APA MUNICIPAL DO RIO VERMELHO/HUMBOLD PLANO DE MANEJO ENCARTE 3 MANEJO DA UNIDADE DE CONSERVAÇÃO PM da APA Rio Vermelho/Humbold -SC Encarte 3 LISTA DE TABELAS Tabela 1 - Categorias de Unidades de Conservação reconhecidas internacionalmente ................................................................................................................. 17 Tabela 2 - Síntese do número de unidades de conservação segundo o grau de proteção ................................................................................................... 18 Tabela 3 - Área total das Unidades de Conservação segundo a categoria de manejo ................................................................................................................. 18 Tabela 4 - Remanescentes florestais e ecossistemas associados da Mata Atlântica no estado de Santa Catarina no período de 2005-2008 ................................ 20 Tabela 5 - Unidades de Conservação Estaduais em Santa Catarina* ....................... 20 Tabela 6 - Unidades de Conservação Municipais em Santa Catarina* ...................... 21 Tabela 7 - Unidades de conservação existentes nos municípios catarinenses de Campo Alegre, Rio Negrinho, São Bento do Sul e Corupá ....................... 22 Tabela 8 - Quadro Socioambiental ............................................................................ 32 Tabela 9 - Tendências Socioeconômicas e Impactos no Meio Ambiente................... 36 Tabela 10 - Modelo de Matriz de Tendências Socioeconômicas e Impactos no Meio Ambiente .................................................................................................. 37 Tabela 11 - Modelo de Matriz Institucional de Gestão ................................................. 39 Tabela 12 - Identificação das Partes Interessadas e suas Expectativas ...................... 40 Tabela 13 - Modelo de Matriz de Análise Estratégica .................................................. 43 Tabela 14 - Matriz de Análise Estratégica – oficina realizada no povoado Rio Vermelho Estação (18/03/2011) ............................................................................... 45 Tabela 15 - Matriz de Análise Estratégica – oficina realizada no povoado Rio Mandioca (19/03/2011) ............................................................................................. 47 Tabela 16 - Matriz de Análise Estratégica – oficina realizada na Associação de Moradores Rio Natal (20/03/2011) ............................................................ 48 Tabela 17 - Síntese das Atividades Potencialmente Impactantes ocorrentes na área de abrangência da APA Municipal do Rio Vermelho/Humbold e grau de impacto ..................................................................................................... 51 Tabela 18 - Síntese dos Conflitos Ambientais Identificados na região da APA Municipal do Rio Vermelho/Humbold ........................................................................ 54 Tabela 19 - Síntese dos Conflitos e Deficiências Identificados na região da APA Municipal do Rio Vermelho/Humbold ........................................................ 55 Tabela 20 - Fichas específicas da proposta de Zoneamento da APA .......................... 69 Tabela 21 - Estrutura de Custos dos Programas ......................................................... 85 ecossistema consultoria ambiental Prefeitura Municipal de São Bento do Sul i PM da APA Rio Vermelho/Humbold -SC Encarte 3 LISTA DE FIGURAS Figura 1 - Localização da APA Municipal do Rio Vermelho/Humbold ....................... 10 Figura 2 - Áreas prioritárias para a conservação da Mata Atlântica .......................... 15 Figura 3 - Interação do fatores de Análise Estratégica, demonstrada como fatores internos e externos que interagem em uma Matriz de Análise Estratégica 42 Figura 4 - Mapa de Zoneamento da APA Municipal do Rio Vermelho/Humbold ....... 75 ecossistema consultoria ambiental Prefeitura Municipal de São Bento do Sul ii PM da APA Rio Vermelho/Humbold -SC Encarte 3 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ................................................................................................... 7 2. LOCALIZAÇÃO ................................................................................................. 9 3. CONTEXTUALIZAÇÃO DAS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO .................... 11 3.1. Contexto Federal .................................................................................................... 12 3.2. Contexto Estadual .................................................................................................. 19 4. PROGRAMAS GOVERNAMENTAIS ............................................................... 23 5. PLANO DE GESTÃO ....................................................................................... 26 5.1. A missão da APA Municipal do Rio Vermelho/Humbold ..................................... 28 5.2. Quadro Socioambiental ......................................................................................... 30 5.3. Visão de Futuro ...................................................................................................... 35 5.4. Identificação dos Agentes Envolvidos na Gestão ............................................... 37 5.5. Matriz Lógica de Planejamento ............................................................................. 42 5.6. Indicação dos Principais Problemas Ambientais................................................. 50 6. ZONEAMENTO ................................................................................................ 56 6.1. Estabelecimento do Zoneamento Ambiental ........................................................ 56 6.2. Critérios para Identificação das Áreas Ambientais Homogêneas....................... 56 6.3. Definição de Tipologia de Zonas Ambientais ....................................................... 57 6.4. Aplicação da Tipologia de Zonas Ambientais ...................................................... 59 6.5. Diretrizes Normativas para as Zonas Ambientais ................................................ 61 7. PROGRAMAS AMBIENTAIS ........................................................................... 76 ecossistema consultoria ambiental Prefeitura Municipal de São Bento do Sul iii PM da APA Rio Vermelho/Humbold -SC Encarte 3 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................... 86 ANEXO 1 - LISTA DE CONVIDADOS PARA AS OFICINAS DE PLANEJAMENTO ................................................................................................ 89 ecossistema consultoria ambiental Prefeitura Municipal de São Bento do Sul iv PM da APA Rio Vermelho/Humbold -SC Encarte 3 LISTA DE SIGLAS AL - Alagoas APA - Área de Proteção Ambiental BA - Bahia CDB – Convenção sobre Biodiversidade Biológica CE - Ceará CNUMAD – Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e Desenvolvimento CONAMA – Conselho Nacional do Meio Ambiente Emasa - Empresa Municipal de Água e Saneamento de Balneário Camburiu Epagri – Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina EPI – Equipamento de proteção individual ES – Espírito Santo GO – Goiás IBAMA - Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis ICMBio – Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade ICMS - Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços IELUSC - Associação Educacional Luterana Bom Jesus IGP-M – Índice Geral de Preços de Mercado IUCN – União Internacional para Conservação da Natureza MMA – Ministério do Meio Ambiente MG – Minas Gerais MS – Mato Grosso do Sul ONG – Organização não Governamental ONU – Organização das Nações Unidas PB - Paraíba PE - Pernambuco PIA – Programa Intermunicipal da Água PI - Piauí PM - Plano de Manejo PRAD - Plano de Recuperação de Áreas Degradadas PR – Paraná PSA – Pagamento por Serviços Ambientais PTPRS - Programa de Tratamento Participativo de Resíduos Sólidos RI – Reserva Indígena RJ – Rio de Janeiro RN – Rio Grande do Norte ecossistema consultoria ambiental Prefeitura Municipal de São Bento do Sul v PM da APA Rio Vermelho/Humbold -SC Encarte 3 RPPN – Reserva Particular do Patrimônio Natural RS – Rio Grande do Sul SAMAE – Serviço Autônomo Municipal de Água e Esgoto SC – Santa Catarina SE – Sergipe SP – São Paulo SISNAMA – Sistema Nacional do Meio Ambiente SMI - Vegetação nativa secundária em estágio médio e inicial SNUC - Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza TNC – The Nature Conservancy UFM – Unidade Fiscal Municipal UC - Unidade de Conservação UNESCO – Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura. ecossistema consultoria ambiental Prefeitura Municipal de São Bento do Sul vi Encarte 3 PM da APA Rio Vermelho/Humbold -SC 7/III 1. INTRODUÇÃO O Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza (SNUC) estabelecido pela Lei n° 9.985, de 18 de julho de 2000, rege a legislação pertinente às Unidades de Conservação (UC). Estabelece que as UC devem dispor de Plano de Manejo (PM), o qual englobe tanto a área da UC, como sua Zona de Amortecimento e os Corredores Ecológicos, incluindo medidas que visem a integração da unidade e a vida econômica e social das comunidades vizinhas (BRASIL, 2000). As atividades desenvolvidas no entorno da UC influenciam direta ou indiretamente na preservação e no manejo dessas áreas. A efetividade da implantação da UC depende do estabelecimento do Zoneamento Ambiental da área protegida, que caracteriza suas zonas de forma ordenada de acordo com suas características e potencialidades (FLORIANO, 2004). O PM é definido pelo SNUC como um documento no qual se estabelece o zoneamento e as normas que devem presidir o uso da área e o manejo dos recursos naturais, inclusive a implantação das estruturas físicas necessárias à gestão da unidade (BRASIL, 2000). O SNUC decreta o zoneamento como um instrumento da Política Nacional do Meio Ambiente de definição de zonas específicas na UC, que visa o manejo dessa área proporcionando assim, as condições adequadas para que todos os propósitos da UC possam ser alcançados de forma eficaz (BRASIL, 2000). Para a formulação do panorama ambiental e zoneamento efetivo é necessário o levantamento de dados físicos, bióticos e culturais da área em questão. A integração desses dados com os processos socioeconômicos da região permite a delimitação das zonas que irão compor o zoneamento a ser proposto. Durante a elaboração do zoneamento devem ser considerados o Zoneamento Municipal, Zoneamento Minerário para Áreas de Proteção Ambiental (APA), Plano de Bacias Hidrográficas, além da legislação vigente nas esferas federal, estadual e municipal (IBAMA, 1998). As APAs são uma categoria de UC que surgiu no início dos anos 80 com base na Lei Federal n° 6.902, de 27 de abril de 1981. A implantação de uma APA ocorre quando se objetivava controlar a ocupação e o uso de determinada região. É a primeira categoria de manejo que possibilitou conciliar a população residente e seus interesses econômicos Prefeitura Municipal de São Bento do Sul ecossistema consultoria ambiental Encarte 3 PM da APA Rio Vermelho/Humbold -SC 8/III com a conservação da área protegida. Além disso, as APAs visam evitar maiores danos ambientais em áreas já ocupadas pelo homem, e de regrar o uso dos recursos naturais em áreas privadas de difícil desapropriação (EUCLYDES; MAGALHÃES, 2006). A implantação de uma APA envolve inúmeras etapas, além de procedimentos legais e técnicos. Sua simples criação, através de instrumentos legais constitui apenas o primeiro passo, que deve ser seguido pela regulamentação destas leis e decretos. Devem ser definidos criteriosamente os instrumentos gerenciais, como o zoneamento ambiental, o plano de gestão e os instrumentos fiscais e financeiros para garantir o cumprimento dos objetivos básicos da APA (EUCLYDES; MAGALHÃES, 2006). Segundo a Lei n° 6.902, de 27 de abril de 1981, em uma APA a implantação de empreendimentos potencialmente poluidores, principalmente se capazes de afetar os mananciais de água; a realização de obras de terraplenagem e a abertura de canais, quando essas iniciativas importarem em sensível alteração das condições ecológicas locais; o exercício da atividade que for capaz de provocar uma acelerada erosão das terras e/ou um acentuado assoreamento das coleções hídricas; e o exercício de atividades que ameacem extinguir na área protegida as espécies raras da biota regional, só serão autorizados mediante aprovação do poder executivo (BRASIL, 1981). O Zoneamento Ambiental agregado ao Plano de Manejo aplicado as APAs, permitirá maior eficácia das ações relacionadas às Políticas Públicas uma vez que define as áreas prioritárias para o ordenamento territorial e os conflitos existentes na região. Essa ferramenta também possibilita a classificação das áreas de ocupação e monitoramento das ações antrópicas, além de revelar os pontos críticos para a aplicação correta de recursos e correlacionar a diversidade cultural dos grupos exploradores da região com a socioeconomia (ICMBio, 2011). O Zoneamento Ambiental aplicado ao PM visa a conservação dos atributos que motivaram a criação da APA, a recuperação de áreas degradadas, a conservação das áreas mais íntegras e mais frágeis, a proteção para áreas de relevante importância para a manutenção de recursos hídricos e processos ecológicos, assim como áreas detentoras de atributos físico-bióticos e histórico-culturais. A qualidade ambiental, por meio do controle das áreas urbanas ou destinadas a expansão urbana e inserção de técnicas agrosilvopastoris menos impactantes também é um dos propósitos do zoneamento, logo a melhoria da qualidade de vida da população residente e usuária das APAs aparece como uma conseqüência do Zoneamento Ambiental (ICMBio, 2011). Prefeitura Municipal de São Bento do Sul ecossistema consultoria ambiental Encarte 3 PM da APA Rio Vermelho/Humbold -SC 9/III 2. LOCALIZAÇÃO A APA Municipal do Rio Vermelho/Humbold, localiza-se na região Norte-Nordeste de Santa Catarina, no município de São Bento do Sul, em uma área de cerca de 23.000 ha (Figura 1). É constituída da bacia hidrográfica do rio Vermelho localizada dentro do município de São Bento do Sul, sendo assim entendida como a área compreendida entre o divisor de águas, ou seja, a linha imaginária que divide as águas que fluem diretamente para o Oceano Atlântico daquelas que fluem para a bacia hidrográfica do rio Negro, e as divisas com os municípios de Corupá, Jaraguá do Sul e Campo Alegre (Lei Municipal nº 246, de 14 de agosto de 1998). Esta região situa-se em elevações que variam de cerca de 200 m a 1200 m de altitude, tendo sua composição vegetal composta desde Floresta Ombrófila Densa Sub-Montana, Floresta Ombrófila Densa Montana e Floresta Ombrófila Densa Mista até campos de altitude, em diferentes níveis de regeneração, inclusive formações primárias. Prefeitura Municipal de São Bento do Sul ecossistema consultoria ambiental Encarte 3 - Manejo da UC Figura 1 - PM da APA Municipal Rio Vermelho/Humbold - São Bento do Sul-SC Localização da APA Municipal do Rio Vermelho/Humbold Prefeitura Municipal de São Bento do Sul ecossistema consultoria ambiental 10/III Encarte 3 PM da APA Rio Vermelho/Humbold-SC 3. CONTEXTUALIZAÇÃO DAS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO As UC estabelecem critérios e demarcam fronteiras para o uso e ocupação do solo, traçando assim estratégias de controle do território cuja função engloba proteger e preservar aspectos culturais e recursos naturais associados aos seus limites. Os principais dispositivos legais que deram suporte a implantação das primeiras áreas protegidas são o Código Florestal (Decreto n° 23.793, de 23 de janeiro de 1934, alterado pela Lei nº 4.771, de 15 de setembro de 1965), o Código de Águas (Decreto n° 24.643, de 10 de julho de 1934), o Código de Caça e Pesca (Decreto n° 23.672, de 02 de janeiro de 1934 "revogado") e o Decreto de Proteção aos Animais (Decreto n° 24.645, de 10 de julho de 1934 "revogado"). O Parque Nacional do Itatiaia, fundado em 1937 no Rio de Janeiro é considerada a primeira área protegida do Brasil (Medeiros, 2006). Da década de 70 até 1990, o Brasil implementou inúmeras Unidades de Conservação. No início dos anos 90, a principal problemática das áreas protegidas implantadas no país era a gestão ineficiente caracterizada pelo desperdício de recursos e oportunidades (Medeiros et. al. 2004). No ano de 2000 foi criado um sistema único denominado Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza (SNUC), através da Lei n° 9.985, 18 de julho de 2000. A implantação, gestão, fiscalização e monitoramento das UC federais é responsabilidade do ICMBio, órgão integrante do Sistema Nacional do Meio Ambiente (SISNAMA) (ICMBio, 2011). O SISNAMA foi instituído pela Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, regulamentada pelo Decreto nº 99.274, de 06 de junho de 1990, é constituído pelos órgãos e entidades da união, dos estados, do distrito federal, dos municípios e pelas fundações instituídas pelo poder público, que são responsáveis pela proteção e melhoria da qualidade ambiental (MMA, 2011). Considerando a biodiversidade brasileira, ao país cabe a responsabilidade da preservação dos ecossistemas. Por ser um dos países signatários da Convenção da Diversidade Biológica, tem como compromisso preservar sob forma de UC 30% da Amazônia e 10% da Mata Atlântica, Pampa, Pantanal, Cerrado, Caatinga e ecossistemas Marinhos Costeiros, englobando para isso UCs federais, estaduais e municipais (ICMBio, 2011). Prefeitura Municipal de São Bento do Sul ecossistema consultoria ambiental 11/III Encarte 3 PM da APA Rio Vermelho/Humbold-SC 3.1. Contexto Federal O Brasil ocupa posição de destaque entre os países ricos em recursos naturais, identificados como centros de megadiversidade, podendo ser considerado o país com responsabilidade primordial em nível global em relação a preservação da biodiversidade (MMA, 2009). Aproximadamente 14% das espécies do mundo são encontradas no Brasil (Agostinho, et. al. 2005), são mais de 120 mil espécies de animais que ocorrem no território nacional (ICMBio, 2011). Em razão da vasta extensão geográfica do território nacional, o Brasil é composto por cinco biomas que caracterizam a biodiversidade brasileira, entre esses estão a região Amazônica que abriga a maior biodiversidade do planeta, a qual compreende mais de 40 mil espécies de plantas, 300 espécies de mamíferos, 13 mil espécies de aves, de 3 mil a 9 mil espécies de peixes e pelo menos 20% de toda água doce da superfície terrestre. Já o Cerrado é considerado o bioma mais antigo do país e o segundo maior em extensão da América do Sul, sendo considerado o berço das bacias hidrográficas brasileiras (Parnaíba, Paraná, Paraguai, Tocantins-Araguaia, São Francisco e Amazônica), o que gera como conseqüência grande biodiversidade e elevado potencial aqüífero, e abriga mais de 6 mil espécies de plantas, 200 espécies de mamíferos, 800 espécies de aves e 1,2 mil espécies de peixes (ICMBio, 2011). O bioma Mata Atlântica é o grande conjunto florestal extra-amazônico. Sua área original representava 15% do território nacional. Atualmente restam 7% da extensão original desse bioma, mas apesar da devastação, a floresta ainda abriga uma das mais importantes áreas de biodiversidade do planeta, abrigando 20 mil espécies de plantas, 261 espécies de mamíferos, mais de mil espécies de aves e 350 espécies de peixes (SCHAFFER; PROCHNOW, 2002). Porém essa diversidade que representa uma excepcional riqueza de patrimônio genético e paisagístico, paralelamente torna a mata extremamente frágil, a destruição de parcelas ainda que pequenas dessa floresta pode significar a perda irreversível de inúmeras espécies. No nordeste do país a Mata Atlântica está reduzida a 3% de sua área original, o bioma resistiu principalmente nos estados do Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná e Santa Catarina, formando um grande corredor ecológico, graças ao relevo Prefeitura Municipal de São Bento do Sul ecossistema consultoria ambiental 12/III Encarte 3 PM da APA Rio Vermelho/Humbold-SC acidentado e a pobreza dos solos das Serras do Mar e da Mantiqueira, que caracterizam o litoral sul e sudeste do Brasil (SOS Mata Atlântica, 2011). Em relação aos corredores ecológicos, vale destacar a extrema importância desses na ampliação dos fluxos gênicos e conectividade, pois são fundamentais para a biodiversidade pelo aumento das variações genéticas, logo também são de extrema importância para o bioma como um todo (ZAÚ, 1998). A Mata Atlântica atualmente é considerada uma das florestas tropicais mais ameaçadas de extinção, porém um dos hotspots da biodiversidade mundial. Apesar da grande ameaça, o bioma ainda apresenta áreas de enorme importância biológica além da importância histórica - cultural e socioeconômica inseridas em seu conjunto, que merecem ser protegidas e em muitos casos ampliadas (SOS Mata Atlântica, 2011). O Brasil é portador da maior biodiversidade mundial, sendo assim apresenta responsabilidade em relação a conservação e preservação desta. Em relação às políticas nacionais voltadas para a preservação e utilização sustentável dos recursos naturais, o país vem tomando medidas decisivas com ênfase para as ações relacionadas a extensão das áreas legais para a preservação da biodiversidade e utilização sustentável do uso de energia (MMA, 2009). A Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB) é um dos principais resultados da Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e Desenvolvimento (CNUMAD), também conhecida como Rio 92. A CDB tem como objetivo a conservação da diversidade biológica, a