DISTRIBUIÇÃO GRATUITA Bis Junho e Julho de 2010 Boletim Bimensal do Teatro Municipal da Guarda O MISTÉRIO DA VOZ MEREDITH MONK a rir é que a gente se eNtende DARIO FO sabor a jazz Tim berne + bruno chevillon Conhecendo o percurso e o perfil destes dois músicos, bem como a relevância internacional que ambos conseguiram, estranho seria que não acabassem por se encontrar. Tim Berne começou por ser basquetebolista, mas a descoberta da sonoridade do saxofone alto, e depois a aprendizagem com Julius Hemphill, mudaram-lhe definitivamente o rumo da vida. Na base do seu entendimento da música está a paixão que nutria durante a juventude pelo rhythm ‘n’ blues e pelos discos da Motown. Ao longo dos anos, tem desenvolvido propostas que aglutinam a objectividade do hard bop, a fluidez do free jazz, a alma da soul e a energia do rock. A sua carreira na música começou em 1979 e obteve o seu auge aquando da edição do disco”Fractures Fairy Tales” em 1989, este foi apelidado de obra-prima pelo New York Times. Seguiram-se os históricos concertos de Paris do seu quarteto Bloodcount, editados em três volumes, “Lowlife”, “Poisoned Minds” e “Memory Select”. Desde 1994 que este quarteto realizou 250 concertos em todo o mundo incluindo Portugal. Em 1996 Tim Berne fundou a sua segunda editora, a Screwgun e aí editou o grosso do seu trabalho desde então. Bruno Chevillon parecia ter o destino traçado pelo seu interesse pelas belas-artes, tendo feito uma especialização em fotografia, mas outra figura ímpar da música, André Jaume, alterou-lhe as perspectivas. Encetou uma carreira como notável contrabaixista de jazz ao lado de nomes como Daniel Humair, Joachim Kühn, Elliott Sharp, Michel Portal e, principalmente, de Louis Sclavis, tendo-se evidenciado também como intérprete de música contemporânea. Hoje, soma o baixo eléctrico e a electrónica num projecto musical que transcende os géneros e as fronteiras entre o erudito, o popular e o experimental. Em comum estes dois homens têm uma imensa curiosidade relativamente às possibilidades que se lhes apresentam. Sempre abertos ao desconhecido, são a cada momento capazes de se surpreender a si mesmos. Tim berne [eua] / Bruno chevillon [frança] sexta 4 DE junho 21H30 Dario Fo é um dramaturgo italiano nascido a 24 de Março de 1926, na aldeia de San Giano, na região italiana de Lombardia. Filho de um chefe de estação de caminho-de-ferro, actor amador e homem de fortes convicções socialistas, deambulou com o resto da família um pouco por todo o Norte de Itália, consoante as obrigações profissionais do seu pai. Em criança, passava os Verões na pequena quinta do avô materno, com quem se deixou fascinar pela imaginação. Reputado como uma pessoa de humor aguçado e sátira certeira, o avô desempenhou um papel importante no desenvolvimento intelectual de Dario Fo. É durante a sua adolescência que deflagra a Segunda Guerra Mundial. Embora a escassez não se fizesse sentir tanto nos meios rurais, Dario Fo teve que partir para Milão para prosseguir os seus estudos. Ingressou na Escola Brera de Belas-Artes e interrompeu os estudos quando foi recrutado para o exército. Desertou pouco depois e optou por refugiar-se num sótão onde os seus próprios pais escondiam judeus que ajudavam a atravessar a fronteira para a Suíça. Depois da guerra retomou os seus estudos e matriculou-se também no curso de Arquitectura do Instituto Politécnico de Milão. O ambiente cultural da cidade era bastante propício ao teatro, e Fo começou a trabalhar como cenógrafo. Em 1951 conheceu Franca Rame, descendente de uma longa linhagem de actores, com que se veio a casar em 1954 e que se tornou na sua assistente. Nesse mesmo ano estreou a sua primeira peça, o monólogo Poer Nano (1951), concedendo a Fo uma certa notoriedade. Em 1959, e depois de uma extensa contribuição para o teatro de revista, fundou, juntamente com a sua esposa, uma companhia de teatro de nome Fo-Rame. No ano seguinte arrebatou um sucesso a nível internacional ao levar à cena a peça Gli arcangeli non giocano. Seguiram‑se La signorina è da buttare (1967), Mistero buffo (1969), Morte accidentale di un anarchico (1970), Non si paga, non si paga! (1974), entre outras. As suas peças estão traduzidas em mais de 30 idiomas. Dário Fo foi galardoado com o Prémio Nobel da Literatura em 1997. No ano seguinte, o Ministério da Cultura francês concedeu a Fo a Comenda das Artes e das Letras. Em Maio de 2000 recebeu, naquele país, três prémios Molière pela peça Morte acidental de