seminário de Cultura Clássica por Ilson Bacellar Jr. - Bem

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CASA DO SINO - 2008
Seminário de Contextualização Histórica sobre a Grécia
Clássica
por Ilson Bacellar
apresentado em 15.12.2008
Grécia Antiga: O Período Clássico....................................................................................... 1
História............................................................................................................................... 1
Da tirania à democracia ................................................................................................. 1
As Guerras Persas e a Revolta Jônia ............................................................................ 2
A idade de ouro de Atenas............................................................................................. 2
As Guerras do Peloponeso ............................................................................................ 3
A ascensão da Macedônia............................................................................................. 3
Cultura ............................................................................................................................... 4
Literatura ........................................................................................................................ 4
Poesia:........................................................................................................................ 4
Teatro: ........................................................................................................................ 4
Tragédia:................................................................................................................. 4
Comédia:................................................................................................................. 6
Filosofia ............................................................................................................................. 7
Educação........................................................................................................................... 8
Arte .................................................................................................................................... 9
Escultura ........................................................................................................................ 9
Referências...................................................................................................................... 10
----------------------para citar este trabalho:
BACELLAR JR., Ilson. Seminário de Contextualização Histórica sobre a Grécia Clássica. Portal
Casa do Sino. Disponível em http://www.casadosino.com.br/modulo1/producao.html
Acesso: [data do acesso]
CASA DO SINO - 2008
Seminário de Contextualização Histórica sobre a Grécia
Clássica - por Ilson Bacellar Jr.
apresentado em 15.12.2008
GRÉCIA ANTIGA: O PERÍODO CLÁSSICO
de –510 (queda do último tirano, Hípias) a –323 (morte de Alexandre)
HISTÓRIA
O período clássico, no contexto das artes, arquitetura e cultura da Grécia Antiga,
corresponde à maior parte do século V e IV a. C., tendo como marcos mais comuns a queda do
último tirano ateniense em –510 e a morte de Alexandre em –323. É um período estudado
principalmente a partir da ótica ateniense, principalmente o século V, uma vez que Atenas nos
legou maior número de peças, narrativas e outros trabalhos escritos do que outros estados
gregos. Assim, pode-se eleger como primeiro evento significativo deste século a queda da tirania
ateniense e as reformas de Clístenes. Entretanto, uma visão mais ampla de todo o mundo grego
pode situar seu início em –500 com a revolta Jônia, evento que provocou a invasão Persa de –
492. Vejamos abaixo como se desenrolou a história desse período.
DA TIRANIA À DEMOCRACIA
Em Atenas, antes da tirania, a forma de governo era a aristocracia. Na verdade, por todo o
período clássico e posterior, na maioria das comunidades gregas (exceto em Esparta onde a
forma de governo era peculiar, e em Atenas) a forma característica de governo era a oligarquia
baseada na riqueza e no nascimento. Em Atenas, entretanto, ao longo do século IV surgiam
homens que se ressentiam de serem excluídos do poder e exploravam o descontentamento e o
poderio militar dos cidadãos para conquistar poder pessoal. Eram os túrannos (tiranos), palavra de
origem não-grega que não tinha necessariamente a conotação de crueldade ou opressão. As
relações entre as classes eram difíceis, os camponeses viam-se esmagados pelas dívidas, a
escravização era uma conseqüência possível, alguns proprietários ressentiam-se do pagamento
de um sexto de sua produção aos senhores. Em contrapartida, alguns tiranos tinham sido
preparados para impor a redistribuição das terras e o cancelamento das dívidas, o que fazia deles
uma opção atraente. Nesse contexto, surge, em –594/93, Sólon, que buscou mediar as relações
entre as oligarquias (eupátridas) e o povo, mas, por não satisfazer nenhuma das classes,
fracassou. Então, nobres começaram a lutar pelo direito à liderança da comunidade ateniense, e
Pisístrato, herói militar, ganha apoio e toma o poder em Atenas como tirano em –561/60. Foi
derrubado duas vezes e voltou ao poder em ambas, consolidando a tirania em Atenas até sua
morte. Fez Atenas florescer com grandiosos projetos de edificações, a bela cerâmica de figuras
negras das oficinas atenienses, os poetas, etc., o que fortalecia a crescente autoconfiança dos
atenienses.