utilização sustentável de seus componentes e a repartição equitativa dos benefícios derivados do uso dos recursos energéticos. Logo o Brasil foi o primeiro país a assinar o instrumento de Ratificação da CDB (MMA, 2009). A Mata Atlântica está distribuída ao longo da costa atlântica do país, atingindo áreas da Argentina e do Paraguai nas regiões sudeste e sul, originalmente abrangia 1.315.460 km² do território brasileiro. Seus limites originais contemplavam áreas em 17 estados (PI, CE, RN, PE, PB, SE, AL, BA, ES, MG, GO, RJ, MS, SP, PR, SC e RS), o que correspondia a aproximadamente 15% do Brasil (SCHAFFER; PROCHNOW, 2002). Com base no censo populacional de 2007 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 61% da população brasileira habita nessa área, ou seja, são mais de Prefeitura Municipal de São Bento do Sul ecossistema consultoria ambiental 13/III Encarte 3 PM da APA Rio Vermelho/Humbold-SC 112 milhões de habitantes em 3.222 municípios, que correspondem a 58% dos existentes no Brasil. Destes, 2.594 municípios possuem a totalidade dos seus territórios no bioma e mais 628 municípios estão parcialmente inclusos. Vários são os benefícios, diretos e indiretos, que a Mata Atlântica proporciona aos que vivem em seus domínios, protege e regula o fluxo de mananciais hídricos que abastecem as principais metrópoles e cidades brasileiras, e controla o clima. Além de garantir qualidade de vida, abriga rica biodiversidade e preserva patrimônio histórico e várias comunidades indígenas, caiçaras, ribeirinhas e quilombolas, que constituem a genuína identidade cultural do Brasil (SOS Mata Atlântica, 2009). A devastação da Mata Atlântica foi mais acentuada nos últimos 30 anos, ocasionando alterações severas para os ecossistemas, pela alta fragmentação do habitat e perda de sua biodiversidade, como conseqüência o resultado atual é a perda quase total das florestas originais intactas e a contínua devastação dos remanescentes florestais ainda existentes. Trechos significativos deste conjunto de ecossistemas foram reconhecidos como Patrimônio Mundial pela Organização das Nações Unidas (ONU) e indicados como Sítios Naturais do Patrimônio mundial e Reserva da Biosfera da Mata Atlântica pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO). Além disso, é considerada Patrimônio Nacional na Constituição Federal de 1988 (SOS Mata Atlântica, 2009). Entre 1998 e 2000, o Projeto de Conservação e Utilização Sustentável da Diversidade Biológica Brasileira (PROBIO/MMA), realizou um estudo para a definição de áreas prioritárias para conservação, uso sustentável e repartição dos benefícios da biodiversidade na Amazônia, Caatinga, Cerrado e Pantanal, Mata Atlântica e Campos Sulinos, e na Zona Costeira e Marinha (MMA, 2007). Dessa forma foi possível identificar as áreas prioritárias para conservação da Mata Atlântica, o resultado dessa atualização indicou 880 áreas distribuídas em 428.409 km², desse total, 522 são áreas novas e 358 são áreas sob algum tipo de proteção. Em relação à extensão territorial do Bioma Mata Atlântica existe hoje cerca de 1.129.760 km² desse Bioma, dos quais apenas 37,9% são ocupadas pelas áreas prioritárias: sendo 30,6% de áreas novas e, somente 7,3% por áreas que de alguma forma estão protegidas - UC ou TI. A área de Mata Atlântica que está inserida na APA Municipal do Rio Vermelho/ Humbold é considerada uma área prioritária de extrema importância (MMA, 2007). Prefeitura Municipal de São Bento do Sul ecossistema consultoria ambiental 14/III PM da APA Rio Vermelho/Humbold-SC Encarte 3 Figura 2 - Áreas prioritárias para a conservação da Mata Atlântica Fonte: MMA (2007). O processo de degradação dos recursos naturais gerou iniciativas em escala mundial para criação de áreas legalmente protegidas, por legislação específica e regime de uso voltado à conservação. A primeira iniciativa do Governo Federal no sentido de regulamentar a Constituição Federal de 1988, definindo instrumentos legais específicos para a Mata Atlântica, foi a edição do Decreto n° 99.547, de 25 de setembro de 1990, que dispunha sobre a vedação de corte e da respectiva exploração de sua vegetação nativa (MMA, 2011). Este Decreto foi revogado e substituído pelo Decreto nº 750, de 1993, e por sua vez foi revogado pelo Decreto nº 6.660, de 21 de novembro de 2008. Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza (SNUC) O SNUC é regido pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), Ministério do Meio Ambiente (MMA) e órgãos executores nos âmbitos federais, estaduais e municipais. Prefeitura Municipal de São Bento do Sul ecossistema consultoria ambiental 15/III PM da APA Rio Vermelho/Humbold-SC Encarte 3 É considerado o marco inicial para o planejamento efetivo da conservação, consolidando a divisão das unidades em UC de proteção integral ou uso sustentável. Nas UC de proteção integral se enquadram as Estações Ecológicas, Reservas Biológicas, Parques Nacionais, Monumentos Naturais, Refúgios da Vida Silvestre e Reservas Particulares do Patrimônio Natural. Nas UC de uso sustentável estão classificadas as Áreas de Proteção Ambiental, Áreas de Relevante Interesse Ecológico, Florestas Nacionais, Reservas Extrativista, Reservas de Fauna e Reservas de Desenvolvimento Sustentável. O SNUC implanta a gestão participativa de UC, que a partir de 2000 devem usufruir de instrumentos de planejamento: zoneamento, PM e gestão na forma de conselhos. Com o SNUC, as populações locais passam a ser reconhecidas, as propriedades privadas incorporadas, como no caso de Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPN), os corredores ecológicos são adotados na estruturação da UC, assim como a gestão integrada na forma de mosaicos e enfim mecanismos de compensação ambiental são estabelecidos (MMA, 2010). Segundo a Lei n° 9.985, 18 de julho de 2000, o SNUC deve atingir os seguintes objetivos naturais de conservação da natureza: I. contribuir para a manutenção da diversidade biológica e dos recursos genéticos no território nacional e nas águas jurisdicionais; II. proteger as espécies ameaçadas de extinção no âmbito regional e nacional; III. contribuir para a preservação e a restauração da diversidade de ecossistemas naturais; IV. promover o desenvolvimento sustentável a partir dos recursos naturais; V. promover a utilização dos princípios e práticas de conservação da natureza no processo de desenvolvimento; VI. proteger paisagens naturais e pouco alteradas de notável beleza cênica; VII. proteger as características relevantes de natureza geológica, geomorfológica, espeleológica, arqueológica, paleontológica e cultural; VIII. proteger e recuperar recursos hídricos e edáficos; IX. recuperar ou restaurar ecossistemas degradados; X. proporcionar meios e incentivos para atividades de pesquisa científica, estudos e monitoramento ambiental; XI. valorizar econômica e socialmente a diversidade biológica; XII. favorecer condições e promover a educação e interpretação ambiental, a recreação em contato com a natureza e o turismo ecológico; XIII. proteger os recursos naturais necessários à subsistência de populações tradicionais, respeitando e valorizando seu conhecimento e sua cultura e promovendo-as social e economicamente. Entretanto a implementação do SNUC não extinguiu os problemas históricos das UC, que englobam a carência de desenvolvimento dos mecanismos de gestão e a baixa Prefeitura Municipal de São Bento do Sul ecossistema consultoria ambiental 16/III PM da APA Rio Vermelho/Humbold-SC Encarte 3 efetividade destes, além da concentração da gestão das unidades em seus chefes, delimitando pouco espaço para democracia efetiva (MMA, 2010). Porém as UC representam uma das melhores estratégias de proteção do patrimônio natural atualmente. Nestas áreas naturais a biodiversidade, em especial a flora e a fauna são preservadas, assim como os processos ecológicos e os ecossistemas, garantindo a manutenção do estoque da biodiversidade (MMA, 2010). As categorias de manejo legalmente estabelecidas no Brasil têm sua correspondência nas categorias reconhecidas pela União Internacional para Conservação da Natureza (IUCN), conforme apresentado na Tabela 1. Tabela 1 - Categorias de Unidades de Conservação reconhecidas internacionalmente CATEGORIAS DA IUCN (1994) CATEGORIAS DE MANEJO LEGALMENTE ESTABELECIDAS NO BRASIL Categoria I (Reserva Natural Estrita) Reserva Biológica Estação Ecológica Categoria II (Parque Nacional) Parque Nacional Categoria III (Monumento Natural) Monumento Natural Categoria IV (Área de Manejo de Habitat / Espécies) Refúgio de Vida Silvestre Área de Relevante Interesse Ecológico Categoria V (Paisagem Terrestre e Marinha Protegidas) Área de Proteção Ambiental Categoria IV (Área Protegida com Recursos Manejados) Floresta Nacional Reserva Extrativista Reserva de Desenvolvimento Sustentável Reserva de Fauna Fonte: DOUROJEANNI; PÁDUA (2001). Atualmente existem 310 UC federais no Brasil (75.467.815,71 ha), todas regidas pelo SNUC, das quais 137 correspondem a unidades de Proteção Integral (44,19%), onde a conservação ambiental é o principal objetivo. Entre essas áreas estão as Estações Ecológicas, somando um total de 31 unidades, distribuídas em 6.706.735,15 ha; os Monumentos Naturais num total de 3 UC dessa categoria, somando 44.264,45 ha; os Parques Nacionais com 67 unidades distribuídas pelo território nacional, totalizando 23.834.532,20 ha; as Reservas Biológicas com 29 UC e 3.959.691,65 ha; e os Refúgios da Vida Silvestre com 7 unidades e 202.318,00 ha distribuídos pelo Brasil. As unidades de Proteção Integral totalizam 34.747.541,45 ha (Tabela 2). Prefeitura Municipal de São Bento do Sul ecossistema consultoria ambiental 17/III PM da APA Rio Vermelho/Humbold-SC Encarte 3 Ainda quanto às UCs federais enquadram-se na classificação de Uso Sustentável 173 UC, num total de 40.720.274,26 ha (55,81%), sendo a exploração de recursos naturais permitida nesses casos, porém de forma regularizada. As APAs se ordenam neste cenário, somando ao todo 32 áreas e 10.010.765,16 ha; assim como as Áreas de Relevante Interesse Ecológico distribuídas em 16 UC e 45.176,58 ha; 65 Florestas Nacionais, divididas em 18.350.256,69 ha; as Reservas de Desenvolvimento Sustentável com apenas 1 UC, mas 64.735,00 ha; e Reservas Extrativistas num total de 59 UC e 12.249.340,83 ha. Tabela 2 - Síntese do número de unidades de conservação segundo o grau de proteção TIPO SUB-TOTAL % TOTAL Proteção Integral 137 44,19 Uso Sustentável 173 55,81 310 Fonte: ICMBIO (2011) (http://www.icmbio.gov.br/). Das 310 UC do país, os Parques Nacionais representam 21,61%, as Florestas Nacionais representam 20,96%, seguido das Reservas Extrativistas (19,03%). A Tabela 3 apresenta uma síntese das Unidades por categoria de manejo. Tabela 3 - Área total das Unidades de Conservação segundo a categoria de manejo Categoria Tipo de Uso Estação Ecológica Proteção integral 31 10 Parque Nacional Proteção integral 67 21,61 Reserva Biológica Proteção integral 29 9,35 Monumento Natural Proteção integral 3 0,96 Refúgio da Vida Silvestre Proteção integral 7 2,25 Área de Proteção Ambiental Uso sustentável 32 10,32 Área de Rel. Inter. Ecológico Uso sustentável 16 5,16 Floresta Nacional Uso sustentável 65 20,96 Uso sustentável 59 19,03 Uso sustentável 1 0,32 310 100% Reserva Extrativista Reserva Sustentável de Desenvolvimento Totais --- Total de UC % de UC Fonte: ICMBIO (2011) (http://www.icmbio.gov.br/). Somente no ano de 2010, foram criadas quatro novas UC com o objetivo de preservação da Mata Atlântica, entre essas se encontram o Parque Nacional da Terra das Lontras e o Prefeitura Municipal de São Bento do Sul ecossistema consultoria ambiental 18/III Encarte 3 PM da APA Rio Vermelho/Humbold-SC Parque Nacional Alto Quiriri que englobam especificamente as áreas de Mata Atlântica, já o Refúgio da Vida Silvestre de Boa Nova – BA e o Parque Nacional Boa Nova – BA estão situados em áreas de transição entre a Mata Atlântica e o bioma da Caatinga (ATEFFA, 2010). 3.2. Contexto Estadual O estado de Santa Catarina (SC) possui extensão territorial de 95.985 km², sendo que 85% eram originalmente cobertos pela Floresta Atlântica, grande variedade de ecossistemas característicos da zona costeira e marinha associados ao bioma estão presentes em SC (VITALE; UHLIG, 2009). Até o início do século passado, menos de 5% das florestas haviam sido destruídas, porém atualmente restam 17,56% da área equivalente (SCHÄFFER; PROCHNOW, 2002). A floresta densa ocupa principalmente o litoral e chega até as serras Geral, do Mar e ainda a Serra do Espigão. Considerando os ecossistemas associados, manguezais e restinga, inicialmente a floresta densa ocupava 31.611 km² do território de SC. Atualmente, englobando-se os remanescentes florestais primários e em estágio avançado de regeneração, restam cerca de 7.000 km² de sua extensão. Porém a principal cobertura vegetal do estado cobria 40.807km², sendo essa a Floresta Ombrófila Mista onde a Araucária (Araucária angustifolia) predominava entre as espécies. Já a floresta estacional decidual ocupava 9.196 km², ocorrendo nas altitudes mais baixas do vale do rio Uruguai (VITALE; UHLIG, 2010). Atualmente SC é o terceiro estado com maior número de hectares de Mata Atlântica no país, devido a significativa regeneração natural das florestas. Apesar disso, as UC existentes em SC não cobrem área suficiente para garantir a conservação da biodiversidade existente nas florestas do estado. Esse fato aumenta a responsabilidade do estado de Santa Catarina e o torna importante parceiro na preservação da Mata Atlântica (SCHÄFFER; PROCHNOW, 2002). A Tabela 4 evidencia o decréscimo em 0,28% na área de remanescentes florestais no estado de Santa Catarina entre os anos de 2005 e 2008 (SOS Mata Atlântica, 2009). Prefeitura Municipal de São Bento do Sul ecossistema consultoria ambiental 19/III PM da APA Rio Vermelho/Humbold-SC Encarte 3 Tabela 4 - 20/III Remanescentes florestais e ecossistemas associados da Mata Atlântica no estado de Santa Catarina no período de 2005-2008 CLASSES DE MAPEAMENTO 2005¹ 2008² hectares %* hectares Desflorestamento %* hectares %** Floresta 2.117.685 22,71 2.151.732 22,43 25.953 1,19 Restinga 81.264 0,85 79.695 0,83 1.569 1,93 Mangue 11.931 0,12 11.931 0.12 * em relação à área do Bioma Mata Atlântica avaliada no estado ** em relação aos remanescentes florestais de 2005 ¹ Área avaliada no estado equivalente a 100% (0% com cobertura de nuvens) ² Área avaliada no estado equivalente a 100% (0% com cobertura de nuvens) Fonte: Fundação SOS Mata Atlântica (2009). UC Estaduais no Estado de Santa Catarina No estado de Santa Catarina existem 18 UC federais, 10 UC estaduais e ainda 46 UC municipais além das RPPN privadas (FATMA, 2011). Tabela 5 - Unidades de Conservação Estaduais em Santa Catarina* N°. DENOMINAÇÃO 1 Parque Estadual de Acaraí 2 Parque Estadual Tabuleiro da Serra ÁREA (ha) 6.667,00 do 3 Parque Estadual da Serra Furada 4 Parque Estadual das Araucárias 5 Parque Estadual Fritz Plaumann 6 Parque Estadual Rio Canoas 7 Parque Estadual do Rio Vermelho 8 Reserva Biológica Estadual Sassafrás Reserva Biológica Estadual Canela Preta Reserva Biológica Estadual Aguaí Estação Ecológica do Bracinho 9 10 11 TOTAL ( ha) 85.000,00 1.330,00 do da do MUNICÍPIOS São Francisco do Sul Florianópolis, Palhoça, Santo Amaro da Imperatriz, Águas Mornas, São Bonifácio, São Martinho, Imaruí e Paulo Lopes. Engloba também as ilhas de Fortaleza/Araçatuba, Ilha do Andrade, Papagaio Pequeno, Três Irmãs, Moleques do Sul, Siriú, Coral, dos Cardos e a ponta sul da ilha de Santa Catarina Orleans e Grão-Pará 612,00 São Domingos 740,00 Concórdia 1.200,78 Campos Novos 1.532,00 Florianopolis 5.229,50 Benedito Novo e Doutor Pedrinho 1.844, 00 Botuverá e Nova Trento 7.672,00 Morro Grande, Nova Veneza, Siderópolis e Treviso 4.600,00 Joinville 111827,28 * Não foram incluídas nesta lista Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPN) Fonte: FATMA (2011) UC Municipais no Estado de Santa Catarina As UC municipais, criadas por iniciativa das administrações municipais, contribuem para mitigar a ocorrência de acidentes naturais, geralmente ocasionados por desabamentos Prefeitura Municipal de São Bento do Sul ecossistema consultoria ambiental PM da APA Rio Vermelho/Humbold-SC Encarte 3 ou enchentes; contribuem para a economia municipal por meio do turismo ecológico gerando emprego e renda; e ainda proporcionam a manutenção dos recursos naturais presentes no município. A tabela a seguir relaciona as UC municipais do estado de SC. Tabela 6 N°. Unidades de Conservação Municipais em Santa Catarina* DENOMINAÇÃO Parque Natural Municipal do Vale do Rio do Peixe Parque Natural Municipal Nascentes do Garcia Inserido no PARNA Serra do Itajaí Parque Natural Municipal “Bromberg” Inserido no PARNA Serra do Itajaí Parque Natural Municipal “São Francisco de Assis” N°. 5 Parque Natural Municipal Gruta de São José 27 6 Parque Natural Municipal Rio Fortuna 28 7 Parque Natural Municipal Araponguinhas 29 8 Reserva Biológica Xavier Sagmeister 30 9 Reserva Biológica Dionísio Cerqueira 31 1 2 3 4 10 24 25 26 32 APA Cedro Margem Direita APA Cedro Margem Esquerda APA Padre Raulino Reitz APA São Francisco de Assis APA Ilhas Fluviais Rio Itajaí - Açu APA Morros Albino e Esteves APA Parque Morro Chechinel APA Morro da Cruz APA Morro Casa Grande 17 18 APA Rio Vermelho/Humbold APA do Alto Rio Turvo APA dos Campos Quirirí 19 APA do Bateias 41 20 APA da Serra do Brilhante 42 APA Lagoa do Verdinho APA Parque Ecológico José Milanese APA Parque Salura APA Fonte Modelo Caxambu APA Mananciais do Rio Kunts e Rio Fiorita APA Manaciais do Rio Sangão APA Mananciais dosRiosda Serra São Bento, Serrinha e Costão da Serra. Parque Natural Municipal Grutas de Botuverá Parque Natural Municipal Franz Dann APA do Rio Itajaí Mirim Botuverá Inserido no PARNA Serra do Itajaí APA Municipal do Rio Ferreira 21 APA Serra Dona Francisca 43 APA Costa Brava 22 APA Quirirí 11 12 13 14 15 16 Reserva Biológica Treze Tílias Reserva Biológica Praia do Rosa AIRE Roberto Miguel Klein AIRE Costeira de Zimbros APA da Represa do Alto do Rio Preto APA do Rio dos Bugres 23 DENOMINAÇÃO 33 34 35 36 37 38 39 40 Fonte: FATMA (2004) UC nos quatro municípios vinculados ao Consórcio Quiriri Nos quatro municípios vinculados ao Consórcio Quiriri, não há UCs de proteção integral, mas já foram criadas seis unidades de uso sustentável (Tabela 7). No município de Corupá, há a RPPN Emílio Fiorentino Battistella que, embora se enquadre no SNUC como uma categoria de uso sustentável, não admite uso direto de recursos naturais e funciona como um parque, visando a preservação ambiental e oferecendo oportunidades para recreação ao ar livre e práticas educativas (informações disponíveis em <http://www.rppncatarinense.org.br /hp/assoc_battistella.asp>). Prefeitura Municipal de São Bento do Sul ecossistema consultoria ambiental 21/III PM da APA Rio Vermelho/Humbold-SC Encarte 3 A administração dessa RPPN é efetuada pela Associação de Preservação e Ecoturismo Rota das Cachoeiras, em regime de comodato com o proprietário da reserva. Para as atividades de recreação e educação ambiental, já foi elaborado um Plano de Uso Público, a fim de assegurar a proteção dos recursos naturais da reserva (informações disponíveis em <http://www.rppncatarinense. org.br/hp/assoc_battistella.asp>). Tabela 7 - Unidades de conservação existentes nos municípios catarinenses de Campo Alegre, Rio Negrinho, São Bento do Sul e Corupá Unidade Área Município Criação APA Campos Quiriri 1.400 ha Campo Alegre Lei Municipal nº 2.348, 18/08/98 APA Alto Rio Turvo 7.000 ha Campo Alegre Lei Municipal nº 2.347, 18/08/98 APA Rio dos Bugres 7.42 ha Rio Negrinho Lei Municipal nº 1.093, 17/08/98 APA Represa Alto Rio Preto 15.585 ha Rio Negrinho Lei Municipal nº 1.095, 17/08/98 APA Rio Vermelho 23.000 ha São Bento do Sul Reserva Corupá 100 ha Corupá Lei Municipal nº 246, 14/08/98 Portaria nº 53, 18/04/2002-IBAMA Apenas as APA do alto rio Turvo e do rio Vermelho constituem uma área contínua. Cada uma das APA criadas detém particularidades. Por exemplo, a APA Municipal do Rio Vermelho/ Humbold, que ocupa mais da metade do município de São Bento do Sul, tem grande potencial turístico para caminhadas ao ar livre, além de ser berço da água consumida pela população do município (informações disponíveis em <http://www.acisbs.org.br/layout/acisbs/arquivos/0909/1253817814.pdf>). Já a APA da Represa Alto Rio Preto, é particularmente propícia a atividades de esportes aquáticos, incluindo a pesca. A criação da APA da Bacia Hidrográfica do Rio dos Bugres, por sua vez, foi motivada pela necessidade de manutenção de manancial de captação de água aproveitada pela população de Rio Negrinho. Na APA Alto Rio Turvo, predominam amostras de campos, sendo o manancial de abastecimento do município de Campo Alegre, enquanto a APA dos Campos do Quiriri abrange amostras de campos de altitude, ou refúgios vegetacionais altomontanos (informações disponíveis em <http://www.acisbs.org.br/layout/acisbs/arquivos/0909/1253817814.pdf>). Prefeitura Municipal de São Bento do Sul ecossistema consultoria ambiental 22/III Encarte 3 PM da APA Rio Vermelho/Humbold-SC Essas APA’s possuem conselhos gestores informais, em que participam representantes de moradores locais, do Consórcio Quiriri, do Poder Público Municipal e outros com interesses afetados. Esses conselhos deliberam sobre a conveniência ou não das ações ali desenvolvidas (BOLLMANN, 2005). Também são efetuadas propostas através do Consórcio Quiriri para as APA’s, com uma série de possíveis soluções já pensadas para os problemas conhecidos, inclusive com a indicação para o planejamento das unidades. Alguns exemplos de propostas são práticas para recuperação ambiental, a formação de corredor ecológico unindo áreas silvestres do município para minimizar efeitos de fragmentação, a atuação do Centro de Educação Ambiental e Pesquisa (CEPA) e de outras instituições com atividades junto às comunidades locais. Também se sugere o repovoamento de rios com espécies silvestres de peixes, como cascudo, bagre, cará e lambaris, além de atividades relacionadas com fontes alternativas de renda, como turismo rural, entre outras possibilidades (BOLLMANN, 2005; TEIXEIRA, 2004). 