um anarquista. À descoberta das américas de dario fo companhia leões de circo [brasil] SÁBADO 5 DE junho 21H30 Destaques de JUNHO do 2º Festival Internacional de Objectos Vivos continuam as marionetas no tmg, com o ovni Objectos e marionetas que vêm de vários pontos do globo. Teatro de objectos e teatro visual. Marionetas de fios, Teatro mecânico… Tudo isto vai ainda passar pelo OVNI – Festival Internacional de Objectos Vivos até 12 de Junho. O festival começou no passado mês de Maio mas ainda tem vários espectáculos para mostrar. No dia 6 de Junho, o OVNI continua com a opereta Biddy Early, que o Teatro ao Largo apresenta no teatrinho de bolso feito de palha e barro localizado na Quinta Dionísio dos Trinta e apelidado de Salamalandra [ver texto abaixo]. Segue-se, no dia 9 de Junho, a Companhia de Teatro e Marionetas de Mandrágora com o espectáculo Lenheiras de Cuca Macuca. Trata-se de uma encenação de José Caldas que o TMG apresenta em duas sessões, às 10h para o público das escolas e às 21h30 para o público em geral. “Lenheiras” significa mulheres que carregam lenha. O espectáculo é uma viagem para a construção de uma identidade. A escavação por dentro daquilo que “parece ser” para tornar visível o invisível”. No dia 11 de Junho, a Circolando apresenta, através do seu Projecto Satélite, o espectáculo Paisagens em trânsito. A companhia recorre às linguagens do teatro de marionetas, de objectos e do teatro físico para explorar a temática do exílio. Na história há um homem carregado de malas numa estação de comboios imaginária. Um viajante sem destino com uma história guardada na bagagem. A criação e interpretação deste espectáculo é de Patrick Murys, o mesmo actor/manipulador que no dia seguinte, a 12 de Junho, irá orientar a oficina igualmente intitulada Paisagens em trânsito, para espectadores dos 8 aos 60 anos. Dança, poesia, teatro, música, pintura, multimédia Los Girasoles Rotos muito mais que um espectáculo de dança Los girasoles rotos é o novo e o recém estreado espectáculo da companhia espanhola Ballet Contemporâneo de Burgos e que reúne dança, poesia, teatro, música e pintura, numa encenação e coreografia em que as distintas disciplinas artísticas se alimentam umas das outras ao serviço do poeta espanhol León Felipe. Teatrinho de Bolso de Palha e Barro na Quinta Dionísio (Trinta) Há ópera na Salamalandra! Um desejo partilhado. Descobrir um meio simples, intimista mas fortemente teatral de contar histórias; o fascínio de Steve Johnston por figuras mecânicas e teatros miniaturas, e o interesse de Helen Lane nas possibilidades do teatro musical, resultou na opereta Biddy Early que o TMG apresenta integrada no OVNI – Festival Internacional de Objectos Vivos e que tem lugar no original Teatro de Bolso Salamalandra da Quinta Dionísio (Trinta). O espectáculo é levado à cena pelo Teatro ao Largo e acontece naquele teatrinho de palha e barro que surgiu há quase um ano (no Solstício de Verão de 2009) pela mão da Luzku – Comunidade Internacional de Terapias Naturais e Artísticas. Biddy Early é uma opereta original, interpretada por Helen Lane e acompanhada à viola clássica por Steve Johnston. Trata-se de uma homenagem à famosa curandeira tradicional de Kilanena, no Condado de Clare (Irlanda), que ao longo da sua vida desafiou as autoridades e foi julgada por bruxaria. A peça é realizada com um teatrinho mecânico especialmente concebido para o efeito. O Teatro ao Largo surgiu da firme convicção de que o teatro profissional pertence a cada comunidade, por mais pequena e por mais isolada que seja, como é o caso deste teatrinho nos Trinta. Desde 1994, centenas de representações fizeram-se em recintos públicos: no largo principal, na festa do Município, na feira de artesanato, na festa da aldeia, para os idosos em Centros de Dia, para as crianças na sala de aula, e para os veraneantes nas estações de veraneio. Representar nestas situações é um acto de escolha. Como grupo, o Teatro ao Largo dedica-se à ideia de teatro comunitário. O espectáculo terá lugar às no Domingo 6 de Junho às 17h00 na Salamalandra e a partida será às 16h00 do TMG. Os bilhetes custam 5 euros e incluem o transporte. É um espectáculo de dança contemporânea, mas também é um recital. Queríamos dar vida de uma forma especial à poesia de León Felipe utilizando muitas componentes visuais. Foi interessante juntar todos os elementos e criar uma obra interdisciplinar – resume a coreógrafa do espectáculo Sabine Dahrendorf numa entrevista ao