REVISTA DE CIÊNCIAS GERENCIAIS A UTILIZAÇÃO DA CONTABILIDADE DE CUSTOS PARA A FORMAÇÃO DO PREÇO DE VENDA EM UMA MICRO E PEQUENA EMPRESA Andressa Visintin, Karina Renata Moreira, Valdenilson Andrean - Universidade Paranaense - UNIPAR RESUMO: Com base em pesquisas bibliográficas, o presente artigo demonstra a evolução da Contabilidade de Custos e a sua importância para fins gerenciais dentro das empresas, indica os vários tipos de custos que a empresa pode ter, explicando a diferença entre o custo e a despesa. Apresenta métodos de custeio que podem ser utilizados para se chegar ao custo do produto, tornando possível avaliar qual melhor se encaixa em cada ramo de atividade, demonstra como fixar o preço de venda com base nos custos, calculando a margem de lucro dos produtos através da margem de contribuição e do ponto de equilíbrio. Considerando todos esses fatores, é possível que um empreendedor tenha pleno controle de seus custos e consiga avaliar qual é seu produto diferenciado “principal”, e se ele realmente está contribuindo ou não com os objetivos de gerar recursos financeiros para empresa, analisando o retorno que este proporciona em relação ao seu custo. PALAVRAS-CHAVE: Custos; Métodos de Custeio; Preço de Venda; Lucro. KEYWORDS: Costs, Methods of Cost, Selling Price, Profit. ABSTRACT: Based on literature searches, this article demonstrates the evolution of cost accounting and its importance for management purposes within the company, indicates the various types of costs that the company may have, explaining the difference between cost and expense. Presents costing methods that can be used to get to the product cost, making it possible to assess which best fits in each activity. Demonstrates how to fíx the selling price based on costs, calculating the profit margin of products through the contribution margin and the point of balance. Considering all these factors it is possible that an entrepreneur has full control of its costs and can assess what is your main product differentiation, and whether it actually is contributing or not with the objective of generating financial resources for the company, analyzing the return it provides in relation to their cost. Artigo Original Recebido em: 24/11/2011 Avaliado em: 08/08/2012 Publicado em: 05/05/2014 Publicação Anhanguera Educacional Ltda. Coordenação Instituto de Pesquisas Aplicadas e Desenvolvimento Educacional - IPADE Correspondência Sistema Anhanguera de Revistas Eletrônicas - SARE [email protected] v.16 • n.24 • 2012 • p.87-106 A utilização da contabilidade de custos para a formação do preço de venda em uma micro e pequena empresa 1. INTRODUÇÃO A contabilidade de custos originou-se da contabilidade financeira, no início da Idade Média, conhecida como a era dos artesãos. Com a Revolução Industrial, no século XVIII, surgiu uma nova fase para a contabilidade de custos, caracterizada pelo sistema fabril, foi implantada, inicialmente nas indústrias com o objetivo de fixar o preço de venda ao consumidor, após foi aprimorada visando aumentar a competitividade entre as empresas no âmbito nacional e internacional. Este artigo vem demonstrar os tipos de custos que existem dentro de uma empresa. Através de critérios se formulará o preço de venda ideal, dando possibilidade para que o administrador tome suas decisões gerenciais, com maior segurança, e esteja mais preparado para a concorrência do mercado globalizado. A correta fixação do preço de venda é um fator muito importante para todas as empresas. A mensuração dos custos de forma inadequada pode gerar informações enganosas, para que isso não ocorra, é necessário que o empresário tenha conhecimento de seus custos e despesas, além de saber controlá-los. De acordo com Bruni (2010, p.241): A formação de preços representa uma das mais importantes e nobres atividades empresariais. A definição equivocada do preço pode arruinar um negócio. Embora discussões e dúvidas permaneçam sobre o fato de ser arte ou ciência, existe a certeza de que, sob a óptica da empresa, o preço deve ser superior aos custos plenos incorridos, aí incluindo os tributos. O presente trabalho tem como objetivo geral mensurar o custo real do produto, para isso, utilizará métodos como, a margem de contribuição, o ponto de equilíbrio e o markup. Esses métodos serão implantados dentro de uma micro empresa, por um período de estudo de três meses, com o intuito de gerar informações relevantes ao empresário, possibilitando o crescimento de seu empreendimento. Através deste estudo, nota-se a grande importância que traz para a vida acadêmica proporciona um desenvolvimento cognitivo e um aprofundamento prático de conhecimentos, antes restritos à teoria. Esse será o início de um trabalho que poderá auxiliar micros e pequenos empresários a encontrar seu real custo e a mensurar um preço de venda ideal e justo, contribuindo para o desenvolvimento de suas empresas. Esse estudo não se finda aqui, outras importantes informações poderão vir dando continuidade a este artigo. 