Transmitiu o poder ao seu filho, Hípias, irmão de Hiparco. O tirano Hípias encontrou uma
crescente oposição da aristocracia, sendo seu irmão assassinado por dois amantes aristocratas,
Harmódio e Aristogíton. Hípias sobreviveu e sua tirania tornou-se ainda mais severa. Em –510,
aristocratas atenienses solicitaram ajuda das tropas espartanas para derrubar Hípias. Cleômenes
I, rei de Esparta, ativou uma oligarquia comandada por Iságoras, possivelmente esperando que
Atenas correspondesse regressando a uma forma aristocrática de governo que, naturalmente,
continuaria a demonstrar boa vontade com Esparta por causa de sua ação contra o tirano.
Entretanto, Clístenes, rival de Iságoras, com o apoio da classe média e ajudado pelos
democratas, conseguiu assumir o controle. Cleômenes interveio em –508 e –506, mas não pôde
parar Clístenes, agora apoiado pelos atenienses. Por meio de suas reformas, as pessoas criaram
instituições isonômicas (em que todos têm os mesmos direitos) e estabeleceram o ostracismo
(expulsão política e exilo por um período de 10 anos).
produção da CASA DO SINO - 2008
AS GUERRAS PERSAS (AKA GUERRAS MÉDICAS/MEDAS/GRECOPERSAS/GRECO-PÉRSICAS) E A REVOLTA JÔNIA
Enquanto os atenienses fortaleciam sua estrutura democrática, os persas, que já eram
senhores de grandes domínios no Oriente, avançaram em direção ao oeste. Sob o comando do
imperador Dario I, chegaram à Ásia Menor, onde atacaram Mileto, Éfeso e as ilhas de Samos e
Lesbos. Após algum tempo de submissão, essas regiões rebelaram-se, e Atenas enviou navios e
tropas em seu auxílio. Entretanto, esses esforços foram insuficientes, permitindo que os persas
destruíssem Mileto e iniciassem seu avanço sobre a Grécia.
A primeira expedição enviada por Dario I foi desbaratada em Maratona (-490), numa
batalha em que os gregos, apesar da inferioridade numérica, acabaram vitoriosos. Nos anos
seguintes, Atenas reforçou sua marinha e as cidades gregas puderam se preparar para enfrentar
os novos ataques persas. Entretanto, quando Xerxes, sucessor de Dario, deu início à segunda
investida contra o território grego, esteve muito próximo de estender seu domínio sobre toda a
Grécia. Após derrotar um exército espartano comandado por Leônidas, no desfiladeiro das
Termópilas, chegou a invadir e incendiar Atenas. Todavia, os persas acabaram por ver malograr
seus intentos com a derrota na batalha naval de Salamina. Sem suprimentos ou reforços, o
exército de Xerxes recuou para a Ásia Menor e foi derrotado na batalha de Platéias (-479) por
forças atenienses e espartanas, sob o comando de Pausânias e Aristides. A luta contra os
persas, porém, não estava encerrada.
Em meio à guerra, forjou-se a união militar das polis gregas, denominada Confederação
(ou Liga) de Delos. Cada cidade-estado deveria contribuir com navios ou dinheiro, a serem
depositados na ilha de Delos. Quase todos os Estados gregos do mar Egeu aliaram-se,
comandados por Atenas, que tomou definitivamente a ofensiva contra os persas, libertando
algumas províncias da Ásia Menor e vencendo a decisiva batalha do rio Eurimedon, em –468.
Finalmente, em –449, foi assinada a Paz de Calias ou Paz de Címon, pela qual os persas
comprometiam-se a abandonar o mar Egeu. O Mediterrâneo oriental ficava, assim, aberto à frota
ateniense, que, sem rivais, pôde expandir o comércio e o poderio de maior prosperidade.
Paralelamente a isso, as cidades gregas estavam militarmente fortalecidas.
A IDADE DE OURO DE ATENAS
O período compreendido entre os anos -461 e –429 é considerado a “idade de ouro” de
Atenas quando a cidade viveu o seu auge econômico, militar, político e cultural. Nesse período,
Atenas foi governada por Péricles, e nesses trinta anos tornou-se a cidade mais importante da
Grécia, graças às reformas implantadas tanto no nível político, aperfeiçoando a democracia,
quanto no nível cultural, produzindo-se obras primas, até hoje modelos de beleza.
