Desafios no Ensino de Geografia: educação popular e a

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Desafios no Ensino de Geografia: educação popular e a formação de conceitos básicos
Educação
Anderson Monteiro Sopelsa – Acadêmico de Geografia/autor – [email protected]
Aline Weber Sulzbacher – Acadêmica de Geografia/autora – [email protected]
Cesar De David – Prof. Adj. Depto de Geociências – Orientador
Universidade Federal de Santa Maria - UFSM
Ensino de Geografia – Recursos Didáticos – Escola Itinerante do MST
Resumo
O ensino de geografia, nas escolas convencionais, muitas vezes não proporciona a formação
consciência crítica. A carência de recursos didáticos, falta de infra-estrutura adequada e
deficiência na formação de professores contribui ainda mais para o descaso com o ensino, que
deveria estar profundamente pautado na formação do cidadão. Na superação educação
antidialógica e bancária, surgem alternativas que apontam para a (re)valorização da educação
do campo e da formação voltada para o ser humano, entendo a educação como um
instrumento capaz de libertar a classe trabalhadora desse estado de exploração a que está
submetida. Desta forma, a Escola Itinerante do MST vem apontando alternativas que atendem
aos interesses das classes populares, concebendo a educação enquanto prática libertadora. Em
consonância com estas alternativas, as instituições públicas têm o dever de buscar o diálogo e
a troca de saberes. Neste artigo atenta-se para as vivências, práticas e reflexões educacionais,
no contexto da Escola Itinerante do MST e as possibilidades de construção de instrumentos
didáticos para o ensino de geografia. Assim sendo, o ensino de geografia precisa buscar na
troca de saberes o caminho para a formação do sujeito social transformador do mundo – o
cidadão. Uma vez consciente disso, o professor de geografia, enquanto educador
problematizador contribui para a formação integral do educando que ocorre justamente pela
sua defrontação com o mundo, com a realidade concreta, o cotidiano, no exercício contínuo
da práxis – ação/reflexão. Neste processo, faz-se necessário a construção de conceitos básicos
no processo de ensino-aprendizagem, pois estes lançam os elementos e o instrumental teórico
indispensável para a compreensão da realidade, suas formas de representação e o jogo de
interesses implícitos na produção do espaço geográfico.
Introdução e objetivos
O ensino de geografia, nas escolas convencionais, geralmente não está vinculado com a
tomada de consciência crítica para o “descobrir-se em uma totalidade”. A carência de recursos
didáticos, falta de infra-estrutura adequada e deficiência na formação de professores contribui
ainda mais para o descaso com o ensino, que deveria estar profundamente pautado na
formação do cidadão.
A educação enquanto prática libertadora deve contribuir para superar o conhecimento
empírico. Este processo, para Freire (2002, p. 34) ocorre através do
aprofundamento da tomada de consciência que precisa desdobrar-se na ação
transformadora da realidade (...) o descobrir-se em uma totalidade, em uma
estrutura, e não ‘preso’ ou ‘aderido’ a ela ou às partes que a constituem
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Na busca por alternativas, surgem movimentos sociais que compreendem a educação como
um processo de formação integral, de humanização do sujeito que aprende, com esse intuito
nasce a Escola Itinerante do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Esta
tem como base a construção de uma educação popular enquanto prática libertadora,
constituindo-se como uma alternativa para garantir acesso à educação às pessoas acampadas.
Por conseguinte, o MST defende a construção de um novo paradigma educacional centrado
em duas concepções de construção complexa, mas ao mesmo tempo intrínsecas: a necessária
(re)valorização do espaço rural mediado pela educação e a formação centrada no
desenvolvimento do ser humano. Entendendo, desta forma a educação como um instrumento
capaz de libertar a classe trabalhadora do estado de exploração a que está submetida.
Em vista deste processo, faz-se de fundamental importância o diálogo das instituições
públicas para com os movimentos sociais, e neste caso com o MST. Através de projetos de
extensão pode-se contribuir e estimular, práticas e reflexões, em vista da
construção/viabilização de alternativas pautadas na troca de saberes em busca da educação
popular e da transformação do mundo.