Diário de Burgos. Sabine Dahrendorf é alemã. Estudou Ciência do Teatro, Cinema, Filosofia e Germânicas na Universidade de Colónia. Em 1980 passa a viver em Barcelona onde estuda Dança Contemporânea e Teatro no Institut del Teatre Barcelona e La Fabrica. Já realizou vários trabalhos de movimento cénico entre os quais destaca La Atlantida, para a companhia La Fura dels Baus, Tøbrud, para a Nyt Dansk Danse Teater, e Copenhague y Knistern, para o American Danse Festival. Fundou em 1984 a Companhia Danat Danza. Foi galardoada com o prémio Ciutat de Barcelona para o espectáculo El Cielo está Enladrillado. Actualmente trabalha como coreógrafa e dá aulas de dança contemporânea em várias instituições de Barcelona. Em Los girasoles rotos quatro bailarinos, um actor e uma trapezista sobem ao palco deste espectáculo cujo coração está presente no mundo poético de León Felipe. As imagens poéticas que emergem da obra deste autor são o motor que estimula tudo o que vai acontecer no espaço cénico, dando mote a outros tantos reflexos, projectados sobre as páginas enormes de um livro semi-aberto ao fundo do cenário. O espectáculo tem também referências à obra do pintor alemão Anselm Kiefer. O espectáculo tem a interpretação de Sara Sáiz Oyarbide, Carlota de Luis Mazagatos, Laura Molina Herrera, Miguel Angel Ponte, Jonatahn de Luis Mazagatos, Javier Semprun e Cristina Calleja Volado e a música original de Josep Sanou. A direcção da companhia Ballet Contemporâneo de Burgos é de Alberto Estébanez Rodríguez. Este é um espectáculo apresentado com o apoio do Programa de Cooperação Transfronteiriça Espanha - Portugal. los girasoles rotos ballet contemporâneo de Burgos [espanha] SÁBADO 12 DE junho 21H30 as prodigiosas criações vocais de uma diva Meredith monk «A música transcendente de Monk apresenta uma expressividade muito variada em concerto, da mágoa e perda à alegria e riso. O público de todo o mundo considera os seus concertos divertidos e emocionalmente poderosos!» Meredith Monk é compositora, cantora, coreógrafa, autora de nova ópera, peças de teatro musical, filmes e instalações. Uma pioneira naquilo a que agora se designa por “técnica vocal estendida” e “performance interdisciplinar,” Monk cria trabalhos que misturam música e movimento, imagem e objecto, luz e som, num esforço por descobrir novos modos da percepção. A sua exploração da voz como um instrumento, como uma linguagem eloquente em si e per si, expande as fronteiras da composição musical, criando paisagens sonoras que desenterram sentimentos, energias, e memórias para as quais não temos palavras. Foi proclamada como “um mago da voz” e “um dos compositores mais cool da América.” Durante uma carreira que se estende ao longo de 40 anos, foi aclamada pelo público e pela crítica como uma enorme força criativa nas artes performativas. Desde a sua licenciatura no Sarah Lawrence College em 1964, Monk tem recebido inúmeros prémios pelas mais prestigiadas instituições de arte mundiais. É bolseira da Academia Americana de Artes e Ciências e tem vários doutoramentos honoris causa pelos Bard College, University of the Arts, Julliard School, San Francisco Art Institute e Conservatório de Boston. As suas gravações Dolmen Music (ECM New Series) e Our Lady of Late: The Vanguard Tapes (Wergo) foram laureadas com o Prémio da Crítica Alemã da Melhor Gravação em 1981 e 1986. A sua música foi ouvida em vários filmes, tais como La Nouvelle Vague de Jean-Luc Godard e The Big Lebowski de Joel and Ethan Coen. A relação com uma nova editora Boosey & Hawkes torna a música de Meredith Monk, pela primeira vez, acessível a uma audiência muito mais alargada. Em 1968, Monk fundou The House, uma companhia dedicada a uma abordagem interdisciplinar da performance. Em 1978, formou Meredith Monk & Vocal Ensemble, ampliando as suas texturas e formas musicais. Fez mais de uma dúzia de gravações, a maior parte pela editora ECM New Series. A sua música foi executada por inúmeros solistas e grupos, incluindo The Chorus of the San FranciscoSymphony, Musica Sacra, The Pacific Mozart Ensemble, Double Edge, e Bang On A Can All-Stars, entre outros. Monk é pioneira em sitespecific performance, tendo criado trabalhos como Juice: A Theater Cantata In 3 Installments (1969) e mais recentemente American Archeology #1: Roosevelt Island (1994). Em Outubro de 1999, Monk cantou Vocal Offering para Sua Santidade, o Dalai Lama como parte integrante do Festival Mundial de Música Sagrada em Los Angeles. Em Julho de 