma terapêutica eficaz, segura e com boa relação custo-benefício no tratamento da fissura anal crónica. Rev Port Coloproct. 2010; 7(2): 54-59 Abstract Background: Chronic anal fissure is a frequent disabling condition afflicting otherwise healthy young individuals. Several conservative therapies have been used to treat it although a significant percentage of patients will end up still needing surgery. For the past 20 years, this condition has been treated with botulinum toxin A which provides a transient chemical sphincterotomy enabling anal fissure healing. Patients and Methods: A retrospective observational cohort study of 93 patients with chronic anal fissure treated with botulinum toxin A (Botox®) in a Gastroenterology Department between January/2006 and June/2009. Primary outcome was to evaluate the efficacy of this therapeutic technique in healing chronic anal fissures. Results: 93 patients (46% males) with mean age 47.4 years-old. After injection 58% patients had fissure healing at 3 months. Ten of these patients had a recurrence afterwards. Forty-five patients (35 refractory plus 10 recurrences) were referred for surgical consultation. There were no complications recorded. Conclusions: Botulinum toxin A is a safe and cost-efficient technique in the treatment of chronic anal fissure. Rev Port Coloproct. 2010; 7(2): 54-59 Rev Port Coloproct. 2010; 7(2): 54-59 Introdução A fissura anal constitui uma laceração do canal anal estendendo-se da linha dentada até à margem anal. Trata-se de uma patologia frequente e responsável por elevada morbilidade em indivíduos jovens e geralmente saudáveis (1,2). Os sintomas típicos são a proctalgia e rectorragia associadas à defecação, muitas vezes a acompanhar casos de obstipação. A dor da fissura anal consiste habitualmente numa sensação de rasgadura/queimadura com intensidade e duração variáveis, que na maioria das vezes desaparece progressivamente para em seguida surgir noutro acto defecatório (2). São mais comuns na comissura posterior, provavelmente por esta ser uma zona de menor irrigação sanguínea e portanto mais predisposta a ulceração com cicatrização difícil. Um aumento da tonicidade do esfíncter anal interno estará igualmente na base da patogénese desta condição. Julga-se que a redução da pressão anal através de esfincterotomia melhore o aporte sanguíneo à anoderme facilitando consequentemente a cicatrização da fissura (1-5). Estão descritas múltiplas opções terapêuticas no tratamento da fissura anal crónica: anestésicos e corticóides tópicos, bloqueadores dos canais de cálcio em formulação oral ou tópica, pomadas de nitroglicerina, toxina botulínica A (TB-A), dilatação anal ou esfincterotomia lateral interna aberta ou fechada. Esta última tem sido considerada o “gold standard” terapêutico e nenhuma das restantes opções validadas apresenta uma maior eficácia do que a cirurgia (2-7). Por outro lado, a cirurgia é aquela com maior morbilidade e risco de complicações a longo prazo, sendo a incontinência fecal a mais temida (2-4,8). Desde 1989 que se encontra aprovado um método de desinervação química transitória do esfíncter anal mediante o uso de toxina botulínica A (TB-A), disponível sob várias formulações com resultados similares (1,5,9-12). O modo de actuação deste fármaco consiste na inibição da libertação de acetilcolina e noradrenalina no terminal nervoso pré-sináptico da junção muscular bloqueando a neurotransmissão (1,13). A TB-A tem muito poucos efeitos laterais indesejáveis. Foram descritos casos de incontinência para gases (até 14%) e/ou fezes (até 7%), geralmente transitória. Mais raramente poderão ocorrer hematomas, prolapso hemorroidário, epididimite, inflamação aguda local, trombose perianal (1-7,10,14-16). Estão reportadas na literatura taxas de cicatrização com TB-A entre 50-75% ao fim de um ano (8,10,15,17) e 47% ao final de 3 anos (18), existindo variabilidade entre os estudos conforme o número de doentes incluídos, dosagem de TB-A, local de injecção e a duração da vigilância após a administração da toxina. Aparentemente existe uma tendência para a recidiva da patologia ao longo do tempo nos estudos referidos, e esta tendência parece acentuar-se em doentes que apresentem uma maior duração dos sintomas e/ou alterações marcadas nos estudos manométricos das pressões anais (18). Adicionalmente, alguns estudos constataram que