A conexão, através do diálogo e da troca de saberes, são práticas que vem sendo arquitetadas
pelo projeto Construção de Instrumentos Didáticos para Alfabetização Geográfica:
Formação de Conceitos Básico. Este, busca contribuir na formação de conceitos básicos em
geografia através do desenvolvimento de instrumentos didáticos (principalmente lúdicos) em
classes de Educação Infantil e do Ensino Fundamental em realidades educacionais
diferenciadas.
Neste artigo atenta-se para as vivências, práticas e reflexões educacionais, no contexto da
Escola Itinerante do MST, relativos ao projeto e as respectivas possibilidades de construção
de instrumentos didáticos para o ensino de geografia.
Assim, esse projeto além de contribuir no processo de constituição do ensino alternativo,
através da construção de práticas de ensino, proporciona também espaços de debates
permanentes com os educadores, dando sustentação e visibilidade às iniciativas da Escola
Itinerante do MST. Esta atende a um grande número de crianças em idade escolar e de adultos
(não alfabetizados), acampados às margens das rodovias no Estado do Rio Grande do Sul,
possibilitando a necessária construção de um paradigma educacional fundado no
desenvolvimento do ser humano.
Diante deste contexto a Geografia insere-se na perspectiva de dar conta de como fazer a
leitura do mundo, incorporando o estudo do território como fundamental para que possa
entender as relações que ocorrem entre os homens, estruturadas em um determinado tempo e
espaço (Callai, 1999).
Além do estudo do território, é de suma relevância recorrer à importância da Geografia e da
Educação Popular. A primeira, enquanto ciência apresenta contribuições importantes à
compreensão do processo de produção do espaço, no qual os recursos são desigualmente
distribuídos, problematizando as causas da pobreza e suas relações. A educação popular busca
a problematização do homem na sua relação com o mundo e com os outros, possibilitando
que este aprofunde a tomada de consciência da realidade na qual e com a qual estão inseridos
(Paulo Freire, 2002).
Ao defrontar-se com uma Geografia escolar tradicional e que, muitas vezes, não atinge seu
objetivo maior – a formação de sujeitos sociais – cabe refletir sobre o processo histórico de
construção desta Ciência, que firma-se enquanto disciplina inicialmente na Alemanha. De
acordo com Pereira (1999, p. 39) “país que ainda não consumou a unificação do seu território
sob a forma de Estado Moderno, é que se torna a pioneira na introdução da geografia como
disciplina integrante do currículo escolar e universitário”. Portanto, Moraes (1995, p. 42)
aponta que “o eixo principal da elaboração geográfica, no século XIX, estará sediada neste
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país (...) aparecem os primeiros institutos e as primeiras cátedras dedicadas a esta disciplina”,
a partir dos estudiosos Alexander Von Humboldt e de Karl Ritter.
As interligações entre a escola e a geografia situam-se num contexto onde há diferentes
interesses políticos, econômicos e sociais em jogo. Pereira (1999, p. 39) salienta que “o
ensino de geografia, ao ser introduzido nas escolas, já surge comprometido não apenas com a
formação do Estado nacional, mas também com o capitalismo ascendente (...)”.
O ensino de geografia na contemporaneidade, ainda traz resquícios deste período, sendo
muitas vezes reproduzido em larga escala não atendendo aos interesses das classes populares
que lutam em prol de uma educação libertadora. Constitui-se, uma concepção
‘assistencialista’ da educação que ‘anestesia’ os educandos e os deixa, por isso mesmo, acríticos e ingênuos diante do mundo (Freire, 2002, p. 81).
Para tanto, na geografia comprometida com a transformação do mundo, não cabe a
transferência de conhecimento através da mera listagem de conteúdos e da memorização.