Embora aristocrata de nascença, Péricles deu maior amplitude à democracia ateniense,
permitindo o ingresso e a participação política de parcelas da população antes excluídas.
Atenienses de baixa renda, envolvidos no trabalho constante para garantir a sobrevivência, não
podiam dedicar-se à participação política. Entre as reformas políticas estão a instituição dos
misthoy, soldo para os integrantes do exército, assim como uma pequena remuneração para as
funções e cargos públicos, o que possibilitou maior participação popular. Péricles retirou também
diversas restrições à cidadania, embora os cidadãos ainda constituíssem uma minoria.
Nessa época, Atenas possuía quarenta mil cidadãos que, somados às suas famílias,
completavam um total de 150 mil indivíduos. Os metecos (estrangeiros, filhos de não-nascidos em
Atenas) chegavam a cinqüenta mil e os escravos perto de 120 mil. Assim, de uma população
estimada de 320 mil pessoas, apenas quarenta mil participavam da democracia ateniense.
Péricles empenhou-se também na reconstrução e embelezamento de Atenas. Assim, entre
as grandes construções realizadas, destacaram-se o Parthenon – templo à deusa Atena –, o
Erectéion e novas muralhas defensivas em torno da cidade que crescia.
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AS GUERRAS DO PELOPONESO
Com o passar do tempo, o predomínio de Atenas na Liga de Delos transformou-se em
imperialismo: havia interferência ateniense política e sociedade dos demais aliados. Após
pressões, o tesouro de Delos foi transferido para Atenas; quando alguns Estados-membros
quiseram se retirar, Atenas obrigou-os a permanecer por meio da força, transformando-os de
aliados que eram em Estados que lhe pagavam tributos. Se Péricles era democrata em Atenas,
em relação aos outros Estados era imperialista. Em troca dessas imposições, oferecia-lhes
proteção contra invasões marítimas e vantagens comerciais.
Assim, o desenvolvimento e a manutenção da democracia ateniense dependia desse
imperialismo, do intenso comércio, dos tributos cobrados das outras polis, além da prata extraída
das minas do Láurio. Era com recursos vindos da dominação interna, com a escravidão, e dessa
dominação externa, como imperialismo, que os atenienses ostentavam o status de cidadãos e
garantiam o esplendor econômico e cultural do século de ouro.
As demais cidades-estados que haviam permanecido aristocráticas, representadas
especialmente por Esparta, opunham-se ao expansionismo ateniense, considerando-o um perigo
econômico e político. Assim, organizaram, sob liderança espartana, a sua própria liga – a Liga do
Peloponeso.
Diante desse quadro, qualquer incidente colocaria frente a frente os dois blocos rivais. Em
-431, as duas cidades rivais entraram em conflito frontal devido a uma disputa comercial entre
Atenas e Corinto, velha aliada de Esparta. Esta tinha grande poderio terrestre enquanto Atenas
dominava os mares. Esparta obteve vantagem logo no início, arrasando os campos da Ática e
obrigando seus habitantes a se refugiarem dentro das muralhas atenienses. A superpopulação
ajudou a propagar uma epidemia que atingiu, inclusive, Péricles. A partir daí, foi uma guerra de
desgaste: durante dez anos, os conflitos se estenderam sem que houvesse vitórias ou derrotas
decisivas. Em -421 foi assinada a Paz de Nícias, rompida por Atenas 7 anos depois, reiniciando
as lutas que só se encerram com a vitória espartana na batalha de Egos Potamos (-404). Atenas
foi obrigada a entregar seus navios, demolir suas fortificações e renunciar ao império.
