BIOSFERA: A ESFERA DA VIDA Por que “esfera da vida”? A biosfera compreende o conjunto dos seres vivos e dos fatores do ambiente com os quais eles interagem. O ar, a água e a energia solar fornecem as condições essenciais para a vida em nosso planeta. E é o desenvolvimento da vida que diferencia a Terra no sistema solar, talvez até mesmo no Universo. Cada fenômeno da natureza está em constante relação com os demais. Como um fator depende de outro, quando um deles muda, todos mudam. Por exemplo, o desmatamento praticado numa determinada área diminui as chuvas e aumenta a temperatura dessa área. Em conseqüência, o solo se modifica, pois deixa de receber matéria orgânica constituída de folhas e frutos das árvores. Modificado, esse solo empobrece e pode se tornar semelhante ao das áreas desérticas. A fauna também é atingida: alguns animais não têm mais como se alimentar e deixam de se reproduzir. O que são ecossistemas? Podemos definir ecossistema como um sistema biológico no qual há uma cadeia alimentar (com vegetais e animais que dependem uns dos outros) e uma interação entre os seres vivos e o meio ambiente (o solo, o ar, o clima, as águas, etc.). A soma de todos os ecossistemas da Terra constitui a biosfera. A interação dos elementos da biosfera varia muito de uma região para outra. Os grandes ecossistemas da Terra resultam justamente dessa diferença. Cada um deles constitui uma paisagem natural com características distintas das outras. Os diferentes ecossistemas mantêm estreitas relações entre si. Qualquer modificação num deles provoca modificações nos ecossistemas vizinhos. Por exemplo, a poluição de um rio traz conseqüências nocivas para toda a bacia hidrográfica. Se a poluição for muito grande, poderá atingir o ecossistema de que a bacia faz parte e, pouco a pouco, afetar os ecossistemas vizinhos e até mesmo toda a biosfera. A biodiversidade Outro elemento muito importante na paisagem natural é a biodiversidade, ou seja, a diversidade biológica. Quanto maior a variedade - tanto de plantas como de animais e de microrganismos -, maior a biodiversidade. Quanto maior a biodiversidade, mais complexo será o ecossistema. E também mais estável: os ecossistemas complexos duram mais que aqueles com pouca diversidade de seres vivos. Quando ocorre uma mudança no ambiente - um período de chuvas catastróficas, um terremoto, um grande incêndio, por exemplo -, um ecossistema complexo tem muito mais chance de superar os problemas do que um ecossistema menos complexo. Este sofre mais as conseqüências da mudança ambiental e pode até desaparecer. A diversidade é uma garantia para a continuidade da vida em cada ecossistema e em todo o planeta. Por exemplo, uma plantação de trigo (um ecossistema com pouca diversidade), se não tiver a constante interferência do ser humano (adubos no solo, inseticidas ou pesticidas para combater pragas, etc.), não sobrevive por muitos anos. Já uma floresta diversificada vai certamente sobreviver sozinha durante milhares de anos. A biodiversidade é também um recurso a ser explorado, principalmente na indústria química e na farmacêutica. Trata-se de uma fonte de novos conhecimentos e descobertas, de novos princípios ativos, que podem ser muito benéficos para a vida humana. No fim do século XX, a biodiversidade recebeu atenção especial dos pesquisadores dos países mais ricos. Essas pesquisas privilegiaram a Amazônia, onde se encontra o ecossistema mais complexo do planeta. Vegetação: síntese da paisagem natural As grandes paisagens de seres vivos do planeta, chamadas biomas, são definidas principalmente pelo clima, pela vegetação original e pela fauna. O clima é um fator decisivo na distribuição geográfica dos seres vivos. Ele influi no regime das águas correntes, na fertilidade dos solos e na própria origem e evolução das formas de relevo. A vegetação natural é uma espécie de síntese dos demais elementos, porque sempre reflete o relevo, o clima e o solo. Por exemplo: a) se o clima é árido, a vegetação é pobre e as plantas são adaptadas à aridez; b) se o clima é úmido, as plantas são exuberantes e a vegetação é rica; c) se o solo é pobre em sais minerais, as plantas são mais raras ou mais baixas. A vegetação natural é o elemento mais frágil da paisagem: em geral é o primeiro que o ser humano modifica quando ocupa um espaço. Com sua destruição, os animais típicos da paisagem também desaparecem. Hoje é muito raro encontrar, em qualquer parte da Terra, uma vegetação que não tenha sofrido interferência humana. No mundo inteiro existem apenas alguns restos de vegetação original, como na Amazônia. Em todo o planeta, podemos reconhecer basicamente sete biomas ou grandes conjuntos de ecossistemas. Veja no quadro a seguir as principais características de cada uma dessas formações florestais. Em grande parte, elas não existem mais, e, quando existem, ocupam espaços bem menores que suas regiões de origem. Formações vegetais da Terra Tundra. Vegetação rasteira das regiões de clima frio polar, surge no curto verão das regiões polares, em especial ao redor do pólo Norte. Nessa época, a temperatura um pouco menos fria descongela parcialmente o solo e permite