88 Revista de Ciências Gerenciais Andressa Visintin, Karina Renata Moreira, Valdenilson Andrean 2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 2.1. Análise de Custo A contabilidade de custos teve início com a avaliação de estoques em empresas industriais, pois eram muito mais complexas do que nas empresas comerciais, hoje, tem função de controle e decisão gerencial, podendo atuar em todos os tipos de empreendimentos, auxiliando na diminuição dos custos e gerando informações que determinem à rentabilidade e o desempenho das atividades distintas das entidades. A análise de custos surgiu em razão da necessidade de controles financeiros, administrativos e patrimoniais, possibilitando a apuração dos resultados (lucros ou prejuízos) nas atividades industriais, agrícolas e comerciais, e com esse controle tornou-se possível saber qual departamento, ou setor, os custos eram maiores e que poderiam ser reduzidos. A Contabilidade de Custos, cuja função inicial era de fornecer elementos para avaliação de estoques e apuração de resultado, passou, nas últimas décadas, a prestar duas funções muito importantes na Contabilidade Gerencial: a utilização dos dados de custos para auxílio ao controle e para tomada de decisões (VICECONTI; NEVES; 2003, p. 9). Segundo Martins (2006), a Contabilidade de Custos acabou por passar nessas últimas décadas, de mera auxiliar na avaliação de estoques e lucros globais para importante arma de controle e decisão gerencial, apesar de já ter criado técnicas e métodos específicos para tal missão, ainda não conseguiu explorar todo seu potencial, aos poucos, vêm criando novos sistemas como o ABC e o Custeio - Alvo que permitam melhor gerenciamento de seus custos. Resumidamente, tem-se que a contabilidade de custos coleta, classifica e registra as informações operacionais internas e externas das entidades, com isso, nos trás formas para verificar e analisar como esta o dia-a-dia das empresas, como pode-se competir no mercado, onde podemos melhorar o processo e eliminar os desperdícios na fabricação, ou mesmo, na comercialização de determinado produto. 2.2. Classificação dos custos em relação à apropriação dos produtos fabricados Os custos estão diretamente ligados à produção, quando se fala em produção não quer dizer que este conceito sirva apenas para uma indústria, ele serve, também, para o comércio e a prestação de serviço. Os custos nas indústrias são todos os gastos incorridos no processo de fabricação do produto, enquanto nas empresas comerciais são os gastos para venda do produto e nas empresas prestadoras de serviços são os gastos com a execução de determinado serviço. Conforme Neves e Viceconti (2003), o custo é o gasto relativo a um bem ou serviço utilizado na produção de outros bens ou serviços, são todos os gastos referentes à atividade de produção da empresa; para defini-los, basta saber o exato momento em que o produto está v.16 • n.24 • 2012 • p.87-106 89 A utilização da contabilidade de custos para a formação do preço de venda em uma micro e pequena empresa pronto para venda, até aí todos os gastos são custos; a partir desse momento, são despesas. Padoveze (2006, p.07) afirma que: As empresas comerciais só têm um insumo de custo, que são as mercadorias adquiridas para revenda. Portanto, só tem um tipo de estoque denominado normalmente estoque de mercadoria. Quando os estoques são vendidos, o valor das mercadorias entregues são uma despesa para o comércio e são denominados custo das mercadorias vendidas. Custos Diretos Os custos diretos estão, diretamente, ligados ao produto fabricado, existe uma medida objetiva de seu consumo na fabricação. Segundo das Neves e Viceconti (2003), custos são todos os gastos relativos à atividade de produção de um bem ou serviço, pode-se citar como exemplo a matéria-prima, enquanto estiver no estoque (Ativo Circulante), é considerada um investimento, após sua utilização, passa a ser um custo direto necessário para a produção de um bem ou serviço. No que concerne à especulação, Zanluca (1996, p. 38) diz que: Custo Direto é aquele que pode ser identificado e diretamente apropriado a cada tipo de obra a ser custeado, no momento de sua ocorrência, isto é, está ligado diretamente a cada tipo de bem ou função de custo. É aquele que pode ser atribuído (ou identificado) direto a um produto, linha de produto, centro de custo ou departamento. Não necessita de rateios para ser atribuído ao objeto custeado. Todo custo direto pode ser mensurado pela empresa, desde que esta mantenha um controle de consumo de matéria-prima e de mão-de-obra direta utilizada para a fabricação de determinado produto; O CRC-SP (1992, p.18) destaca que “os custos diretos têm a propriedade de ser perfeitamente mensuráveis de maneira objetiva”. Custos Indiretos São os custos que dependem de cálculos para serem mensurados, estão ligados a vários centros de custo, precisam ser rateados em proporção indiretamente aos diferentes produtos. Exemplos: aluguel, energia elétrica (que não pode ser associada ao produto), limpeza da fábrica, etc. Alguns custos têm características especiais, como por exemplo, materiais de consumo que poderiam ser apropriados diretamente, mas dada a sua irrelevância verificou-se não valer a pena esse trabalho, muitas vezes a relação “custo - beneficio” é desfavorável para itens de pequena importância (MARTINS, 2006, p. 49). Segundo Viceconti e Neves (2003), os custos indiretos dependem de rateios, estimativas e cálculos para serem apropriados aos diferentes produtos; se a empresa elaborar, apenas, um produto, ela não terá custos indiretos, pois todos os seus custos serão em função daquele único produto. 90 Revista de Ciências Gerenciais Andressa Visintin, Karina Renata Moreira, Valdenilson Andrean Custos Fixos São aqueles que não variam em relação à quantidade produzida, mesmo que a empresa não tenha produção, ele continuará existindo. Partindo desse raciocínio, Horngren, Datar e Foster (2010) definiram que custos fixos são aqueles que independem do nível de atividade da empresa, e que não oscilam no curto prazo, em função do volume de produção. Custos fixos são aqueles cujos valores são os mesmos qualquer que seja o volume de produção da empresa. É o caso, por exemplo, do aluguel da fábrica. Este será cobrado pelo mesmo valor qualquer que seja o nível da produção, inclusive no caso de a fábrica nada produzir (NEVES; VICECONTI, 2003, p. 18). O termo custo fixo refere-se aos custos que não variam, proporcionalmente, ao volume de produção e vendas da empresa, ou seja, independem do nível de atividade (mesmo