Iniciou-se o período de hegemonia espartana, com a ascensão dos governos oligárquicos
e o fim da democracia ateniense. O sistema democrático até então vigente em Atenas foi
substituído por 30 atenienses aristocráticos (governo dos Trinta Tiranos), ocorrendo o mesmo em
outras cidades de sistema democrático. O imperialismo e a democracia atenienses, desta forma,
sucumbiram juntos, cabendo à Guerra do Peloponeso o papel de desfecho. Mas o domínio
espartano que se iniciou durou pouco tempo. Seus aliados logo se viraram contra ela devido a sua
política imperialista e logo os inimigos de Atenas de antes, Tebas e Corinto, tornaram-se seus
aliados. Argos, Tebas e Corinto e Atenas formaram a Segunda Liga Ateniense e lutaram contra
Esparta na Guerra de Corinto, que não foi decisiva. Tebas, localizada no estreito de Corinto,
projetava-se crescentemente como grande potência militar da Grécia, quando se iniciou a
hegemonia espartana. Graças à tática militar de dois excelentes generais, Epaminondas e
Pelópidas, os tebanos venceram a batalha da Leutras (-375) e iniciaram sua supremacia, que foi
também de curta duração.
Na prática, essas guerras constantes enfraqueceram os gregos e, a partir de meados do
século IV a. C., nenhuma das cidades tinha condições para se sobrepor às outras. Enquanto isso
ocorria, a Macedônia – ao norte da Grécia – expandia-se e fortalecia-se, tornando inevitável seu
avanço sobre a Grécia.
A ASCENSÃO DA MACEDÔNIA
A Macedônia é uma região isolada do mar, situada a nordeste da Grécia continental, cujos
habitantes, também descendentes dos povos indo-europeus e falantes de uma língua derivada do
grego, eram chamados por eles – os gregos – de bárbaros.
Enquanto as cidades gregas entravam em decadência, provocada pelas contínuas guerras
entre si, os macedônios, até então isolados, fortaleciam-se e iniciavam conquistas aos territórios
gregos vizinhos. Sob o reinado de Filipe II(-359 a -336), venceram a batalha de Queronéia em –
338, e foram dominando a Grécia, iniciando sua hegemonia.
Após o assassinato de Filipe, sucede-o Alexandre, que, tendo sido educado pelo sábio
grego Aristóteles, assimilou os valores da cultura grega. É impossível escrever uma biografia de
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Alexandre; seu caráter verdadeiro desapareceu inteiramente sob uma massa de mito e culto
prestado a heróis. O historiador só pode concentrar-se em suas campanhas.
Após sufocar revoltas internas e consolidar seu domínio sobre a região balcânica,
atravessou o Helesponto em -334 e iniciou seu avanço sobre o Oriente.
Na batalha de Granico, venceu os persas e conquistou a Ásia Menor. Estendeu seu
domínio, em seguida, sobre o Oriente Próximo, chegando até o Egito, onde fundou a primeira das
várias cidades com o nome de Alexandria. Continuando a avançar sobre o Império Persa, chegou
com suas tropas até as margens do rio Indo, na Índia.
Voltando de suas campanhas militares, iniciou a reorganização de seu exército e escolheu
a Babilônia como sede de seu império. Entretanto, morreu precocemente, aos 33 anos de idade (323), e seus sucessores não conseguiram manter a unidade do enorme império.
CULTURA
LITERATURA
POESIA:
A tradição literária ocidental tem como primeiras obras literárias registradas os poemas
épicos de Homero e Hesíodo. Entretanto, o gênero lírico se define como hoje a literatura ocidental
o conhece com poetas como poetas como Safo e Píndaro. Em Alexandria, durante o período
helenístico, 9 eram os poetas líricos (ou poetas mélicos) gregos canônicos estimados pelos
acadêmicos da época, que os consideravam dignos de estudo crítico. São eles:
[fig 1: Safo e Alceu competindo; Imagem de um vaso da
época.
Álcman de Esparta
Safo
Alceu de Mitilene
Anacreonte
Estesícoro
Íbico
Simónides de Ceos
Píndaro
Baquílides
TEATRO:
TRAGÉDIA:
A Grécia Clássica é considerada o momento de nascimento da verdadeira tragédia.
Tragédia (do grego antigo τραγῳδία, composto de τράγος "bode" e
ᾠδή "canto") é uma forma de drama, que se caracteriza por sua seriedade
e dignidade, freqüentemente envolvendo um conflito entre um personagem
e algum poder de instância maior, como a lei, os deuses, o destino ou a
sociedade.