o desenvolvimento de uma vegetação composta de musgos, liquens, capins e outras herbáceas. A fauna dessa paisagem é constituída por renas, ursos polares, lobos árticos e até pingüins (em especial na Antártida). Floresta boreal ou de coníferas. Também chamada taiga, é uma floresta do hemisfério norte, da parte norte da Europa, da Ásia e do Canadá. Formada de coníferas (árvores em forma de cone, como o pinheiro ou o abeto), a taiga tem pouca variedade de plantas. Suas árvores são ricas em celulose e muito exploradas por grandes produtores de papel, como Dinamarca, Canadá e Suécia. A fauna dessa paisagem é constituída por lobos, martas, linces, ursos, lebres, raposas e aves diversas. Florestas temperadas. Típicas dos climas temperados, nos dois hemisférios, são matas que perdem as folhas durante o outono e o inverno. As árvores comuns nessas florestas, que estão entre as mais devastadas do planeta, são o carvalho, as faias e as nogueiras. A fauna é formada por esquilos, lobos, raposas, répteis e aves diversas. Pradarias. Também chamadas de campos, são um exemplo de vegetação herbácea (de ervas) típica de climas temperados ou subtropicais. Os solos são férteis, ricos em matéria orgânica, porque os campos são formados por plantas que têm vida curta e fornecem grande quantidade de restos para serem decompostos. Os maiores cultivos de trigo do mundo encontram-se nas regiões de pradarias, onde também é muito comum a criação de gado. A fauna original das pradarias é composta de inúmeras aves (gaviões, corujas e outras), búfalos, antílopes, coiotes, etc. Savanas. São vegetações herbáceas e arbóreas (com árvores), típicas de clima tropical semi-úmido.Normalmente ocorrem entre áreas de florestas tropicais e desertos ou climas semi-áridos, na América do Sul,na Ásia e principalmente na África. No Brasil corresponde ao cerrado: vegetação que apresenta muitas gramíneas (gramas) e árvores baixas, retorcidas e espaçadas. Nas savanas africanas a fauna é composta de leões, rinocerontes, zebras, girafas, antílopes, etc.; na América do Sul, por animais como capivara, guará, tamanduá, anta, etc. Desertos. Constituem uma paisagem com características próprias: clima árido, solos arenosos ou pedregosos, vegetação rara, com plantas xerófilas e uma fauna específica (camelos, lagartos, cobras, ratos,etc.). No Brasil não existem desertos típicos, embora no Sertão nordestino, na área de clima semi-árido, exista uma formação vegetal chamada caatinga, uma transição entre as savanas e os desertos. Na caatinga existem inúmeras espécies de cactáceas (mandacaru, xiquexique) e outras plantas adaptadas à aridez (juazeiro, carnaúba, umbu, aroeira). Nessa área, apesar de irregulares,as chuvas são menos escassas que nos desertos. Isso faz essa vegetação adquirir durante alguns meses um aspecto mais verde,que lembra mais o cerrado do Brasil central. Florestas tropicais. Constituem a vegetação mais rica e diversificada do mundo, em especial quando situadas na zona equatorial. São matas fechadas que se desenvolvem em climas quentes e úmidos: equatorial e tropical úmido. Existem florestas tropicais: a) no norte e no leste da América do Sul (Amazônia e mata Atlântica); b) no golfo da Guiné e na bacia do Congo (África central e ocidental); c) no sudeste da Ásia (Indonésia, Malásia, Mianma, etc.). Por causa da abundante radiação solar e das chuvas, essas florestas são exuberantes, com plantas muito próximas umas das outras e de vários portes (arbóreas,herbáceas,cipós, etc.). A fauna é riquíssima de mamíferos (anta, macaco, tigre, na África e na Ásia), insetos, répteis, peixes e outros animais. O ser humano e a biosfera Principalmente nos dois últimos séculos a humanidade vem destruindo o meio natural. A modernização do planeta consistiu, entre outros fatores, na adoção de uma mentalidade segundo a qual a natureza é uma fonte de recursos que pode ser explorada à vontade em nome do progresso. Hoje sabemos que os componentes da biosfera- plantas, solo, água, recursos minerais, etc. – existem em quantidades limitadas e um dia vão acabar. Vários problemas decorrentes da ação humana - como o acúmulo de gás carbônico na atmosfera,o buraco na camada de ozônio, os desmatamentos - já causaram profundas mudanças na biosfera e ameaçam a sobrevivência da humanidade. Reverter essa situação exige uma nova atitude em relação à biosfera. É preciso desenvolver uma consciência que considere os elementos da natureza como aliados e não como inimigos ou meros recursos a serem explorados. Esse é o desafio para os próximos anos, não somente para os governos de todos os países, mas também para todos os cidadãos, ou seja, para todos nós. ATIVIDADES 1. Porque a biosfera é a esfera da vida do planeta Terra? 2. O que é ecossistema? 3. Explique o que é biodiversidade e qual é a sua importância. 4. Explique porque a vegetação original é o elemento mais frágil da paisagem natural ou ecossistema. 5. O que são biomas? 6. O que está acontecendo com as florestas tropicais originais do mundo? Dê exemplos. 7. Como os seres humanos vêm se comportando, nos últimos séculos, em relação à natureza? Quais as conseqüências desse comportamento?