2000, a sua música foi distinguida com uma retrospectiva de três concertos intitulada Voice Travel integrando o Festival de Lincoln Center. O seu mais recente CD ‘Mercy’ foi lançado pela etiqueta ECM New Series em Novembro de 2002. Ficha Nome completo Meredith Jane Monk Profissão Compositora, cantora, realizadora e coreógrafa Ano em que nasceu 1942 Signo Escorpião O seu último disco “Mercy” Números 1978 Ano em que fundou o Meredith Monk & Vocal Ensemble 3 Katie Geissinger, Allison Sniffin e Theo Bleckmann: as artistas que acompanham Monk no concerto do TMG. 1968 Ano em que Monk fundou The House 2002 Data da edição do seu último disco meredith monk vocal quartet [EUA] quinta 17 DE junho 21H30 música para dançar clubbing com le rok, lars mosel e h30H A música de dança tem palco e pista de dança no TMG numa colaboração com a 30porumalinha. O objectivo é o de mostrar o fenómeno clubbing à cidade da Guarda. Esta será uma noite de festa marcada pela aposta num cartaz internacional e a estreia em Portugal do Alemão Le Rok, que com Lars Mosel que se desloca de Hannover para um concerto em versão modificada do que já apresentou no festival Sonar, de Barcelona. Le Rok é o projecto de Christoph Döhne (Hanover - Alemanha), cujo progresso artístico se tem revelado nos últimos anos. Até finais de 2008 integrou o bem sucedido projecto Risque de Choc Electrique. Na sua produção individual trabalha um estilo muito próprio, a melodia sugere inicialmente alguma timidez, progredindo suavemente em jeito de canção de embalar, ao panorama acrescenta uma dosagem de electrónica, segue-se a combinação de vocais pop com a pulsação de pequenos elementos de techno minimal. A noite Clubbing contará ainda com o djset do português H30H, um dos internacionais e inquietos DJs do cenário electrónico português. Mais que um Dj, é amante incontestável de música e proprietário da 30porumalinha records, editora e promotora que tem contribuído para uma lufada de ar fresco no panorama musical internacional dentro do género. clubbing le rok & lars mosel [alemanha] h30h [portugal] SÁBADO 19 DE junho 23H30 MARGARET LENG TAN [SINGAPURA/EUA] SÁBADO 26 DE JUNHO 21H30 Há tourada na aldeia Pedro Sena Nunes anda a olhar para o seu país há mais de 20 anos. Num ambicioso projecto, que este nosso viajante designou por Microcosmos*, pretende fixar a essência de um povo. Começou em Trás-os-Montes e já percorreu seis regiões, onde cada filme se foi transformando numa experiencia única. Talvez A morte do cinema, filme de 2003 rodado na cidade de Aveiro (Beira Litoral), seja mesmo o paradigma dessa singularidade. Há tourada na aldeia é o sexto filme dessa viagem. Com uma configuração documental, por vezes também poética, este filme conta a história dos homens e mulheres que preparam uma festa iniciática, ou se quiserem uma certa forma de ritual, conhecida por “Capeia Arraiana”, que radica num confronto ancestral - Uns quantos homens, um artefacto enigmático (o forcão) e um touro. Tudo aparentemente muito simples. Ao longo do filme vamos sendo guiados por diferentes figuras que, numa visão dramática, parecem representar a heterogeneidade de um povo obstinado. Apesar de tudo, a partir de um determinado momento desfaz-se o perigo e passamos a confiar naqueles homens tal como eles também confiam uns nos outros. Numa visão pessoal, através de uma narrativa muito contida com apenas alguns momentos de expansão, mergulhamos em lugares onde a aparente banalidade nos revela a complexidade cultural de um espaço que não se experimenta noutras circunstâncias. Mas mais que tudo, Há tourada na aldeia, é um filme sobre o “sentido de pertença”. Também pode ser uma espécie de elegia a um fim inevitável. Seja como for, a generosidade do olhar do seu autor, a sua inteligência e persistência, oferecemnos uma delicada composição de uma realidade também comovente. Carlos Fernandes * Microcosmos Trás-os-Montes, Margens (1995) Minho, Entraste no jogo, tens de jogar, assim na Terra como no Céu (1999) Beira Litoral, A Morte do Cinema (2003) Beira Baixa, Da pele à pedra (2005) Algarve, Elogio ao ½ (2006) Beira Alta, Há tourada na aldeia (2010) HÁ TOURADA NA ALDEIA de PEDRO SENA NUNES VIDEOGRAMA E TERTÚLIA COM A PRESENÇA DO REALIZADOR QUARTA 14 DE ABRIL 21H30 Música a sério com instrumentos de brincar O “toy piano” de Margaret Leng Tan Foi John Cage quem impulsionou a sua carreira. Descobriu os pianos de brincar com a “Suite for toy piano” daquele compositor norte-americano. Depois, revirou