Suas origens são obscuras, mas é certamente derivada da rica
poética e tradição religiosa da Grécia Antiga. Suas raízes podem ser
rastreadas mais especificamente nos ditirambos, os cantos e danças em
honra ao deus grego Dionísio (conhecido entre os romanos como Baco).
Dizia-se que estas apresentações etilizadas e extáticas foram criadas pelos
sátiros, seres meio bodes que cercavam Dionísio em suas orgias, e as
palavras gregas τράγος, tragos, (bode) e ᾠδή, odé, (canto) foram
combinadas na palavra tragoidia (algo como "canções dos bodes"), da qual
a palavra tragédia é derivada.
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Ésquilo (-525/-524 a -456/-455): Nascido em Elêusis (a 30km ao noroeste de Atenas), é o
primeiro dos Três Grandes Trágicos Gregos cujas peças sobreviveram, sendo os
demais Sófocles e Eurípides. É considerado o inventor do drama, por ter
introduzido o diálogo e a interação entre os personagens (que antes interagiam
somente com o coro), aumentando seu número de 1 para 2 para permitir conflito
entre eles. De suas estimadas 92 peças, somente 7 restaram. Ésquilo foi
influenciado pela invasão persa sofrida pela Grécia, chegando a participar da
vitória grega em Maratona. Era um iniciado nos Mistérios de Elêusis, tendo sido
julgado e absolvido de tê-los revelado. Assistiu à consolidação da democracia
ateniense, viajando posteriormente para Siracusa a convite do tirano Hiéron,
onde teria conhecido os místicos pitagóricos. Segundo a tradição, a sua morte
deu-se quando uma águia, confundindo a sua cabeça calva com uma pedra, deixou cair uma
tartaruga, com objetivo de partir a carapaça, matando Ésquilo.
OBRAS:
Os Persas (-472)
Sete Contra Tebas (-467)
As Suplicantes (-463)
Prometeu Acorrentado (-462 a -459) *autoria contestada
Trilogia Orestéia (ou Oréstia):
Agamêmnon (-458)
Coéforas (-458)
Eumênides (-458)
Sófocles (c. -496 a -406): Nascido em Colono (a 1km ao noroeste de Atenas, perto da
Academia de Platão, onde Édipo teria sido enterrado) na época do governo de
Péricles, apogeu da cultura helênica; era filho de um rico mercador/fabricante de
armaduras. É o segundo dos Três Trágicos Gregos. Escreveu 120 ou mais
peças, das quais só restam 7 completas, e também trabalhou como ator. Morreu
aos 90 anos, tendo visto o triunfo grego nas Guerras Persas e o massacre da
Guerra do Peloponeso. Era muito respeitado pelos atenienses. Suas peças
retratam personagens nobres e da realeza, mostrando dois tipos de sofrimento:
o decorrente de um excesso de paixão e o decorrente do destino. Reduziu a
importância do coro no teatro grego relegando-o ao papel de observador do
drama que se desenrola à sua frente. Também aperfeiçoou a cenografia e
aumentou o número de elementos do coro de 12 para 15.
OBRAS:
Ájax
Antígona
As Traquínias
Édipo Rei
Electra
Filoctetes
Édipo em Colono
Eurípides (c. -480 a -406): Segundo a lenda, nasceu no dia da maior
batalha naval das Guerras Persas. Há evidências de que sua família era rica e
influente. Viveu a maior parte da vida em Atenas. É o último dos Três Grandes
Trágicos e, para Aristóteles, “o mais trágico dos poetas”, sendo autor do maior
número de peças gregas que chegaram até nós: 18, no total. Estima-se que
tenha escrito 95 peças, embora 4 delas provavelmente tenham sido escritas por
Critias. Hoje, aceita-se que Rhesus, tida como a décima nona peça completa,
provavelmente não seja de sua autoria. Fragmentos da maioria das outras peças
também sobreviveram. Pouco se sabe de sua vida, mas parece ter sido austero
e pouco sociável. Chamado por alguns críticos de “filósofo do teatro”, estava
exposto a pensadores como Protágoras, Sócrates e Anaxágoras, sendo
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particularmente influenciado por este último e também pelo movimento sofístico. Em suas
tragédias, opta por contar a história dos vencidos, apresentado os mitos já conhecidos (que via
como conjuntos de histórias cuja função era perpetuar crenças sobre concepções primitivas)
sempre sob aspectos novos e instigantes, diferenciando-se de seus predecessores e rompendo
com características importantes para os gregos. Foi alvo de Aristófanes.