4. PROGRAMAS GOVERNAMENTAIS Consórcio Intermunicipal Quiriri O Consórcio Intermunicipal Quiriri representa um esforço integrado dos municípios de Campo Alegre, São Bento do Sul, Rio Negrinho e Corupá, sendo este o último a se juntar ao programa, relacionado a ações de conservação e fiscalização ambiental. Foi instituído oficialmente em setembro de 1997 e é aprovado com força de lei nos respectivos municípios, sendo dirigido por conselhos representativos de vários setores da sociedade civil. Compõe-se de um Conselho de Prefeitos, um Conselho da Sociedade Civil dividido em câmaras urbana e rural, um Conselho Fiscal, uma Coordenação Executiva e Grupos Municipais de Trabalho (FARAH; BARBOZA, 2000). O Consórcio Intermunicipal Quiriri tem como objetivo a preservação da bacia hidrográfica do alto do rio Negro, além de gerir os problemas relacionados à geração, tratamento e disposição final dos resíduos e desenvolvimento de projetos no campo da Educação Ambiental. O consórcio também apresenta um Projeto de Turismo Ecológico e estimula a criação de áreas de proteção legal junto a órgãos públicos e privados. Prefeitura Municipal de São Bento do Sul ecossistema consultoria ambiental 23/III Encarte 3 PM da APA Rio Vermelho/Humbold-SC Programa de Tratamento Participativo de Resíduos Sólidos (PTPRS) Este projeto apresenta cinco ações relacionados à gestão dos resíduos, sendo uma iniciativa do Consórcio Intermunicipal Quiriri. Dentre as ações está o Projeto de Resíduos Domiciliares, implantando a coleta seletiva tendo com objetivo de efetuar o tratamento qualitativo de resíduos, coleta diferenciada, educação ambiental e desenvolvimento de atividades econômicas locais (coleta e comercialização), e o Projeto de Resíduos Industriais, caracterizado como um trabalho articulado entre o Consórcio Intermunicipal Quiriri e as Associações Comerciais e Industriais dos quatro municípios através de seus Núcleos de Meio Ambiente (BOLETIM TÉCNICO DO CONSÓRCIO AMBIENTAL QUIRIRI, 2010). Engloba também projeto relacionado aos Resíduos Infectantes, articulado com as equipes de Vigilância Sanitária dos municípios com o objetivo de disciplinar o acondicionamento, armazenamento, transporte e a disposição final dos resíduos infectantes produzidos pelos estabelecimentos da área de saúde em geral. O Projeto de Recuperação das Áreas de Disposição de Lixo a Céu Aberto é composto por agenda de ações para a recuperação das áreas de disposição de resíduos sólidos nos quatro municípios (todos inicialmente com depósitos a céu aberto). O Projeto de Resíduos Tóxicos (Projeto Planalto Norte Limpo) é uma parceria entre o Fórum dos Secretários de Agricultura e Meio Ambiente do Planalto Norte Catarinense, objetivando o disciplinamento na disposição final das embalagens de agrotóxicos (BOLETIM TÉCNICO DO CONSÓRCIO AMBIENTAL QUIRIRI, 2010). Programas de Unidades de Conservação (APA) Visa à definição e implantação de cinco APAs na região além da implantação do Plano de Gestão Participativo nas APAs. Este programa também é vinculado ao Consórcio Intermunicipal Quiriri (BOLETIM TÉCNICO DO CONSÓRCIO AMBIENTAL QUIRIRI, 2010). Programa Intermunicipal da Água (PIA) Outro programa que se trata de uma iniciativa do Consórcio intermunicipal Quiriri, tem como objetivo deflagrar ações conjuntas e integradas para a melhoria da qualidade das águas, bem como sua manutenção, através do monitoramento sistemático das águas superficiais, diagnóstico dos aspectos físicos dos cursos d'água e educação ambiental e sanitária (Boletim Técnico do Consórcio Ambiental Quiriri, 2010). Prefeitura Municipal de São Bento do Sul ecossistema consultoria ambiental 24/III Encarte 3 PM da APA Rio Vermelho/Humbold-SC O Projeto PIA prevê a melhoria da qualidade da água de interesse coletivo com monitoramento sistemático em pelo menos 18 pontos fixos, somados ainda ao confronto de informações de três estações telemétricas ligadas diretamente com o CIRAM (Centro de Informações de Recursos Ambientais e de Hidrometeorologia)/CLIMERH (Centro Integrado de Meteorologia e Recurso Hídricos). Programa de Educação Ambiental Visa oferecer palestras e trabalhos de conscientização das comunidades, incluindo escolas, com participação da Polícia Ambiental e formação da Comissão Regional de Educação Ambiental. É mais um projeto vinculado ao Consórcio Intermunicipal Quiriri (Boletim Técnico do Consórcio Ambiental Quiriri, 2010). Programa Microbacias II É um programa do governo estadual executado pela Secretaria de Estado da Agricultura e Desenvolvimento Rural (Epagri), com o objetivo de promover o desenvolvimento rural sustentável no estado de Santa Catarina, que tem a microbacia hidrográfica como unidade de trabalho. O Projeto será desenvolvido em todo estado de Santa Catarina, devendo atingir 879 microbacias hidrográficas, o que representa 52% das existentes (Epagri, 2011). Projeto Inventário Florístico Florestal do Estado de SC Iniciativa do governo estadual, esse projeto visa inventariar os remanescentes florestais do estado e gerar uma base de dados sólida para desenvolver a política florestal para Santa Catarina. O projeto abrange, além do inventário dos recursos florestais, o levantamento florístico das florestas de SC, ou seja, da diversidade de todas as plantas vasculares nelas existentes, além da integração dos dados de todos os herbários do estado (Inventário Florístico Florestal do Estado de SC, 2011). Programa de Produtor de Água do Rio Vermelho O projeto é uma iniciativa da Prefeitura Municipal de São Bento do Sul, que oferece pagamento por serviços ambientais (PSA). Os contemplados são os proprietários rurais cujas terras estão localizadas na APA Municipal do Rio Vermelho/Humbold e participam da conservação das áreas próximas às margens do rio Vermelho. O cálculo e a atribuição de valoração ambiental são realizados por meio de dezoito questionamentos, transformados em pontuações para enquadramento nas categorias estabelecidas. Esse Prefeitura Municipal de São Bento do Sul ecossistema consultoria ambiental 25/III Encarte 3 PM da APA Rio Vermelho/Humbold-SC programa visa a motivação dos proprietários para que melhorem continuamente as áreas de seu domínio às margens do rio em questão (HUBEL; MELLO; BOLLMANN, 2010). Plano de Recuperação de Áreas Degradadas (PRAD) O PRAD também é uma iniciativa da Prefeitura de São Bento do Sul que visa a Recuperação Ambiental de Áreas Degradadas que sofreram intervenção antrópica às margens do rio Vermelho, no trecho compreendido entre o ponto de captação de água para abastecimento do município e a divisa com o município de Campo Alegre, por meio da implantação de vegetação nativa. 5. PLANO DE GESTÃO Segundo o Roteiro Metodológico para a Gestão da Área de Proteção Ambiental (IBAMA, 2001), a gestão de uma APA exige um conjunto de instrumentos que são elaborados no processo de planejamento da Unidade, vindo constituir um Plano de Gestão. Desta forma, o Plano de Gestão é o produto do processo de planejamento e gestão, que engloba os instrumentos que objetivam consolidar a missão da APA. Resulta de um processo dinâmico, que utiliza técnicas de planejamento ecológico e ambiental, visando estabelecer, dentro de políticas definidas, as diretrizes, os resultados, as ações, e os recursos (humanos, administrativos, financeiros e legais), para que, partindo do Quadro Socioambiental atual, possam ser atingidos no futuro, os objetivos de criação da Unidade. A metodologia de elaboração do Plano de Gestão parte da identificação, análise e priorização dos problemas socioambientais e oportunidades específicos da Unidade. Estes servem como referenciais para a definição das atividades a serem estabelecidas no Plano de Gestão. A abordagem, através desses problemas e oportunidades, permite configurar as ações necessárias de preservação e conservação da biodiversidade e, em paralelo, a busca de alternativas de uso sustentável dos recursos naturais da APA. Facilita, ainda, a participação dos agentes envolvidos, de forma a estabelecer um diagnóstico situacional, utilizando o seu conhecimento da realidade. Para alcançar estas condições, o Plano de Gestão deve ser desenvolvido de forma compatível com a evolução do conhecimento da Unidade, em uma abordagem sistêmica, processual e contínua de planejamento. Tem de levar em conta, também, a identidade regional e as tendências e expectativas dos municípios envolvidos quanto ao perfil de desenvolvimento a ser adotado na política e nas diretrizes de gestão ambiental da APA (IBAMA, 2001). Prefeitura Municipal de São Bento do Sul ecossistema consultoria ambiental 26/III Encarte 3 PM da APA Rio Vermelho/Humbold-SC Ainda segundo a mesma fonte, o ordenamento territorial e as normas ambientais são as partes desse Plano que constituirão as diretrizes espaciais de ocupação e uso do solo e da utilização dos recursos naturais. Devem ser formulados a partir do grau de conhecimento da biodiversidade da APA, da identificação e avaliação dos problemas e conflitos e das oportunidades e potencialidades, decorrentes da realidade ambiental identificada. A análise da situação territorial, simultânea à identificação dos problemas e oportunidades, e realizada com participação dos agentes interessados, permite definir um Plano de Gestão direcionado a um cenário futuro favorável para a consolidação dos objetivos da APA (IBAMA, 2001). Desta forma, são componentes do presente Plano de Gestão: Quadro Socioambiental/Diagnóstico; Matriz de Planejamento; Zoneamento Ambiental; Programas de Ação. Para o Roteiro Metodológico para Gestão de Área de Proteção Ambiental (IBAMA, 2001), a concretização dos objetivos de criação de uma APA estará mais garantida e de maneira mais eficaz dentro do procedimento de Planejamento Participativo. Pois, engajando-se a comunidade no processo, é possível buscar respostas concretas à sociedade que vive e produz na região. O planejamento participativo busca também motivar a comunidade, tendo em vista seu engajamento no processo de desenvolvimento e implantação da APA, através de novas alternativas e oportunidades capazes de ampliar sua qualidade de vida e conservar a biodiversidade, além de propiciar o gerenciamento dos conflitos existentes e potenciais. O enfoque participativo pressupõe que os agentes envolvidos no processo de planejamento colaboram na formulação dos componentes do Plano de Gestão da APA. Busca com isso motivar a comunidade, tendo em vista seu engajamento no processo de desenvolvimento e implantação da unidade. Para tanto, na elaboração dos instrumentos ou produtos previstos são aplicados procedimentos participativos. Portanto, a articulação inter e intra-institucional com as instâncias já existentes, através de processos de consulta, divulgação e reuniões técnicas, enriquece o processo de gestão e permite trabalhar o caráter integrado do planejamento, em relação aos planos e Prefeitura Municipal de São Bento do Sul ecossistema consultoria ambiental 27/III Encarte 3 PM da APA Rio Vermelho/Humbold-SC programas setoriais previstos e ao planejamento territorial da região onde se insere a APA. No caso do Zoneamento Ambiental, uma abordagem participativa é fundamental pela legitimidade que traz. O zoneamento, como instrumento do Plano de Gestão, tem a função de concretizar as diretrizes de desenvolvimento ambiental definidas a partir da missão da APA. Como instrumento normativo, cabe a ele a delicada tarefa de conduzir, com o apoio dos Programas de Ação, o ordenamento do uso e ocupação do território em defesa da preservação e/ou conservação dos atributos e processos naturais característicos da APA. A prática da abordagem participativa na elaboração do zoneamento deve: ter como premissa básica desenvolver e consolidar as contribuições vindas da população, conciliando-as com os aportes técnicos dos profissionais envolvidos. Diferentes perspectivas e expectativas em interação enriquecem o processo e tornam-se capazes de concretizar de forma mais eficaz a missão da APA; gerenciar conflitos e oportunidades em busca de alternativas e de motivação para a comunidade, tendo em vista seu engajamento no processo de zoneamento ambiental da APA; municiar o zoneamento com informações que ofereçam visão de conjunto (âmbito social, econômico e territorialidade) e efetuar seu planejamento segundo Áreas Homogêneas, temas e perfis dos agentes intervenientes; facilitar a criação de canais que fortaleçam o envolvimento das comunidades, organizações civis e demais agentes intervenientes, já que esta forma de cooperação tem muito a ver com as novas atitudes e prováveis avanços sociais em direção a novos paradigmas. 5.1. A missão da APA Municipal do Rio Vermelho/Humbold A missão de uma APA revela o objetivo específico da UC, os meios para alcançar estes objetivos, e como estes contribuem na preservação e conservação da biodiversidade e no desenvolvimento sustentável da região (IBAMA, 2001). Segundo a Lei nº 6.902, de 27 de abril de 1981, o Poder Executivo, quando houver relevante interesse público, poderá declarar determinadas áreas do território nacional como de interesse para a proteção ambiental, a fim de assegurar o bem-estar das Prefeitura Municipal de São Bento do Sul ecossistema consultoria ambiental 28/III Encarte 3 PM da APA Rio Vermelho/Humbold-SC populações humanas e conservar ou melhorar as condições ecológicas locais. Por este instrumento, no Artigo 9º, prevê-se que em cada Área de Proteção Ambiental, dentro dos princípios que regem o exercício do direito da propriedade, o Poder Executivo estabelecerá normas, limitando ou proibindo: a implantação e o funcionamento de indústrias potencialmente poluidoras, capazes de afetar mananciais de água; a realização de obras de terraplanagem e a abertura de canais, quando essas iniciativas importarem em sensível alteração das condições ecológicas locais; o exercício de atividades capazes de provocar uma acelerada erosão das terras e/ou acentuado assoreamento das coleções hídricas; o exercício de atividades que ameacem extinguir na área protegida as espécies raras da biota regional. Para a Resolução CONAMA nº 10, de 14 de dezembro de 1988, em seu Artigo 1º, as Áreas de Proteção Ambiental são Unidades de Conservação, destinadas a proteger e conservar a qualidade ambiental e os sistemas naturais ali existentes, visando à melhoria da qualidade de vida da população local e também objetivando a proteção dos ecossistemas regionais. Segundo o SNUC, APA é uma área em geral extensa, com um certo grau de ocupação humana, dotada de atributos abióticos, bióticos, estéticos ou culturais especialmente importantes para a qualidade de vida e o bem-estar das populações humanas, e tem como objetivos básicos proteger a diversidade biológica, disciplinar o processo de ocupação e assegurar a sustentabilidade do uso dos recursos naturais. Assim, a definição da missão da APA fundamenta-se nos objetivos de sua criação, ou seja, na proteção da biodiversidade e dos processos naturais, por um lado, e de outro, nas estratégias de desenvolvimento, em bases sustentáveis, e nas questões relevantes, definidas a partir da análise e discussão relativas aos conflitos de uso do solo e de manejo dos recursos naturais, assim como dos impactos ambientais resultantes. No estado de SC, o Sistema Estadual de Unidades de Conservação, regulamentado no Código Estadual do Meio Ambiente, Lei nº 14.675, de abril de 2009, cita que é dever do poder público criar e manter o Sistema Estadual de Unidades de Conservação da Natureza (SEUC), composto pelas unidades de conservação estaduais e municipais já Prefeitura Municipal de São Bento do Sul ecossistema consultoria ambiental 29/III Encarte 3 PM da APA Rio Vermelho/Humbold-SC existentes e a serem criadas no Estado e integrá-lo ao SNUC. A Lei nº 246, de 14 de agosto de 1998, criou a APA Municipal do Rio Vermelho/ Humbold, considerando que a APA é constituída da bacia hidrográfica do rio Vermelho localizada dentro do município de São Bento do Sul, assim entendida como a área compreendida entre o divisor de águas, ou seja, a linha imaginária que divide as águas que fluem diretamente para o Oceano Atlântico daquelas que fluem para a bacia hidrográfica do rio Negro, e as divisas com os municípios de Corupá, Jaraguá do Sul e Campo Alegre. A APA Municipal do Rio Vermelho/ Humbold foi criada com os seguintes objetivos: I - proteger as nascentes do rio Vermelho, bem como de seus afluentes, tendo em vista a preservação e conservação natural da drenagem em suas formas e vazões e sua condição de futura fonte de captação de água para abastecimento público; II - garantir a conservação da Mata de Pinhais (Floresta Ombrófila Mista) e Mata Atlântica (Floresta Ombrófila Densa) existentes na área; III - proteger a fauna silvestre; IV - melhorar a qualidade de vida das populações residentes através da orientação e disciplina das atividades econômicas locais; V - fomentar o turismo ecológico e a educação ambiental; VI - preservar a cultura e as tradições locais. 5.2. Quadro Socioambiental Segundo o IBAMA (2001), o Quadro Socioambiental deve conter o aporte de dados, análises e interpretações da dinâmica socioambiental. Abrange análises dos meios biótico, abiótico, socioeconômico, e dos aspectos políticos e institucionais, no âmbito do território interno e macro-regional da APA. Conclui com a identificação dos problemas e oportunidades e o diagnóstico de suas causas. Deve ser realizado de forma participativa com agentes interessados na gestão, a partir da sistematização do conhecimento técnico existente sobre a APA. Desta forma, o quadro ambiental atualizado da APA e seu entorno, deverá fornecer elementos sociais, ambientais, culturais, econômicos e político-institucionais para a elaboração do Plano de Gestão. Fornecerá também indicadores para o reconhecimento e avaliação das forças agentes nesse espaço. Os resultados esperados deverão expressar um diagnóstico funcional, que permita captar Prefeitura Municipal de São Bento do Sul ecossistema consultoria ambiental 30/III Encarte 3 PM da APA Rio Vermelho/Humbold-SC as principais tendências, indicadores de problemas e potencialidades existentes na área interna à unidade e em sua área de influência. Assim sendo, o Quadro Socioambiental apresentado a seguir para a APA rio Vermelho/Humbold (Tabela 8), foi delineado a partir de todas as informações produzidas na etapa de diagnóstico do presente Plano de Manejo. Todos os estudos consideraram etapas de levantamento dos dados pré-existentes e levantamentos de campo, além dos subsídios obtidos em reuniões com instituições diversas. Os resultados do Diagnóstico Ambiental encontram-se apresentados no Encarte 1 Contextualização e análise da região da UC; e Encarte 2 - Contextualização local da UC, do presente Plano de Manejo e serão apresentados no Quadro Socioambiental de forma a compor uma síntese do conhecimento produzido. A análise integrada de todas estas informações embasa e subsidia a elaboração do zoneamento ambiental, conjugada ao levantamento dos impactos ambientais e das tendências. Para o IBAMA (2001), são os seguintes níveis de abordagem a serem considerados para a construção do quadro socioambiental: território interno à APA e área de influência. Em relação ao território Interno da APA, o planejamento abrange os levantamentos, análises e interpretações desenvolvidas, na escala adotada e abrangência territorial, tendo em vista os horizontes temporais de planejamento da APA. Quanto à Área de Influência, são indicados os dados disponíveis sobre os meios biótico e abiótico, seus níveis de conservação e dos processos socioeconômicos e de estruturação urbana regional que condicionem a dinâmica ambiental ou exerçam pressões sobre os recursos ambientais da APA. Essa análise tem a função de balizar as políticas normativas e programáticas do Plano de Gestão da APA. No espaço regional o interesse é reconhecer os macroprocessos econômicos e sociais, as políticas e programas de governo, para avaliar e prognosticar potenciais impactos sobre a APA. Cabem também análises ambientais no nível de biomas e domínios geomorfológicos, tendo como objetivo a compreensão do contexto ambiental em que a APA se insere. Prefeitura Municipal de São Bento do Sul ecossistema consultoria ambiental 31/III PM da APA Rio Vermelho/Humbold - SC Encarte 3 Tabela 8 - Quadro Socioambiental Área de Influência Aspectos físicos Aspectos biológicos Aspectos socioeconômicos Clima De acordo com a classificação de Köppen, o clima da região sul brasileira é do tipo Cf, subtropical e sempre úmido, sujeito a influência de massas de ar. Vegetação A vegetação florestal predominante na APA Municipal do Rio Vermelho/Humbold pertence à Floresta Ombrófila Densa. Esta floresta está situada na parte leste de Santa Catarina entre o planalto e o oceano, onde as precipitações são abundantes e regularmente distribuídas durante o ano, não obstante, um período mais intenso no verão. A umidade relativa é muito elevada (84-86%) nas proximidades da costa, diminuindo em sentido a oeste. O estudo socioeconômico definiu como contexto regional o município de São Bento do