12/06/2012 JORNADA DE MEDICINA FETAL Santa Joana – Pró Pró--Matre Paulista Conduta Clínica e UltraUltra-sonográfica na Sindrome de Hiperestímulo. Dr. Wagner de C. Penteado Busato Conceito A Síndrome de Hiperestimulação Ovariana (SHO SHO)) representa o conjunto de sinais e sintomas decorrentes de resposta suprafisiológica dos ovários, que ocorrem na fase lútea ou gestação inicial; em raras condições de causa natural ou, mais freqüentemente, associada a hiperestimulação medicamentosa dos ovários, em técnicas de reprodução assistida, portanto de causa iatrogênica. 1 12/06/2012 Conceito A SHO ocorre na falha dos mecanismos protetores regulares do organismo feminino que evitam a resposta suprafisiológica dos ovários, com o desencadeamento pouco comum d’uma série de manifestações clinicas e alterações laboratoriais, que podem se expressar de forma leve até crítica, trazendo risco de vida à paciente. ULTRA--SONOGRAFIA NA SHO ULTRA HISTÓRICO IMPORTÂNCIA TÉCNICA VALOR PREDITIVO DIAGNÓSTICO SEGUIMENTO E TRATAMENTO PROGNÓSTICO PERSPECTIVAS FUTURAS. 2 12/06/2012 Foliculogênese Foliculogênese 3 12/06/2012 Conc.FSH Recrutamento – Seleção - Dominância Limiar 6.6 3.0 Janela (Menstr.) Tamanho Folículo (mm) Recrutamento Seleção Dominância Atresia Dia 7 4 12/06/2012 Eixo Hipotálamo-Hipófise-Gonadal LH FSH ovulação seleção E2 recrutamento 0 4 8 12 16 Dia do ciclo Teoria das Duas Células – Duas Gonadotrofinas 5 12/06/2012 Foliculogênese 6 12/06/2012 CONSIDERAÇÕES ULTRAULTRASONOGRÁFICAS NA SHO EXAME BASAL FASE DE ESTIMULAÇÃO OVARIANA DIA DO hCG DIA DA PUNÇÃO FOLICULAR TRANSFERÊNCIA EMBRIONÁRIA FORMA PRECOCE FORMA TARDIA SEGUIMENTO OBSTÉTRICO INICIAL SEGUIMENTO OBSTÉTRICO TARDIO SEGUIMENTO NEONATAL QUADRO CLINICO DA SHO: Forma precoce – 3 á 7 dias Forma tardia – 12 á 17 dias (Lyons et als - 1994) Aumento do volume dos ovários Ascite, derrame pleural e pericárdico Dor e distensão abdominal Dificuldade respiratória e dor torácica Oligúria Hipotensão arterial e taquicardia Fenômenos tromboembólicos Disfunção hepática Morbidade febril (SIRS) Infecções secundárias (fenômeno de propagação) Edema e anasarca 7 12/06/2012 QUADRO LABORATORIAL NA SHO: Hemoconcentração Aumento do fibrinogênio, diminuição da protrombina III e da atividade fibrinolitica Hipoalbuminemia Hiponatremia Hipercalemia Leucocitose e alterações dos mediadores inflamatórios sistêmicos Níveis altos de estradiol e progesterona β hCG em elevação Alterações das funções hepáticas, renais e respiratórias 8 12/06/2012 CLASSIFICAÇÃO DA SHO: RABAU & COLS – 1967: SCHENKER & WEISTEIN – 1978: PRIMEIRA CLASSIFICAÇÃO. SUB--DIVISÕES COM SUB PARÂMETROS DESNECESSÁRIOS. GOLAN & COLS -1989: NAVOT & COLS – 1992: RIZK & ALBOUGHAR -1999: SISTEMA SIMPLIFICADO COM DADOS CLINICOS, LABORATORIAIS E ULTRAULTRA-SONOGRAFICOS. INTRODUZIDA A FORMA CRÍTICA. RETIRADA A FORMA LEVE, REDISTRIBUIÇÃO DA FORMA GRAVE EM TRÊS NIVEIS. CLASSIFICAÇÃO DA SHO: Forma Leve : 1_ Distensão abdominal / desconforto pélvico, ovários até 5cm no maior diâmetro. 