OBRAS:
• Alceste (438 BC, second prize)
• Medéia (431 BC, third prize)
• Os Heráclidas (c. 430 BC)
• Hipólito (428 BC, first prize)
• Andrômaca (c. 425 BC)
• Hécuba (c. 424 BC)
• As Suplicantes (c. 423 BC)
• Electra (c. 420 BC)
• Héracles (c. 416 BC)
• As Troianas (415 BC, second prize)
• Ifigênia em Táuris (c. 414 BC)
• Íon (c. 414 BC)
• Helena (412 BC)
• As Fenícias (c. 410 BC)
• Orestes (408 BC)
• As bacantes
• Ifigênia em Áulis (405 BC, posthumous, first prize)
• O Ciclope (drama satírico)
[figura: Atores caracterizados, com máscaras. Cena de vaso.]
COMÉDIA:
Não se sabe ainda qual a origem exata desse gênero cômico,
mas foi sem dúvida em Atenas que as condições políticas, econômicas e
sociais favoreceram seu pleno desenvolvimento. As representações
cômicas em Atenas começaram oficialmente nas Dionísias Urbanas de 486, porém cenas pintadas em vasos mostram que elas já existiam bem
antes disso. O mais antigo formato cômico de que temos notícia segura é
o da "Comédia Antiga" e a mais antiga comédia que chegou até nós, da
autoria de Aristófanes, data de -425. Conhecemos a Comédia Antiga,
desse modo, somente através de seus momentos finais, o período que
corresponde aproximadamente à Guerra do Peloponeso (-431/-404). A
Comédia Antiga se caracterizou pela sátira direta aos políticos do
momento, aos cidadãos proeminentes e às insituições da cidade. Eram
notáveis, ainda, os temas fantásticos e a caracterização extravagante do
coro. Havia também uma parte característica da representação, a
parábase, situada mais ou menos no meio da peça, quando o coro
suspendia parcialmente a ilusão dramática e se dirigia diretamente ao
público. Para nós, mais de 2.400 anos depois, a Comédia Antiga é
sinônimo de Aristófanes, o único poeta de quem temos comédias
completas. Suas duas últimas comédias, representadas entre -400 e -388, mostram já o
esgotamento do gênero: o coro desapareceu e há apenas vestígios da parábase. Essa fase,
conhecida entre os eruditos por "Comédia Intermediária", prenuncia o novo estilo cômico da
"Comédia Nova" helenística.
Aristófanes (c. -446 a c. -386): Nascido em Atenas, foi prolífico e muito aclamado, definiu
e deu forma à idéia de comédia como uma forma teatral. 11 de suas 40 peças chegaram até nós
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praticamente completas. Estas, juntamente com fragmentos de suas outras peças, são o único
exemplo real de que dispomos o gênero conhecido como Comédia Antiga e são, na verdade,
usados para definir o gênero. Também conhecido como o Pai da Comédia ou o
Príncipe da Comédia Antiga, Aristófanes é tido como o autor que recriou a
realidade ateniense mais convincentemente do que qualquer outro. Sua
capacidade de ridicularizar era temida e reconhecida por influentes
contemporâneos. Viveu toda a sua juventude sob o esplendor do Século de
Péricles e foi testemunha também o início do fim daquela grande Atenas. Viu o
início da Guerra do Peloponeso, que arruinou a hélade. Da mesma forma, viu
de perto o papel nocivo dos demagogos na destruição econômica, militar e
cultural de sua cidade-estado. À sua volta, à volta da acrópole de Atenas, florescia a sofística - a
arte da persuasão-, que subvertia os conceitos religiosos, políticos, sociais e culturais da sua
civilização. Conservador, revela hostilidade às inovações sociais e políticas e aos deuses e
homens responsáveis por elas. Seus heróis defendem o passado de Atenas, os valores
democráticos tradicionais, as virtudes cívicas e a solidariedade social. Violentamente satírico,
critica a pomposidade, a impostura, os desmandos e a corrupção na sociedade em que viveu. Seu
alvo são as personalidades influentes: políticos, poetas, filósofos e cientistas, velhos ou jovens,
ricos ou pobres.