meia cidade de Nova Iorque para encontrar um piano de brincar “a sério”. A seguir, convenceu Philip Glass e Erik Satie a compôr peças para ela. Entretanto conta já com 17 anos de carreira. Margaret Leng Tan leva a música muito a sério e neste concerto, exclusivo em Portugal, vem apresentar ao TMG “The art of the toy piano”. Como surgiu o seu interesse pelos pianos e outros instrumentos de brincar? Nos 17 anos desde que iniciei a minha carreira como intérprete de piano de brincar (toy piano), esta é a pergunta a que respondo com mais frequência. E a resposta é invariavelmente a mesma «Devo-o ao John Cage». Em 1993, um ano após a morte de Cage, o Lincoln Center de Nova Iorque pediu-me que apresentasse um concerto de tributo no festival de verão “Serious Fun!”. Decidi criar um programa que fosse o reflexo da riqueza e diversidade das obras para piano de Cage. Resolvi interpretar todos os pianos para os quais Cage escreveu: o teclado convencional, o “prepared” piano preparado, o “string” piano, o “bowed” piano e toy piano. Este último, pensei, seria muito apropriado para um “Serious fun festival”! Em 1948, John Cage escreveu a sua “Suite for Toy Piano” para acompanhar o espectáculo de dança “Diversion”, de Merce Cunningham. Para tocar esta peça fui à procura de um piano de brincar. Procurei em Antiquários e em Lojas Sociais de Nova Iorque e tive a sorte de encontrar um piano de brincar de duas oitavas de 1970, como novo. E não tardou muito para que eu fosse enfeitiçada pelo instrumento. Os meus amigos compositores sentiram-se também seduzidos e começaram a escrever peças de piano para mim. Eu própria fiz arranjos em peças do Erik Satie e do Philip Glass. Pouco depois, o toy piano começou a adquirir uma identidade e um reportório muito próprio. Começou assim a minha carreira como intérprete de música séria em pianos de brincar. Depois, comecei a combinar o toy piano com outros instrumentos. Adoro o desafio de tocar simultaneamente dois instrumentos aparentemente inconciliáveis, tais como o toy piano e o saltério (antigo instrumento de cordas de origem grega) que utilizei em “She Herself Alone”, de Laura Liben. Uma tarefa ainda mais formidável envolveu a coordenação de uma campainha de bicicleta com uma buzina também de bicicleta, um apito de comboio e é claro com o toy piano no tema “Bicycle Lee Hooker” de Erik Griswold. Este é um tema fantástico para ouvir ao vivo! O meu novo disco, intitulado “She Herself Alone: the Art of Toy Piano 2” (editado pela Mode Records) inclui ambas as peças que referi. Corporation (ABC) para a Conferência Internacional de Compositores que teve lugar na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, que decorreu entre 31 de Maio e 4 de Junho. Estou muito orgulhosa, pois de todas as peças de Grisworld que a ABC poderia ter escolhido, seleccionou exactamente uma com instrumentos de brincar! É difícil fazer arranjos e adaptar composições para os instrumentos de brincar? Depois do Intervalo, tocarei “An american in Buenos Aires”, “Dinky Toys” de António Pinho Vargas; “Dreamgate” do compositor finlandês Tomi Räisanën, uma peça bem surreal e assustadora, uma lembrança do lado mais sombrio da infância. “Wrong Wrong Wrong!” será o grande final. Com este programa pretendo mostrar a evolução do toy piano como instrumento de concerto, começando com a “Suite for toy piano” de John Cage e finalmente usando apenas nove notas brancas em peças que requerem grande técnica e virtuosismo. Sim, se o quisermos fazer bem. Compor e fazer arranjos para brinquedos é um desafio muito sério que exige grande esforço e concentração tal como qualquer processo de composição para instrumentos convencionais. Neste concerto do TMG aos pianos de brincar vai juntar um piano convencional e ainda outros instrumentos de brincar. Quais? Tocarei o toy piano com o piano convencional nas peças “Blues Tango” e “An American in Buenos Aires”. O tema mais ambicioso do Programa é do compositor chinês Ge Gan-ru’s : “Wrong Wrong Wrong!”