apesar de não se obter uma cicatrização completa do leito fissural, pode ocorrer uma melhoria clínica significativa em 8-12% dos doentes submetidos a tratamento com TB-A (7,17). Infelizmente existem poucos estudos prospectivos randomizados comparando as diferentes modalidades terapêuticas entre si (2,4,19-23). Outros trabalhos demonstraram superioridade, equivalência ou até inferioridade da TB-A face à pomada de nitroglicerina (NTG) (15,19). É de referir que até 20% de doentes no grupo da NTG apresentaram queixas de cefaleias o que é um factor limitativo importante desta modalidade terapêutica (15,17,21-24). Material e Métodos Através da consulta do processo clínico procedeu-se à colheita dos dados referentes aos doentes a quem foi administrada TB-A (Botox®) para tratamento de fissura anal crónica no período de tempo compreendido entre 1 de Janeiro de 2006 e 30 de Junho de 2009. Nos casos em que se verificou escassez de dados no processo clínico (nomeadamente no “follow-up” dos doentes), recorreu-se a entrevista telefónica. O diagnóstico de fissura anal crónica consistiu na existência de sintomas (dor lancinante aguda na defecação, prurido anal e rectorragia) com mais de 2 meses de duração e confirmação por exame objectivo proctológico de critérios morfológicos que caracterizam esta patologia, nomeadamente a presença de marisca sentinela, papila anal hipertrófica e espasmo anal. Critérios de inclusão: fissura não complicada (inexistência de abcesso, fístula ou neoplasia do canal anal); ausência de doença inflamatória intestinal associada; presença de sintomas (dor, rectorragia, prurido, ardor). Os doentes foram devidamente informados sobre o modo de actuação bem como de possíveis efeitos laterais decorrentes desta terapêutica e assinaram declaração de consentimento informado previamente à administração de TB-A. Tratamento Diluiu-se TB-A (Botox®, Allergan, Irvine, Califórnia) em NaCl numa concentração de 50 U/ml. Com o doente em posição geno-peitoral ou em decúbito lateral esquerdo, palpou-se o esfíncter anal interno injectando-se o produto com uma agulha 27-G. Cada doente recebeu 0.4 mL de solução contendo TB-A (total de 20U) administrada em 2 injecções equitativas (0.2 mL) às 3 e 9 horas do 55 Rev Port Coloproct. 2010; 7(2): 54-59 esfíncter anal interno. Não foi necessária sedação ou analgesia. Os doentes com queixas de obstipação foram concomitantemente medicados com terapêutica laxante. Nenhum dos doentes tratados com Botox® manteve aplicação de pomadas tópicas após a injecção intra-esfincteriana Desenho do Estudo e Objectivos Retrospectivo, observacional, descritivo, não interventivo. Objectivo primário: determinar a eficácia da TB-A no tratamento da fissura anal crónica, definida como cicatrização completa da fissura aos 3 meses após a injecção de TB-A. Definiu-se melhoria parcial como a ausência de sintomas aos 3 meses, mas com manutenção de fissura não cicatrizada. Objectivos secundários: caracterizar os doentes com fissura anal e o acompanhamento prestado a estes doentes. recorrerem ao Serviço de Gastrenterologia em caso de dúvidas/complicações durante e após o período de acompanhamento. Os doentes com cicatrização aos 3 meses tiveram alta da consulta. Alguns destes doentes vieram a apresentar recorrência das queixas com confirmação de recidiva pelo que foram enviados a consulta de cirurgia proctológica. Aqueles que ao final de 3 meses mantiveram sintomatologia e ausência de cicatrização foram igualmente referenciados à consulta de cirurgia. Esta consulta foi efectuada num prazo máximo de 3 meses após a sua solicitação, tendo os doentes sido medicados com manipulado de nitroglicerina 0.2% ou pomadas de chinchocaína e/ou corticóides durante este período. Estatística Utilizou-se folha de cálculo Excel para inserção de dados e análise estatística. Acompanhamento Resultados Procedeu-se a avaliação clínica pós-terapêutica aos 3 meses. Não se efectuaram segundas administrações de TB-A. Foi oferecida a possibilidade, a todos os pacientes, de Entre 1 de Janeiro de 2006 e 30 de Junho de 2009 foram submetidos a terapêutica com TB-A 93 doentes com fissura anal crónica, sendo 46% do sexo masculino, com média de idades de 47.4 anos (Quadro I). Quadro I - Caracterização dos doentes incluídos. n Género (masculino) Sintomatologia clínica Proctalgia Hematoquésia Prurido anal Corrimento anal Duração das queixas < 3 meses >3 e < 6 meses >6 e < 12 meses > 12 meses Localização da Fissura Comissura posterior Comissura anterior Referenciação à consulta de Proctologia Medicina Geral e Familiar Serviço de Urgência Gastrenterologia Geral Cirurgia Geral Medicina Interna Terapêuticas prévias efectuadas Manipulado de NTG Outras pomadas proctológicas* Esfincterotomia lateral interna Toxina Botulínica A *Chinchocaína, lidocaína, corticóides 56 % 43 46,2 91 69 11 9 97,8 74,2 11,8 9,7 16 20 33 24 17,2 21,5 35,5 25,8 74 19 79,6 20,4 52 15 14 11 1 55,9 16,1 15 11,8 1,1 63 48 5 1 67,7 51,6 4,7 1,1 Rev Port Coloproct. 