que não haja produção, ele existe), esse tipo de custo é muito fácil de ser reconhecido, a empresa pode adotar uma tabela os contendo para, assim, poder mensurar o volume de produção necessária para cobri-los. Custos Variáveis Os custos variáveis acompanham, proporcionalmente, a quantidade produzida dos bens e serviços, crescem com o nível de atividade da empresa, quanto maior a produção, maiores serão os custos variáveis. Ao somá-lo ao custo fixo, constitui-se no custo total de um determinado serviço ou produto. Conforme Horngren, Datar e Foster (2010, p. 44), “O custo variável muda no total em proporção às mudanças no nível relativo de atividade ou volume total”. É um custo que é passível de alteração em curto prazo. Segundo Neves e Viceconti (2003), os custos variáveis são aqueles cujos seus valores se alteram em função do volume produzido como, por exemplo, a matéria-prima consumida; se não houver produção o custo variável será nulo, os custos aumentam na medida em que se aumenta a produção. Custos Semivariáveis Esses custos variam conforme o nível de produção, entretanto, possui uma parcela fixa que será cobrada, mesmo que nada tenha sido produzido, pode-se citar como exemplo a energia elétrica da fábrica, pois a concessionária cobra uma taxa mínima, mesmo que não haja produção, embora o valor total da fatura dependa dos quilowatts consumidos e, portanto, do volume de produção. Segundo Leone (2000), os custos semivariáveis são muito encontrados na prática, eles são divididos em duas partes, uma fixa e uma variável, como exemplo, o custo de manutenção, mesmo que a produção seja zero a manutenção das máquinas deverá ser feita, se a produção for realizada a manutenção acompanhará o volume e a necessidade de manutenção que as máquinas precisarem. v.16 • n.24 • 2012 • p.87-106 91 A utilização da contabilidade de custos para a formação do preço de venda em uma micro e pequena empresa “Semivariáveis: são os custos variáveis que não acompanham linearmente a variação da produção, mas aos saltos, mantendo-se fixos dentro de estreitos limites” (CRC-SP, 1992, p. 19). Custos Semifixos ou Custos por Degraus Estes custos são fixos até uma determinada quantidade produzida, eles variam se a produção aumentar. Conforme Leone (2000), um dos exemplos mais práticos de custos por degraus é quando se refere aos salários dos supervisores ou mestres de uma fábrica ou departamento; ele é facilmente reconhecido, o custo permanece constante, até certo ponto de produção, assim que atinge e ultrapassa a produção passa para outra plataforma permanecendo constante até chegar a outro volume crítico de produção. De acordo com Bruni e Famá (2008, p. 31), “semifixos: correspondem a custos que são fixos em determinado patamar, passando a ser variável quando esse patamar for excedido”. 2.3. Despesas Despesas são os gastos que existem dentro da empresa, independentemente da produtividade, é um gasto que não está ligado ao trabalho realizado, a mercadoria vendida ou ao serviço prestado; são gastos acessórios ao processo produtivo, portanto despesas referem-se aos gastos relacionados à administração da empresa e a geração de receita. Conforme Viceconti e Neves (2003), despesa é todo gasto com bens e serviços não utilizados nas atividades produtivas e consumidos com a finalidade de obtenção de receitas; os gastos realizados com o produto, até que ele esteja pronto, são custos, a partir daí, são despesas. As despesas correspondem aos bens ou serviços consumidos direta e indiretamente para a obtenção de receitas. São consumos temporais e não estão associados à produção ou serviço. Como exemplos de despesas podem ser citados gastos com salários de vendedores, gastos com funcionários administrativos etc. (BRUNI, 2010, p. 26). 2.4. Diferença de Custo e Despesa Os termos custos e despesas serão muito utilizados neste artigo, pois são de grande importância para a gestão de negócios, já que a contabilidade trata ambas de formas distintas. Custo é todo gasto incorrido durante o processo produtivo, ele afetará o resultado somente quando houver a venda do produto ou serviço. Uma diferença básica para a despesa é que o custo faz parte da atividade fim da empresa, seguindo os objetivos da entidade, e trás um retorno financeiro. Já a despesa, não gera retorno financeiro, são fatores voltados à área administrativa, financeira e de venda. A sua realização se dá pelo consumo e afeta o resultado no momento da ocorrência do seu fato gerador. 92 Revista de Ciências Gerenciais Andressa Visintin, Karina Renata Moreira, Valdenilson Andrean Segundo Bruni (2010), os custos são consumidos pelos produtos ou serviços durante o seu processo de elaboração. Já as despesas, estão associadas ao período, não repercutem diretamente na elaboração dos produtos ou serviços prestados. Enquanto os produtos ficam estocados os custos ficam ativados, aparecem no balanço e na demonstração de resultado, e só fazem parte do calculo do lucro ou prejuízo quando da sua venda, passando então a figurar na demonstração de resultado; já as despesas referem-se a gastos administrativos com vendas e também as despesas financeiras, possuem natureza não fabril, integrando a demonstração de resultado do exercício do período em que incorrem (CRS-SP, 1992, p.17). Portanto, as despesas são diferenciadas dos custos pelo fato de estarem relacionadas com a administração geral da empresa, ao passo que os custos estão ligados com a produção. O custo se transforma em despesa, no momento em que o bem é consumido. De acordo com Padoveze (2006, p.15), “o custo se transforma em despesa quando o bem ou o serviço, que estava estocado, sai da empresa é entregue ao cliente”. 