Estes consolidam o equívoco gnosiológico apontado por Paulo Freire na concepção de
extensão – uma relação antidialógica, desconectada da reflexão da realidade e não
comprometida com a formação do cidadão.
Os Parâmetros Curriculares Nacionais (1998, p. 29) acerca da formação de cidadãos e o
ensino de geografia, ressaltam que:
O ensino de Geografia pode e deve ter como objetivo mostrar ao aluno que
cidadania também é o sentimento de pertencer a uma realidade em que as relações
entre a sociedade e a natureza formam um todo integrado (constantemente em
transformação) do qual ele faz parte e que, portanto, precisa conhecer e do qual se
sinta membro participante, afetivamente ligado, responsável e comprometido
historicamente com os valores humanísticos.
O ensino de geografia precisa constitui o caminho para a formação do sujeito social
transformador do mundo – o cidadão. O que se percebe frequentemente é uma prática
desvinculada da realidade social do educando, sem problematizar o mundo, descumprindo o
papel do educador que, de acordo com Freire (2002, p. 81):
é a de problematizar aos educandos o conteúdo que os mediatiza, e não a de
dissertar sobre ele, de dá-lo, de estendê-lo, de entregá-lo, como se se tratasse de algo
já feito, elaborado, acabado, terminado.
Portanto, percebe-se que o trabalho de ‘extensão’ contribuiu de forma substancial na reflexão
acerca destes valores implícitos na formação do professor geógrafo. O debate no ambiente
universitário, contribui para o processo dialético da construção de uma educação popular.
Para Freire (2002, p. 79) “na educação que seja verdadeiramente uma situação gnosiológica,
não há, para o educador, um momento em que, sozinho, em sua biblioteca (...) conheceu...”,
ou seja, não há possibilidade de aprender sozinho e de forma isolada. Precisa-se estar em
constante diálogo, na troca de saberes e no conhecer a realidade do outro.
Metodologia
Os procedimentos metodológicos do projeto estão sendo desenvolvidos a partir de
levantamento bibliográfico que contemple o tema da pesquisa e contribua no enriquecimento
de alternativas de ensino e na construção de recursos didáticos. Concomitantemente, realizamse trabalhos com a Escola Itinerante do MST localizada no município de Tupanciretã onde
foram desenvolvidas as atividades previamente planejadas – buscando integrar educandos e
educadores através das dinâmicas pedagógicas e jogos didáticos. Além disso, há um constante
acompanhamento dos educadores para refletir acerca de suas carências e contribuir através da
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construção de oficinas que são elaboradas no Grupo de Pesquisa em Educação e Território
(GPET)
Resultados e discussão
De acordo com Oliveira 1989 (p. 137) “a grande maioria dos professores da rede de ensino
convencional sabe muito bem que o ensino atual da geografia não satisfaz nem ao aluno e
nem ao professor.” Onde a construção do conhecimento é alicerçada pelo livro didático
mesmo que este apresente problemas. “É neste material, sem qualidade aferida ou ratificada
pelos círculos acadêmicos das universidades e pelos professores da rede oficial, que se tem
transformado no definidor da geografia que se ensina”.
A construção do conhecimento do educando precisa estar alicerçada no cotidiano: nas
relações sociais que estabelece. Uma vez consciente disso, o professor de geografia, enquanto
educador problematizador contribui para a tomada de consciência – a conscientização – que
ocorre justamente pela defrontação com o mundo, com a realidade concreta no exercício
contínuo da práxis – ação/reflexão.
A defrontação com o mundo acontece aos poucos. Para isso, faz-se necessário a construção
de conceitos básicos no processo de ensino-aprendizagem, pois estes lançam os elementos e o
instrumental teórico indispensável na compreensão da realidade, suas formas de representação
e o jogo de interesses implícitos na organização do espaço geográfico.
Ao alicerçar-se no espaço cotidiano dos educandos o processo de ensino-aprendizagem
utiliza-se de uma base concreta, ou seja, um espaço conhecido e experimentado pelo
educando, contribuindo para que o ensino de geografia supere a abstração descontextualizada.