2010; 7(2): 54-59 A referenciação à consulta de Proctologia foi efectuada em 56% dos casos pelo médico de família. As queixas mais frequentes foram a proctalgia (98%) e rectorragia (74%). A maioria das fissuras foi descrita na comissura posterior (79.6%). Previamente à terapêutica com TB-A, aproximadamente 85% dos doentes haviam sido submetidos a outro tipo de abordagens terapêuticas. Sessenta e oito por cento dos doentes haviam efectuado formulações tópicas de nitroglicerina a 0.2% e 52% haviam aplicado outras pomadas proctológicas (corticóides, chinchocaína). Cerca de 57% realizaram combinações terapêuticas. Do total de doentes, cinco apresentavam antecedentes prévios de esfincterotomia lateral interna por fissura anal. A TB-A foi eficaz na cicatrização das fissuras anais aos 3 meses em 58% dos casos, com melhoria parcial a ser registada em 3% dos doentes (Figura 1). Após os 3 meses, 10 doentes inicialmente respondedores apresentaram recidiva. Foram referenciados a consulta de cirurgia 36 doentes com fissuras refractárias e 10 doentes com fissuras recidivantes sintomáticas perfazendo um total de 46 doentes. Destes, 10 não necessitaram de cirurgia por se verificar cicatrização da fissura à data desta consulta e outros 3 faltaram à consulta e não foi possível obter dados do “follow-up” por entrevista telefónica (Quadro II). Quadro II - Evolução dos doentes enviados à consulta decirurgia. n Total de doentes referenciados Fissuras refractárias Fissuras recidivantes 46 36 10 Evolução Intervencionados Não necessitaram de cirurgia* Recusaram cirurgia “Follow-up” desconhecido 30 10 3 3 * Não necessitaram de cirurgia por apresentarem cicatrização da fissura à data da consulta de cirurgia. Considerando todas as fissuras cicatrizadas aos 3 meses e aquelas até à data de consulta de cirurgia, apurou-se uma eficácia global da TB-A de 58.1% e uma taxa de ineficácia completa de 35.5% (Figura 2). As fissuras da comissura anterior cicatrizaram em 63% contra 43% na comissura posterior. Os 15% de doentes que realizaram TB-A como primeira opção terapêutica não apresentaram taxas de cicatrização sustentada superior àqueles que efectuaram algum outro tipo de tratamento proctológico prévio. Não se registaram complicações decorrentes do tratamento com toxina botulínica A. Discussão Eficácia Eficácia parcial Ineficácia Figura 1 - Eficácia da TBA aos 3 meses. Eficácia Ineficácia Ineficácia parcial Desconhecido Figura 2 - Eficácia global da TB-A. O objectivo primário de todas as terapêuticas propostas para a fissura anal tem por princípio quebrar o círculo vicioso da inflamação, dor e espasmo do esfíncter anal (1,5) . O tratamento ideal deverá ser seguro, eficaz, sem efeitos laterais e se possível barato (6,16). Apesar de a grande maioria das referências bibliográficas se referir à esfincterotomia lateral interna como o “gold standard” da terapêutica desta patologia, são também concordantes ao afirmar que esta modalidade é aquela que traz complicações mais incapacitantes, nomeadamente a incontinência fecal (3-6,25). Nos últimos anos a abordagem terapêutica na fissura anal crónica tem como primeiras opções os tratamentos conservadores em detrimento da cirurgia (1,2,7,25,26). Uma vez que as pomadas de nitroglicerina parecem ter eficácia (2,7,17,21,24), estão comercializadas em meio extrahospitalar e são de fácil acesso, os autores sugerem uma sequência de tratamento que deverá iniciar-se pelo manipulado de NTG seguido de toxina botulínica A e finalmente a cirurgia. Esta estratégia é custo-efectiva e poderá reduzir o número de intervenções cirúrgicas em até 88% assim como o risco de complicações mais graves advindas desta opção, garantindo simultaneamente uma poupança de recursos significativa, pelo que deverá ser implementada (6,7). 