2.5. Investimentos São os gastos com a aquisição de ativo. Possuem a finalidade de obtenção de benefícios a curto, médio e longo prazo. Segundo Bruni e Famá (2008), investimentos são gastos que vão para o ativo da empresa e de forma gradual, são ativados conforme sua vida útil, assim, posteriormente, são incorporados aos custos e despesas da empresa, esses gastos são necessários às atividades produtivas e irão beneficiar períodos futuros. Todos os sacrifícios havidos pela aquisição de bens e serviços que são estocados nos ativos da empresa para baixa ou amortização, quando de sua venda, de seu consumo, de seu desaparecimento ou de sua desvalorização, são especificamente chamados de investimento (UBIRATAN, 2006, p.15). 2.6. Desembolso Ocorre devido a pagamento referente a uma compra à vista de um bem ou de uma obrigação adquirida anteriormente. Exemplos: pagamento de uma nota fiscal, ou de uma duplicata. Segundo Martins (2006), o desembolso pode ocorrer antes, durante ou após a entrada do bem ou serviço adquirido, neste caso, a unidade pode estar defasada ou não no momento do gasto. Todo desembolso é resultante de aquisição de um bem ou serviço. Desembolso: consiste no pagamento de um bem ou serviço, independentemente de quanto o produto ou serviço foi ou será consumido. É importante ressaltar que a contabilidade registra os fatos de acordo com o princípio da competência. Por competência entende-se que o registro de receita e despesa deve ser feito de acordo com a real ocorrência, independentemente de sua realização ou quitação (BRUNI E FAMÁ, 2008, P.23). v.16 • n.24 • 2012 • p.87-106 93 A utilização da contabilidade de custos para a formação do preço de venda em uma micro e pequena empresa 2.7. Tipos de Custeio Custeio por Absorção Consiste na apropriação de todos os custos a produção do período, sejam eles fixos ou variáveis, exceto as despesas. Deve-se realizar a separação entre os custos e despesas, pois essa classificação fará com que os cálculos do lucro líquido da empresa sejam efetuados corretamente. O custeio por absorção é o único aceito pela Auditoria Externa e pelo Imposto de Renda. Para o CRC-SP (1992, p. 25), o custeio por absorção é: O sistema de custeio realizado sob a ótica da contabilidade de custos tradicional, respeitando a metodologia dos Princípios Fundamentais de Contabilidade. Nele todos os custos de produção (fixos e variáveis) são incluídos no custo de produção para fins de rateio dos estoques e por sua vez todas as despesas (fixas e variáveis) são excluídas. Segundo Martins (2008), existe um problema no método de custeio por absorção como um instrumento de controle; está na atribuição dos custos fixos. Pois os critérios de rateio utilizados para alocação destes custos sempre apresentarão forte componente arbitrário, que distorce o resultado apurado por produto e dificulta as decisões gerenciais. Custeio Variável Somente os custos variáveis são apropriados à produção, os custos fixos são considerados despesas e são contabilizados diretamente numa conta de resultado, isso ocorre devido os custos fixos existirem, independentemente do volume de produção da empresa. O custeio variável fere os Princípios da Contabilidade, por isso, esse critério de avaliação do resultado não é aceito pelo fisco. Verifica-se que o custeio variável tem condições de propiciar informações úteis e relevantes para a tomada de decisão da empresa, pois ele evidencia a margem de contribuição e absorve os seus custos fixos, gerando resultado favorável. Conforme Bernardi (2004), a utilidade e finalidade do custeio variável é a tomada de decisões, pois propicia uma visibilidade vital à empresa, analisando as relações entre custo, volume e lucro, pode utilizá-lo como parâmetro para a formação de preços de venda no mercado. No sistema de custeio variável, apenas os custos variáveis são atribuídos aos produtos elaborados, que juntamente com as despesas variáveis, serão subtraídos da receita, gerando um valor que é denominado margem de contribuição. Os custos e despesas fixas serão abatidos da margem de contribuição do período (BRUNI e FAMÁ, 2008, p. 172). Custeio Padrão No custeio padrão são feitas estimativas quanto aos custos que deverão ser utilizados na produção, elabora-se uma tabela padrão e a utiliza para comparação dos custos reais consumidos na produção. Esse método pode ser implantado na empresa independente de esta adotar o Custeio por absorção ou o Custeio variável, visando um controle dos gastos e adotando medidas de eficiência. 94 Revista de Ciências Gerenciais Andressa Visintin, Karina Renata Moreira, Valdenilson Andrean Para Bernardi (2004), qualquer que seja o método utilizado pela empresa, o custeio padrão deve ser inserido, como ferramenta de controle dos produtos, tendo por base uma tabela, contendo o consumo padrão ideal para fabricação de determinado produto. De acordo com Leone (2000, p.66) “os custos padrão são aplicados, sobretudo em operações repetitivas, quando os parâmetros ou indicadores físicos estão perfeitamente definidos e quando os custos mantêm uma relação íntima com a variabilidade daqueles dados quantitativos”. Os custos padrões são cuidadosamente apurados, levando-se em conta o presente e o passado. As vantagens em adotar o sistema de custo padrão são de controle e redução dos custos; medir a eficiência do sistema produtivo e simplificar os processos de custo. Custeio ABC Está baseado nas atividades que a empresa efetua durante o processo de fabricação dos seus produtos, é um método muito mais complexo e sofisticado, seu objetivo é rastrear quais as atividades da empresa estão consumindo seus recursos de forma mais significativa, para assim atribuir os custos as atividades e posteriormente aos produtos conforme o índice de consumo de cada um. Segundo Neves e Viceconti (2003), os recursos produtivos da empresa são consumidos pelas atividades e não pelos produtos, estes, são consequências das atividades efetuadas para fabricá-los e comercializá-los, assim a alocação dos custos aos produtos utiliza direcionadores de custos, que podem ser: direcionadores de recursos, onde se baseiam na forma que as atividades consomem os recursos produtivos e direcionadores de atividades que são quanto os produtos consomem das atividades. Um dos benefícios obtidos com o ABC é o de permitir uma melhoria nas decisões gerenciais, pois se deixa de ter produtos subcusteados ou supercusteados permitindose a transparência exigida na tomada da decisão empresarial, que busca em última análise, otimizar a rentabilidade do negócio (COGAN, 1999, p. 48). 