Esta constatação fundamenta-se no pressuposto de que a educação é um processo construtivo,
que envolve o aluno e seu meio de ação, ou seja, o seu lugar. Este lugar é real, palpável,
passível de observação direta, tornando-se assim um enorme e inesgotável recurso didático.
Desta maneira, Callai (1988, p.72) reitera que “ao permitir e criar as condições a que ele
trabalhe com sua realidade próxima, o aluno estará conhecendo, de modo mais sistemático, o
lugar em que vive e construindo os conceitos necessários tanto para a aprendizagem futura
quanto como para sua vida”.
O reconhecimento da realidade na qual se está inserido é fundamental para o processo
educacional. Neste sentido, as práticas de ensino desenvolvidas na escola devem estar em
consonância com a realidade vivida pelos educandos, pois só reconhecendo o seu espaço e
pensando-o criticamente é que estes serão capazes de agir conscientemente na superação dos
problemas e na construção de uma nova realidade. Assim, a educação cumprirá seu papel na
formação de sujeitos sociais, conscientes de suas práticas e seu papel na sociedade.
Conforme o exposto acima, a geografia mostra-se como uma ciência fundamental na
construção desta consciência espacial, ou seja, ela viabiliza o reconhecimento do educando
como sujeito de seu espaço. Neste sentido, Souza (2001, p.33) salienta que:
[...] ao procurar um sentido para a escola e para o ensino de Geografia, o fazemos
partindo do pressuposto de que a escola e, conseqüentemente, o ensino de Geografia
podem se tornar elementos importantes para o entendimento da realidade da
clientela escolar e também para propiciar-lhes acesso a uma forma de pensar e
entender própria da escola e da sociedade como um todo, que por meio de
conhecimentos científicos construídos e acumulados pela humanidade.
A realidade educacional das Escolas Itinerantes do MST demanda uma educação
diferenciada. Esta educação, como já foi salientado, deve levar em conta a realidade na qual
está inserida, utilizando-se das simbologias do Movimento, do espaço diferenciado que é o
Acampamento, enfim, dos elementos que compõem a identidade do sujeito social Sem Terra.
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Desta maneira, a educação cumprirá seu papel dentro do Movimento, formando sujeitos
conscientes de sua função na sociedade.
Desta forma, após o esclarecimento do papel basilar da educação em nossa sociedade,
adaptada as diferentes realidades e contextos sociais, busca-se facilitar, ou mesmo viabilizar, a
construção dos referidos conceitos básicos à geografia através do uso de instrumentos
didáticos. Portanto, a produção de instrumentos didáticos a serem utilizados nas Escolas
Itinerantes do MST deve partir do conhecimento da realidade dos acampamentos, e de suas
demandas, para só assim chegar-se a melhor forma de acessibilizar os conhecimentos
científicos produzidos e acumulados pela humanidade.
Partindo do pressuposto colocado acima, a produção dos instrumentos didáticos foi pensada
de forma a realmente estar integrada a realidade e as demandas dos acampamentos. Desta
maneira, chegou-se a conclusão de que não poderíamos apenas produzir e levar os recursos
até os acampamentos, mas deveríamos vivenciar o acampamento, pois só assim teríamos um
verdadeiro contato com o espaço estudado.
O estágio de vivência, junto a um Acampamento do MST, tornou-se assim fundamental para
o desenvolvimento do trabalho. Desta maneira, durante quatro dias os integrantes do projeto
vivenciaram o dia-a-dia de um acampamento, trocando experiência com os educadores,
participando de reuniões e discutindo as melhores formas de se construir recursos didáticos
para este espaço de aprendizado tão peculiar. Posteriormente, foram realizadas atividades
junto ao Acampamento, que também proporcionou experiências muito significativas ao
grupo.