Sul, onde a APA está inserida e os municípios vizinhos de Campo Alegre, Corupá, Jaraguá do Sul e Rio Negrinho. Geomorfologia A caracterização geomorfológica da região onde está inserido o município de São Bento do Sul constitui basicamente três unidades geomorfológicas morfoestruturais: Serras do Leste Catarinense; Planalto de São Bento do Sul; Patamar de Mafra. Geologia A geologia da região da APA Municipal rio Vermelho é delineada basicamente pela Área do Escudo Atlântico, do Supergrupo Tubarão, além de Sedimentos Quaternários. Hidrografia A rede hidrográfica do estado de Santa Catarina é representada por dois sistemas independentes de drenagem – o Sistema Integrado da Vertente do Interior, comandado pela bacia Paraná-Uruguai e o Sistema da Vertente Atlântica, formado por um conjunto de bacias isoladas. Prefeitura Municipal de São Bento do Sul Para o saneamento os municípios apresentavam, conforme dados do IBGE (2000), em grande parte, o tratamento do esgoto através de fossa séptica, ou seja, 77,18% dos moradores, e apenas 10,98% dos moradores contavam com a rede geral de esgoto ou pluvial, o restante dos efluentes têm outros destinos. Avifauna A descrição dos habitats de ocupação da avifauna brasileira feita por Sick (1997) insere a APA Municipal do Rio Vermelho/Humbold na seção ecológica denominada de Floresta Pluvial Atlântica. Para os nascimentos, segundo dados do IBGE (2010), foram registrados um total de 4.361 nascidos vivos, o que representa uma taxa de natalidade bruta de 1,54%. O município que apresenta o maior número de nascimentos é Jaraguá do Sul, com 52%, e o que possui o menor número é Campo Alegre, com Apesar de ser uma das florestas mais ricas em espécies de aves 3%. do Brasil, a Floresta Atlântica também é uma das mais ameaçadas, sendo assim fundamental a realização de esforços O Produto Interno Bruto (PIB) dos municípios somados para a manutenção desse patrimônio natural. representam 6,07% do PIB do estado de Santa Catarina, segundo dados do IBGE (2007). A maior participação era de Mastofauna Jaraguá do Sul, com 66,1% e menor participação Campo Alegre, O estado de Santa Catarina tem em sua mastofauna terrestre, com 2,02%. A taxa média de crescimento anual da soma dos (excluindo-se as espécies marinhas) cerca de 120 espécies PIB’s dos municípios no período de 2003 a 2007 foi de 8,98%, nativas, (CHEREM et al, 2004) dentro de 9 ordens: pouco inferior a TMCA do estado de Santa Catarina para o Didelphimorphia (cuícas e gambás, 12 espécies), Xenarthra mesmo período, que obteve 11,85%. (tatus e tamanduás, 06 espécies), Chiroptera (morcegos, 40 espécies) Primates (macacos, 03 espécies), Lagomorpha Na produção agrícola permanente o produto de maior (coelho-do-mato, 01 espécie), Carnívora (cachorro-do-mato, importância, segundo dados do IBGE (2008) é a banana, com quati, gatos-do-mato, lontra, 15 espécies), Perissodactyla (anta, uma produção total de 162.962 toneladas, distribuídas nos 01 espécie), Artiodactyla (porcos-do-mato, veados, 05 espécies), municípios na seguinte proporção: 72,6% em Corupá, 23,9% em e Rodentia (ratos-do-mato, esquilo, ouriço, cutia, capivara, preá, Jaraguá do Sul e 3,5% em São Bento do Sul. Já nos municípios 35 espécies), e dentro deste total, 33 se encontram em algum de Campo Alegre e Rio Negrinho se destacaram pela produção grau de ameaça segundo à recém criada lista das espécies de erva-mate. ameaçadas do estado de Santa Catarina (IGNIS, 2010). ecossistema consultoria ambiental 32/III PM da APA Rio Vermelho/Humbold - SC Encarte 3 Território Interno à APA Aspectos físicos Aspectos biológicos Clima De acordo com Köppen, na região da APA Municipal do Rio Vermelho/ Humbold o clima é classificado como Cfb (clima temperado constantemente úmido, sem estação seca, com verão fresco). A precipitação pluviométrica média anual situa-se em torno de 1.200 a 1.600 mm, com déficit hídrico nulo. Vegetação A região encontra-se inserida no Bioma Mata Atlântica, onde as formações florestais são constituídas pelas Florestas Ombrófila Densa e Ombrófila Mista. Além, das formações florestais existem pequenos remanescentes ou núcleos de formações campestres constituindo as Estepes Ombrófilas (campos de altitude) que se intercalam com a Floresta Ombrófila Mista. Geomorfologia A geomorfologia na região da APA é caracterizada por vales profundos com encostas íngremes e sulcadas, separadas por cristas bem marcadas na paisagem, esta característica favorece a atuação dos processos erosivos, principalmente nas encostas desmatadas, podendo inclusive ocorrer movimentos de massa, uma vez que o manto do material fino resultante da alteração da rocha é espesso, podendo atingir até 20 m. Geologia A geologia da região da APA Municipal do Rio Vermelho/ Humbold é delineada basicamente pela Área do Escudo Atlântico, do Supergrupo Tubarão, do Grupo Campo Alegre, além de Sedimentos Quaternários. Solos Foi verificada uma pequena heterogeneidade pedológica na área de estudo. São constituídos por areias, argilas, cascalhos e material sílticoargiloso;os sedimentos mais grosseiros localizam-se preferencialmente nas regiões perto das nascentes dos cursos d´água, enquanto os mais finos predominam nas áreas de menor energia hídrica. Hidrografia/ Hidrologia A região da APA Municipal do Rio Vermelho/ Humbold insere-se na Bacia do Rio Itapocú, em seu curso superior. Apresenta sistema organizado predominantemente na vertente Atlântica da Serra do Mar, cujos rios caracterizam-se por pequena extensão e grande vazão. A formação geomorfológica da região, associada às condições climáticas e cobertura vegetal, interfere positivamente no regime hídrico das bacias Prefeitura Municipal de São Bento do Sul Aspectos socioeconômicos A APA Municipal do Rio Vermelho/ Humbold não possui subdivisão de bairros nem de comunidades, onde a melhor definição a ser aplicada é de povoado. Os povoados apresentam infraestrutura básica, como luz elétrica e telefone e transporte público e privado. As espécies ameaçadas constatadas no levantamento foram: A APA não apresenta Postos de Saúde, e as escolas foram Araucaria angustifolia, Dicksonia sellowiana, Euterpe edulis e desativadas, os estudantes foram transferidos para os centros Ocotea catharinensis,Ocotea porosa e Ocotea odorifera. mais próximos. Avifauna Dentre as espécies estritamente florestais destacam-se Dendrocolaptidae, citando Xiphocolaptes albicollis (arapaçu-degarganta-branca) Denfrocolaptes platyrostris (arapaçu-de-bicopreto) e Lepidocolaptes falcinellus (arapaçu-escamoso). Também espécies nectarivoras, em especial, espécies da família trochiliidae, dentre outras, Florisuga fusca (beija-flor-preto-ebranco), Phaetornis pretrei (rabo-branco-de-sobre-amarelo) e Thalurania glaucopis (beija-flor-de-fronte-violeta). Dentre espécies onívoras Gralaria varia (tovacuçu-malhado), Trogon rufus (surucuá-de-barriga-amarela) e Dysithamnus mentalis (choquinha-lisa) e dentre os rapineiros (carnívoros), Micrastur semitorquatus (gavião-relógio) e Leucopternis lacernulata (gavião-pombo-pequeno). Também não existe sistema de rede de esgotamento sanitário, sendo que os moradores, na sua grande maioria, se utilizam de fossas sépticas. A coleta de resíduos sólidos orgânicos é realizada apenas no Povoado de Braço Esquerdo – Ano Bom, entretanto, o trabalho é executado pela prefeitura vizinha, ou seja, o município de Corupá. O resíduo que pode ser reciclado é coletado de forma organizada em uma central comunitária, sendo comercializado e revertido em ganho econômico com aplicação da Associação ARECICLA. Os povoados dentro da APA são: Povoado do Rio Natal, Povoado Braço Esquerdo – Ano Bom, Povoado do Rio Antinha Em relação às espécies florestais/campestres são destacadas, Mandioca e Povoado do Sertãozinho. Leucochloris albicollis (beija-flor-de-papo-branco), Turdus amaurochalinus (sabiá-poca), Turdus rufiventris (sabiá-laranjeira). As opções de turismo dentro da APA são passeios de mariaQuanto às espécies campestres/florestais são destacadas, fumaça, camping, turismos ecológico, grutas e cachoeiras. Rupornis magnirostris (gavião-carijó), Leptotila verreauxi (juritipupu), Patagioenas picazurro (asa-branca). Em relação às A produção agrícola na APA é de subsistência familiar. Esta espécies estritamente campestres: Buteo albicaudatus (gavião- produção agrícola se resume em lavouras temporárias como de-cauda-branca), Syrigma sibilatrix (maria-faceira), Falco hortaliças, feijão, mandioca, banana, entre outros produtos. sparverius (quiri-quiri), Speotyto cunicularia (coruja buraqueira), Colaptes campestris (pica-pau-do-campo), Furnarius rufus (joãode-barro), Sicalis flaveola (canário-da-terra). Espécies de hábitos aquáticos e semi-aquáticos são destacadas: Jacana jacana (jaçanã), Butorides striatus (socozinho), Aramides saracura (saracura-do-mato). ecossistema consultoria ambiental 33/III PM da APA Rio Vermelho/Humbold - SC Encarte 3 Aspectos físicos Aspectos biológicos Aspectos socioeconômicos hidrográficas, proporcionando à região um bom potencial no que Mastofauna se refere aos recursos hídricos. Foram registradas 21 espécies de mamíferos, distribuídas em cinco ordens e 15 famílias da seguinte forma: (Didelphidae) Philander frenatus; (Dasypodidae) Dasypus sp; (Cebidae) Cebus nigritus, (Atelidae) Alouatta guariba clamitans; (Felidae) Leopardus pardalis, Leopardus wiedii, Puma concolor; (Canidae) Cerdocyon thous; (Mustelidae) Eira barbara, Galictis cuja e Lontra longicaudis; (Procyonidae) Procyon cancrivorus; Nasua nasua; (Artiodactila) Tayassu pecari; (Cervidae) Mazama sp.; (Sciuridae) Guerlinguetus aestuans; (Cricetidae) Sooretamys angouya; (Caviidae) Cavia sp. e Hidrochoerus hidrochaeris; (Cuniculidae) Cuniculus paca e (Echimydae) Kannabateomys amblyonyx. Sendo que as espécies mais registradas foram Dasypus sp., seguido de Lontra longicaudis, Cerdocyon thous, Hidrochoerus hidrochaeris e Nasua nasua. Já as espécies encontradas no maior número de pontos amostrais também incluem Dasypus sp. e Lontra longicaudis. As espécies com menor número de registros, e encontradas somente em um local de amostragem foram os primatas Cebus nigritus e Alouatta guariba clamitans, Tayassu pecari, Cuniculus paca, e os roedores de menor porte, como Cavia sp., e Kannnabateomys amblyonyx. Prefeitura Municipal de São Bento do Sul ecossistema consultoria ambiental 34/III PM da APA Rio Vermelho/Humbold - São Bento do Sul-SC 35/III Encarte 3 5.3. Visão de Futuro Segundo o Roteiro Metodológico para Gestão de Área de Proteção Ambiental (IBAMA, 2001), a visão de futuro é obtida através da utilização da técnica de cenários. Um Cenário é uma previsão narrativa dos futuros estados de um determinado sistema. Os cenários podem ser usados para: indicar e aclarar pontos-chaves para o debate entre formuladores de políticas e agentes sociais; formular uma narrativa da dinâmica de evolução de um sistema; fornecer os elementos de partida para técnicas, tais como oficinas de planejamento; proporcionar uma base conceitual para previsões normativas de condições futuras desejadas. Esta permite a formulação de prognósticos de ameaças (pontos negativos) e de oportunidades (os pontos positivos), para a consolidação dos objetivos da unidade de conservação, bem como as premissas de danos (riscos) e as premissas de avanço (potencialidades) a que a área estará submetida no futuro. A construção de um cenário mais favorável para a consolidação da APA deverá constituir o cenário desejado. Para a construção de um cenário futuro para a APA Municipal do Rio Vermelho/ Humbold, considerou-se como contra-partida o quadro socioambiental formulado para a unidade, o levantamento dos fatores e seus potenciais impactos ambientais, a avaliação das tendências, a construção do quadro de tendências e os cenários prováveis. A construção do quadro de tendências leva em consideração as tendências observadas e os impactos possíveis decorrentes da avaliação das dimensões e fatores selecionados, do quadro ambiental (APA) e do ambiente externo (região, estado, país). A avaliação das tendências foi realizada atribuindo-se valores para as incertezas quanto ao comportamento dos fatores (alta, média ou baixa) e para os respectivos impactos ambientais (alto, médio e baixo). Os resultados obtidos para a APA Municipal do Rio Vermelho/ Humbold encontram-se na Tabela 9, a seguir. Prefeitura Municipal de São Bento do Sul ecossistema consultoria ambiental PM da APA Rio Vermelho/Humbold - São Bento do Sul-SC 36/III Encarte 3 Tabela 9 - Tendências Socioeconômicas e Impactos no Meio Ambiente Fatores Tendências Grau de Incerteza Atividade Mineral Ampliação no Planalto Baixo Atividade Industrial Ampliação da atividade industrial conforme a expansão urbana. Baixo Atividade Agrícola Provável expansão das áreas de cultivo e da intensificação de seus impactos devido ao manejo inadequado. Baixo Silvicultura Em expansão no Planalto. Baixo Expansão Urbana Ampliação da área urbana gradativamente, conforme o desenvolvimento da região. Baixo Gestão de Recursos Hídricos Grande potencial existente. Médio Saneamento Ambiental: Água, Esgotos, Resíduos Sólidos e Industriais. Evolução. Pressões ambientais crescentes. Baixo Educação Evolução face à política estadual e federal de investimentos na educação. Médio Aumento de Receitas Municipais e Ampliação dos níveis de emprego Turismo Provável, devido ao crescimento municipal, com base em investimentos privados e governamentais na região. Seria possível com reformas e preservação do patrimônio ferroviário da região, além da implantação dos programas de turismo da natureza e turismo rural. Prefeitura Municipal de São Bento do Sul Impacto Possível Médio Erosão dos solos e subsolos; alteração da paisagem; deterioração e remoção da vegetação; supressão de habitats para fauna. Alto Poluição atmosférica; emissão de particulados; geração de resíduos; contaminação ambiental; expansão urbana. Alto Processos erosivos; alteração de habitats, desmatamento, queimadas, ocupações irregulares em áreas de APP; contaminação hídrica, do solo e humana devido ao uso inadequado de insumos agrícolas; empobrecimento do solo. Alto Processos erosivos; alteração de habitats, desmatamento, ocupações irregulares em áreas de APP; contaminação hídrica, do solo e humana devido ao uso inadequado de insumos agrícolas; empobrecimento do solo, redução da biodiversidade. Alto Desmatamento, ocupações irregulares; erosão; assoreamento; contaminação hídrica, geração de resíduos; proliferação de doenças. Alto Preservação, conservação e monitoramento da quantidade e qualidade das águas. Alto Redução de poluição orgânica das águas; redução de veiculação hídrica;redução de descarga inadequada de resíduos impactantes nos aquíferos. Alto Avanço social; difusão de conceitos ambientais; maior potencial para campanhas de educação ambiental; informações processadas efetivamente;conscientização ambiental. Médio Médio Redução dos ataques ao patrimônio natural; redução do desmatamento e exploração generalizados; expansão da periferia urbana. Médio Médio Geração de resíduos; modificação na estrutura socioeconômica da região. ecossistema consultoria ambiental PM da APA Rio Vermelho/Humbold - São Bento do Sul-SC 37/III Encarte 3 Em relação aos cenários prováveis, as tendências anteriores e respectivas categorias de impacto poderão ser avaliadas através de sistema multi-voto. Dessa forma, é possível estruturar a matriz de interação (3x3) entre Tendências e Impactos Possíveis, como segue na Tabela 10. Tabela 10 - Modelo de Matriz de Tendências Socioeconômicas e Impactos no Meio Ambiente Tipos de Atividades Grau de Incerteza Nível de Impacto Possível Alto Baixo Médio Alto Atividade Industrial; Atividade Agrícola; Silvicultura; Expansão Urbana; Saneamento Ambiental. Gestão de Recursos Hídricos; Educação. --- Médio Atividade Mineral Baixo --- Aumento de Receitas Municipais e Ampliação dos níveis de emprego; Turismo. --- --- --- 5.4. Identificação dos Agentes Envolvidos na Gestão As Políticas de Meio Ambiente incluem a participação e a articulação entre a sociedade, estado e iniciativa privada, nos Planos de Manejo (PM) condizentes às APAs, pois o PM não pode renunciar a identificação e reconhecimento das expectativas dos atores interessados na gestão da UC. Ou seja, os atores envolvidos no desenvolvimento e implantação do PM, deverão ser participantes diretos ou indiretos no processo de gestão. O processo de planejamento participativo também envolve os atores vinculados com a região de abrangência da UC em todas as fases de elaboração e efetivação do Plano de Gestão (IBAMA, 2002). Prefeitura Municipal de São Bento do Sul ecossistema consultoria ambiental Encarte 3 PM da APA Rio Vermelho/Humbold - São Bento do Sul-SC 38/III O Planejamento Participativo foi adotado pelo IBAMA a partir da década de 90, sendo atualmente uma prática consolidada onde o PM é organizado e implantado envolvendo a sociedade, organizações governamentais e não–governamentais além das UCs localizadas nas fronteiras e as instituições de segurança nacional (IBAMA, 2002). Para cada APA a análise do cenário no qual a UC está disposta irá revelar a identificação de parceiros em potencial. No caso da APA Municipal do Rio Vermelho/ Humbold foram identificadas as entidades em potencial para a execução das atividades, de modo a apoiar o município de São Bento do Sul na consolidação do PM da APA Municipal do Rio Vermelho/ Humbold. O IBAMA instrui que diversas entidades devem participar do processo de gestão, tais como: Associações de moradores, associação de defesa ambiental, associações sindicais, industriais, agrícolas e comerciais; Prefeituras, câmaras municipais, órgãos ambientais municipais e conselhos. Órgãos públicos estaduais e federais, órgão ambiental estadual e integrantes do Conselho Estadual do Meio Ambiente, Comitês de Bacias Hidrográficas e Comissão Legislativa de Meio Ambiente; Universidades, entidades técnico-científicas, procuradoria do meio ambiente e outras que forem julgadas relevantes. Para identificação dos atores foi desenvolvido um processo de pesquisa durante as oficinas participativas executadas. Para as entidades em potencial, um questionário contendo os seguintes itens foi aplicado: a) Qual é a sua opinião sobre a criação da APA Municipal do Rio Vermelho/ Humbold? b) Quais são as expectativas do Grupo/Instituição que você representa em relação à criação da APA Municipal do Rio Vermelho/ Humbold? c) Quais são as principais atividades realizadas pela entidade que você representa? d) Quais são as funções e atribuições da Entidade/Grupo que você representa? e) Qual é o potencial de colaboração de sua Instituição/Grupo em relação à gestão da APA? f) Em relação ao último item, quais seriam as limitações de sua Entidade/Grupo? g) Quais são, no seu ponto de vista e/ou de sua instituição, os principais problemas socioambientais identificados na região? Prefeitura Municipal de São Bento do Sul ecossistema consultoria ambiental PM da APA Rio Vermelho/Humbold - São Bento do Sul-SC 39/III Encarte 3 h) Registre suas sugestões e opiniões adicionais sobre a APA Municipal do Rio Vermelho/ Humbold. Para o IBAMA a síntese dos resultados da pesquisa deve ser apresentado em forma de tabela facilitando assim a visualização e avaliação do conteúdo. Assim sendo, a tabela a seguir demonstra o Modelo de Matriz Institucional de Gestão. Tabela 11 - Modelo de Matriz Institucional de Gestão Modelo de Matriz Institucional de Gestão Entidade Programa de ou Atividade Ação Instituições técnicas Elaboração de estudos e Técnica pesquisas operacional e Convênio com compartilhados ONGs Atividades de educação Técnica ambiental e altenativas operacional econômicas sustentáveis e Convênio com provimento de recursos pelo IBAMA e outros. Tipo de Cooperação Mecanismo de Cooperação recursos Apoio na execução do Plano Diretor e Lei de Prefeitura Municipal de Apoio técnico e Uso do Solo Municipal; e Convênio São Bento do Sul recursos humanos alternativas econômicas sustentáveis Pesquisa em Universidade e ecossistemas locais e Técnico - científica Instituições de pesquisa alternativas econômicas sustentáveis Parceria Segundo modelo proposto por IBAMA (2001). A seguir a Tabela 12 apresenta o resultado dos questionários aplicados as instituições que atuam na região da APA Municipal do Rio Vermelho/Humbold, em São Bento do Sul. Prefeitura Municipal de São Bento do Sul ecossistema consultoria ambiental PM da APA Rio Vermelho/Humbold -SC Encarte 3 Tabela 12 Tipos de interessado Identificação das Partes Interessadas e suas Expectativas Opinião sobre a criação da UC Principais Expectativas Regulamentação da APA para que Importante para o 2° Cia. Polícia possam ser desenvolvimento Militar Ambiental efetivadas ações sustentável da região. pautadas nessa regulamentação. Associação Brasileira Preservação Ferroviária (ABPF) Conscientização e incentivo a proteção de ambiental, trazendo um futuro mais seguro a região, quanto a preservação e manejo de recursos naturais. ARECICLA Favorecer a proteção ambiental e poder contribuir com a conscientização ambiental da comunidade. COMFLORESTA Vai melhorar aproveitamento recursos naturais. Ajuda a população regional a cuidar e manter a fauna e flora, trabalhando de maneira adequada. Relações mútuas entre a comunidade e a APA. Atividades e Funções Limitações Principais Atividades: Educação Ambiental, prevenção (fiscalização) e autuação de crimes ambientais. Apoio as ações Funções: proteção do meio legais a serem Falta efetivo. ambiente em todas as suas desenvolvidas. modalidades: flora, fauna, pesca, mineração, ordenamento urbano. Por meio de ações dentro dos passeios, educando os Atividades: Passeio histórico de passageiros a Maria Fumaça, entre Rio Negrinho preservar a natureza e Rio Natal. e entender sobre a Funções: Histórica e cultural. importância disto para o futuro desta área. Atividades: venda de material reciclável. Funções: com o dinheiro A instituição também arrecadado há promoções de trabalha no festas para a comunidade e desenvolvimento contribuição para com o meio sustentável. ambiente, não deixando acumular lixo e nem permitindo queimadas do mesmo. o Contribuição para de Desenvolvimento Manejo de florestas plantadas. social. Prefeitura Municipal de São Bento do Sul Potencial de colaboração Monocultura sem assistência técnica; desconhecimento da legislação; Supressão ilegal de vegetação, caça a animais silvestres. Tempo do passeio e pessoas aptas com Possivelmente algum lixo profundo derrubado para fora do conhecimento deste trem. item. As queimadas, comercialização ilegal da fauna e flora, sobrevivência Sobrevivência difícil difícil, topografia (zona rural, longe acidentada, caça da cidade). predatória, desmatamento em áreas legais, e um tanto de falta de conscientização ambiental da comunidade. Atendimento Atendimento as solicitações solicitações da APA. pela APA. ecossistema consultoria ambiental Problemas Apontados as Alteração da atividade feitas comercial da área. 40/III PM da APA Rio Vermelho/Humbold -SC Encarte 3 Tipos de interessado Opinião sobre a criação da UC Principais Expectativas Atividades e Funções Ações Ambientais em Desenvolvimento pela Prefeitura na Gestão Magno Bollmann nos dois Primeiros Anos de Mandato; Plano de Manejo da APA Municipal do Rio Vermelho/Humbold; Viveiro de Mudas; Recuperação da APP Rio Vermelho; São Bento Sempre Limpa; S.O.S Rio Limpo; Ecotrilha; Programa de Educação Ambiental Econciência; Datas Comemorativas; Exposição e Congresso Ambiental; Aterro Sanitário; Coleta do Óleo Vegetal; Associação de Reciclagem no Bairro; Vistorias e orientação; Arborização Urbana; Vila Schwartz; Programa Ecoatitude; Saneamento para Serra Alta; Programa de Pagamento por Serviços Ambientais PSA “Produtor de Água do Rio Vermelho” É de fundamental importância para a preservação do meio ambiente, considerando que existem poucos PREFEITURA preservados, DE SÃO BENTO locais como a APA Municipal DO SUL do Rio Vermelho/Humbold. A DEPARTAMENT APA oportunizará a O DE MEIO inserção de programas AMBIENTE específicos e a prática do desenvolvimento sustentável, favorecendo a comunidade local. Concretizar a regulamentação da lei de criação e oportunizar a captação de recursos específicos para implantação de programas socioambientais. INSTITUTO NOSSA CASA -------------------------- Manejo de ambiental Associação Apicultores Positiva Que a comunidade seja recompensada Fundamental na pela preservação de preservação da água e com valores do ecossistema local. equivalentes a produção da área preservada. Prefeitura Municipal de São Bento do Sul RPPN, auditoria Representar a agricultura familiar diante dos órgãos públicos, encaminhar benefícios ao INSS, reivindicar preços justos aos produtos da agricultura, fazer parcerias com entidades públicas, organizar os produtores, orientar sobre importância de ser sindicalizado. Potencial de colaboração Limitações Principais Fornecer subsídios político administrativas em ações ecoeficientes de boas práticas Dependência socioambientais, recursos visando a execução. conservação do meio ambiente e a melhoria da qualidade de vida das pessoas. --------------------------Apoiar os agricultores, bem como a comunidade local, esclarecendo os benefícios que a APA poderá representar no futuro, se bem conduzido, visando o bem estar dos municípios. ecossistema consultoria ambiental Problemas Apontados Relação da mineração de cultivo de de caulim, para monocultura e a falta de capacitação. Equipe pequena O não seguimento dos critérios para atividades dentro da APA Conscientizar os agricultores sobre os cuidados com as atividades que irão manejar na APA. Falta de conscientização sobre o lixo que ainda se joga na mata, levando sérios problemas às nascentes e rios da região e queimadas em épocas de estiagem onde afeta a mata e os animais. 41/III Encarte 3 PM da APA Municipal Rio Vermelho/Humbold-SC 5.5. Matriz Lógica de Planejamento A organização do planejamento deve ser iniciada com a elaboração de uma Matriz de Planejamento. Esta matriz tem por finalidade dar visibilidade aos resultados a serem alcançados e identificar os indicadores e pressupostos de cada um dos resultados, facilitando, deste modo, o acompanhamento dos trabalhos da elaboração do Plano de Gestão. Assim sendo, foi utilizada uma Matriz de Análise Estratégica, conforme estabelecido no Roteiro Metodológico de Planejamento de Parque Nacional, Reserva Ecológica e Estação Ecológica (IBAMA, 2002). Esta é formulada visando definir as diretrizes gerais de manejo tais como: esquema de fiscalização, estrutura administrativa e pessoal necessário (Figura 3). Por último são traçadas as linhas gerais de ação para as áreas estratégicas. Figura 3 - Interação do fatores de Análise Estratégica, demonstrada como fatores internos e externos que interagem em uma Matriz de Análise Estratégica Esta Matriz consiste em uma sistematização dos fatores ambientais, que constituem hipóteses de danos e ganhos, orientando a reflexão e planejamento de premissas defensivas ou de recuperação e de premissas ofensivas ou de avanços para a UC. Estes fatores são classificados no ambiente interno da UC, através do levantamento dos pontos fracos e dos pontos fortes. Estes são caracterizados como: - Pontos fracos: fenômenos inerentes à UC, que comprometem ou dificultam seu manejo; Prefeitura Municipal de São Bento do Sul ecossistema consultoria ambiental 42/III Encarte 3 PM da APA Municipal Rio Vermelho/Humbold-SC - Pontos fortes: fenômenos inerentes à UC, que contribuem ou favorecem seu manejo; Para o ambiente externo da UC, os fatores levantados para a análise estratégica são caracterizados a partir das ameaças e das oportunidades. - Ameaças: fenômenos inerentes à UC, que comprometem ou dificultam o alcance de seus objetivos; e - Oportunidades: fenômenos inerentes à UC, que contribuem ou favorecem o alcance de seus objetivos. A partir da análise da junção dos pontos fracos e das ameaças, que debilitam a Unidade, comprometendo o manejo e alcance das metas de seus objetivos de criação, são caracterizadas as forças restritivas. E as forças impulsoras são caracterizadas pela interação dos pontos fortes e oportunidades, que fortalecem a Unidade, contribuindo para o manejo e alcance das metas de seus objetivos de criação. A classificação das forças restritivas e impulsoras norteiam a proposição de programas que podem ser Defensivas ou de Recuperação, constituindo em uma sistematização com hipóteses de danos, ou Ofensivas ou de Avanço. Os participantes ficam responsáveis por identificar estes fatores, auxiliando na implementação do PM. Tabela 13 - Forças Modelo de Matriz de Análise Estratégica Ambiente interno Ambiente externo Pontos fracos Ameaças Ambiente interno Ambiente externo Premissas Pontos fortes Oportunidades Ofensivas ou de Avanço restritivas Premissas Defensivas ou de Recuperação Forças impulsoras Visando elaborar a Matriz de Análise Estratégica da APA Municipal do Rio Vermelho/Humbold foram realizadas três Oficinas de Planejamento Participativo, nos dias 18, 19 e 20 de março de 2011, nas comunidades do Rio Vermelho, Estação, Rio Mandioca e Rio Natal, respectivamente. Prefeitura Municipal de São Bento do Sul ecossistema consultoria ambiental 43/III Encarte 3 Em linhas PM da APA Municipal Rio Vermelho/Humbold-SC gerais, programação/metodologia todas as sugerida. oficinas As foram atividades realizadas foram iniciadas 44/III conforme a através da apresentação dos moderadores e componentes da equipe, em seguida foi apresentada uma síntese dos resultados obtidos nos levantamentos do diagnóstico ambiental da APA, demonstrados principalmente a partir de mapas temáticos (vegetação, geomorfologia e geologia). A lista de presença das oficinas encontra-se no Anexo 1, página 81. Em seguida a Matriz de Análise Estratégica foi elaborada a partir das informações levantadas (pontos fortes e fracos, ameaças e oportunidades), registrando-se as contribuições de todos os presentes. Prefeitura Municipal de São Bento do Sul ecossistema consultoria ambiental Encarte 3 - Manejo da UC Tabela 14 - Forças restritivas PM da APA Municipal Rio Vermelho/Humbold - SC Matriz de Análise Estratégica – oficina realizada no povoado Rio Vermelho Estação (18/03/2011) Ambiente interno Ambiente externo Premissas Pontos fracos Ameaças Defensivas ou de Recuperação - SAMAE Controle do nível máximo da barragem; - Borrachudo; - Desmatamento irregular; - Recuperação ambiental ineficiente e cerca inadequada; - Problemas nas estradas, afetando o turismo e o transporte; - Problemas fundiários – posse irregular de terras; - Nascentes não protegidas (Campo Alegre); - Agressão às águas devido a extração do caulim; - Falta de saneamento básico; - Falta de maior interação da comunidade; - Participação comunitária na resolução de problemas; - Mineração – passivo ambiental causado por manejo inadequado; - Conversão florestal (pinus/banana); - Falta de preservação do patrimônio ferroviário; - Caça predatória; - Falta de fiscalização; - Pouco uso da estrutura do CEPA; - Urbanização (problemas de poluição industrial, sanitária, causada pela expansão urbana no povoado). Prefeitura Municipal de São Bento do Sul - Monocultura de plantas exóticas (fins comerciais); Programa de Conservação e - Urbanização sem planejamento (exploração imobiliária, Recuperação; loteamentos); - Programa de Proteção e Fiscalização; - Conversão florestal (banana, pinus e eucalipto); - Programas de Saneamento Municipal; - Utilização de agroquímicos sem controle; - Programas de Educação Ambiental; - Dispersão de exóticas sem controle; - Programa de Pesquisa (dispersão de - Falta de recuperação das áreas degradadas pela Pinus); mineração; - Falta de projetos de conscientização ambiental; - Extinção de espécies da fauna e da flora. ecossistema consultoria ambiental 45/III Encarte 3 - Manejo da UC PM da APA Municipal Rio Vermelho/Humbold - SC Ambiente interno Pontos fortes Forças impulsoras - Áreas bem preservadas, principalmente na encosta; - Existência da usina hidrelétrica; - Existência do CEPA Rugendas; - Cultura local preservada – aspectos históricos; - Preservação das cabeceiras do Rio Banhados; - Baixa densidade de ocupação; - Cursos sobre produção associada; - Recuperação da Mata Ciliar; - Existência da ARECICLA; - Construção do aterro sanitário; - Captação da água; - Qualidade do ar; - Existência do passeio da Maria Fumaça; - Criação da APA Municipal do Rio Vermelho/Humbold; - Existência de Associação de Moradores atuante no povoado rio Vermelho; - Educação e saúde bem atendidas; - Projeto microbacias; - Qualidade das águas; - Bom fluxo turístico; - Sinalização turística; - Início dos trabalhos para o PSA (Pagamento por Serviços Ambientais). Prefeitura Municipal de São Bento do Sul Ambiente externo Premissas Oportunidades Ofensivas ou de Avanço - Cultivo da banana por agricultores familiares (geração Programa de Conservação de renda); Recuperação; - Sistemas agroflorestais; - Programa de Turismo; e - Industrialização da banana e outros (geração de - Plano Diretor (uso e ocupação); emprego e renda); Programas de Desenvolvimento - Campo para pesquisa científica; Agroflorestal (erva mate/pinhão). - Apicultura tradicional nativa; - Desenvolvimento de pólo turístico (recursos naturais, agricultura familiar, ferroviário); - Cultivo do palmito (sustentável) para geração de renda; - Resgate da cultura local. ecossistema consultoria ambiental 46/III Encarte 3 - Manejo da UC Tabela 15 - Forças restritivas PM da APA Municipal Rio Vermelho/Humbold - SC Matriz de Análise Estratégica – oficina realizada no povoado Rio Mandioca (19/03/2011) Ambiente interno Ambiente externo Premissas Pontos fracos Ameaças Defensivas ou de Recuperação ------- --------- - Conflitos com a fiscalização das APPs; - Mineração; - Contaminação da água pela mineração do caulim; - Êxodo rural. Pontos fortes - Bons acessos; Forças impulsoras - Relevo apropriado para uso (planalto); Ofensivas ou de Avanço Oportunidades - Produção agroecológica; Programas de incentivo à agricultura - Atrativos naturais (na APA como um todo). familiar. - APPs em processo de recuperação (na propriedade da Comfloresta); - Turismo rural; - Áreas bem produtivas (para recurso florestal). Prefeitura Municipal de São Bento do Sul ecossistema consultoria ambiental 47/III Encarte 3 - Manejo da UC Tabela 16 - Forças restritivas PM da APA Municipal Rio Vermelho/Humbold - SC Matriz de Análise Estratégica – oficina realizada na Associação de Moradores Rio Natal (20/03/2011) Ambiente interno Ambiente externo Premissas Pontos fracos Ameaças Defensivas ou de Recuperação - Topografia acidentada; - Excesso de detritos (folhas, pedras); - Falta de conscientização da população; - Solo instável; - Relevo íngreme ocasionando deslizamento do solo; - Falta de segurança; - Sobrevivência difícil; - Corte de mudas de árvores nativas; - Comunicação; - Apoio/incentivo técnico para o pequeno agricultor; - Treinamento para novas opções de cultura e microempreendimentos; - Maruim (mosquito); - Escola (falta alunos); - Indústria da banana (falta); - Descaso do poder público; - Falta aproximação da municipalidade (acessibilidade estradas, veterinários). - Preço instável (produção agrícola); - Programa de Sistemas Agroflorestais; - Maruim (mosquito); - Programa de Capacitação. - Queimadas; - Desmatamento em áreas protegidas por lei; - Comercialização da flora e fauna; - Caça predatória; - Poluição da água; - Turismo fora de controle; - Inadequado aproveitamento do solo. Continua ... Prefeitura Municipal de São Bento do Sul ecossistema consultoria ambiental 48/III Encarte 3 - Manejo da UC PM da APA Municipal Rio Vermelho/Humbold - SC Continuação... Matriz de Análise Estratégica – oficina realizada na Associação de Moradores Rio Natal (20/03/2011) Ambiente interno Ambiente externo Pontos fortes Forças impulsoras Premissas Oportunidades Ofensivas ou de Avanço - Associação de reciclagem (ARECICLA); - Buscar opções de incentivo para área fora da - Programa Turístico Rural Ecológico; - Água e ar puros; reserva legal de 20%; - Turismo; - Auxílio agricultor (melhor conservação das - Área propícia para turismo; estradas, mais apoio); - Estrada de ferro; - Agricultura orgânica; - CEPA/ Centro de Pesquisas Ambientais/UNIVILE; - Turismo rural; - Belezas naturais preservadas; - Produtos artesanais; - Solo fértil; - Produção de animais domésticos; - Abundância de água; - Turismo planejado; - Turismo rural; - Pesquisa ambiental; - Qualidade de vida. - Indústria artesanal de origem vegetal e animal; - Programa de Divulgação. - Cultivo de plantas medicinais; - Capacitação e qualificação (cursos); - Fabricação de produtos artesanais. Prefeitura Municipal de São Bento do Sul ecossistema consultoria ambiental 49/III Encarte 3 PM da APA Municipal do Rio Vermelho/Humbold - SC 5.6. Indicação dos Principais Problemas Ambientais O CONAMA, em sua Resolução n° 01, de 23 de janeiro de 1986, define impacto ambiental como qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividades humanas. O estado de SC está classificado como terceiro do Brasil com maior área de cobertura da Mata Atlântica, porém esse fato não garante a preservação deste bioma. A implantação da APA na região visa a conservação da bacia hidrográfica do alto do rio Negro e também a conservação do rio Vermelho, sendo que este abastece o consumo de água do município de São Bento do Sul. A área de Mata Atlântica que está inserida na APA Municipal do Rio Vermelho/ Humbold é considerada uma área prioritária de extrema importância pelo MMA. Há fatores que ameaçam a conservação dos recursos naturais presentes na região da APA Municipal do Rio Vermelho/ Humbold, pode-se citar dentre esses o desconhecimento da importância da biodiversidade e conservação dos recursos pela sociedade em geral, falta de fiscalização por parte dos órgãos ambientais e políticas públicas frágeis. Esse cenário pode gerar conflitos no equilíbrio dos ecossistemas dessa região. Para o levantamento das atividades potencialmente impactantes e conflitos ocorrentes na área de abrangência da APA, foram delimitadas os três principais tipos de relevo encontrados na APA: planalto, encosta e planície; com o objetivo de enquadrar cada região geográfica do espaço. O levantamento de dados foi realizado através das Oficinas de Planejamento Participativo e do diagnóstico local efetivado a partir das visitas de campo. Entre as atividades potencialmente impactantes que se destacam na área da APA Municipal do Rio Vermelho/Humbold, estão as monoculturas de banana e silvicultura de Pinus em extensas áreas, utilização de agrotóxicos, queimadas, caça predatória, mineração do caulim, erosão, e a expansão urbana, gerando problemáticas envolvendo a poluição industrial e sanitária, entre outros. Prefeitura Municipal de São Bento do Sul ecossistema consultoria ambiental 50/III Encarte 3 PM da APA Municipal do Rio Vermelho/Humbold - SC A tabela a seguir relaciona os locais de ocorrência dos itens acima e o grau de impacto da atividade em cada região. Tabela 17 - Síntese das Atividades Potencialmente Impactantes ocorrentes na área de abrangência da APA Municipal do Rio Vermelho/Humbold e grau de impacto ATIVIDADES PLANALTO ENCOSTA PLANÍCIE Mineração de Caulim MÉDIO - - Passivo Ambiental gerado pela Mineração de Caulim MÉDIO BAIXO BAIXO Conversão Florestal (Banana) - BAIXO MÉDIO Conversão Florestal (Pinus) MÉDIO - - Desmatamento ALTO ALTO ALTO Caça Predatória BAIXO BAIXO BAIXO Erosão - BAIXO BAIXO Utilização de Insumos Agrícolas ALTO ALTO ALTO Queimadas BAIXO - BAIXO Expansão urbana – problemas de poluição industrial e sanitária ALTO - - A região apresenta problemáticas ambientais, cujos efeitos podem levar à diminuição da biodiversidade e da qualidade de vida de suas populações. Com base nos levantamentos efetuados no presente Plano de Manejo da APA Municipal do Rio Vermelho/ Humbold, os impactos identificados nessa região estão descritos a seguir. Mineração do Caulim A mineração do caulim que ocorre na área de abrangência da APA Municipal Rio Vermelho/Humbold, localiza-se na região do planalto. Apesar do caulim ser um material atóxico e neutro, é insolúvel em água (Silva, 2001), esse fator dentre os impactos causados por sua extração, é um dos mais relevantes para a APA, pois devido à lixiviação e ação dos ventos, os particulados gerados durante a exploração e transporte do caulim depositam-se nos rios. Além da contaminação dos leitos dos rios pelo caulim, entre outros impactos gerados por esta atividade estão a remoção da vegetação, erosão e assoreamento, fatores impactantes para a fauna e flora. Passivo Ambiental gerado pela Mineração de Caulim O passivo ambiental gerado por esta atividade abrange toda a área já mineradas da APA Prefeitura Municipal de São Bento do Sul ecossistema consultoria ambiental 51/III Encarte 3 PM da APA Municipal do Rio Vermelho/Humbold - SC Municipal do Rio Vermelho/Humbold. Como passivos ambientais da exploração desse material resultam ambientes degradados, sem vegetação nativa e supressão de habitats para fauna e flora. Desmatamento No decorrer dos anos, considerando inicialmente o uso e ocupação do solo, ocorreram distintas intervenções na região da APA Municipal do Rio Vermelho/ Humbold, visando principalmente a instalação de atividades ligadas ao setor de agricultura e silvicultura, sobretudo as monoculturas de banana e plantações de Pinus em extensas áreas. A ocupação urbana também é um dos fatores impactantes neste aspecto. Os principais impactos gerados pela retirada de vegetação são: danos à fauna e à flora, devido a migração, morte e até mesmo a extinção de espécies; aumento do escoamento superficial de água ocasionando a erosão do solo; assoreamento dos recursos hídricos; empobrecimento do solo; deslizamento de encostas e a desconfiguração da paisagem, além de enchentes e alterações climáticas (ZIMMERMMAN, 2009). Conversão Florestal Na APA Municipal do Rio Vermelho/Humbold pode-se observar principalmente na região da planície, a conversão florestal, decorrente das monoculturas de banana e silvicultura de Pinus, também ocorrente no planalto. As consequências negativas da conversão florestal envolvem ações impactantes, como o desmatamento, queimadas e utilização de insumos químicos que corroboram para a deterioração de ecossistemas. Além de ser extremamente prejudicial ao solo, acarretando erosão, desgaste e empobrecimento nutricional causados pela produção contínua de uma mesma cultura. Utilização de Insumos Agrícolas A utilização de insumos agrícolas, também ocorre principalmente na planície da APA Municipal do Rio Vermelho/ Humbold, especialmente nos locais de monocultura de banana. Como consequência, há a contaminação gerada pelo uso indiscriminado de fertilizantes, com o intuito de manter ou recuperar a produtividade da terra, e de agrotóxicos, Prefeitura Municipal de São Bento do Sul ecossistema consultoria ambiental 52/III Encarte 3 PM da APA Municipal do Rio Vermelho/Humbold - SC indispensáveis no combate às pragas que surgem em razão da uniformização das culturas (ZIMMERMMAN, 2009). Além da contaminação ambiental decorrente do uso dos insumos, há igualmente o risco de contaminação humana aguda e até mesmo crônica, devido a aplicação dos insumos sem EPIs, ingestão acidental ou ainda pela alimentação. Queimadas