2.8. Formação do Preço de Venda Um dos momentos mais importantes em aspectos financeiros de uma empresa consiste na fixação do preço de venda. Para definir o preço de venda de um produto é preciso levar em consideração vários fatores, tais como, o custo, a demanda do produto, a concorrência, entre outros. Bruni e Famá (2008, p. 267) dizem que: O processo de formação de preço está ligado às condições do mercado, ao nível de atividade e a remuneração do capital investido. Dessa forma, o cálculo do preço de venda deve chegar a um valor que permita trazer à empresa a maximização dos lucros, sendo possível manterem a qualidade, e atender aos anseios do mercado àquele preço determinado e melhor aproveitar os níveis de produção. v.16 • n.24 • 2012 • p.87-106 95 A utilização da contabilidade de custos para a formação do preço de venda em uma micro e pequena empresa Segundo Sardinha (1995), o preço de um bem ou de um serviço deve ser ótimo para a empresa que o está ofertando e para o consumidor que o demanda, tendo uma relação recíproca de ganho; a decisão do preço sempre ficará entre o mercado consumidor que deseja pagar o menor preço possível pelo melhor produto e o investidor que deseja obter o maior retorno ao menor risco, o sucesso empresarial ocorre, quando essa dicotomia é reduzida satisfazendo ambas as partes, isto é a arte do negócio. É importante que o sistema de custeio adotado pela empresa produza informações úteis para formação do preço de venda. Os principais métodos aplicáveis no processo de formação de preço empregam os seguintes fatores: com base nos custos ou com base no mercado. Existem também, outros modelos de decisão, porém, o modelo que será utilizado nesse artigo será o modelo com base nos custos. 2.9. Formação de preço com base nos custos “Os modelos de decisão de preço orientados pelos custos formam o preço dos produtos, por meio do cálculo de seus custos e da adição de uma margem de lucro objetivada” (PADOVEZE, 2006, p. 308). A maior dúvida na formação do preço de venda é saber por quanto devem ser vendidos os produtos para se conseguir a lucratividade desejada. Para facilitar o processo de formação de preço de venda, uma das metodologias que podem ser aplicadas é o markup (taxa de marcação), que é calculado sobre o custo do bem ou serviço apurado segundo o critério de custeio escolhido pela empresa (custeio por absorção ou variável). Segundo Padoveze (2009), o Markup é uma metodologia que pode ser utilizada na forma de percentual ou na forma de índice, que se adiciona aos custos e as despesas para precificar os produtos e obter a lucratividade desejada pela empresa. O objetivo dessa margem é o de cobrir todos os custos e despesas e, ainda, proporcionar a empresa o lucro desejado. Observe o quadro abaixo: Quadro 1 - Composição da Taxa de marcação Fonte: Bruni, 2010, p. 247. 96 Revista de Ciências Gerenciais Andressa Visintin, Karina Renata Moreira, Valdenilson Andrean De acordo com Bruni e Famá (2008, p. 280), o markup pode ser calculado de duas formas: multiplicador, mais usual, representa por quanto devem ser multiplicados os custos variáveis para se obter o preço de venda a praticar; e divisor, menos usual, representa percentualmente o custo variável em relação ao preço de venda. 2.10. Formação de preço com base no mercado Quando fala-se em formação de preço com base no mercado, é importante analisar quem é a concorrência, quais são os preços praticados por ela, o volume de produtos consumidos, a demanda e oferta, entre outros fatores. É mais difícil estabelecer um preço ao produto com base nesses fatores, pois não são critérios técnicos, são estratégias de competitividade que as empresas aderem, muitas vezes para conseguir se inserir ou se manter no mercado. Segundo Martins (2006), para fixar o preço de venda a empresa precisa em primeiro lugar conhecer o custo do produto, porém, somente essa informação não basta, além do custo é necessário saber o grau de elasticidade da demanda, os preços dos produtos dos concorrentes e substitutos, estratégia de marketing da empresa, etc.; levando, também, em consideração o tipo de mercado que a empresa atua. Considerando os aspectos citados, é importante que o sistema de custos produza informações úteis para a política de preços da empresa, e que propicie ao empreendedor que ele possa fixar seus preços com base nos custos, com base no mercado ou utilizando ambos os critérios. 