. Trata-se de uma peça ao estilo melodramático da ópera no qual a minha voz é acompanhada por uma orquestra de 17 instrumentos de brincar de onde se destacam: harpa, flauta de plástico, acordeão de papel, martelo de plástico, apito, taças japonesas (cup gongs), xilofone, latin clave, etc… O programa que traz ao TMG inclui diversas estreias em Portugal, fale-nos sobre as composições que seleccionou para este concerto. Bem, sobre algumas delas já falei… Vou começar com a “Suite for toy piano” do John Cage, o “avô” do meu reportório para Toy Piano, segue-se-lhe a versão para piano de brincar de Toby Twining do famoso tema dos Beatles “Eleanor Rigby”. Depois, quero tocar “Old MacDonald’s Yellow Submarine” do compositor australiano Erik Grisworld, esta peça foi seleccionada pela Australian Broadcasting O programa incluiu uma composição do português António Pinho Vargas… Conheci o António em 1999 no Other Minds Festival de São Francisco (EUA). Ele ofereceu-me a sua composição, “Dinky Toys”, com as seguintes instruções: «Podes fazer o que quiseres com ela – mudar o registo, improvisar, etc – desde que a utilizes nos teus pianos». Vão poder ouvir o que eu fiz com esta peça se vierem ao concerto no TMG! O New York Times chegou a apelidá-la de “a intérprete mais convincente da obra de John Cage para piano”. Que influência teve e tem a obra de John Cage na sua carreira de pianista? Essa é uma questão que gostaria de guardar para um outro dia! Diria apenas que nos 11 anos nos quais tive o prazer de privar com John Cage como mentor e amigo, ele sempre me mostrou novas abordagens e pontos de vista no mundo sonoro, na filosofia e também na vida. anticristo de lars von trier Dominique Phillot fala do festival Internacional de Guitarra da Guarda A guitarra na 1ª pessoa Pelo quarto ano consecutivo o TMG avança com o Festival Internacional de Guitarra da Guarda, cuja direcção artística é, desde o primeiro momento, do guitarrista suíço Dominique Phillot. Nesta breve entrevista, Phillot faz o balanço das primeiras edições e fala-nos do cartaz deste ano. Esta é já a quarta edição do festival Internacional de Guitarra da Guarda cuja Direcção Artística está a seu cargo desde o primeiro momento. Que balanço faz das primeiras edições? O balanço das primeiras três edições é muito positivo. Temos tido a oportunidade de convidar guitarristas conceituados e eles têm tido excelentes condições de trabalho no TMG, com um ambiente muito simpático. Todos eles têm saído da Guarda com óptimas recordações. Nestes três anos encontrámos o nosso verdadeiro público, que não é muito – como aliás acontece quando se trata de guitarra acústica – mas que se mostra atento e respeitoso. Fale-nos um pouco dos guitarristas que integram o cartaz deste ano. Este ano, começamos com um excelente guitarrista clássico que vem de Itália, Agostino Valente. Ele irá apresentar reportório clássico e também da época romântica. Segue-se o Eduardo Martin, um dos mais originais compositores cubanos da nova geração. Ele vai apresentar na Guarda música com influências de África, de Espanha e até da área do Jazz. E a edição deste ano termina com o guitarrista flamenco Óscar Herrero, um grande nome da guitarra flamenca. As suas composições são feitas de fortes ritmos inspirados na elegância e delicadeza da guitarra clássica espanhola. Que importância tem a guitarra acústica no panorama musical internacional? Ainda há espaço para novos festivais deste género? Toda a música acústica tem um papel importantíssimo na vida do Homem desde 3500 a.C. desde a Kitara… E a guitarra já estava presente na época de Mozart e tornou-se um instrumento dominante na chamada era romântica. Já no século XX é o suporte da chamada música atonal e também do folclore da América Latina. Os EUA inventaram também a guitarra acústica com cordas metálicas, um instrumento global com uma grande influência em toda a música actual. O Dominique é também guitarrista, que novidades há na sua carreira de compositor e intérprete? Neste momento estou a preparar concertos para Espanha e França. A minha música está ligada ao Oriente, por isso todas as minhas composições vão a esse encontro. Para o próximo ano tenho já concertos agendados na Suíça, na Bulgária em Espanha e na Argentina. O realizador dinamarquês expurgou os seus (e os nossos) demónios com este filme. Dilacerou o amor e fundiu-o com o mais profundo dos ódios, com a morte, a loucura e a tragédia. Como pode “Anticristo” ser tão denso, negro e brutal e, ao mesmo tempo, ser de uma espantosa beleza visual? Como pode “Anticristo” mexer com os cinco sentidos do espectador se apenas tem dois actores e a natureza como cenário (apocalíptico)? Como conseguiu Lars Von Trier expiar os pecados da natureza humana de forma tão arrebatadora, sem deixar pingo de piedade, num pessimismo existencial levado às últimas consequências? Razão tinha o cineasta em recusar explicar o filme no festival de Cannes de 2009. “Anticristo” não se “explica”. É uma obra artística de pungentes emoções, provocadora, ousada, inconformada. Lida com o sexo, o desejo, o amor, o medo e a morte de forma como poucos realizadores ousaram abordar. É um filme que está impregnado de simbolismos ocultistas, de medos ancestrais, de imagens aterradoras, misteriosas, assombradas. São também imagens inspiradas no filme “O Espelho” de Andrei Tarkovski (“Anticristo” é-lhe dedicado), consequência de uma direcção de fotografia incandescente, de uma plasticidade que julgava exclusiva de grandes cineastas como Béla Tarr ou Alexander Sokurov. Como é habitual no cineasta dinamarquês, “Anticristo” está dividido em capítulos – “Luto”, “Dor (Caos Reina)”, “Desespero (Genocídio)” e “Os Três Mendigos”, além de trazer um prólogo e um epílogo. O argumento remete para a história de um casal (os nomes não são citados em nenhum momento) que se refugia numa floresta isolada, ironicamente chamada de Jardim do Éden, após a morte do seu filho num acidente doméstico. Ela (incrível Charlotte Gainsbourg), escritora, fica totalmente entregue à dor da perda, enquanto ele (incrível Willem Dafoe), terapeuta, usa a psicologia cognitiva para ajudar a esposa. Já envoltos na vastidão e mistérios da natureza, o vegetal, o verde, o animal, os instintos humanos misturam-se numa espécie de negra saga bíblica que mexe com a moral e os valores religiosos. A irracionalidade e o lado animalesco tomam conta do homem e da mulher, e os actos de violência física e emocional assumem proporções dantescas. Os monstros que a Natureza oculta e que vão corroer a relação de ambos, provoca a libertação de fantasmas ancestrais. “Anticristo” é um filme de um homem sem fé, ateu militante, descrente de valores e de posições morais, um nihilista nietzscheano desesperado que procura a explicação para o lado negro da mente humana (Von Trier fez o filme imediatamente após uma grave depressão). Mas “Anticristo” não procura explicações, porque a pulsão freudiana da morte e do amor parece ser o único elemento minimamente explicativo para o crescendo dramático do filme. E como tem sido propalado, este filme de Lars Von Trier divide violentamente as opiniões: ou se adora e se adere à proposta, ou provoca profunda repulsa. Ninguém fica indiferente. E este é um dos principais aspectos positivos desta película. Das muitas sequências absorventes de “Anticristo”, destaque para a sequência inicial do filme (prólogo): uma impressionante e belíssima abertura poética de 5 minutos, rodada num preto e branco límpido, em câmara lenta, com a pungente música de Haendel como pano de fundo. Nesta abertura, vê-se o casal a fazer amor enquanto a tragédia ocorre e assume proporções imprevisíveis. Um momento tão trágico quanto belo: o caos reina, a dor expia, a morte liberta. Victor Afonso Festival Internacional de Guitarra da guarda Agostino Valente [Itália] QUINTA 1 de julho 21H30 EDUARDO MARTIN [CUBA] SEXTA 2 de julho 21H30 Óscar Herrero [Espanha] SÁBADO 3 de julho 21H30 anticristo de lars von trier QUARTA 14 DE JULHO 21H30 Publicidade SERVIÇO EDUCATIVO DESTAQUES DE JUNHO E JULHO PAISAGENS EM TRÂNSITO ORIENTADA POR PATRICK MURYS OVNI – FESTIVAL INTERNACIONAL DE OBJECTOS VIVOS FÁBRICA DE SONS OFICINA 5€ DOS 8 AOS 60 ANOS LIMITADa A 16 PARTICIPANTES INSCRIÇÕES ATÉ 5 DE JUNHO TEATRO 5€ 60M M/4 JUNHO SÁBADO 12 SALA DE ENSAIOS 10H00 - 14H00 O teatro de objectos e de marionetas serão os meios utilizados para estimular a imaginação de crianças, adolescentes e adultos. Partindo das experiências que os formandos tiveram ao assistir ao espectáculo, pretende-se que a oficina fomente novas interpretações e conduza a novos pensamentos sobre o que acabámos de ver, centrando o trabalho sempre em duas questões: como mostro o objecto ao mundo? Como mostro o mundo ao objecto? UM MUNDO TECNOLÓGICO: INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL E ROBÓTICA COM CARLOS CARRETO JUNHO SEXTA 25 CAFÉ CONCERTO 21H30 DOIS DEDOS DE CIÊNCIA TERTÚLIA ENTRADA LIVRE 60M M/4 Músicas do mundo urna chahar-tugchi uma voz plural Urna é mongol e utiliza a voz como único instrumento. Ela é especialista no chamado canto diafónico (emite dois sons ao mesmo tempo). Há quem descreva a experiência de um concerto de Urna Chahar-Tugchi como algo transcendental, semelhante a uma experiência religiosa. A artista vocal diz simplesmente que interpreta as suas músicas com todas as suas energias, misturando‑lhe toda a experiência de vida. “Sinto-me renascer após cada apresentação”, refere. Urna