Normalmente ocorrem visando facilitar a limpeza da área para o plantio, sendo estas mais comuns na planície da APA. Os impactos desta ação geram o empobrecimento rápido e esgotamento do solo, pois diminuem a renovação de húmus, formado pela decomposição da matéria orgânica vegetal advinda da floresta, além de acelerar o processo de erosão (ZIMMERMMAN, 2009). Mesmo quando controladas e autorizadas elas representam riscos. A alteração no micro clima local e a poluição atmosférica são os principais fatores. Ainda como conseqüências destes verifica-se a elevação da temperatura; a suspensão de partículas e a redução da umidade relativa do ar e danos à fauna e flora. Erosão A erosão é um processo natural de movimentação de massa, que pode ser acelerado por atividades antrópicas, característico principalmente das encostas da APA Municipal do Rio Vermelho/ Humbold. Os processos erosivos intensificam o assoreamento, que acontece pela acumulação de sedimentos ao longo dos leitos dos rios, favorecendo a ocorrência de enchentes, acarretando sérios danos à agricultura local. Além disso, compromete a sobrevivência das matas de galerias e da fauna a elas associadas. Expansão Urbana As problemáticas decorrentes da expansão urbana ocorrem principalmente na região do planalto da APA Municipal do Rio Vermelho/ Humbold. A urbanização pode alterar toda a biodiversidade local e provocar fortes impactos negativos no meio ambiente e na própria população. Prefeitura Municipal de São Bento do Sul ecossistema consultoria ambiental 53/III Encarte 3 PM da APA Municipal do Rio Vermelho/Humbold - SC Em relação ao meio ambiente a urbanização gera supressão de vegetação, além de impactos na fauna, devido à migração de espécies animais, desmatamento para ocupação, contaminação decorrente de esgoto sanitário, poluição atmosférica e geração de resíduos. Para a população, as principais implicações são: alastramentos de doenças devido à falta de higiene sanitária, contaminação da água e como conseqüência a baixa qualidade de vida. Caça predatória A caça predatória ocorre geralmente em virtude da proximidade de ambientes naturais a áreas urbanas. No caso da APA Municipal do Rio Vermelho/ Humbold a atividade é mais efetiva na região da encosta, devido a maior abrangência de floresta no local, porém ocorre em toda a região. Essa atividade gera a diminuição das populações de diversas espécies animais, desencadeando um processo de desequilíbrio ecológico com sérios danos à biodiversidade. Além dos fatores abordados acima, há os conflitos identificados pelos participantes das oficinas de planejamento participativo realizada na APA, entre eles estão a falta de segurança, saneamento básico precário e problemas nas estradas que afetam o turismo e os transportes. Os conflitos também envolvem a posse irregular de terras, nascentes não protegidas, ineficiência da fiscalização ambiental efetiva e o controle do nível máximo da barragem. Também foram identificados a falta de participação comunitária na resolução de problemas, o desentendimento entre as comunidades e o órgão fiscalizador de APPs, a recuperação ambiental ineficiente, a superpopulação de borrachudos, o descaso com o patrimônio ferroviário e a ausência de indústria da banana. Esses conflitos também podem gerar impactos efetivos na região da APA. A tabela a seguir relaciona as problemáticas e o grau de gravidade dos conflitos em cada região. Tabela 18 - Síntese dos Conflitos Ambientais Identificados na região da APA Municipal do Rio Vermelho/Humbold CONFLITOS PLANALTO Controle do nível máximo da barragem pela SAMAE BAIXO Superpopulação de Borrachudos e Maruim MÉDIO Prefeitura Municipal de São Bento do Sul ENCOSTA PLANÍCIE ALTO ecossistema consultoria ambiental 54/III Encarte 3 PM da APA Municipal do Rio Vermelho/Humbold - SC CONFLITOS PLANALTO ENCOSTA PLANÍCIE Falta de conscientização da população ALTO ALTO ALTO Recuperação ambiental lenta ALTO - - Falta de saneamento básico MÉDIO MÉDIO MÉDIO Problemas na conservação de estradas BAIXO MÉDIO BAIXO Ocupação Irregular e Corte de Árvores Nativas ALTO ALTO ALTO Problemas fundiários – posse irregular de terras BAIXO BAIXO BAIXO Ocupação irregular em áreas de APP ALTO ALTO ALTO Nascentes não protegidas no município de Campo Alegre MÉDIO - - Falta da participação comunitária na resolução de problemas ALTO ALTO ALTO Falta de preservação do patrimônio ferroviário BAIXO BAIXO BAIXO Conflitos com a fiscalização das APP ALTO ALTO ALTO Industrialização da banana - - BAIXO Os conflitos e deficiências existentes levantados pelos participantes das oficinas de planejamento participativo da APA Municipal do Rio Vermelho/Humbold e seus potenciais impactos decorrentes estão descritos na Tabela 19. Tabela 19 - Síntese dos Conflitos e Deficiências Identificados na região da APA Municipal do Rio Vermelho/Humbold CONFLITOS /DEFICIÊNCIAS IMPACTOS POTENCIAIS Controle do nível máximo da barragem (SAMAE) Desequilibrio das populações de mosquitos (borrachudos e maruins) Pode gerar alagamentos e transbordamentos atingindo propriedades do entorno Ocupação irregular de APPs Supressão da vegetação nativa Fiscalização insuficiente Problemas fundiários Nascentes desprotegidas dos limites da APA Ineficiente preservação ao patrimônio ferroviário Deficiência em equipamentos para processamento da banana Saneamento básico Dificuldades para a conservação de estradas Participação comunitária deficiente Prefeitura Municipal de São Bento do Sul Importunar os moradores e visitantes Reduzir a proteção das margens dos rios e o potencial de corredor de biodiversidade Redução da qualidade ambiental dos fragmentos, perda de diversidade e da capacidade de regeneração das espécies Ampliação da pressão sobre os recursos naturais Conflitos sócio-ambientais Algumas cabeceiras de drenagens não se encontram abrangidas pela área protegida, estando descobertas da proteção específica adicional da APA, apesar de se manter válida a proteção prevista no Código Florestal Perda do patrimônio histórico-cultural e patrimonial, bem como de suas potencialidades sócio-econômica Baixo valor do produto, gerando pouca renda as comunidades locais Perda da qualidade dos recursos hídricos, contaminação e proliferação de vetores Especialmente em épocas de chuvas, e nas porções com encostas sujeitas a escorregamentos, prejudicando os moradores e o escoamento dos produtos agrícolas, assoreando o leito dos rios e reduzindo a qualidade das águas A reduzida participação comunitária limita o acesso às informações produzidas por estudos e projetos, bem como a difusão dos seus resultados. ecossistema consultoria ambiental 55/III Encarte 3 PM da APA Municipal do Rio Vermelho/Humbold - SC 6. ZONEAMENTO 6.1. Estabelecimento do Zoneamento Ambiental O Zoneamento Ambiental é o instrumento que estabelece a ordenação do território da APA, as normas de ocupação e uso do solo e dos recursos naturais. Atua organizando o espaço da APA em áreas com graus diferenciados de proteção e sobre as quais deve ser aplicado o conteúdo normativo específico (IBAMA, 2001). Objetiva estabelecer distintos tipos e intensidades de ocupação e uso do solo e dos recursos naturais, através da definição de um conjunto de zonas ambientais com seu respectivo corpo normativo. Tem como pressuposto um cenário de desenvolvimento futuro, formulado a partir das peculiaridades ambientais da região, em sua interação com processos sociais, culturais, econômicos e políticos, vigentes ou prognosticados para a APA e sua região (IBAMA, 1996). O ordenamento territorial, a ser definido no zoneamento de forma simultânea à identificação das ações que compõem o Plano de Gestão, permitirá definir ações especializadas que se orientam e se direcionam à consolidação de um cenário futuro favorável para alcançar os objetivos da APA (IBAMA, 2001). Ainda segundo a mesma fonte, o ordenamento territorial e as normas ambientais, que constituem o Zoneamento Ambiental, têm, portanto, o mesmo ponto de partida – o Quadro Socioambiental. São formulados a partir do grau de conhecimento da biodiversidade da APA e da identificação e avaliação dos problemas e conflitos, das oportunidades e potencialidades decorrentes das formas de conservação da biodiversidade, uso e ocupação do solo e da utilização dos recursos naturais da área. 6.2. Critérios para Identificação das Áreas Ambientais Homogêneas Para o IBAMA (2001), as áreas sócio-ambientais homogêneas, correspondem a uma compartimentação do território da APA em parcelas com particularidades ambientais e condições de operação homogêneas. A delimitação dessas áreas, do ponto de vista ambiental, tem duas finalidades fundamentais no planejamento pois são a base para a formulação preliminar do zoneamento da APA e constituem a referência territorial das Prefeitura Municipal de São Bento do Sul ecossistema consultoria ambiental 56/III Encarte 3 PM da APA Municipal do Rio Vermelho/Humbold - SC demais ações do Plano de Gestão. Em síntese, as áreas ambientais homogêneas, constituem instrumento de operacionalização e de otimização de recursos para as atividades desenvolvidas por organizações civis, na mobilização e participação social, nas ações de educação ambiental e de defesa do patrimônio ambiental da unidade. No estabelecimento de Áreas Ambientais Homogêneas são considerados os seguintes critérios: - categoria das peculiaridades ambientais, especialmente a diversidade biológica; - condições de ocupação do território da APA; - composição de situações interagentes; - aspectos institucionais dos municípios abrangidos e, dependendo do número maior ou menor de municípios ou da verificação de polaridades, o estabelecimento da delimitação política e institucional favorável à gestão; - estruturação do sistema viário e seus reflexos na estruturação regional e na indução de atividades (exemplo: vias de acesso que induzem à localização e expansão de nucleações urbanas para áreas rurais com atributos paisagísticos ou biodiversidade a preservar); - tendências macroeconômicas ou macroregionais, referentes ao crescimento dos setor primário, secundário e terciário que apontam para o adensamento populacional da APA. Essas áreas constituem setores territoriais da APA com homogeneidade de: - peculiaridades ambientais; - condições de ocupação; - oportunidades; - aspectos institucionais; - padrões de derivação ambiental, com evolução positiva ou negativa, em relação ao estado primitivo do meio ambiente. 6.3. Definição de Tipologia de Zonas Ambientais Este aspecto tem como finalidade propor uma padronização de zonas ambientais e orientar a política normativa, o que possibilita uma linguagem homogênea para o Zoneamento Ambiental da APA. Este formato de Zoneamento Ambiental adota conceitos para Zonas Ambientais que incluem também o conceito de Áreas de Ocorrência Prefeitura Municipal de São Bento do Sul ecossistema consultoria ambiental 57/III Encarte 3 PM da APA Municipal do Rio Vermelho/Humbold - SC Ambiental. Embora não obedeçam à mesma padronização e terminologia estabelecida pela Resolução n.º 010/88, obedece aos seus princípios gerais nos termos de ações de conservação e preservação. Assim sendo, o roteiro para Gestão de APAs (IBAMA 2001) define as zonas da seguinte forma: Zonas de Proteção A política nesse tipo de zona é preservar espaços com função principal de proteger os sistemas naturais ou patrimônio cultural existentes, embora possa admitir um nível de utilização em setores já alterados do território, com normas de controle bastante rigorosas. Enquadram-se nestas zonas, entre outras, as seguintes situações: - remanescentes de ecossistemas e paisagens pouco ou nada alterados; - configurações geológicas e geomorfológicas especiais; - refúgios de fauna, conjuntos representativos do patrimônio paleontológico, espeleológico, arqueológico e cultural. Cabe esclarecer que uma Área Ambiental Homogênea (que é a base original do Zoneamento), classificada como de "proteção", caracteriza-se predominantemente por "peculiaridades ambientais" (com valor enquanto patrimônio ambiental ou cultural). Pode apresentar também algumas áreas alteradas, com diferentes níveis de conservação. Nessas Zonas de Proteção, adota-se postura de controle muito rigorosa para os espaços ambientais com níveis elevados de conservação ou fragilidade e para territórios considerados fundamentais para a expansão ou conservação da biodiversidade. Para as áreas situadas no conjunto territorial da zona que apresentem alterações, são aplicadas normas de uso e ocupação do solo que estabelecem o manejo adequado. Zonas de Conservação A política nessa categoria de zona é admitir a ocupação do território sob condições adequadas de manejo dos atributos e recursos naturais. Nessas áreas, condições ambientais já alteradas pelo processo de uso e ocupação do solo apresentam níveis Prefeitura Municipal de São Bento do Sul ecossistema consultoria ambiental 58/III Encarte 3 PM da APA Municipal do Rio Vermelho/Humbold - SC diferenciados de fragilidade, conservação e degradação. Devem, portanto, ser correlacionadas com objetivos e necessidades específicas de conservação ambiental. As normas de uso e ocupação do solo devem estabelecer condições de manejo dos recursos e fatores ambientais para as atividades socioeconômicas. Devem refletir, também, medidas mais rigorosas de proteção ou mesmo de preservação aplicadas a peculiaridades ambientais frágeis ou de valor relevante que estejam presentes no território da zona. Cabe ressaltar que, em grande parte dos casos, devem ser aplicados e privilegiados programas de recuperação ambiental nas zonas de conservação. Áreas de Ocorrência Ambiental São áreas de pequena dimensão territorial que apresentam situações físicas e bióticas particulares, ocorrendo de forma dispersa e generalizada em quaisquer das zonas ambientais estabelecidas, seja de proteção ou conservação. Devido a sua particularidade, requerem normatização específica. São passíveis de enquadramento nesta categoria: - Áreas de Preservação Permanente - APP, que correspondem a situações enquadradas e definidas pelo Código Florestal e outros instrumentos legais que regulamentam situações específicas, tais como matas de galeria, encostas, manguezais, entre outros. - Áreas de Proteção Especial - APE, que correspondem a situações específicas de vulnerabilidade e podem ampliar as ocorrências protegidas pelo Código Florestal. São exemplos dessas ocorrências as manchas isoladas de vegetação natural, cavernas conhecidas, sítios paleontológicos e arqueológicos, as lagoas perenes ou temporárias e outras ocorrências isoladas no território da APA. 6.4. Aplicação da Tipologia de Zonas Ambientais Para o IBAMA (2001), quanto à conceituação e aplicação da tipologia apresentada, deve se observar que os termos Zona de Proteção e Zona de Conservação foram estabelecidos após experiências desenvolvidas quanto à nomenclatura de zonas em vários projetos de Zoneamento de APA. Nesse sentido, observou-se que o emprego da categoria Zona de Preservação implica no entendimento jurídico de que esta zona deve receber o mesmo tratamento administrativo de controle que uma "situação de preservação permanente" (Código Florestal, Art. 2º). Por isso, optou-se por utilizar o termo Proteção para uma zona ambiental onde predominam políticas com alto nível de Prefeitura Municipal de São Bento do Sul ecossistema consultoria ambiental 59/III Encarte 3 PM da APA Municipal do Rio Vermelho/Humbold - SC restrição ao uso do solo, tolerando-se usos existentes compatíveis e promovendo-se atividades de interesse ambiental. A adoção da categoria Zona de Conservação tem o sentido de estabelecer políticas de uso sustentável dos recursos ambientais, adotando-se, para tanto, níveis de controle mais brandos. Em geral, os programas de controle e recuperação ambiental são privilegiados nessas zonas. Esta tipologia básica deverá ser desdobrada, tendo em vista a definição de uma gradação normativa mais ampla como política de zoneamento. Este procedimento foi desenvolvido na formulação do zoneamento, através de atividades próprias das Oficinas de Planejamento, tento em vista que a decisão quanto ao conteúdo de zoneamento deve ser amplamente debatida. Especificamente para a determinação do zoneamento da APA Municipal do Rio Vermelho/Humbold, foram considerados aspectos da geologia, geomorfologia, solos e seu uso atual, a fragilidade ambiental do ponto de vista físico, a cobertura vegetal, a dinâmica populacional, a legislação vigente, as atividades econômicas e o patrimônio histórico-cultural, resultando preliminarmente na indicação de cinco (5) zonas distintas: Área de Proteção Especial (APE), Zona de Conservação – Planalto 1 (ZC1), Zona de Conservação – Planalto 2 (ZC2), Zona de Conservação – Planície (ZC3) e Zona de Preservação (ZP). Para cada uma das zonas foram agrupadas, analiticamente as informações resultantes dos levantamentos de campo e elaboradas fichas específicas, contendo a seguinte estrutura:, conforme apresentado na Tabela 20. - caracterização ambiental; - caracterização socioeconômica; - objetivos específicos; e - indicações de usos (permitidos, tolerados e proibidos). Para cada conjunto de zonas indicado, considerando-se sua categoria foram determinadas as diretrizes para gerenciamento e controle. Além disso, em relação à APA Prefeitura Municipal de São Bento do Sul ecossistema consultoria ambiental 60/III Encarte 3 PM da APA Municipal do Rio Vermelho/Humbold - SC de modo geral, foram identificadas as instituições atuantes e setores envolvidos. A Proposta de Zoneamento elaborada para a APA Municipal do Rio Vermelho/Humbold, encontra-se no Anexo 2. 6.5. Diretrizes Normativas para as Zonas Ambientais Segundo a Lei n° 6.902, de 27 de abril de 1981, em seu Artigo 8° - O Poder Executivo, quando houver relevante interesse público, poderá declarar determinadas áreas do Território Nacional como de interesse para a proteção ambiental, a fim de assegurar o bem-estar das populações humanas e conservar ou melhorar as condições ecológicas locais. Ainda em seu Artigo 9° estabelece que em cada Área de Proteção Ambiental, dentro dos princípios constitucionais que regem o exercício do direito de propriedade, o Poder Executivo estabelecerá normas, limitando ou proibindo: a) a implantação e o funcionamento de indústrias potencialmente poluidoras, capazes de afetar mananciais de água; b) a realização de obras de terraplenagem e a abertura de canais, quando essas iniciativas importarem em sensível alteração das condições ecológicas locais; c) o exercício de atividades capazes de provocar uma acelerada erosão das terras e/ou um acentuado assoreamento das coleções hídricas; d) o exercício de atividades que ameacem extinguir na área protegida as espécies raras da biota regional. Segundo o Art. 2º da Resolução CONAMA nº 010/88, as APAs terão sempre um Zoneamento Ecológico-Econômico visando atender aos seus objetivos. Este estabelecerá normas de uso, de acordo com as condições locais bióticas, geológicas, urbanísticas, agro-pastoris, extrativistas, culturais e outras. Para o IBAMA (2001) o método de diretrizes normativas para disciplinamento da conservação da biodiversidade, uso e ocupação do solo e utilização de recursos naturais é formulado a partir do conceito de Zona Ambiental, sendo um padrão territorial com peculiaridades de natureza biótica e abiótica, paisagística, cultural e com características decorrentes dos processos de uso e ocupação do solo. Prefeitura Municipal de São Bento do Sul ecossistema consultoria ambiental 61/III Encarte 3 PM da APA Municipal do Rio Vermelho/Humbold - SC Ainda segundo a mesma fonte, a delimitação desse território tem por finalidade atribuir controles administrativos sobre sua conservação, normas de uso e ocupação e manejo dos recursos naturais. Estas devem refletir exigências intrínsecas à preservação ou conservação desses atributos e recursos. Por outro lado, esses dispositivos devem refletir a intenção socioambiental quanto ao padrão de desenvolvimento desejável para a região, refletindo a missão da APA. A formulação de diretrizes normativas a partir desse conceito direciona-se à formatação do instrumento jurídico apropriado ao licenciamento ambiental de atividades e empreendimentos que configuram o uso e a ocupação do solo. Nesse sentido, estão diretamente associados a interferências ou não sobre os sistemas biótico e abiótico e respectivos processos naturais e sobre a utilização de recursos naturais renováveis e não-renováveis (IBAMA, op cit.). Categoria de diretrizes normativas - Diretrizes de restrição: constituem limitações a formas de uso ou condições de ocupação ou de utilização de recursos, que afetam elementos, fatores e processos físicos ou bióticos. - Diretrizes de incentivo: constituem modalidades normativas associadas a atividades de interesse para a melhoria ambiental. As indicações de usos foram discriminadas no presente Zoneamento como permitidos, tolerados e proibidos. - Usos e Condições de Ocupação Permitidos: são aqueles que não afetam os elementos, fatores e processos ambientais da APA. - Usos e Condições de Ocupação Tolerados: em geral, são modalidades já presentes na zonas ambientais, para as quais são estabelecidos critérios para expansão ou para redução de desconformidade. - Usos e Condições de Ocupação Proibidos: tratam-se de atividades que causam interferências incompatíveis com os processos ambientais, que causam degradação grave ou derivações ambientais negativas, resultando em prejuízos ecológicos, sociais e econômicos. No caso do presente plano, os usos permitidos são aqueles que podem ser realizados na zona tratada. Já os tolerados são aqueles que podem ser