2.11. Margem de Lucro versus Lucro Ideal Margem de Lucro é o retorno positivo de um investimento que pode ser entendido também como um excesso de receita sobre os custos e despesas. É difícil mensurar o valor de lucro ideal, pois quando se abre uma empresa ela não pode buscar apenas o lucro, ela deve procurar obter um retorno satisfatório ao investimento que está realizando, deve pensar em longo prazo, buscando a continuidade e inexistência de sua empresa; o lucro deve vir de forma que satisfaça os desejos do empreendedor, não deve ser apenas um fim, mas um meio para que a empresa atinja seus objetivos. Segundo Bernardi (2004), o lucro ideal varia em função de vários fatores, tais como: remuneração de mercado, tipo de negócio, ramo de atividade, riscos empresariais envolvidos, taxa de atratividade, riscos conjunturais e grau de estabilidade no país; pode-se ter um lucro aparentemente satisfatório, mas deve-se sempre analisar se o mesmo está compensando o investimento realizado. v.16 • n.24 • 2012 • p.87-106 97 A utilização da contabilidade de custos para a formação do preço de venda em uma micro e pequena empresa 2.12.Fatores que contribuem para encontrar o lucro da empresa Margem de Contribuição A margem de contribuição é a diferença entre a Receita e a soma dos custos e despesas variáveis; quando se aplica essa fórmula sobre um produto, percebe-se o quanto ele está contribuindo para cobrir os custos fixos da empresa, assim é possível encontrar o lucro que cada produto realmente está proporcionando. Para Padoveze (2009, p. 366), a margem de contribuição é: A diferença entre o preço de venda unitário do produto e os custos e despesas variáveis por unidade de produto. Significa que em cada unidade vendida à empresa lucrara determinado valor. Multiplicado pelo total vendido, teremos a contribuição marginal total do produto para empresa. Ponto de Equilíbrio O ponto de equilíbrio pode ser definido tanto em unidades (volume produzido) quanto em reais, ele determina exatamente quanto à empresa precisa produzir para cobrir seus custos e despesas, somente quando ultrapassar essa faixa de produção é que começará a ter lucro. Vejamos a reprodução gráfica a seguir: Gráfico 1 – Ponto de Equilíbrio Fonte: (Martins, 2006, p. 258) O gráfico demonstra o ponto de equilíbrio, se a empresa estiver abaixo da produção está tendo prejuízo, se estiver na linha do ponto, está cobrindo seus custos e despesas e se estiver acima entra na faixa do lucro. Considerando esses fatores, torna-se mais fácil estimar os lucros reais que a empresa está obtendo, nem sempre ter maior geração de receita significa ter mais lucro, é necessário refletir sobre qual produto possui maior margem de contribuição e assim investir nele, mesmo que unitariamente seu valor seja menor. 98 Revista de Ciências Gerenciais Andressa Visintin, Karina Renata Moreira, Valdenilson Andrean 3. METODOLOGIA Inicialmente, foi realizada uma pesquisa bibliográfica necessária para a fundamentação teórica. A partir da obtenção desses dados, busca-se propor o melhor método para formação do preço de venda ideal na empresa escolhida. De acordo com Marconi e Lakatos (1990, p. 17): A pesquisa é uma indagação minuciosa ou exame crítico e exaustivo na procura de fatos e princípios; uma diligente busca para averiguar algo. Pesquisar não é apenas procurar a verdade; é encontrar respostas para questões propostas, utilizando métodos científicos. O estudo de caso teve como base a empresa ABC, cuja atividade fim é comercial. Para apuração dos custos e formação do preço de venda foram elaborados quadros com dados coletados na empresa, assim essa pesquisa caracteriza-se como uma pesquisa de campo. Conforme Yin (2001, p. 32), “o estudo de caso é uma investigação empírica que visa investigar um fenômeno contemporâneo dentro de seu contexto da vida real, especialmente quando os limites entre fenômeno e contexto não estão claramente identificados”. 4. ESTUDO DE CASO 4.1. Histórico e Ramo de Atividade da Empresa A Empresa ABC teve início no dia 13 de novembro de 2009, está situada na cidade de Tapejara, PR. Seu ramo de atividade é o comércio varejista de brinquedos, enxovais, artigos de cozinha, materiais escolares e variedades, em geral. Procura satisfazer às necessidades de todos os clientes, tem como público alvo a classe baixa e média. 4.2. Formação de Preço de Venda A Empresa possui uma variedade de 1.100 itens distintos, visando encontrar o preço de venda ideal para satisfazer a margem de lucro que deseja alcançar. Para elaborar o estudo de caso colheu-se uma amostra de 10 produtos. O gráfico a seguir contém os dados das compras e das vendas praticadas pela empresa durante o período de três meses. v.16 • n.24 • 2012 • p.87-106 99 A utilização da contabilidade de custos para a formação do preço de venda em uma micro e pequena empresa R$ 35.000,00 R$ 30.000,00 R$ 25.000,00 R$ 20.000,00 R$ 15.000,00 R$ 10.000,00 R$ 5.000,00 R$ - JULHO AGOSTO SETEMBRO COMPRAS R$ 2.995,95 R$ 3.922,03 R$ 2.329,60 VENDAS R$ 24.706,00 R$ 31.198,00 R$ 28.413,00 Gráfico 2 – Compras e Vendas de três meses da Empresa Fonte: Dados da Empresa, 2011. Pode-se observar que há uma grande diferença entre o valor das compras e das vendas, essa diferença se dá devido à empresa ter realizado um número maior de compras nos meses anteriores, buscando adquirir um estoque para os meses de maior movimento, que são no final do ano. A seguir, notam-se os custos e as despesas fixas e variáveis que a empresa tem para manter suas atividades. Quadro 2 – Custos e Despesas Fixas da Empresa CUSTOS E DESPESAS FIXAS JULHO AGOSTO SETEMBRO Aluguel R$ 650,00 R$ 650,00 R$ 650,00 Associação Comercial R$ 40,00 R$ 40,00 R$ 40,00 Escritório Contábil R$ 145,00 R$ 145,00 R$ 145,00 Funcionário R$ 545,00 R$ 545,00 R$ 545,00 FGTS R$ 55,10 R$ 55,10 R$ 55,10 Internet TOTAL DE DESPESAS FIXAS R$ 39,90 R$ 1.475,00 R$ 39,90 R$ 1.475,00 R$ 39,90 R$ 1.475,00 Fonte: Dados da Empresa, 2011. Quadro 3 – Custos e Despesas Variáveis da Empresa CUSTOS E DESPESAS JULHO AGOSTO SETEMBRO Água R$ 14,00 R$ 16,00 R$ 15,00 Energia elétrica R$ 70,00 R$ 63,00 R$ 69,00 Telefone R$ 57,00 R$ 72,00 R$ 60,00 Imposto R$ 146,00 R$ 129,00 R$ 110,00 Viagens R$ 380,00 R$ 420,00 R$ 390,00 Outros TOTAL DE DESP. VARIÁVEIS R$ 90,00 R$ 757,00 R$ 60,00 R$760,00 R$ 70,00 R$ 714,00 Fonte: Dados da Empresa, 2011. 