DESENVOLVIMENTO DE UM ELETROCARDIOGRAMA SEM FIO Giovana Ramos Cardoso Felipe Cavalaro Universidade São Francisco [email protected] Resumo: De acordo com as informações da Organização Mundial de Saúde, 140 mil pessoas morrem anualmente no Brasil devido às doenças do coração e cerca de 90% dessas mortes poderiam ser evitadas com um diagnóstico básico como o eletrocardiograma, seguido de tratamento e um acompanhamento médico. O eletrocardiograma é um exame que avalia a atividade do músculo cardíaco e detecta possíveis alterações e distúrbios que possam comprometer a prática regular de determinadas atividades físicas. Podendo prevenir ataque do coração, falta de fluxo sanguíneo no músculo cardíaco, batimento irregular do coração e falta de força no bombeamento do coração. Com isso, este projeto tem o objetivo de desenvolver eletrocardiograma sem fio. Para efetuar esse projeto será desenvolvida uma placa que captura os sinais biológicos e os dados coletados serão enviados via bluetooth para um computador que mostra as informações para o médico. Até o momento foi criado os circuitos separados, ou seja, o monitor cardíaco e a circuito de comunicação, nos próximas etapas serão agrupados formando uma única placa. Com isso, com a conclusão do projeto em desenvolvimento espera-se tornar uma grande ferramenta médica, onde pode evitar diversos óbitos ou até sequelas provocadas por doenças cardíacas. Palavras-Chave: eletrocardiograma, arduino, ECG. Apoio financeiro: sem apoio Bolsista de Iniciação Científica: Voluntário PROBAIC/USF Introdução De acordo com as informações da Organização Mundial de Saúde, 140 mil pessoas morrem anualmente no Brasil devido às doenças do coração e cerca de 90% dessas mortes poderiam ser evitadas com um diagnóstico básico como o eletrocardiograma, seguido de tratamento e um acompanhamento médico. A avaliação cardiológica a cada ano, acompanhada de um eletrocardiograma bem interpretado, de pacientes acima de 40 anos com história familiar de doença do coração ou fatores de risco importantes, pode prevenir os eventos fatais (GOMES; LONCAROVICH, 2011). A Medicina usa o termo sinal para indicar quaisquer mudanças patológicas de natureza fisiológica ou morfológica. Na engenharia define-se como sinal qualquer evento que carregue informação e é nessa direção que os sinais biológicos passaram a ser definidos, mais especificadamente o termo sinal biológico se refere às alterações temporais que ocorrem em alguma forma de energia no corpo humano, como resultado de seu funcionamento. O organismo emite sinais das mais variadas naturezas, entretanto, somente alguns têm um valor diagnóstico. Alguns sinais variam no tempo de forma lenta e algumas de forma muito rápida. E a energia física envolvida em um sinal biológico pode ser de natureza elétrica ou não elétrica. O eletrocardiograma é um exame que avalia a atividade do músculo cardíaco e detecta possíveis alterações e distúrbios que possam comprometer a prática regular de determinadas atividades físicas. Podendo prevenir ataque do coração, falta de fluxo sanguíneo no músculo cardíaco, batimento irregular do coração e falta de força no bombeamento do coração. Pode também revelar músculo cardíaco muito grosso ou partes do coração muito grandes, defeitos de nascença no coração e doença nas válvulas cardíacas. Um eletrocardiograma deve ser realizado em repouso ou em esforço porque uma pessoa quando submetida ao esforço pode apresentar alterações significativas onde em repouso não apresentaria. O eletrocardiograma funciona da seguinte forma, são enviados sinais elétricos para fazer o músculo cardíaco contrair, quando o coração contrai, bombeia sangue para o resto do corpo, com esse princípio é possível mostra a rapidez das batidas do coração e seu ritmo. Ele ainda registra a força e ritmo dos sinais elétricos à medida que eles passam por cada parte do coração. Os registros do eletrocardiograma podem ajudar os médicos a diagnosticarem um ataque cardíaco que está acontecendo ou que ocorreu no passado. O eletrocardiograma é um exame de diagnóstico mais utilizado na prática cardiológica por ser seguro, de baixo custo, eficaz, indolor, não invasivo, reprodutível e de fácil manuseio quando comparado a outros métodos. Entre as tecnologias utilizadas atualmente estão crescendo o uso dos dispositivos médicos leves e móveis. Essa tecnologia