realizados, mas sob condições Prefeitura Municipal de São Bento do Sul ecossistema consultoria ambiental 62/III Encarte 3 PM da APA Municipal do Rio Vermelho/Humbold - SC específicas. Mesmo os usos permitidos ou tolerados precisam passar pelos procedimentos de licenciamento ambiental. Visando padronizar e facilitar a compreensão e utilização do zoneamento proposto, são indicados a seguir os critérios utilizados na normatização do mesmo. Habitacional: edificações destinadas à habitação permanente ou transitória. - habitações unifamiliares: construções destinadas a servir de moradia a uma só família. - habitações coletivas: construções destinadas a servir de moradia a mais de uma família. Enquadram-se nessa classificação as construções de habitações geminadas, devendo estas serem regulamentadas por legislação municipal específica. - habitações multifamiliares: construções isoladas, num mesmo lote, destinadas a servirem de moradia a uma família por construção. Comunitário: espaço, estabelecimento ou instalação destinada à educação, lazer, cultura, saúde, assistência social e cultos religiosos. - Comunitário 1 – atividades de atendimento direto, funcional ou especial ao uso residencial, tais como: ambulatório, unidade de saúde, assistência social, berçário, creche, hotel para bebês, biblioteca, ensino maternal, pré-escolar, jardim de infância, escola especial. - Comunitário 2 – atividades que impliquem em concentração de pessoas ou veículos, níveis altos de ruídos e padrões viários especiais, subclassificando-se em: Lazer e cultura: auditório, boliche, casa de espetáculos artísticos, canchas, ginásios de esportes, centro de recreação, centro de convenções, centro de exposições, cinema, colônia de férias, museu, piscina pública, sede cultural, esportiva e recreativa, sociedade cultural, teatro. Ensino: estabelecimentos de ensino de 1° e 2° graus. Saúde: hospital, maternidade, pronto socorro, sanatório, Casa de Saúde. Cultos religiosos: casa de culto, templos religiosos. - Comunitário 3 – atividades de grande porte, que impliquem em concentração de pessoas ou veículos, não adequadas ao uso residencial sujeitas a controle específico: Lazer: centro de equitação, hipódromo, circo, parque de diversões, rodeio. Prefeitura Municipal de São Bento do Sul ecossistema consultoria ambiental 63/III Encarte 3 PM da APA Municipal do Rio Vermelho/Humbold - SC Ensino: campus universitário e estabelecimentos de ensino de 3º grau. Comércio/Serviço: Comércio: atividade pela qual fica definida uma relação de troca, visando um lucro e estabelecendo-se a circulação de mercadorias. Serviço: atividade, remunerada ou não, pela qual ficam caracterizados o préstimo da mão-de-obra ou assistência de ordem intelectual ou espiritual. Pequeno porte: Construções com área não superior a 100 m² (cem metros quadrados). Médio porte: Construções com área entre 100 m² (cem metros quadrados) e 400 2 m (quatrocentos metros quadrados). Grande porte: Construções com área superior a 400 m2 (quatrocentos metros quadrados). Indústria: atividade pela qual resulta a produção de bens pela transformação de insumos. Pequeno porte: atividade industrial desenvolvida em construções de até 500 m2 (quinhentos metros quadrados). Médio porte: atividade industrial desenvolvida em construções acima de 500 m2 (quinhentos metros quadrados) até 1.000 m2 (mil metros quadrados). Grande porte: atividade industrial desenvolvida em construções com áreas superiores a 1.000 m2 (mil metros quadrados). Poluidor: pessoa física ou jurídica de direito público ou privado, responsável, direta ou indiretamente, por atividade causadora de degradação ambiental (Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981). Poluição: é a degradação da qualidade ambiental resultante de atividades que direta ou indiretamente (Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981): a) prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da população; b) criem condições adversas às atividades sociais e econômicas; c) afetem desfavoravelmente a biota; d) afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente; e) lancem matérias ou energia em desacordo com os padrões ambientais estabelecidos. Prefeitura Municipal de São Bento do Sul ecossistema consultoria ambiental 64/III Encarte 3 PM da APA Municipal do Rio Vermelho/Humbold - SC Agricultura: conjunto de operações que transformam o solo natural para a produção de vegetais úteis ao homem (AURÉLIO, 1995). Agricultura familiar: segundo a Lei nº 11.326, de 24 de julho de 2006, que estabelece as diretrizes para a formulação da Política Nacional da Agricultura Familiar e Empreendimentos Familiares Rurais, considera-se agricultor familiar e empreendedor familiar rural aquele que pratica atividades no meio rural, atendendo, simultaneamente, aos seguintes requisitos: não detenha, a qualquer título, área maior do que 4 (quatro) módulos fiscais; utilize predominantemente mão-de-obra da própria família nas atividades econômicas do seu estabelecimento ou empreendimento; tenha renda familiar predominantemente originada de atividades econômicas vinculadas ao próprio estabelecimento ou empreendimento; e dirija seu estabelecimento ou empreendimento com sua família. Agricultura extensiva – agricultura localizada em grandes extensões de terra, usualmente com baixa produtividade. Agricultura ecológica – conjunto de técnicas agrícolas baseadas em conceitos de conservação de energia e matéria, reproduzindo processos ecológicos naturais e aproveitando a economia da natureza, inclusive de organismos vivos do ambiente, como decompositores parasitas e predadores existentes. Trata-se de prática agrícola que dispensa o uso de insumos químicos e mecanização (IBGE, 2002). Pecuária extensiva – aquela que é desenvolvida em grandes extensões de terras, com o gado solto, geralmente sem grandes aplicações de recursos tecnológicos e incentivos financeiros (AMBIENTEBRASIL, 2011). Pecuária intensiva – aquela que é praticada utilizando-se de recursos tecnológicos avançados, tais como gado confinado e reprodução através de inseminação artificial (AMBIENTEBRASIL, 2011). Mineração: atividade pela qual são extraídos metais ou substâncias não metálicas do solo e subsolo. Pequeno porte: extensão da área da lavra de até 1 ha. Médio porte: com área entre 1 a 5 ha. Prefeitura Municipal de São Bento do Sul ecossistema consultoria ambiental 65/III Encarte 3 PM da APA Municipal do Rio Vermelho/Humbold - SC Grande porte: com área superiores a 5 ha. Manejo Florestal – segundo o Código Florestal (Lei nº 4.771, de 15 de setembro de 1965), manejo florestal sustentável é a administração da floresta para a obtenção de benefícios econômicos e sociais, respeitando-se os mecanismos de sustentação do ecossistema objeto do manejo. A Lei nº 11.284, de 2 de março de 2006, que dispõe sobre a gestão de florestas públicas para a produção sustentável, define o manejo florestal sustentável como sendo a administração da floresta para a obtenção de benefícios econômicos, sociais e ambientais, respeitando-se os mecanismos de sustentação do ecossistema objeto do manejo e considerando-se, cumulativa ou alternativamente, a utilização de múltiplas espécies madeireiras, de múltiplos produtos e subprodutos não madeireiros, bem como a utilização de outros bens e serviços de natureza florestal. Agroflorestas – povoamentos permanentes, de aspecto florestal, biodiversificados, manejados pelo homem de forma sustentada e intensiva, constituídas de espécies perenes (madeiráveis, frutíferas, condimentares, medicinais, etc.), para gerar um conjunto de produtos úteis para fins de subsistência e/ou comercialização (IBGE, 2002). Turismo: de acordo com a Lei nº 11.771, de 17 de setembro de 2008, que dispõe sobre a Política Nacional de Turismo, considera-se turismo as atividades realizadas por pessoas físicas durante viagens e estadas em lugares diferentes do seu entorno habitual, por um período inferior a 1 (um) ano, com finalidade de lazer, negócios ou outras. Atividades de Turismo Atividades turísticas e/ou recreação de alto impacto – rali; motocross; jet-ski, arvorismo e, outras atividades que causam impactos ambientais significativos. Atividades turísticas e/ou recreação de baixo impacto – atividades que, executadas de forma ambientalmente correta, principalmente no que diz respeito à capacidade de carga turística, causam baixos impactos ambientais, como p.ex.: caminhadas; observação de aves; piquenique; contemplação da natureza; banho de rio ou mar; rapel; montanhismo. Turismo Rural – conjunto de atividades turísticas desenvolvidas no meio rural, comprometido com a produção agropecuária, agregando valor a produtos e serviços, resgatando e promovendo o patrimônio cultural e natural da comunidade. Prefeitura Municipal de São Bento do Sul ecossistema consultoria ambiental 66/III Encarte 3 PM da APA Municipal do Rio Vermelho/Humbold - SC Ecoturismo – é um segmento da atividade turística que utiliza de forma sustentável o patrimônio natural e cultural, incentiva a sua conservação e busca a formação de uma consciência ambientalista, através da interpretação do ambiente, promovendo o bem estar das populações (EMBRATUR, 2004). Empreendimento turístico Pequeno porte: atividade desenvolvida em construções de até 500 m2 (quinhentos metros quadrados). Médio porte: atividade desenvolvida em construções contendo acima de 500 m2 (quinhentos metros quadrados) até 1.000 m2 (mil metros quadrados). Grande porte: atividade desenvolvida em construções com áreas superiores a 1.000 m2 (mil metros quadrados). Loteamento: é a subdivisão de área em lotes destinados à edificação de qualquer natureza (Decreto-Lei nº 271, de 28 de fevereiro de 1967). Extrativismo: atividade econômica de agrupamentos populacionais limitados, dependentes de extração de produtos e matérias-primas naturais recolhidos em sua origem. Pode ser subdividido em dois grupos: extrativismo de depredação ou de aniquilamento - no caso da obtenção do recurso levar a extinção da fonte, e extrativismo de coleta, no qual se procura equilibrar a extração com a velocidade de regeneração do recurso (MMA, 2003). Represamento: qualquer obra destinada à acumulação de água empregada para diversos fins (AURÉLIO, 1995). Aqüicultura/piscicultura: de acordo com a Resolução CONAMA nº 413, de 26 de junho de 2009, que dispõe sobre o licenciamento ambiental da aquicultura, são considerados os tamanhos das áreas da seguinte forma: Pequeno: áreas menores de 5 ha; Médio: de 5 a 50 ha; Grande: maior de 50 ha. Reflorestamento: ato de reflorestar, de plantar árvore para formar vegetação em lugares que foram derrubadas, para conservação do solo e atenuação climática ou obtenção de produtos florestais (AURÉLIO, 1995, adaptado). Prefeitura Municipal de São Bento do Sul ecossistema consultoria ambiental 67/III Encarte 3 PM da APA Municipal do Rio Vermelho/Humbold - SC Pequeno: áreas de até 1 ha; Médio: de 1 a 5 ha; Grande: acima de 5 ha. Espécie Exótica: espécie presente em uma determinada área geográfica da qual não é originária (IBGE, 2002). Espécie Nativa: espécie vegetal ou animal que, suposta ou comprovadamente, é originária da área geográfica em que atualmente ocorre (IBGE, 2002). Estradas/Rodovias: caminhos relativamente largos, destinados ao trânsito de pessoas, animais e veículos (AURÉLIO, 1995). PCHs – Pequenas Centrais Hidrelétricas: são consideradas pequenas centrais hidrelétricas, todas as centrais cuja potência elétrica instalada é igual ou inferior a 30 MW (Portaria ANEEL 394 de 04 de dezembro de 1998). Áreas degradadas: ocorre quando a vegetação nativa e a fauna são destruídas, removidas ou expulsas; a camada fértil do solo for perdida, removida ou enterrada; e a qualidade e regime de vazão do sistema hídrico for alterado (IBAMA, 1990). Prefeitura Municipal de São Bento do Sul ecossistema consultoria ambiental 68/III Encarte 3 Tabela 20 - PM da APA Municipal do Rio Vermelho/Humbold - SC Fichas específicas da proposta de Zoneamento da APA Identificação das Áreas Ambientais Homogêneas Zonas Área de Proteção Especial- APE Abiótico Esta área compreende, porções do terreno que apresentam maior declividade, inclinação das encostas acima de 45%, formando a escarpa da serra. Caracterização Biótico Área composta pelos maiores e mais bem conservados fragmentos florestais situados na APA. Presença de Áreas de Ambiental bem preservadas. Antrópico Atrativos como cachoeiras, grutas e montanhas Proteção Possuem nascentes nas encostas. Os rios apresentam fortes corredeiras e saltos. Elevações pouco proeminentes, mas bastante trabalhadas pela drenagem, criando uma paisagem de mar de morros, de altitudes próximas a 1000 m. Zona de Conservação Planalto 1 – ZC1 Área de nascentes e pequenos cursos d’água. Área de altitude em torno de 1000 m que apresenta ondulações uniformes, caracterizando um planalto. Zona de Conservação Planalto 2 – ZC2 Basicamente predomina a Mata com Araucárias, em estágio avançado e médio de regeneração secundária. Engloba áreas de maior elevação altimétrica, e que está sujeita a condições climáticas mais frias. Possui pastagens em meio a áreas florestadas. O plantio de pinus, em grandes áreas, e o plantio de eucaliptos para lenha, construção e outros. Poucas porções apresentam agricultura familiar. Possui pequenas áreas de campos naturais, entremeadas por florestas já alteradas pelo povoamento em grande escala de pinus, e por áreas de mineração. Apresenta atualmente o uso minerário, para extração do caulim. Uso das áreas abertas para pastagem e para reflorestamento de pinus. Como o terreno está em uma porção Prefeitura Municipal de São Bento do Sul ecossistema consultoria ambiental 69/III Encarte 3 PM da APA Municipal do Rio Vermelho/Humbold - SC Zonas Abiótico elevada apresenta inúmeras nascentes e córregos. Situa-se em fundo de vale, e em encostas com fortes inclinações, que estão sujeitas a escorregamentos em condições climáticas de chuvas intensas. Zona de Conservação – Planície Caracterização Biótico Apresenta pequenos fragmentos floresta nativa, já alterados. Antrópico da Cultivo da banana estabelecido em grande escala, há décadas. Apresenta vegetação em bom estado de conservação, predominantemente floresta ombrófila densa. Uso bem restrito atualmente, devido à limitação topográfica. Área muito degradada. Este segmento engloba áreas com altitudes baixas, sujeitas a condições climáticas de temperaturas elevadas. Possui os rios de maior porte, mas que ainda apresentam corredeiras. Zona de Preservação Características de inclinação acentuada. Os rios apresentam corredeiras. Prefeitura Municipal de São Bento do Sul caudalosos com ecossistema consultoria ambiental 70/III Encarte 3 PM da APA Municipal do Rio Vermelho/Humbold - SC Áreas de Ocorrência Ambiental Área de Proteção Especial (APE) Indicações de uso Objetivos específicos Permitido Tolerável Proibido Habitação multifamiliar, coletiva e Proteger os remanescentes florestais Atividade turística de baixo impacto, unifamiliar. da Mata Atlântica e os refúgios da pesquisa científica, implantação de fauna. RPPN’s e Unidades de Conservação Comércio e Serviços. de Proteção Integral. Indústrias. Implantação de PCHs. Comunitário 1, 2 e 3. Garantir a conservação da flora e fauna Agricultura /Pecuária Extensiva. e propiciar o estabelecimento de área Expansão das atividades agrícolas núcleo de um corredor ecológico. existentes. Mineração. Propiciar a pesquisa cientifica. Atividades turísticas de alto impacto. Empreendimentos turísticos. Promover a criação de RPPNs. Loteamentos e Represamentos. Extrativismo. Represamentos. Piscicultura e aquicultura. Reflorestamentos com espécies exóticas. Disposição de resíduos sólidos. Implantação de novas estradas e rodovias. Prefeitura Municipal de São Bento do Sul ecossistema consultoria ambiental 71/III Encarte 3 PM da APA Municipal do Rio Vermelho/Humbold - SC Zonas de Conservação Zona de Conservação – Planalto 1 (ZC1) Indicações de uso Objetivos específicos Permitido Disciplinar o uso e a ocupação do solo. Proteger os remanescentes florestais da Floresta com Araucária. Promover a recuperação e conservação das Áreas de Preservação Permanente e Reservas Legais. Proteger nascentes e córregos. Habitação unifamiliar, coletiva e multifamiliar. Agricultura/pecuária familiar e extensiva. Manutenção das atividades agrícolas já existentes. Atividade turística de baixo impacto (cicloturismo). Empreendimentos turísticos. Comunitário. Comércio e serviços. Indústria de pequeno e médio porte não poluidoras. Tolerável Expansão da agricultura familiar desde que em áreas legalmente compatíveis. Empreendimentos turísticos a partir de médio e grande porte. Piscicultura e Aqüicultura de qualquer porte. Implantação de PCHs. Implantação de estradas e rodovias. Reflorestamentos com espécies exóticas de pequeno e médio porte. Proibido Indústrias de grande porte. Mineração extensiva. Atividades turísticas de alto impacto. Loteamentos. Disposição final de resíduos sólidos. Zona de Conservação Planalto 2 (ZC2) Indicações de uso Objetivos específicos Proteger os remanescentes florestais da Mata Atlântica e da Floresta com Araucária. Promover a recuperação ambiental das áreas degradadas com espécies nativas. Proteger nascentes e córregos. Promover a educação ambiental. Disciplinar o uso e a ocupação do solo. Proteger os remanescentes dos campos. Prefeitura Municipal de São Bento do Sul Permitido Habitação unifamiliar, coletiva e multifamiliar. Agricultura/pecuária familiar e extensiva. Manejo florestal de culturas pré-existentes. Manutenção das atividades agrícolas e pecuárias já existentes. Piscicultura e Aqüicultura de pequeno porte. Atividade turística de baixo e médio impacto (cicloturismo, outros). Mineração. Silvicultura. Tolerável Expansão da agricultura familiar, desde que em áreas legalmente compatíveis. Manutenção de mineração existente, desde que atenda a legislação vigente. Expansão da Agricultura / Pecuária extensiva desde que em áreas legalmente compatíveis. Comércio/Serviço de pequeno porte. Implantação de PCHs. Indústria de pequeno porte não poluidora. ecossistema consultoria ambiental Proibido Implantação de novos represamentos. Loteamento a partir de médio porte. Disposição final de resíduos sólidos. Empreendimentos turísticos de grande porte. 72/III Encarte 3 PM da APA Municipal do Rio Vermelho/Humbold - SC Zona de Conservação – Planície (ZC3) Indicações de uso Objetivos específicos Proteger os remanescentes florestais da Mata Atlântica. Disciplinar o uso e a ocupação do solo. Proteger nascentes e encostas. Promover a educação ambiental e o turismo rural, e o turismo de natureza. Promover a utilização sustentável dos recursos agricultura orgânica ou sistemas agroflorestais. Prefeitura Municipal de São Bento do Sul Permitido Habitação unifamiliar, multifamiliar e coletiva. Comunitário 1 e 2. Comércio/serviços pequeno e médio porte. Indústria de pequeno porte, não poluidora. Agricultura/pecuária familiar. Atividade turística de baixo impacto. Empreendimentos turísticos até médio porte. Piscicultura/aqüicultura. Manutenção das atividades agrícolas já existentes. Tolerável Expansão da agricultura familiar e extensiva desde que em áreas degradadas e legalmente compatíveis. Reflorestamentos com espécies exóticas de pequeno porte. Mineração de pequeno porte, pré existente licenciada. ecossistema consultoria ambiental Proibido Comunitário 3. Comércio e Serviços de grande porte. Indústrias a partir de grande porte. Mineração de médio e grande porte. Atividades turísticas de alto impacto. Empreendimentos turísticos de grande porte. Reflorestamentos com espécies exóticas a partir de médio porte. Disposição final de resíduos sólidos. 73/III Encarte 3 PM da APA Municipal do Rio Vermelho/Humbold - SC Zona de Preservação Zona de Preservação Indicações de uso Objetivos específicos Permitido Tolerável Proibido Proteger nascentes e encostas. Habitação unifamiliar e coletiva. Habitação multifamiliar. Promover a educação ambiental e o Agricultura/pecuária familiar. Expansão da agricultura familiar desde Comunitário 2 e 3. turismo de natureza. Atividade turística de baixo impacto. que em áreas degradadas e legalmente Comércio/Serviços de médio e grande compatíveis. porte. Disciplinar o uso e a ocupação do solo. Manutenção das atividades agrícolas já Proteger os remanescentes florestais existentes. Indústrias. da Mata Atlântica e refúgios da fauna. Empreendimentos turísticos até Agricultura /Pecuária Extensiva. Propiciar pesquisa científica. pequeno porte. Mineração. Promover a recuperação ambiental das Piscicultura e aqüicultura de micro porte. Atividades turísticas de médio e alto áreas degradadas com espécies impacto. nativas. Empreendimentos turísticos de médio e Fortalecer as RPPN’s existentes. grande porte. Loteamentos. Reflorestamentos com espécies exóticas. Disposição de resíduos sólidos. Implantação de estradas e rodovias. Prefeitura Municipal de São Bento do Sul ecossistema consultoria ambiental 74/III Encarte 3 Figura 4 - PM da APA Municipal do Rio Vermelho/Humbold - SC Mapa de Zoneamento da APA Municipal do Rio Vermelho/Humbold Prefeitura Municipal de São Bento do Sul ecossistema consultoria ambiental 75/III Encarte 3 PM da APA Municipal Rio Vermelho/Humbold - SC 7. PROGRAMAS AMBIENTAIS Segundo o Roteiro Metodológico para Gestão de Áreas de Proteção Ambiental (IBAMA, 2001), os Programas de Ação organizam o conjunto de atividades a serem realizadas para alcançar os objetivos específicos da APA, dentro das estratégias estabelecidas. Consideram, em sua formulação, os espaços institucionais, os mecanismos e os instrumentos legais já existentes no território da UC. As diversas atividades, definidas no âmbito do Plano, integram os Programas de Ação, que são delineados para atender à complexidade de aspectos que envolvem o tratamento das questões ambientais existentes na APA. Estes conjuntos de atividades são estruturados para atingir objetivos relevantes no Plano do Conhecimento, da Gestão Interinstitucional e da Gestão Ambiental. A aplicação de Programas de Ação, articulados às Zonas Ambientais, permite a gestão ambiental específica e geral da unidade (IBAMA, 2001). Considerando os levantamentos, oficinas e reuniões técnicas efetivadas, são indicados os seguintes programas para a gestão da unidade. 