WWW.ALUNONOTA10.COM.BR O Expansionismo Romano D urante a República, Roma consolidou seu domínio no restante da Itália, enfrentou e venceu hordas estrangeiras e plantou a infraestrutura do poderoso Império que dominou o mundo. A conquista da Itália terminou no fim do século III a.C. Conquistada a Península Itálica os romanos passaram então para o Mediterrâneo Ocidental e depois à conquista do Oriente. A Expansão Interna ou Pequena Expansão Mesmo existindo as lutas entre patrícios e plebeus, Roma realizou entre 509 e 270 a.C. a conquista da Península Itálica. Inicialmente, o objetivo dos romanos era se prevenir dos ataques dos povos vizinhos. Essas primeiras guerras de conquista se revelaram vantajosas, pois além da desejada proteção, trouxeram também riquezas. Isso foi possível porque os soldados saqueavam os bens dos vencidos, e as terras conquistadas tornavam-se posse dos romanos. Roma era uma pobre cidade-Estado do Lácio, habitada por vários povos conhecidos genericamente por latinos. Quando ocorreu a derrubada da Monarquia, seus vizinhos pensavam que ela estava enfraquecida e invadiram seu território, porém foram derrotados e Roma se expandiu às suas custas. No século V a.C., Roma já havia se transformado na potência dominante do Lácio. Em 395 a.C., desbancou a poderosa cidade etrusca de Veios, ao norte, e reforçou sua posição no centro da Península Itálica. O passo seguinte foi a expansão para o sul enfrentando a cidade grega de Tarento. Os gregos reagiram marchando sobre Roma, mas foram derrotados em 274 a.C. Os romanos invadiram e ocuparam a Magna Grécia. As riquezas arrebanhadas das cidades gregas foram enormes. Roma transformara-se numa cidade guerreira. Para combater em tantas frentes e ocupar tantos territórios, camponeses e plebeus passaram a ser recrutados constantemente para o exército. Entre os séculos V e III a.C., Roma dominou toda a Península Itálica. Em algumas regiões os povos dominados tinham os mesmos direitos que qualquer cidadão romano; em outras eram firmados tratados em que estes se comprometiam a fornecer homens para o Exército Romano. No entanto algumas medidas foram tomadas para garantir o controle sobre os povos conquistados, como por exemplo a adoção do latim como língua oficial, o uso de uma única moeda, a construção de estradas que interligassem as regiões dominadas, A conquista da Itália pelos romanos. visando facilitar a locomoção rápida de exércitos em caso de rebeliões e o incentivo de casamentos entre romanos e não romanos. Para os camponeses, a expansão era um alívio, na medida em que possibilitava o aumento das unidades de produção familiares, sempre sujeitas a divisão pelo direito de herança. Além desse fator, a participação, ainda que minoritária, na divisão do butim da guerra. A disputa pelas terras do Estado aumentava, ao mesmo tempo em que se acirrava a luta interna entre o patriciado e a plebe. Os patrícios, através da expansão, ampliavam os domínios territoriais e o poder político e militar, conquistando e aumentando os contingentes de seu exército, uma vez que Roma integrou, progressivamente, as regiões conquistadas ao seu território, admitindo seus habitantes como cidadãos romanos, em graus diferenciados. Segundo Siqueira, “as conquistas romanas foram resultado de um exército bem organizado. As legiões romanas eram temidas e funcionavam como uma máquina de guerra”. A Grande Expansão ou Expansão Externa Chamamos de expansão externa a conquista e dominação dos territórios fora da Península Itálica, que se tornaram províncias romanas. Após a conquista da Itália, foram travadas as Guerras Púnicas. A expansão dos romanos para o sul deixou os cartaginenses preocupados. Eles possuíam interesses comerciais e políticos na ilha da Sicília. Roma sabia que não podia expandir-se pelo Mediterrâneo Ocidental enquanto Cartago dominasse o rico comércio na região. Eliminando-a, Roma tornou-se a grande potência comercial mediterrânea. As Guerras Púnicas foram três, ocorreram entre 264 a.C. e 46 a.C. A primeira terminou em 241 a.C., com os cartaginenses tendo de desistir da Sicília depois de mais de vinte anos de luta (embora descontínua). Como resultado os romanos assumiram o controle da Córsega e da Sardenha e fundaram a primeira província, a oeste da Sicília. Foram os primeiros territórios romanos além-mar. Antes da segunda guerra (iniciada em 218 a.C.) os cartaginenses haviam se estabelecido na Espanha, fundando uma Nova Cartago (Cartagena) com o intuito de substituir as fontes de matérias-primas perdidas nas ilhas. Os romanos começaram a ficar alarmados com o poder cartaginês. Os cartaginenses atacaram as cidades da costa espanhola e seguiram em marcha com um exército completo, até a Itália, sob o comando de Aníbal, seu grande general. Os romanos sofreram algumas derrotas, mas mesmo assim resistiram e recuperaram o controle. Os cartaginenses foram forçados a fazer as pazes. Só muito tempo depois irromperia uma terceira Guerra Púnica, em 149 a.C., encerrada com a derrota total dos cartaginenses, que tiveram sua cidade destruída e no seu local foram passados arados para que nada mais crescesse ali. Toda a Sicília passou a ser romana, e o sul da Espanha também foi conquistado. Logo os escravos e o ouro da Sicília, da Sardenha e da Espanha conscientizaram os romanos de que as conquistas podiam ser lucrativas. O século II a.C. a Macedônia foi derrotada, as cidades gregas foram reduzidas à vassalagem. Foi criada uma nova província, chamada Ásia (a extremidade oeste da Anatólia). O norte da 5 WWW.ALUNONOTA10.COM.BR O Expansionismo Romano e