Na primeira Escola Itinerante observou o desdobramento do processo de ensino, que consiste
basicamente no desenvolvimento de temas assunto, que se multiplicam em diversas questões
que são abordadas durante uma semana de aula, contemplando diversos áreas do saber. Nestas
escolas não há divisão de disciplinas, pois o ensino é globalizante e calcado na
interdisciplinaridade. Um fato relevante exposto pela educadora é a escolha do tema assunto
semanal, que vai ao encontro dos anseios não só dos integrantes da escola, mas também da
comunidade em geral. Esta constatação reforça o que foi anteriormente exposto: a educação,
para cumprir seu papel humanizador, deve estar em consonância com a realidade.
Outro fato observado na primeira Escola Itinerante visitada foi a forma como as educadoras
utilizavam o espaço do Acampamento. Em uma das aulas que participamos, as crianças foram
convidadas a passear pelo Acampamento, relatando o que viam. Primeiramente a turma se
retirou do acampamento e os educandos descreviam o que e como enxergavam o
acampamento de fora. Neste passeio as educadoras ressaltaram os limites, como cercas,
estradas e rios, denotando uma boa forma de se construir conceitos como espaço e território;
as formas e funções dos espaços do acampamento, conseguindo conciliar à comunidade e seu
espaço ao processo de ensino-aprendizagem. Esta aula foi muito gratificante e desconstruiu
muitos dos mitos que versam sobre carência material na educação. A criatividade, neste caso,
impôs-se, permitindo uma excelente demonstração de estudo do lugar.
Na outra Escola Itinerante nos detemos a dialogar com os educadores. Nesta, diferentemente
da anterior, podemos notar um distanciamento das questões que envolvem a geografia do
lugar. Contudo, ao relatar alguns meio de trabalhar o lugar em sala de aula os educadores
mostraram-se interessados em contribuir na construção de instrumentos didáticos que
abordem esta realidade e auxiliem no processo educacional. Desta forma, ao serem
questionados sobre quais recursos seriam mais necessários para o ensino da geografia, os
educadores sinalizaram para a necessidade de se construírem instrumentos que auxiliem no
trabalho com o espaço geográfico, como mapas e maquetes.
Após essas experiências junto aos Acampamentos e diálogos com os educadores optou-se por
concentrar a construção de recursos didáticos no estudo do lugar do espaço e do território, e
também representação espacial, como mapas e maquetes. Esta escolha deve-se a importância
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do estudo da realidade local, pois esta é fundamental para a compreensão do espaço em suas
diversas escalas e também pela carência material apresentada pelas escolas.
Conclusões
Diante deste contexto, observa-se que os acampamentos fazem parte de um processo de
construção de uma educação popular fundamentada pela teoria freiriana. Através de práticas
educacionais diferenciadas, os educadores e as comunidades acampadas buscam superar os
obstáculos colocados pela carência material.
Para compreender esse processo faz-se necessária uma formação comprometida com as
classes populares: um profissional disposto a buscar a superação do atual paradigma
educacional.
Pretende-se que o aluno-leitor consciente da organização do espaço e de sua representação –
torne-se um ser autônomo, crítico e engendre possibilidades de organização do espaço, porque
questiona a organização existente e concebe-a como produzida pela própria sociedade,
portanto, passível de reconstrução (Passini, 1994). Na realidade educacional em destaque
percebe-se a importância da leitura do acampamento enquanto um território de luta social,
demarcado profundamente pela simbologia que está implícita a este movimento social.
Além disso, faz-se necessário estar convictos de que o “conhecimento não se estende do que
se julga sabedor até aqueles que se julga não saberem; o conhecimento se constitui nas
relações homem-mundo, relações de transformação, e se aperfeiçoa na problematização
crítica destas relações” (Freire, 2002 p. 36).
E neste sentido, a representação do espaço geográfico é muito importante para que os alunos
compreendam fenômenos e processos históricos e sociais. Assim, o professor de geografia
tem um papel fundamental, enquanto mediador e problematizador, estimulando o educando a
realizar a sua leitura do mundo e traçar suas formas de intervenção, contribuindo de forma
significativa para a sua autonomia.
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