7.1. Programa de Comunicação Social As atividades do Programa de Comunicação Social visam informar a comunidade local e regional dos objetivos da APA. Além disso, devem destacar os aspectos relevantes da biodiversidade existente, as normas gerais que disciplinam o uso do solo e dos recursos naturais a partir da legislação ambiental, bem como os procedimentos a serem adotados para a consulta, informação e participação da comunidade no processo de gestão da unidade. Têm como objetivos: - estabelecer uma via de comunicação entre os gestores da APA e os diversos segmentos envolvidos; - divulgar a UC nos municípios do entorno buscando a compreensão por parte da população da importância da APA no contexto regional; - desenvolvimento de ações de difusão de informações sobre a APA, através da comunicação sistemática, com uso de meios adequados. Prefeitura Municipal de São Bento do Sul ecossistema consultoria ambiental 76/III Encarte 3 PM da APA Municipal Rio Vermelho/Humbold - SC As principais ações a serem realizadas, serão: - divulgação de informações sobre a APA e seu entorno, bem como das pesquisas e atividades executadas; - conhecimento das comunidades inseridas na APA e no entorno, bem como de outros segmentos da população que se relacionam com a mesma; - produção de material informativo sobre a APA. 7.2. Programa de Estudos Ambientais e Pesquisa Este programa direciona-se a promoção de atividades de pesquisa, que visam aprofundar o conhecimento da biodiversidade com destaque às espécies endêmicas, raras e ameaçadas. Também poderão estar voltadas à pesquisa de caráter histórico e sociocultural. Os estudos ambientais visam ainda, acompanhar fenômenos naturais ou provocados, através do acompanhamento sistemático de sua evolução, tendo em vista os recursos da unidade. Tem o objetivo de: - produzir informações sobre aspectos do meio físico relativos à qualidade da água e dos processos de esculpimento do relevo; - desenvolver um conhecimento mais aprofundado sobre a flora, e fauna local e suas relações com os diferentes ambientes; - desenvolver pesquisas relevantes sobre a biodiversidade da APA; - conhecer as características dos visitantes da APA e o impacto da visitação sobre os recursos naturais da unidade; - levantar os impactos das atividades humanas sobre os recursos naturais; - subsidiar a tomada de decisões sobre novas ações de conservação da vegetação. Principais ações a serem realizadas: - investigação sobre a fragilidade do meio físico; -realizar estudos aprofundados para a caracterização da diversidade florística e faunística da APA; - ampliar os convênios, acordos, parcerias com instituições governamentais e nãogovernamentais para o desenvolvimento de pesquisas na região e no entorno da área, - obter recursos financeiros externos para a execução dos projetos; - buscar recursos para a publicação dos resultados das pesquisas. Prefeitura Municipal de São Bento do Sul ecossistema consultoria ambiental 77/III Encarte 3 PM da APA Municipal Rio Vermelho/Humbold - SC 7.3. Programa de Educação Ambiental Recomenda-se que sejam implantados programas de educação ambiental no ensino formal e não-formal com as comunidades que vivem no interior da APA e seu entorno, de forma a conscientizar a população sobre a necessidade da conservação ambiental da área. Deverão ser realizadas atividades que procurem desenvolver a interação entre as comunidades e a UC, enfatizando a questão da importância da mesma para proteger os ecossistemas locais e sua diversidade faunística elevada. Além desta ação, também é importante a implantação de projetos de educação ambiental nas comunidades de entorno da APA, atendendo tanto as escolas como o público em geral, de forma a conscientizar a população sobre os impactos que o ambiente sofre com as diferentes ações antrópicas. Estas atividades deverão promover a interação da UC com as pessoas, enfatizando a questão da importância da mesma para com a proteção dos recursos ambientais da região, a manutenção da qualidade dos recursos hídricos e seu impacto na qualidade de vida. Em especial para a fauna da região é importante realizar um trabalho de educação ambiental focado no Consórcio Intermunicipal Quiriri, abrangendo os municípios de Corupá, Campo Alegre e Jaraguá do Sul, além das escolas de São Bento do Sul, principalmente nas localizadas dentro dos limites da APA, para a conscientização da importância da fauna nativa para a manutenção das florestas, e consequentemente sua importância para a manutenção dos recursos hídricos. A instalação de placas nas estradas, indicando a presença de animais e os limites de velocidade pertinentes ao trecho é recomendada, para evitar atropelamentos. Resultados esperados: valorização dos recursos naturais da região pelos moradores locais e do entorno, através do reconhecimento da grande diversidade biológica ocorrente na região, de sua importância e possibilidade do uso desta como atrativo para o turismo (ecoturismo), além de uma menor pressão de caça. Recomendações: uma das maneiras mais utilizadas para alcançar estes objetivos, é utilizar-se de espécies com maior apelo de conservação ou mais carismáticas, chamadas de espécies “guarda-chuva” para trabalhos de educação ambiental. Com a preservação destas espécies e de seus ambientes através da conscientização da população, várias outras espécies menos conhecidas, também se beneficiariam com a manutenção de seus habitats. Entre as espécies de mamíferos que podem ser utilizadas para esse trabalho Prefeitura Municipal de São Bento do Sul ecossistema consultoria ambiental 78/III Encarte 3 PM da APA Municipal Rio Vermelho/Humbold - SC estão: Alouatta guariba (bugio), Cebus nigritus (macaco-prego), Leopardus spp. (gatosdo-mato), Nasua nasua (quati), Puma concolor (puma) e Chironetes minimus (cuíca-daágua). 7.4. Programa de Turismo Rural Em algumas regiões do País, principalmente nas regiões Sul e Sudeste, o turismo rural já vem sendo praticado, demonstrando que esta é uma atividade promissora, desde que os seus participantes estejam devidamente organizados, tanto para resolver os seus problemas comuns, como na oferta dos produtos turísticos da comunidade. Este programa tem o objetivo de: - identificar as modalidades e tipologias de turismo rural, linhas de crédito para a modalidade e carências na capacitação, visando uma proposta de ordenamento do setor. - criar alternativas de trabalho e renda para o meio rural, realçando as vantagens quanto às possibilidades de organização de núcleos de cooperação ou cooperativas, visando potencializar os negócios e abrir novas possibilidades para a associação de mais produtores, por meio da organização da oferta de produtos manufaturados e serviços inerentes à atividade. 7.5. Programa de Turismo de Natureza A APA Municipal do Rio Vermelho/Humbold apresenta condições bastante favoráveis para o desenvolvimento do turismo de natureza, atividade que deve ser incentivada, usando a urbanização e conservação da biodiversidade regional. Este programa tem o objetivo de: - fomentar o desenvolvimento turístico local, através do inventário e seleção de áreas vocacionadas para a prática de diferentes modalidades de turismo de natureza; - promover a formatação de programas de ecoturismo e de observação de aves, modalidades prioritárias no presente projeto à implantação de circuitos que possibilitem a atração de turistas brasileiros e estrangeiros; - realizar com base em estudos técnicos, diagnóstico das características ecológicas e qualidade ambiental das áreas selecionadas para a realização de atividades de ecoturismo e observação de aves, para a minimização de impactos possíveis de serem gerados pelas referidas atividades turísticas; - identificar e aplicar medidas de minimização de impactos nas áreas selecionadas para o desenvolvimento do turismo de natureza, visando com base no uso sustentável dos Prefeitura Municipal de São Bento do Sul ecossistema consultoria ambiental 79/III Encarte 3 PM da APA Municipal Rio Vermelho/Humbold - SC recursos naturais obter o licenciamento ambiental de operacionalização desses programas junto ao órgão ambiental gestor da APA Municipal do Rio Vermelho/Humbold; - promover o incentivo ao ecoturismo e à observação de vida silvestre focado principalmente na avifauna, através da capacitação de recursos humanos e a formação de um núcleo responsável pela condução de visitantes; - realizar monitoramento das atividades e avaliação dos níveis de desempenho dos condutores e de satisfação dos turistas; - promover a APA Municipal do Rio Vermelho/Humbold como destino nacional e internacional para a observação de aves, ecoturismo, cicloturismo, e demais modalidades turísticas em contato com a natureza. 7.6. Programa de Utilização Sustentável de Recursos Este programa tem o objetivo de orientar as atividades de utilização de recursos, em conformidade com as ações de pesquisa e implantação de formas de exploração sustentáveis de recursos naturais, numa perspectiva de valorização, maximização e aproveitamento desses recursos e minimização de impactos e demandas ambientais locais. Geralmente este programa está associado às áreas da APA com maior flexibilidade de utilização de recursos naturais, que promovam o fomento à produção artesanal de alimentos, a produção de agricultura orgânica, a piscicultura, a meliponicultura, a produção artesanal de bebidas típicas e atividades econômicas de baixo impacto, capazes de agregar valor a utilidades compatíveis com a conservação da biodiversidade. Este programa tem o objetivo de: - fomentar alternativas de desenvolvimento compatíveis com a conservação dos recursos naturais; - verificar a viabilidade de desenvolvimento de algumas alternativas econômicas para os atuais moradores, visando diminuir a pressão sobre os recursos naturais; - adoção e aprimoramento de tecnologias de uso sustentável dos recursos em toda a APA; - reduzir e controlar os impactos ambientais oriundos das atividades econômicas. Prefeitura Municipal de São Bento do Sul ecossistema consultoria ambiental 80/III Encarte 3 PM da APA Municipal Rio Vermelho/Humbold - SC 7.7. Programa de Restauração de Áreas de Preservação Permanente (APP) e de Áreas Degradadas Este programa poderá ser realizado a partir de políticas e incentivos da prefeitura local em prol da manutenção dos recursos hídricos e das áreas florestadas, com ações voltadas para a utilização de métodos que visam amplificar a conservação e recomposição de áreas degradadas, principalmente em locais que tiveram sua vegetação suprimida e foram abandonadas, além das matas ciliares (APP's). Para a recuperação dessas áreas deverão ser utilizadas técnicas de replantio de espécies nativas, cuja função será a de proteger margens de rios e encostas com alta declividade. A ampliação e restauração de áreas nativas, tanto florestadas como os ambientes de campo, cria uma maior conectividade entre fragmentos, utilizando-se as matas ciliares como corredores ecológicos, representando benefício principalmente às espécies florestais e de médio e grande porte, que necessitam de grandes áreas para a viabilidade de suas populações. A supressão da mata para dar espaço a pequenas plantações e habitações, aumenta de forma lenta e contínua o processo de fragmentação florestal. Também a ocorrência de áreas abandonadas por monoculturas, sem restauração, acabam favorecendo a proliferação de plantas exóticas, como o pinus (Pinus spp.), e o lírio do brejo (Hedichyum coronarium), em detrimento das espécies nativas. Em determinados locais da APA, as APPs foram povoadas com espécie vegetal exótica, principalmente com Hovenia dulcis (uva-do-japão) para proteção das margens de rios. Nesse caso, esses locais deverão ser manejados de modo que a referida espécie seja substituída com o tempo por espécies florestais nativas. Além das APPs, também devem ser objeto de recomposição ambiental, algumas áreas degradadas, oriundas dos depósitos de rejeitos (bota-fora) de minerações de caulim e áreas de extração de saibro para pavimentação de estradas. Essas áreas degradadas também deverão ser recuperadas utilizando-se espécies vegetais nativas, para a recomposição de ambientes arbóreos para utilização pela fauna. Deverá ser promovida a recuperação das florestas ciliares e encostas, atendendo assim a legislação vigente, evitando o assoreamento dos corpos hídricos bem como os movimentos de massa. Além de proporcionar a criação de corredores ecológicos, Prefeitura Municipal de São Bento do Sul ecossistema consultoria ambiental 81/III Encarte 3 PM da APA Municipal Rio Vermelho/Humbold - SC 82/III aumentando o fluxo gênico e a possibilidade de interligação entre esses corredores. A recuperação deverá ser realizada com espécies nativas da região fitoecológica em que o remanescente florestal está inserido (FOM ou FOD). Recomenda-se o uso controlado de espécies exóticas, tendo como objetivo principal evitar a dispersão de sementes, evitando que as espécies se instalem definitivamente nos remanescentes florestais ocupando o hábitat das espécies nativas e descaracterizando a sua fisionomia. Essas espécies são favorecidas pelas suas síndromes de dispersão como, por exemplo, Hovenia dulcis facilmente disseminada pela avifauna e espécies de Pinus e Eucalyptus dispersas pelo vento. Portanto, faz-se necessário o controle imediato dessas espécies na APA a médio e longo prazo. Recomenda-se a redução de impostos para moradores que mantêm áreas nativas (Imposto Ecológico), e incentivo às atividades menos impactantes, como o ecoturismo, e a utilização do Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) ecológico, que deve ser repassado pelo estado. Sugere-se também a recomposição das matas ciliares, com o auxílio de alunos e escolas da região, com a manutenção destas árvores pelas mesmas. Podem ser estabelecidos convênios com universidades da região que queiram desenvolver estudos e projetos de restauração ecológica e manejo de áreas degradadas (ex: manejo de taquarais) dentro da APA. 7.8. Controle das espécies de fauna exótica A presença de vários rebanhos de bovinos, ovinos e equinos dentro da APA, além da grande quantidade de cachorros e gatos domésticos, podem vir a impactar a fauna nativa tanto pela caça (cães e gatos), como por doenças que podem vir a ser transmitidas as espécies nativas. Recomenda-se o maior controle e manutenção dos rebanhos e animais domésticos dentro de áreas e pastagens cercadas, diminuindo a caça de animais de pequeno por cães e gatos domésticos, além da redução do número de infecções de animais nativos por doenças exóticas, mesmo que estes impactos ainda não possam ser mensurados por falta de estudos. Prefeitura Municipal de São Bento do Sul ecossistema consultoria ambiental Encarte 3 PM da APA Municipal Rio Vermelho/Humbold - SC A manutenção de rebanhos e animais dentro de limites bem determinados e cercados também reduziria o número de ataques de animais por espécies nativas (ex: puma), evitando o confronto e a perseguição aos animais. É recomendada também a vacinação de todos os animais cativos dentro e nos arredores da APA. 7.9. Programa de Fiscalização Esse programa deverá ter por objetivo o incremento da fiscalização ambiental em toda a área da APA, a fim de evitar ações antrópicas que provoquem a degradação de ambientes com conseqüentes impactos à fauna e flora, em especial, em áreas contendo vegetação em melhor estado de conservação, habitadas por espécies raras ou ameaçadas de extinção. Nesse programa é fundamental a participação de instituições municipais, estaduais e federais que atuam na fiscalização ambiental, caso do IBAMA, FATMA, Polícia de Proteção Ambiental e Guarda Municipal. Espera-se como resultado da realização deste programa, a ampliação das áreas florestadas, resultando em um aumento das populações das espécies nativas, principalmente as de médio e grande porte que sofrem pressão de caça. Também uma disponibilidade de alimento para várias espécies da fauna pelo incremento da população de Euterpe edulis, e maior rigor e controle para atividades que podem causar danos à qualidade dos recursos hídricos oriundos da região. A criação de uma base da Polícia de Proteção Ambiental dentro da APA, ou a criação de um novo batalhão de Polícia de Proteção Ambiental que contemple o complexo das três APA's presentes na região (APA Municipal do Rio Vermelho/ Humbold, APA da Dona Francisca e APA do Quiriri), seria um importante mecanismo de apoio a esse programa. 7.10. Programa de Pagamento por Serviços Ambientais (PSA) O PSA caracteriza a conservação de áreas de interesse, financeiramente mais atrativa do que sua exploração, ou seja, remunera os proprietários da terra pela conservação ambiental. A Prefeitura de São Bento do Sul instituiu em 2010 a Política Municipal dos Serviços Ambientais, partindo da premissa de que se é possível preservar, porém é preciso gerar Prefeitura Municipal de São Bento do Sul ecossistema consultoria ambiental 83/III Encarte 3 PM da APA Municipal Rio Vermelho/Humbold - SC renda para o empreendedor rural, principalmente aquela oriunda dos serviços e produtos gerados pelos recursos ambientais manejados com práticas ecologicamente corretas. O Programa de Pagamento por Serviços Ambientais estabelece formas de controle e financiamento dessa política pela Lei n° 2677, de 24 de novembro de 2010. A criação do PSA é uma fonte salutar de ganhos socioambientais garantindo a conservação dos recursos naturais e de melhoria na qualidade de vida (Hubel; Mello; Bollmann; 2010).. A extensão do PSA pode ocorrer para a toda bacia de contribuição dentro do município de São Bento do Sul, englobando a APA Municipal do Rio Vermelho/Humbold, bem como outras bacias. 7.11 Programa de Gestão Ambiental O objetivo do Programa é o de estruturar as atividades relacionadas à gestão ambiental da APA. A gestão realiza-se através de estratégias capazes de garantir a conservação e a preservação dos recursos naturais e o enfrentamento dos problemas ambientais da Unidade. Este programa tem o objetivo de: - apoiar a implantação dos programas; - efetivar o manejo proposto; - dotar a unidade com pessoal, instalações e equipamentos necessários; - efetuar a administração e manutenção da APA; - proporcionar o aperfeiçoamento da estrutura de gestão e gerenciamento da APA; As principais ações a serem realizadas são: - promoção de reuniões do conselho; - promoção da articulação interinstitucional; - estabelecer convênios com faculdades e universidades da região para a elaboração e criação de um programa de estágio voluntário. A seguir apresenta-se na Tabela 21 os programas propostos para a APA Municipal do Rio Vermelho/Humbold, e os potenciais custos para seu desenvolvimento nos próximos 5 anos. Prefeitura Municipal de São Bento do Sul ecossistema consultoria ambiental 84/III Encarte 3 Tabela 21 - PM da APA Municipal Rio Vermelho/Humbold - SC Estrutura de Custos dos Programas PROGRAMAS CUSTOS (R$) Programa de Comunicação Social 40.000,00 Programa de Estudos Ambientais e Pesquisa 80.000,00 Programa de Educação Ambiental 60.000,00 Programa de Turismo Rural 80.000,00 Programa de Turismo de Natureza 50.000,00 Programa de Utilização Sustentável de Recursos 60.000,00 Programa de Restauração de APP e de Áreas Degradadas 100.000,00 Controle das espécies de fauna exótica 30.000,00 Programa de Fiscalização 120.000,00 Programa de Pagamento por Serviços Ambientais 80.000,00 Programa de Gestão Ambiental 60.000,00 TOTAL 760.000,00 Prefeitura Municipal de São Bento do Sul ecossistema consultoria ambiental 85/III Encarte 3 PM da APA Municipal Rio Vermelho/Humbold - SC REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AGOSTINHO, A. THOMAZ, S. GOMES, L. Conservação da biodiversidade em águascontinentais do Brasil. 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Prefeitura Municipal de São Bento do Sul ecossistema consultoria ambiental 88/III Encarte 3 - Manejo da UC PM da APA Municipal Rio Vermelho/Humbold - SC ANEXO 1 - Lista de Convidados para as Oficinas de Planejamento Prefeitura Municipal de São Bento do Sul ecossistema consultoria ambiental 89/III Encarte 3 - Manejo da UC Prefeitura Municipal de São Bento do Sul PM da APA Municipal Rio Vermelho/Humbold - SC ecossistema consultoria ambiental 90/III Encarte 3 - Manejo da UC Prefeitura Municipal de São Bento do Sul PM da APA Municipal Rio Vermelho/Humbold - SC ecossistema consultoria ambiental 91/III Encarte 3 - Manejo da UC Prefeitura Municipal de São Bento do Sul PM da APA Municipal Rio Vermelho/Humbold - SC ecossistema consultoria ambiental 92/III Encarte 3 - Manejo da UC Prefeitura Municipal de São Bento do Sul PM da APA Municipal Rio Vermelho/Humbold - SC ecossistema consultoria ambiental 93/III Encarte 3 - Manejo da UC Prefeitura Municipal de São Bento do Sul PM da APA Municipal Rio Vermelho/Humbold - SC ecossistema consultoria ambiental 94/III Encarte 3 - Manejo da UC Prefeitura Municipal de São Bento do Sul PM da APA Municipal Rio Vermelho/Humbold - SC ecossistema consultoria ambiental 95/III