controle de Roma todos os territórios que rodeiam o Mar Mediterrâneo, o qual passou a ser chamado pelos romanos de Mare Nostrum (Nosso Mar). As expansões territoriais resultaram em significativas conseqüências econômicas, sociais e políticas. Conseqüências da Expansão Romana Movimentos militares na Segunda Guerra Púnica. Roma transformou-se, de uma pequena cidade-Estado, em capital de uma vasta República/Império. Os direitos de cidadania foram estendidos gradualmente a muitas pessoas que viviam fora dos territórios romanos originais. No entanto Roma continuava sendo governada pela aristocracia, através do seu principal órgão político - o senado. A camada aristocrática havia alterado sua composição, com a incorporação dos plebeus ricos, mas não havia alterado suas concepções nem seus objetivos de controle exclusivo do poder. Mesmo essa nova aristocracia – a nobilitas – só muito lentamente recrutava novos indivíduos entre as camadas de maior renda, os eqüestres ou cavaleiros, que passavam a ser conhecidos como “homens novos”, discriminados pela oligarquia que tradicionalmente controlava o poder. Com mais territórios e riquezas para controlar, o poder se tornou mais atraente. As conquistas abriram ainda mais a distância entre os patrícios, plebeus ricos e a massa de pobres. A plebe sofreu profunda estratificação interna, e os tribunos da plebe, pertencentes às camadas plebéias ricas, afastavam-se cada vez mais das camadas populares. Os pobres e o exército foram muitas vezes usados como massa de manobra nessas lutas. O Mediterrâneo Ocidental no século II. Espanha foi conquistado. Depois o sul da França (Gália). No século seguinte foi a vez do norte da França, e depois novas conquistas no leste. Na Segunda fase imperialista, quando os latifúndios escravistas (propriedades aristocráticas, com mão-de-obra escrava e produção especializada, voltada para o mercado) dominaram a economia romana, o fator determinante do expansionismo militar passou a ser recrutamento da mão-de-obra escrava, obtida a partir das populações vencidas. As relações estabelecidas com esses povos foram muito diferentes do que se deu com os da Península Itálica. Para os povos vencidos foram impostas pesadas obrigações. Todas as riquezas existentes nas Províncias (assim eram chamadas às regiões conquistadas por Roma) passaram a pertencer ao Estado Romano. Para elas era enviado um governante romano e impostas pesadas obrigações como: o pagamento de impostos, o fornecimento compulsório de homens para o exército e de escravos que eram adquiridos entre os prisioneiros de guerra. Estavam sob o domínio 6 O abandono progressivo das atividades primárias na Itália, devido à mobilização permanente para a guerra, levou os camponeses a ficar cada vez mais tempo fora servindo o exército, enquanto suas terras acabaram abandonadas e eram compradas com facilidade pelos ricos o que levou grandes contingentes populacionais a migrar para as grandes cidades. O enfraquecimento da camada de pequenos e médios proprietários rurais provocou intenso êxodo rural para Roma, enquanto outros grupos de pequenos proprietários arruinados passaram a trabalhar como camponeses contratados por grandes proprietários – os coloni. A expansão do latifúndio fez com que o comércio crescesse muito, pois as diferentes regiões passaram a trocar produtos entre si. A produção voltada para o mercado, passou a dominar a vida econômica romana e o comércio tornou-se uma atividade econômica muito importante. O abastecimento de alimentos em Roma passou a ser com os produtos levados das províncias, que eram mais baratos do que os produzidos na Itália. A concorrência com os alimentos importados agravou a situação dos camponeses e pequenos proprietários de terra, pois para manter a produção acabavam endividando-se. Quando não conseguiam pagar suas dívidas perdiam suas terras, que passavam a pertencer aos latifundiários patrícios a quem deviam. O grande fluxo de escravos para a península Itálica trouxe como conseqüência a desvalorização do trabalho da plebe. Milhares de prisioneiros foram reduzidos à escravidão, e praticamente todo o trabalho passou a ser realizado por eles. Também a política sofreu modificações. Arruinada WWW.ALUNONOTA10.COM.BR O Expansionismo Romano economicamente com a expansão, parte da plebe começou a vender seus votos nas assembléias para conseguir sobreviver. Essa corrupção eleitoral concentrou o poder nas mãos de patrícios e cavaleiros, que eram os que tinham condições de corromper os eleitores pobres. Numa sociedade que passou a valorizar a riqueza acima de tudo, ocorreu uma grave crise política com surgimento de líderes demagogos que manipulavam as massas miseráveis em benefício político próprio (“pão e circo”). Roma atravessou um período marcado por ditaduras ilegais e guerras civis, devido ao fato de que os militares passaram a interferir cada vez mais na política e que, na maioria das vezes, não hesitavam em usar ilegalmente tropas para conquistar cargos públicos ou mesmo se livrar de inimigos e rivais políticos. Tudo isso anunciava a falência do regime republicano e o advento do Império, sistema político melhor adaptado a um Estado que dominava vários territórios e povos. Com as conquistas, as culturas Helênica e Helenística passaram a influenciar os valores romanos com a adoção de algumas características da religião grega. O gosto pelo luxo e desperdício também se implantaram em Roma. A exibição da riqueza passou a ser um hábito. Após a expansão também o hábito de comer se modificou, os romanos passaram a ser adeptos dos banquetes. 7