OBRAS:
• Os acarnenses (-425)
• Os cavaleiros (-424)
• As nuvens (-423)
• As vespas (-422)
• A paz (-421)
• As aves (-414)
• Lisístrata (-411)
• As tesmoforiantes (-411)
• As rãs (-405)
• As mulheres na Assembléia (-392)
• Pluto (-388)
FILOSOFIA
No início do século V, coincidindo com a democracia ateniense e com o pensamento de
Heráclito, surgiu a Escola Sofista, que negava a existência de uma verdade absoluta e
buscava conhecimentos úteis para a vida, enfatizando a retórica e o uso da palavra. Entre os
sofistas, destacou-se Protágoras, o autor da frase “O homem é a medida de todas as coisas”.
Durante todo o século V a.C., a filosofia ocupou-se com o homem, especialmente com a
ética. Surgiu, então, a Escola Socrática, contrária aos sofistas. Sócrates defendia que a reflexão
e a virtude eram fundamentais à vida. Por criticar o Estado ateniense durante as Guerras do
Peloponeso, foi condenado à morte, tendo sido executado com cicuta (-399). A Escola Socrática
continuou com Platão, defensor da virtude, cultivada com ideais de bondade, beleza e justiça,
sendo fundada a Academia de Atenas. Outro expoente da Escola Socrática, Aristóteles,
conhecido como o “pai da lógica”, concentrou-se, ao contrário de Platão, no estudo das mutações
do mundo material: nascimento, transformação e destruição. Para ele, o real existia independente
das idéias, e para conhecê-lo era necessário desenvolver a lógica.
Foi Atenas, voltada para o comércio, indústria, marinha, letras e artes, o principal
eixo de desenvolvimento ou de ressonância da filosofia grega, contando com o forte espírito
especulativo de suas elites culturais e a abertura da cidade às influências externas. O
inexpressivo desenvolvimento de Esparta, ao contrário, deveu-se ao completo monitoramento
cultural realizado pelo Estado, buscando a formação de cidadãos fisicamente capacitados e fiéis
na manutenção da ordem vigente. A elite espartana, através do laconismo e da xenofobia,
dificultou ao máximo a penetração de idéias “perigosas” ou “nocivas” à estrutura espartana.
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EDUCAÇÃO
Paidéia, segundo Werner Jaeger, era o "processo de educação em
sua forma verdadeira, a forma natural e genuinamente humana" na Grécia
antiga. Inicialmente, a palavra paidéia (de paidos - criança) significava
simplesmente "criação de meninos". Mas, como veremos, este significado
inicial da palavra está muito longe do elevado sentido que mais tarde
adquiriu.
O termo também significa a própria cultura construída a partir da
educação. Era o ideal que os gregos cultivavam do mundo, para si e para
sua juventude. Uma vez que o governo próprio era muito valorizado pelos
gregos, a Paidéia combinava ethos (hábitos) que o fizessem ser digno e
bom tanto como governado quanto como governante. O objetivo não era
ensinar ofícios, mas sim treinar a liberdade e nobreza. Paidéia também
pode ser encarada como o legado deixado de uma geração para outra na
sociedade.
Um pedagogo - um escravo, na época - conduzia o jovem, com sua
lanterna ilumina(dor)a, até aos centros ou assembléias, onde ocorriam as discussões que
envolviam pensamentos críticos, criativos, resgates de cultura, valorização da experiência dos
anciãos etc.
Supõe-se que, no processo sócio-histórico, esse mesmo pedagogo libertou-se, talvez de
tanto dialogar nos acompanhamentos do jovem até as assembléias, tornando-se um personagem
da paidéia, e seu consuma(dor).
Mas, se até então o objetivo fundamental da educação era a formação aristocrática do
homem individual como Kalos agathos ("Belo e Bom"), a partir do século V a. C., exige-se algo
mais da educação. Para além de formar o homem, a educação deve ainda formar o cidadão. A
antiga educação, baseada na ginástica, na música e na gramática deixa de ser suficiente.