57 Rev Port Coloproct. 2010; 7(2): 54-59 Em caso de disponibilidade de tratamento com TB-A, é aceitável a escolha desta como primeira linha de tratamento, principalmente em doentes com factores de risco acrescidos para incontinência ou intolerantes a formulações de NTG (18,24). O risco de recorrência de fissura é 5.8 vezes superior para a terapêutica com toxina botulínica quando comparada com a esfincterotomia lateral interna (3). A menor taxa de recorrência descrita para a cirurgia quando comparada com a toxina botulínica (1-29% versus 052%) é explicada pelo facto de esta última produzir uma desinervação química transitória (1-3,9,13). Uma vez que o espasmo muscular se parece dever ao esfíncter anal interno, o racional disponível sugere que será preferível a administração da TB-A neste músculo (2,27) . No entanto, alguns relatos também têm atribuído eficácia à administração da droga no esfíncter anal externo, eventualmente por difusão da toxina para o esfíncter interno (1,2,5,8). A grande maioria das publicações reporta uma administração de TB-A em doses entre 10-30 U, não parecendo haver um maior risco de complicações com doses acrescidas (7,9,15-21,25-27). A eventual administração de injecções subsequentes de TB-A descrita em alguns estudos (por exemplo em doentes com refractariedade, recidiva, melhoria sintomatológica sem cicatrização ou renitência à intervenção cirúrgica), poderá permitir uma maior eficácia mais do que a administração de doses mais elevadas de TB-A (26-28). Não estão, contudo, definidas as doses a administrar nem o intervalo de tempo entre as mesmas. Caberá ao médico e ao doente decidirem o plano terapêutico nestes casos particulares, uma vez que os trabalhos disponíveis na literatura defendendo estas possibilidades são escassos e não totalmente esclarecedores. Na nossa série, a TB-A apresentou uma eficácia aos 3 meses de 58%, equiparando-se a valores obtidos em algumas séries (7-10,14,15,17,18) e sendo inferior relativamente a outras (1,9,21,26,27). É de salientar a escassez de estudos prospectivos com amostras significativas. A maioria das séries mencionadas aponta para uma redução progressiva da eficácia à medida que os tempos de “follow-up” se vão prolongando. Curiosamente, constatou-se na nossa série casos de cicatrização de fissuras com períodos mais prolongados de acompanhamento ainda que este valor seja ultrapassado pelo número de recidivas. Porém, e uma vez que estes doentes estiveram medicados com pomadas tópicas durante o período de espera até à consulta de cirurgia, admite-se como possibilidade remota que uma acção terapêutica sinérgica tenha contribuído para estes resultados em certa medida inesperados. Será importante ainda notar que três doentes referenciados à consulta de cirurgia faltaram à mesma. Poder-se-á especular acerca dos motivos que justificam esta atitude, sendo um deles a eventual melhoria clínica 58 no intervalo que mediou a consulta de Gastrenterologia e a de Cirurgia. Tendo em conta os resultados obtidos, os autores consideram que será prudente adoptar um plano de vigilância que inclua observações aos 1, 3 e 4-6 meses após a injecção de toxina botulínica, antes de uma eventual referenciação à consulta de Cirurgia. Constituirão excepções a esta proposta de vigilância os doentes muito sintomáticos ou aqueles com leitos de fissura de grandes dimensões aos 3 meses. Na nossa instituição a TB-A encontra-se disponível em ampolas de 100 U com custo unitário de cerca de 150 euros. Recomendamos, se possível, a optimização do uso deste fármaco reunindo-se num mesmo dia o maior número de doentes para tratamento. Declaração de conflitos de interesse: Os autores não receberam patrocínios para a elaboração deste artigo. Bibliografia 1. Trzcinski R, Dziki A, Tchorzewski M. Injections of Botulinum A toxin for the treatment of anal fissures. Eur J Surg. 2002;168:720-23. 2. Amaro P, Duarte A. Fissura anal parte I: Fundamentos Teóricos. Revista Portuguesa de Coloproctologia 2009; 6(1):18-26. 3. Shao WJ, Li GC, Zhang ZK. Systematic review and meta-analysis of randomized controlled trials comparing botulinum toxin injection with lateral internal sphincterotomy for chronic anal fissure. Int J Colorectal Dis. 2009;24:995-1000. 4. Iswariah H, Stephens J, Rieger N, Rodda D, Hewett P. 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