100 Revista de Ciências Gerenciais Andressa Visintin, Karina Renata Moreira, Valdenilson Andrean Conforme os quadros acima, se observam os custos e despesas fixas no valor de R$1.475,00, que a empresa possui, verifica-se, também, os custos e despesas variáveis que a empresa teve nos meses em que foram feitos os levantamentos para o referido estudo. Notase que, os custos variáveis são estáveis e não se alteram com relevância, o que é bom para empresa, pois pode fazer uma média dos seus gastos mensais. A amostra de produtos colhida e expressa no quadro a seguir: Quadro 4 – Formação de Preço de Venda PRODUTOS CUSTO (+) LUCRO (=) PREÇO VENDA Conjunto de lingerie Boneca Sapekinha R$ 13,90 R$ 11,10 R$ 25,00 R$ 27,00 R$ 26,90 R$ 53,90 Bola Time R$ 12,90 R$ 13,00 R$ 25,90 Carreta madeira R$ 14,90 R$ 15,00 R$ 29,90 Porta Retrato R$ 4,80 R$ 5,10 R$ 9,90 Lixeira Pintada R$ 10,90 R$ 11,00 R$ 21,90 Caderno 12 matérias R$ 9,50 R$ 9,40 R$ 18,90 Boné adulto R$ 7,50 R$ 8,40 R$ 15,90 Jogo de xícaras R$ 11,00 R$ 11,90 R$ 22,90 Fruteira plástica R$ 9,50 R$ 10,40 R$ 19,90 Fonte: Dados da Empresa, 2011. A empresa atua com a metodologia de multiplicar o custo do produto por dois e arredondar seu total sempre R$ 0,90. Alguns produtos são calculados de forma diferenciada, pois seu preço de venda ficaria fora do valor de mercado, a esses produtos são agregados de 70% a 80% sobre seu custo. O próximo quadro Margem de Contribuição de cada produto: Quadro 5 – Margem de Contribuição – Produtos PRODUTOS PREÇO DE VENDA CUSTO DO PRODUTO CUSTOS E DESPESAS VARIÁVEIS MARGEM DE CONTRIBUIÇÃO Conjunto de Lingerie R$ 25,00 R$ 13,90 R$ 0,68 R$ 10,42 Boneca Sapekinha R$ 53,90 R$ 27,00 R$ 0,68 R$ 26,22 Bola de Time R$ 25,90 R$ 12,90 R$ 0,68 R$ 12,32 Carreta de Madeira R$ 29,90 R$ 14,90 R$ 0,68 R$ 14,32 Porta Retrato R$ 9,90 R$ 4,80 R$ 0,68 R$ 4,42 Lixeira Pintada R$ 21,90 R$ 10,90 R$ 0,68 R$ 10,32 Caderno 12 Matérias R$ 18,90 R$ 9,50 R$ 0,68 R$ 8,72 Boné Adulto R$ 15,90 R$ 7,50 R$ 0,68 R$ 7,72 Jogo de Xícaras R$ 22,90 R$ 11,00 R$ 0,68 R$ 11,22 Fruteira Plástica R$ 19,90 R$ 9,50 R$ 0,68 R$ 9,72 Fonte: Dados da Empresa, 2011. Conforme o novo método utilizado pela empresa, pode-se perceber que dentre os produtos demonstrados é possível classificar os produtos que mais contribuíram para cobrir os custos da empresa. Esses produtos são: Boneca Sapekinha, Carreta de Madeira e Bola de Time respectivamente, conforme os dados apresentados na coluna da Margem de Contribuição no quadro acima. v.16 • n.24 • 2012 • p.87-106 101 A utilização da contabilidade de custos para a formação do preço de venda em uma micro e pequena empresa A seguir, observa-se o Ponto de Equilíbrio que a empresa precisa atingir para cobrir seus custos e despesas fixas, quando ela conseguir ultrapassar a quantidade mínima de vendas começará a ter lucro. Quadro 6 – Ponto de Equilíbrio – Produtos PRODUTOS CUSTOS E DESPESAS FIXAS MARGEM DE CONTRIBUIÇÃO PONTO DE EQUILÍBRIO (QUANTIDADE) Conjunto de Lingerie R$ 1.475,00 R$ 10,42 142 Boneca Sapekinha R$ 1.475,00 R$ 26,22 56 Bola de Times R$ 1.475,00 R$ 12,32 120 Carreta Madeira R$ 1.475,00 R$ 14,32 103 Porta Retrato R$ 1.475,00 R$ 4,42 334 Lixeira Pintada R$ 1.475,00 R$ 10,32 143 Caderno 12 Matérias R$ 1.475,00 R$ 8,72 143 Boné Adulto R$ 1.475,00 R$ 7,72 191 Jogo de Xícaras R$ 1.475,00 R$ 11,22 131 Fruteira Plástica R$ 1.475,00 R$ 9,72 152 Fonte: Dados da Empresa, 2011. Através deste quadro podem-se identificar quais foram os produtos que mais contribuíram com a empresa. A boneca sapekinha está novamente em primeiro lugar, é o produto que necessita de menor número de vendas para manter as atividades da empresa. No próximo quadro, verifica-se o lucro bruto obtido pela empresa nos meses de Julho, Agosto e Setembro de 2011. Quadro 7 - Demonstração do Resultado do Exercício MESES $ JULHO AGOSTO % $ 100 31.198,00 SETEMBRO % $ 100 28.413,00 % VENDAS 24.706,00 (=) M.C 757,00 3,06 760,00 2,44 714,00 2,51 23.949,00 96,94 30.438,00 97,56 27.699,00 97,49 1.475,00 5,97 1.475,00 4,72 1.475,00 5,19 22.474,00 90,97 28.963,00 92,84 26.224,00 92,3 (-) C.D.V (-) C.D.F (=) LUCRO 100 Fonte: Dados da empresa, 2011. De acordo com a DRE apresentada percebemos que a margem de contribuição da empresa cobriu os custos e despesas fixas necessários para a manutenção da loja, resultando num lucro bruto no mês de setembro de R$26.224,00, ou seja, 92,3% da sua venda total, desse valor serão abatidos os custos dos produtos vendidos. No quadro a seguir percebe-se o Ponto de Equilíbrio em valor do período de julho a setembro. 102 Revista de Ciências Gerenciais Andressa Visintin, Karina Renata Moreira, Valdenilson Andrean Quadro 8 – Ponto de Equilíbrio em Valor PONTO DE EQUILÍBRIO JULHO AGOSTO SETEMBRO Custos e Despesas Fixas R$1.475,00 R$1.475,00 R$1.475,00 % MC PONTO DE EQUILÍBRIO EM VALOR 0,9694 R$1.521,56 0,9756 R$1.511,89 0,9749 R$1.512,98 Fonte: Dados da empresa, 2011. Conforme o quadro acima se percebe que, para cobrir as despesas e trabalhar alcançando o ponto de equilíbrio, a empresa deve ter um faturamento médio mensal de R$1.515,48, esse resultado revela quanto à empresa tem que faturar para poder cobrir os custos e despesas fixas e variáveis. A seguir observa-se o gráfico do ponto de equilíbrio em valor, demonstrando quanto à empresa necessita faturar para começar a cobrir suas necessidades e quando ela começará a ter lucro. R$ 1.524,00 R$ 1.522,00 R$ 1.520,00 R$ 1.518,00 R$ 1.516,00 R$ 1.514,00 R$ 1.512,00 R$ 1.510,00 R$ 1.508,00 R$ 1.506,00 Ponto de equilíbrio Julho Agosto Setembro R$ 1.521,56 R$ 1.511,89 R$ 1.512,98 Gráfico 3 - Ponto de Equilíbrio em Valor Fonte: Dados da empresa, 2011. Com base nos dados obtidos neste estudo, foi calculado o preço de venda ideal que a empresa desejava ter, retornando numa margem de lucro satisfatória. Utilizou-se um novo método para a formação desse preço de venda, este partiu do custo do produto, após aplicou-se um percentual de 40% de margem de lucro líquida desejada