2 _ Característica 1 + náuseas, vômitos e / ou diarréia, ovários entre 5 a 12cm de diâmetro. Forma Moderada : 3 – Característica forma leve + evidência de ascite ao US. 9 12/06/2012 10 12/06/2012 CLASSIFICAÇÃO DA SHO: Forma Grave: 4 - Características da forma moderada + evidências clínicas de ascite ou insuficiência respiratória . 5 - Todas as características anteriores + alteração de volemia, aumento progressivo da viscosidade sangüínea por hemoconcentração, anormalidades da coagulação, diminuição da perfusão e função renal. 11 12/06/2012 12 12/06/2012 Classificação da SHO Formas leve/ mod Forma Grave Crítica Htc <45% > 45% > 55% Leucócitos <15.000 > 15.000 >25.000 Transaminases nl elevadas Creatinina < 1.0 mg/dl 1.0 a 1,5mg/dl Clearence > 100 ml/min 50 a 100ml/min < 50ml/min maciça + hidrotórax = grave + derrame pericárdico Ascite - Anasarca - Função Renal Disf. Hepática Fenômenos Tromboembolicos SARA - elevadas > 1,6mg/dl oligúria + oligúria + + - + - + INCIDÊNCIA DA SHO FORMAS LEVES: de 33 A 20% (dos casos submetidos a estimulação ovariana). FORMAS MODERADAS: de 7 A 0,005% . FORMAS GRAVES: de 2 A 0,008%. 13 12/06/2012 FISIOPATOLOGIA DA SHO Aumento da permeabilidade capilar Passagem de fluido para o extravascular Alterações hemodinâmicas e hemoconcentração FISIOPATOLOGIA DA SHO: SISTEMA RENINARENINA-ANGIOTENSINA OVARIANO SISTEMA CININACININA-CALICREINA OVARIANO MEDIADORES DA RESPOSTA INFLAMATÓRIA: HISTAMINA PROSTAGLANDINAS CITOQUINAS: ILIL-1; ILIL-2; ILIL-6; ILIL-8; ILIL-18; FNTFNT- alfa FATOR DE CRESCIMENTO ENDOTELIAL VASCULAR ENDOTELINA 14 12/06/2012 FATORES DE RISCO PARA SHO PERFIL: SINAIS DE EVIDÊNCIA: Nº FOLICULOS RECRUTADOS ; ELEVAÇÃO RÁPIDA DO E2 ; SINAIS DE ASCITE AO US ; VOMITOS OU DIARRÉIA 48 HORAS ANTES DO hCG . FATORES AGRAVANTES: IDADE ; PESO ; HIPERSENSIBILIDADE IMUNOLÓGICA ; HISTÓRICO DE SHO ; SOP. PROTOCOLO DE INDUÇÃO ; Nº DE FOLICULOS PUNCIONADOS ; Nº DE EMBRIÕES TRANSFERIDOS ; DOSAGEM DE βhCG . Sindrome dos Ovários Policisticos 15 12/06/2012 PREVENÇÃO DA SHO: 1 ) Identificação da paciente com perfil de risco, antes do início indução da ovulação. 2 ) Após bloqueio com agonista GnRH, pacientes com perfil de risco, doses menores reajustadas conforme controle US e dosagem de E2. 3 ) Sintomas precoces de SHO, reduzir doses para níveis adequados de E2 ou “coasting”. Se sinais de SHO antes de folículos com 14 mm, suspensão do ciclo. PREVENÇÃO DA SHO: 4) Sinais de S.H.O grau 1 após folículos > que 14 mm, com “coasting ”; dose menor de hCG para maturação e suporte de 2ª fase apenas c/ progesterona. Sinais de S.H.O grau 2 no final do ciclo, não administrar hCG em qualquer fase; aspirar folículos rigorosamente.Maturação oocitária “ in vitro” se o hCG não for administrado. 