Chahar-Tugchi nasceu numa família de criadores de gado, nos grandes pastos da Mongólia Interior. Hoje ela é considerada uma das artistas vocais mais destacadas de toda a Ásia. Destacam-se da sua discografia os seguintes trabalhos: “Tal Nutag” (1995); “Crossing” (1997), “Hödööd” (1999), “Jamar” (2001) e “Amilal” (2004). No seu último disco, “Amilal” (que significa “vida”), Urna faz-se acompanhar dos percussionistas iranianos, Djamchid Chemirani e Keyvan Chemirani, e do violinista húngaro Zoltan Lantos. Editado em 2004, “Amilal” é também o seu disco mais pessoal. O trabalho relata a sua saída da Mongólia – actualmente a artista reside na Alemanha – e o seu ponto de vista quanto ao mundo e aos seres humanos. Enquanto os seus trabalhos mais antigos têm por base a música tradicional da Mongólia e também as suas memórias enquanto criança, o seu último disco aborda a música tradicional incorporando-lhe outras visões, as de Urna enquanto cidadã do mundo. Famílias ao teatro A Inteligência Artificial é uma área de pesquisa da ciência da computação dedicada a procurar métodos ou dispositivos computacionais que possuam ou simulem a capacidade humana de resolver problemas, pensar ou, de forma ampla, ser inteligente. A robótica permite inúmeras aplicações científicas e práticas no mundo actual, do entretenimento à indústria. Carlos Carreto é professor na Escola Superior de Tecnologia e Gestão do IPG e tem larga experiência na investigação na área da Inteligência Artificial e robótica. A sua investigação concentra-se nas áreas da robótica e da inteligência computacional, com especial ênfase na criação de sistemas computacionais inteligentes bio-inspirados. Interessa-se também pelo uso da robótica como ferramenta de ensino. É o coordenador do concurso nacional de robótica Robô Bombeiro. PELA ENCERRADO PARA OBRAS ASSOCIAÇÃO CULTURAL E ARTÍSTICA JULHO sábado 3 CAIXA DE PALCO DO GRANDE AUDITÓRIO 16H00 “A Fábrica de Sons” é um divertido e dinâmico espectáculo de teatro cómico, baseado nas linguagens universais da música, do gesto, e do clown, privilegiando a íntima relação entre som e movimento. Instrumentos convencionais como guitarra, cavaquinho, banjo, trompete e acordeão misturam-se com outros mais invulgares (carrilhão de copos de cristal, tubos de PVC, serrote musical, latas, autoclismo, theremin, entre outros. O espectáculo retrata um dia na vida duma empresa muito caricata, “A Fábrica de Sons”. A empresa, de cariz familiar, pertence há várias gerações à família “Mastiga-Sons”. O eterno desafio destes profissionais do som reside em inventar novos sons para a humanidade. Porém, quando um empresário do ramo dos autoclismos contrata a empresa afim de implementar nos seus produtos um som agradável e original, a situação complica-se... DESMATEMÁTICA MUSICAL ORIENTADA PELO SERVIÇO EDUCATIVO JULHO 1 A 23 SALA DE ENSAIOS 10H00 OFICINA INSCRIÇÕES GRATUITAS MEDIANTE MARCAÇÃO PRÉVIA LIMITADO A 25 PARTICIPANTES 90M M/6 DESTINATÁRIOS: ATL / JARDINS-DE-INFÂNCIA Manuel António Pina é um dos mais destacados e originais escritores de literatura para a infância. A sua versatilidade e criatividade são características de destaque no seu trabalho. Partindo do seu livro “Pequeno Livro de Desmatemática”, o Serviço Educativo preparou uma oficina criativa e pedagógica na qual se explora o imaginário do escritor através de jogos musicais, canções e jogos de cartas, no sentido de desenvolver a lógica matemática associada à música e aos sons. Em 2008, Urna Chahar-Tugchi trabalhou com o ensemble Mongolian Morin Huur no filme “Chinggisiin Hoyor Jagal” – “Os dois cavalos de Genghis Khan”, realizado por Byambasuren Davva. No espectáculo que Urna traz ao TMG, único em Portugal e uma estreia absoluta no nosso país, a artista junta o mais espiritual e profundo da sua voz com a percussão vinda da Pérsia. Keyvan Chemirani é o percussionista que acompanhará Urna Chahar-Tugchi nesta jornada poética e transcendente. WWW.TMG.COM.PT TEATROMUNICIPALDAGUARDA.BLOGSPOT.COM WWW.TWITTER.COM/TEATROGUARDA FICHA TÉCNICA Bis | Boletim Bimensal do Teatro Municipal da Guarda | Nº 3 | Junho e Julho de 2010 URNA CHAHAR-TUGCHI [MONGÓLIA] SÁBADO 10 DE JULHO 21H30 Redacção e Paginação Gabinete de Comunicação e Imagem do Teatro Municipal da Guarda Colaborações: Carlos Fernandes, Victor Afonso Culturguarda, Gestão da Sala de Espectáculos e Actividades Culturais, E.M. Rua Batalha Reis, 12, 6300-559 GUARDA | Tel. 271 205 240 Fax 271 205 248 | [email protected]