pelo proprietário, somada ao percentual de custos e despesas fixas e variáveis que a empresa possui, obtendo assim o preço de venda ideal. Os cálculos estão dispostos no próximo quadro. v.16 • n.24 • 2012 • p.87-106 103 A utilização da contabilidade de custos para a formação do preço de venda em uma micro e pequena empresa Quadro 9 - Formação do Preço de Venda - Markup Divisor PRODUTOS CUSTO DO PRODUTO PREÇO DE VENDA JULHO PREÇO DE VENDA AGOSTO PREÇO DE VENDA SETEMBRO Conjunto de Lingerie R$ 13,90 R$27,27 R$ 26,31 R$ 26,58 Boneca Sapekinha R$ 27,00 R$52,97 R$ 51,10 R$ 51,63 Bola de Time R$ 12,90 R$25,31 R$ 24,41 R$ 24,67 Carreta de Madeira R$ 14,90 R$29,23 R$ 28,20 R$ 28,49 Porta Retrato R$ 4,80 R$ 9,42 R$ 9,08 R$ 9,18 Lixeira Pintada R$ 10,90 R$21,39 R$ 20,63 R$ 20,84 Caderno 12 Matérias R$ 9,50 R$18,64 R$ 17,98 R$ 18,16 Boné Adulto R$ 7,50 R$14,71 R$ 14,19 R$ 14,34 Jogo de Xícaras R$ 11,00 R$21,58 R$ 20,82 R$ 21,03 Fruteira Plástica R$ 9,50 R$18,64 R$ 17,98 R$ 18,16 Fonte: Dados da empresa, 2011. As diferenças encontradas no preço de venda nos meses analisados não possuem relevância, a empresa pode manter seu preço constante enquanto conseguir controlar seus custos e despesas variáveis estáveis como já se observou. No quadro abaixo se vê a diferença do Preço de Venda estimado pelo proprietário e o Preço de Venda calculado através do markup divisor. Quadro 10 - Diferença do Preço de Venda estimado pelo Proprietário Versus Markup Divisor PRODUTOS P.V - ESTIMADO PELO PROPRIETÁRIO P.V - PELO MARKUP DIVISOR DIFERENÇA Conjunto de Lingerie R$ 25,00 R$ 26,58 R$ 1,58 Boneca Sapekinha R$ 53,90 R$ 51,63 R$ - 2,27 Bola de Time R$ 25,90 R$ 24,64 R$ - 1,26 Carreta de Madeira R$ 29,90 R$ 28,49 R$ - 1,41 Porta Retrato R$ 9,90 R$ 9,18 R$ - 0,72 Lixeira Pintada R$ 21,90 R$ 20,84 R$ - 1,06 Caderno 12 Matérias R$ 18,90 R$ 18,16 R$ - 0,74 Boné Adulto R$ 15,90 R$ 14,34 R$ - 1,56 Jogo de Xícaras R$ 22,90 R$ 21,03 R$ - 1,87 Fruteira Plástica R$ 19,90 R$ 18,16 R$ - 1,74 Fonte: Dados da empresa. A pesquisa constatou que o preço de venda praticado pela empresa ABC tem valores um pouco mais elevados do que quando utilizado o critério de markup, exceto apenas no produto conjunto de lingerie. Observou-se que o proprietário da empresa estimava ter uma margem de lucro de 100%, mas na realidade foi constatado que a empresa tem uma margem de lucro de 40%, ou seja, 60% menos do que o esperado pelo administrador. Comparando-se os preços obtidos nas duas situações verifica-se que a empresa poderia trabalhar com um preço um pouco menor, o que poderia aumentar seu número de vendas sem afetar sua margem de lucro que é de 40%. 104 Revista de Ciências Gerenciais Andressa Visintin, Karina Renata Moreira, Valdenilson Andrean 5. CONCLUSÃO A contabilidade de custos é um instrumento de grande importância para a gestão empresarial, pois produz relatórios eficientes para a tomada de decisões. Tem o objetivo de fornecer informações para o planejamento e o controle de suas atividades. Este artigo buscou apresentar os principais métodos para a formação do preço de venda ideal, bem como verificar, por meio de um estudo de caso, qual metodologia empregar em uma micro empresa do ramo comercial. A empresa ABC, descrita neste artigo, comercializa múltiplos produtos, mas não possui um sistema adequado de alocação de custos, por isso foram utilizados os métodos de margem de contribuição, ponto de equilíbrio e taxa de marcação markup para encontrar a margem de lucro e o preço de venda ideal. Pode-se concluir que, apesar das limitações, neste estudo de caso, é muito importante que a empresa tenha o conhecimento dos seus custos, pois nenhuma empresa sobreviverá por muito tempo se praticar preço de venda inferior aos seus custos ou acima do valor de mercado. Ficou demonstrado no estudo que a gestão dos custos com o uso de ferramentas geradoras de informações gerenciais tais como as demonstradas neste trabalho, pode criar oportunidades para empresas de varejo melhorar seu desempenho em faturamento, lucratividade e melhor alocação dos custos. REFERÊNCIAS BERNARDI, L. A. de Manual de Formação de Preços: Políticas, Estratégicas e Fundamentos. 3. Ed. São Paulo: Atlas, 2004. BRUNI, A. L.; FAMÁ, R. de. Gestão De Custos e Formação De Preços. 5. Ed. São Paulo: Atlas, 2008. BRUNI A. L. de. A Administração de Custos, Preços e Lucros. 4. Ed. São Paulo: Atlas, 2010. COGAN, S. de. Custos e Preços: Formação e Análise. São Paulo: Pioneira, 1999. CRC-SP, de. Curso Sobre Contabilidade de Custos. 5. Ed. São Paulo: Atlas, 1992. CREPALDI, S. A. de. Curso Básico de Contabilidade de Custos. 1. Ed. São Paulo: Atlas, 1999. HORNGREN, C. T.; DATAR, S. M.; FOSTER, G. Contabilidade de custos. 11. Ed. São Paulo: Pearson, 2010. LEONE, G. S. G. de. Custos: Planejamento, Implantação e Controle. 3. Ed. São Paulo: Atlas, 2000. MARCONI, Marina de Andrade; LAKATOS, Eva Maria. Técnica de pesquisas: planejamento e execução de pesquisas, amostragem e técnicas de pesquisas, elaboração, analise e interpretação de dados. 4. Ed. São Paulo: Atlas, 1999. MARTINS, E. de. Contabilidade de Custos. 9. Ed. São Paulo: Atlas, 2006. PADOVEZE, Clovis Luís de. Curso Básico Gerencial de Custos. 2. Ed. São Paulo: Pioneira Thomson, 2006. v.16 • n.24 • 2012 • p.87-106 105 A utilização da contabilidade de custos para a formação do preço de venda em uma micro e pequena empresa PADOVEZE, Clovis Luís de. Contabilidade Gerencial: enfoque em sistema de informação contábil. 5 Ed. São Paulo: Atlas, 2009. SARDINHA, J. C. de Formação de Preço: A Arte do Negócio. São Paulo: MAKRON Books, 1995. UBIRATAN, C. C. S. Gestão de Custos. 20 ed. Curitiba: Xibpex, 2006. VICECONTI, P.E.V.; NEVES, S. das. Contabilidade de Custos: um enfoque direto e objetivo. 7. Ed. 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