16 12/06/2012 PREVENÇÃO DA SHO: 5) Utilizar infusão de albumina humana na punção folicular em pacientes com quadro clínico de S.H.O, ou sinais e sintomas de SHO durante o ciclo ou pacientes com S.H.O prévia. 6) Criopreservação de embriões resultantes de ciclos com SHO instalado no momento da transferência. Transferir na 2ª fase de ciclo subseqüente. Tratamento da SHO Ambulatorial: Grau Leve 1 : Disponibilidade para reavaliações periódicas Evitar exercícios extenuantes Uso de Acetaminofem para desconforto pélvico Orientação para sinais e sintomas de complicações. 17 12/06/2012 Tratamento da SHO Ambulatorial: Grau Leve 2 : Exame físico rigoroso Exame de eletrólitos, hematócrito e US Restrição de atividades físicas Ingestão líquida em grande quantidade Controle de diurese : Total > 1 litro/dia. Piora dos sinais e sintomas / piora dos resultados laboratoriais / ganho ponderal > 1 kg/dia. = Internação Tratamento da SHO Grau Moderado 3 : Critérios de Internação: 1- História ou sintomas a) Náuseas ou dor abdominal que cause intolerância alimentar b)Vômitos ou diarréia precedendo 48 hs o hCG 18 12/06/2012 Tratamento da SHO Critérios de Internação: 2 - Sinais Físicos: a) Hipotensão arterial relativa ao basal ou sinais ou sintomas de hipotensão b) Diminuição dos ruídos adventícios pulmonares (se achado + forma grave 4) c) Aumento de tensão ou distensão abdominal ou outros sinais de ascite d) Sinais de irritação peritonial (se achado + forma grave 4 ) Tratamento da SHO Grau Moderado 3: 3 - Exame de sangue : a) Htc > 48% b) Na+ < 135 mEq/l c) K + > 5,0 mEq/l d) Creatinina > 1,2 mg/dl 19 12/06/2012 Tratamento da SHO Parâmetros de Avaliação: Hematócrito cada 4 hs. Inicialmente, até controle da volemia. Raio-X tórax (proteção abdominal) e oximetro de pulso se sintomas respiratórios evidentes. US abdominal para avaliação ascite e possível paracentese. Tratamento da SHO Controle de Fluídos: SF0,9% - 1000ml / 1h e reavaliar Htc e diurese. Se diurese normal e Htc nl, manter c/ SG5% -150 ml/h; com controle de balanço hídrico 4/4hs. Se diurese baixa ou Htc inalterado; suspender cristalóide e (PROTOCOLO JOHN HOPKINS HOSPITAL) : - Albumina humana 200ml em solução 25% - 50 ml/h, repetir Htc até 36 a 38 %. - Furosemide 20mg se Htc < 38% e repetir Htc após 4hs. 20 12/06/2012 Tratamento da SHO Controle de Fluídos: Continuar infusão Cristalóide / Albumina / Furosemide p/ manutenção da volemia. Com volemia controlada + diurese espontânea adequada, diminuir infusão até zero e restrição hídrica oral 1L/dia. . Diurese espontânea deve ser controlada. Tratamento da SHO Profilaxia trombose: Meias de alta compressão Se acamado fisioterapia até deambulação. Heparina 5.000U SC 2 x dia durante toda hospitalização, ou HBPM 40 mg / dia. Antibióticoprofilaxia: Protocolo Hospitalar (Piperacilina+Tazobactam sódicos). 