É então que o ideal educativo grego aparece como paidéia, formação geral que tem por
tarefa construir o homem como homem e como cidadão. Platão define paidéia da seguinte forma
"(...) a essência de toda a verdadeira educação ou paidéia é a que dá ao homem o desejo e a
ânsia de se tornar um cidadão perfeito e o ensina a mandar e a obedecer, tendo a justiça como
fundamento" (cit. in Jaeger, 1995: 147)
Do significado original da palavra paidéia como criação de meninos, o conceito alarga-se
para, no século IV a.C., adquirir a forma cristalizada e definitiva com que foi consagrado como
ideal educativo da Grécia clássica.
Como diz Jaeger (1995), os gregos deram o nome de paidéia a "todas as formas e
criações espirituais e ao tesouro completo da sua tradição, tal como nós o designamos por
Bildung ou pela palavra latina, cultura." Daí que, para traduzir o termo paidéia "não se possa evitar
o emprego de expressões modernas como civilização, tradição, literatura, ou educação; nenhuma
delas coincidindo, porém, com o que os gregos entendiam por paidéia. Cada um daqueles termos
se limita a exprimir um aspecto daquele conceito global. Para abranger o campo total do conceito
grego, teríamos de empregá-los todos de uma só vez." (Jaeger, 1995: 1).
Na sua abrangência, o conceito de paideia não designa unicamente a técnica própria para,
desde cedo, preparar a criança para a vida adulta. A ampliação do conceito fez com que ele
passasse também a designar o resultado do processo educativo que se prolonga por toda vida,
muito para além dos anos escolares.
A paidéia, vem por isso a significar "cultura entendida no sentido perfectivo que a palavra
tem hoje entre nós: o estado de um espírito plenamente desenvolvido, tendo desabrochado todas
as suas virtualidades, o do homem tornado verdadeiramente homem".
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produção da CASA DO SINO - 2008
ARTE
ESCULTURA
No período clássico houve uma revolução na escultura grega, normalmente associada à
democracia e ao fim da cultura aristocrática associada aos kouroi. Este
período observou mudanças no estilo e na função da escultura. As poses
tornaram-se mais naturais e a habilidade técnica dos escultores em
retratar a forma humana em várias posições aumentou bastante. A partir
de cerca de –500, as estátuas passaram a retratar pessoas reais. As
estátuas de Harmódio e Aristogíton feitas em Atenas para marcar a
queda da tirania são tidas como os primeiros monumentos públicos a
pessoas reais.
A escultura funerária evoluiu da rigidez e impessoalidade do
kouros do período arcaico para os grupos familiares altamente pessoais
do período clássico. Esses monumentos, geralmente encontrados nos
subúrbios de Atenas, que em tempos antigos eram cemitérios na
periferia da cidade, passaram progressivamente a retratar pessoas reais,
estando entre os restos mais íntimos e afetivos dos gregos antigos.
No período clássico, pela primeira vez se passou a conhecer os
nomes de escultores individuais. Fídias supervisionou o desenho e a
construção do Parthenon. Praxiteles tornou o nu feminino mais
respeitável pela primeira vez no período clássico tardio (meados do séc.
IV).
[figura: Kouros Anavyssos, c. –530. Período arcaico.]
As grandes obras do
período clássico, a estátua de
Zeus em Olímpia e a estátua de
Atena Parthenos (virgem, em grego) estão perdidas,
embora cópias menores, em outros materiais, e boas
descrições de ambas ainda existam. Seu tamanho e
magnitude fizeram com que imperadores as tomassem
no período bizantino, e ambas foram removidas para
Constantinopla, onde foram posteriormente destruídas
com fogo.
[fig. Harmódio e Aristogíton, cópia romana o séc
V]
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produção da CASA DO SINO - 2008
REFERÊNCIAS
Wikipedia: Artigos sobre história, cultura e literatura do período clássico, nas línguas inglesa e
portuguesa;
Encyclopaedia Britannica 2004 Deluxe Edition CD: Artigos sobre história, cultura e literatura
gregas;
Portal Graecia Antiqua: http://greciantiga.org/ ;
VICENTINO, Cláudio. História Geral: volume único: ensino médio. São Paulo, Scipione, 2000.
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