que proporciona uma melhor qualidade de vida e a humanização do atendimento aos pacientes, reduzindo risco de infecção hospitalar e a diminuição dos custos relacionados ao atendimento. Outra vantagem é a ampliação do número de vagas nos hospitais, já que a internação para investigação diagnóstica ou tratamento de doenças crônicas deixa de serem necessárias, assim as vagas podem ser reservadas para casos de alta complexidade. Com isso, o objetivo deste projeto é desenvolver um equipamento que efetue a aquisição do sinal biológico, especificamente um eletrocardiograma que utilize a tecnologia sem fio, proporcionando mais mobilidade para o paciente efetuar o exame. Método Foi pesquisado o processo de aquisição de sinais biológicos e de acordo com Rocha et. al (2016), a construção de um sinal digital a partir de um sinal analógico é constituída de três passos distintos: a transdução/captação, o condicionamento e a digitalização. O primeiro passo é a captação do sinal e a transdução para a forma elétrica. Depois é necessário condicionar o sinal transduzido para um formato adequado para a digitalização. No processo de condicionamento do sinal, geralmente são implementadas operações como amplificação e filtragem analógica do sinal. Finalmente, o sinal é digitalizado por meio de uma interface analógico/digital e o resultado é uma sequência de amostras que são armazenadas em uma memória para processamento posterior. A digitalização é subdividida em duas etapas: a discretização temporal, denominada “amostragem”, e a discretização de amplitude, denominada “quantização”. O sinal digital é representado por um conjunto de amostras quantizadas onde cada amostra é constituída por uma palavra digital, que é um número correspondente à amplitude do sinal. A palavra digital é discriminada em termos de bytes. É comum digitalizar sinais eletrofisiológicos com comprimento de palavra digital de dois bytes por cada amostra. A Figura 1 mostra graficamente como pode ser visualizado um sinal digital e compara esta representação com a analógica. Observe que a representação discreta no tempo (digital) é entendida pelo processador de sinais como se fosse uma sequência de números inteiros armazenados sequencialmente em uma memória. Dessa forma, foi feito teste de um circuito simples contendo um amplificado operacional, que segundo AMORIM (2010) o Amplificador Operacional (AOP) é um amplificador multiestágio com entrada diferencial cujas características se aproximam das de um amplificador ideal. As características de um amplificador operacional são: impedância de entrada infinita; impedância de saída nula; ganho de tensão infinito; resposta de frequência infinita e insensibilidade à temperatura. AMORIM (2010) complementa que basicamente o amplificador operacional pode funcionar em três modos: sem realimentação, realimentação positiva e realimentação negativa. D’AMORE (2016) afirma que a necessidade de amplificadores com ganho estável em unidades repetidoras em linhas telefônicas levou o Eng. Harold Black à criação da técnica denominada realimentação negativa em 1928. A técnica consiste em combinar parte do sinal da saída do amplificador ao sinal aplicado a sua entrada, gerando, assim, um sinal de erro. Os resultados mais significativos da realimentação negativa são a redução da tolerância no valor do ganho, a redução da distorção, a redução da impedância de saída e o aumento da impedância de entrada. No circuito também podemos verificar a existem de um filtro, pois para PEREIRA (2013), para extrair o conteúdo de informação fundamental de um sinal é necessário um dispositivo que selecione as frequências de interesse que compõe o sinal. Este dispositivo é denominando de filtro, cuja resposta em frequência é caracterizada por uma faixa de passagem, por uma faixa de rejeição, as quais estão separadas por uma faixa de transição ou faixa de guarda. Sinais com frequência dentro da faixa de passagem são recuperados com pouca ou nenhuma distorção, ao passo que aqueles sinais que têm frequências dentro da faixa de rejeição são efetivamente atenuados. Desta forma, os filtros podem ser do tipo passa baixas, passa altas, passa faixa ou rejeita faixa. De acordo com LOMBARDI (2010), dos filtros passivos o filtro passa baixa é constituído por um circuito RC série em que a tensão de saída está sobre o capacitor. Para