21 12/06/2012 Tratamento da SHO Indicação de Paracentese / Culdocentese : 1- Tensão e distensão abdominal causando desconforto ou dor severa. 2- Comprometimento pulmonar (taquipnéia persistente, oximetria de pulso baixa ou hidrotórax). Tratamento da SHO Indicação de Paracentese / Culdocentese : 3- Evidência de comprometimento renal que não responde ao controle hídrico ou tratamento medicamentoso (oligúria persistente; aumento de creatinina ou baixa de clearence). 4- Punção folicular residual e repunção de cistos de corpo lúteos (luteólise). 22 12/06/2012 Culdocentese 23 12/06/2012 Culdocentese 24 12/06/2012 25 12/06/2012 Tratamento da SHO Critérios para U.T.I : Comprometimento renal que não melhora c/ medidas anteriores : se necessário Dopamina dose renal e possível diálise; instalação de PVC e cateter Swan –Gans. Comprometimento pulmonar que não responde c/ diuréticos ou paracentese : controle gasometria, toraco-centese; ventilação assistida. Considerar painel de perfusão/ventilação p/ embolo pulmonar. Tratamento da SHO Critérios para U.T.I : Quadro infeccioso grave. Controle hemodinâmico e hidroelétrolítico. Pós-operatório de cirurgia ginecológica / obstétrica; paracentese / culdocentese com anestesia. Fenômenos tromboembólicos: terapia anticoagulante. 26 12/06/2012 Tratamento da SHO CONDIÇÕES CRÍTICAS: Interrupção da gestação se condições críticas persistentes. Cirurgia ginecológica. Considerações anestésicas. Tratamentos alternativos. Obs: Implantação embrionária pode refazer quadro SHO. Tratamento medicamentoso compatível e proteção radiológica se gestação confirmada DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL DA SHO: ABDOME AGUDO GINECOLÓGICO (HEMORRÁGICO, INFECCIOSO OU VASCULAR). ABDOME AGUDO OBSTÉTRICO (PRENHEZ ECTÓPICA, CISTO OVARIANO COMPLICADO). NEOPLASIA TROFOBLÁSTICA GESTACIONAL. ACIDENTES PÓSPÓS-PUNÇÃO (HEMATOMAS OU HEMOPERITÔNEO) GESTAÇÃO I TRIMESTRE COM INTERCORRÊNCIAS (INF. URINÁRIA OU SEPSIS, TROMBOFILIA). 27 12/06/2012 CIRURGIA NA SHO: PARACENTESE / CULDOCENTESE. PUNÇÕES FOLICULARES. VIDEOLAPAROSCOPIA / LAPAROTOMIA. (OOFORECTOMIA, OOFOROPLASTIA, OOFOROPEXIA, CIR. DA PRENHEZ ECTÓPICA, ABDOME AGUDO). CURETAGEM PÓS ABORTAMENTO, REDUÇÃO EMBRIONÁRIA. CIRURGIAS VASCULARES PERIFÉRICAS, ABDOMINOABDOMINOTORÁCICAS E EMBOLECTOMIAS POR CATETERISMO. CONSIDERAÇÕES PARA ANESTESIA NA SHO: HIPOVOLEMIA. HEMOCONCENTRAÇÃO. ANEMIA DISTURBIOS HIDROELETROLITICOS E ÁCIDOÁCIDO-BÁSICOS. HIPOCOAGULABILIDADE (HEPARINIZAÇÃO). INSUFICIÊNCIA RESPIRATÓRIA. INSUFICIÊNCIA RENAL. DISFUNÇÕES HEPÁTICAS. IMUNODEPRESSÃO. ACÚMULO DE LIQUÍDO NO ESPAÇO EXTRAVASCULAR. AUMENTO DA PERMEABILIDADE CAPILAR. AUMENTO DA PRESSÃO INTRAINTRA-ABDOMINAL (SIND. COMPARTIMENTAL). FALÊNCIA MULTIPLA DE ÓRGÃOS E SISTEMAS (FORMA CRÍTICA). INFECÇÕES GRAVES (PROPAGAÇÃO). MORBIDADE FEBRIL (SIRS). GESTAÇÃO INCIPIENTE. ASPECTOS ÉTICOÉTICO-LEGAIS. 28