ondas senoidais de frequências baixas, a reatância capacitiva assume valores altos em comparação com o valor de resistência, dessa maneira a tensão de saída será praticamente igual à tensão de entrada. Para frequências altas, a reatância capacitiva assume valores baixos em comparação com o valor da resistência, atenuando a tensão de saída para um valor praticamente nulo. Dessa maneira, o filtro permite a passagem de sinais de frequências baixas, sendo por isso denominado filtro passa-baixa. O amplificador operacional e o filtro passa baixa pode ser visualizado na Figura 1 abaixo. Figura 1: Esquema eletrônico do circuito simples com amplificador operacional Após montar-se o circuito na protoboard e fazer a leitura no osciloscópio (Figura 2), observou-se que o filtro passa baixa não foi suficiente, o sinal apresentou muito ruído, mostrando que o circuito é ineficiente para capturar esse tipo de informação. Figura 2: Circuito simples montado na protoboard Em pesquisas realizadas, também se encontrou alguns circuitos que prometiam um monitor cardíaco através de um LDR (diodo dependente de luz), o LDR possui uma interessante característica de ser um componente eletrônico cuja resistência elétrica diminui quando sobre ele incide energia luminosa. Isto possibilita a utilização deste componente para desenvolver um sensor que é ativado quando sobre ele incidir energia luminosa. Dessa forma, sua resistência varia de forma inversamente proporcional à quantidade de luz incidente sobre ele. O circuito pode ser observado na Figura 3. Figura 3: Esquema eletrônico circuito do monitor cardíaco Para NOVA ELETRONICA (2016), a frequência cardíaca ou ritmo cardíaco é o número de batimentos do coração por unidade de tempo, geralmente expresso em batimentos por minuto ou bpm. A frequência cardíaca pode ser medida manualmente através da leitura da pulsação nos pulsos, pescoço, pernas, etc. Mas os batimentos do coração também pode ser medida eletronicamente pelo eletrocardiograma ou monitor cardíaco. Após montar-se o circuito na protoboard e fazer a leitura no osciloscópio (Figura 4), observou-se que a aquisição do pulso foi obtida com sucesso. Figura 4: Circuito do monitor cardíaco montado na protoboard Resultados/Discussão Após a montagem dos circuitos observou-se que o monitor cardíaco está coletando o sinal como esperado, o circuito simples com amplificador operacional não apresentou bom rendimento por não conter um filtro para remover o ruído, com isso, foi descartado o seu uso. Agora é necessário fazer essa coleta através do módulo Arduino através de uma porta analógica e enviar via bluetooth para um computador, para que seja mostrado em um software. Conclusão/Considerações finais Conclui-se que o projeto tornou-se ainda mais de baixo custo devido a mudança de uma placa receptora e outra coletora por somente uma placa que coleta e envia diretamente ao computador. Pode-se concluir também que o projeto em desenvolvimento pode se tornar uma grande ferramenta médica, onde pode evitar diversos óbitos ou até sequelas provocadas por doenças cardíacas. Referências AMORIM, Carlos A. P. Amplificadores Operacionais. Unesp. Disponível em: http://www.netsoft.inf.br/aulas/EAC_Curso_Eletronica_Aplicada/3__Amplificador_Oper acional.pdf. Acesso em: 20/03/2016. D’AMORE, Roberto. Realimentação negativa em amplificadores. Disponível em: http://www.ele.ita.br/~eloif/graduacao/EEA_46/L2_Realmimentacao.pdf. Acesso em: 20/03/2016. GOMES, Paulo A. L.; LONCAROVICH, Karina da Paz. Análise da Lógica Descritiva como Recurso Informacional: Um exemplo de Aplicação na Cardiologia. RECIIS – R. Eletr. de Com. Inf. Inov. Saúde. Rio de Janeiro, v5, n.1, p.108-120, Mar., 2011. LOMBARDI, Alvaro C. O. Filtro passa baixa e passa alta. Faculdade de Engenharia de Resende. Disponível em: http://ww.aedb.br/faculdades/eng/Downloads/3_ano/Filtros_P_B_P_A.pdf. Acesso em: 20/03/2016. NOVA ELETRÔNICA. Circuito Monitor de Batimentos Cardíacos. Disponível em: http://blog.novaeletronica.com.br/circuito-monitor-de-batimentos-cardiacos/. Acesso em 19/03/2016. PEREIRA, Luis F. A. Sistemas e Sinais. UFRGS. Disponível http://www.ece.ufrgs.br/~eng04006/aulas/aula23.pdf. Acesso em: 20/03/2016. em: ROCHA, Adson F.; et. Al. Processamento de sinais biológicos. Disponível em: http://www.ene.unb.br/joaoluiz/pdf/adson-psb-capitulo.pdf. Acesso em 15/01/2016.