52 De modo geral, as amostras desta unidade apresentam texturas

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E
F
Fotografia 4.4 – Diferentes afloramentos da Unidade Caracatá: afloramento de rochas tonalíticas
superficialmente de cor avermelhada (A) e detalhe do afloramento (B) (Ponto RC-09, Coordenadas
471693/8909020; afloramento da Unidade Caratacá com veios de quartzo (C) e detalhe do afloramento (D),
(Ponto RC-13, Coordenadas 472448/8907178); Afloramento nas margens do rio Caratacá (E) e detallhe de
veio de quartzo na rocha tonalítica da Unidade Caratacá (Ponto RC-14, coordenada 472448/8907178).
De modo geral, as amostras desta unidade apresentam texturas granoblásticas
lepidoblástica (Fotomicrografia 4.11), com granulometria fina (tamanho máximo de 0,8mm).
A associação mineralógica fundamental é composta por plagioclásio, quartzo e moscovita
constituindo a paragênese félsica dominante, somando aproximadamente 75% do volume
modal da rocha. Biotita é o máfico principal, constituindo cerca de 15%. Mica branca, clorita
e carbonato constituem a paragênese secundária. Apatita, minerais opacos, zircão, titanita e
turmalina representam os acessórios presentes, totalizando cerca de 2%.
A tabela 4.2 mostra as composições modais das rochas pertencentes à Unidade Caratacá
e a figura 4.5, o diagrama de classificação e nomeclatura, segundo Streckeisen (1976).
A
0,2 mm
B
0,2 mm
Fotomicografia 4.11 - Texturas granoblástica e lepidoblástica em rocha tonatítica da Unidade Caratacá do
GBRC. Em (A) luz plana e em (B) luz polarizada. Unidade Caratacá. Amostra RC09 (UTM
52
O plagioclásio compõe cerca de 40% do volume total da lâmina. Os cristais ocorrem
em nódulos policristalinos deformados, quebrados ou fraturados e com extinção ondulante; os
grãos mais preservandos são geminados segundo a lei Carlsbad (Fotomicrografia 4.12).
O quartzo representa cerca de 30% do volume total da rocha. Ocorre, de forma geral,
em cristais xenoblásticos, com contornos curvos, irregulares e em tamanhos que variam de
entre 0,2 a 0,8mm. Apresenta extinção fortemente ondulante. Seus contatos são curvos com os
cristais de plagioclásio. Ao microscópio, os grãos de plagioclásio e quartzo apresentam
características semelhantes como forma e cor.
Os cristais de moscovita ocorrem intergranulares aos cristais de plagioclásio e de
quartzo, em cristais xenoblásticos seguindo a mesma orientação das biotitas. São geralmente
formada por cristais com tamanhos em torno de 0,7 a 1,5 mm.
Os cristais de biotita, compõe cerca de 12–15 % da rocha. Apresentam coloração que
varia de castanha clara a escura. Ocorrem de forma tabular a lamelar, em cristais idioblásticos
a subidioblásticos, com tamanho variando de 0,4 a 0,7 mm. A biotita ocorre intersticial aos
cristais de plagioclásio e de quartzo e está orientada, caracterizando a textura lepidoblástica.
Pl
Pl
Ms
Pl
Pl
0,1mm
0,1mm
Fotomicrografia 4.12 - Detalhe do plagioclásio (Pl) mostrando geminação carlsbad, em luz polarizada, e de
cristais de moscovita (Ms). Unidade Caratacá. Ponto RC-09 (UTM 471056/8908564).
A turmalina ocorre como mineral idioblástico a subidioblástico, na forma prismática e
basal. Apresenta o fenômeno do pleocroísmo e a sua cor verde é menos absorvida na posição
de maior comprimento PP’ e maior absorvida em AA’ verde escura. Está associada aos
cristais de plagioclásio (Fotomicrografia 4.13 A e B).
A apatita ocorre como cristal idioblástico, prismático a tabular, alcançando até 0,03
mm.
53
Cristais de zircão ocorrem nas formas euédrica e subédrica, em prismas curtos, com
tamanho variando entre 0,1-0,2 mm e apresentando contato reto com o plagioclásio.
Pl
Ms
Cl
Cl
Tr
0,1mm
A
Tr
0,1 mm
B
Fotomicrografia 4.13 – Detalhe de cristal de turmalina (Tr) e clorita (Cl) observados em luz plana e em
luz polarizada, Unidade Caratacá. Amostra RC-09 (UTM 471056/8908564).
A mineralogia secundária é constituída por carbonatos, mica branca e clorita que,
juntas, ocupam 8% do volume amostral da rocha. Estes minerais podem estar associados à
alteração dos plagioclásios. Ocorrem como uma massa de cristais de granulação muito fina.
Ms
Pl
Ca
Bt
0,2mm
A
B
Qtz
0,2mm
Fotomicrografia 4.14 – Detalhe de cristal de carbonato (Ca), moscovita (Ms) (A) e cristal de biotita (Bt)
(B) em luz polarizada. Ocorrem ainda plagioclásio (Pl) e quartzo (Qtz). Unidade Caratacá. Ponto RC-10,
(UTM47617/8908852).
Os minerais opacos ocorrem em proporções menores, em cristais xenoblásticos,
intersticiais aos cristais de plagioclásio e de biotita.
54
Ms
Tr
Tr
Ms
Qtz
0,2mm
A
0,2mm
B
Fotomicrografia 4.15 – Detalhe de cristal da turmalina (Tr) idioblástico no centro da lâmina, observados
em luz plana (A) e em luz polarizada (B). Ocorre ainda moscovita (Ms) e quartzo (Qtz). Unidade
Caratacá. Ponto RC-16. (UTM473188/8908242).
Para melhor apresentar os dados microscópicos das sete amostras desta unidade, fez-se
necessário a utilização da tabela abaixo. Nesta tabela estão dos os dados referentes aos
principais minerais, a granulometria, as texturas e o litotipos.
Tabela 4.2 – Composições modais das rochas da Unidade Caratacá.
Amostra
Principais Minerais
Plagioclásio (50%), quartzo (25%),
RC-10
biotita (12%),carbonato (8%),
moscovita (5%).
Plagioclásio (55%), quartzo (25%),
RC-11
biotita(12%), moscovita (6%),
carbonato (8%)
Minerais
Granulom
Acessorios
etria
turmalina, apatita,
opacos e zircão
turmalina, apatita
e zircão
Texturas
Litotipo
Granoblástica e
Fina
Fina
lepidoblástica
Granoblástica e
lepidoblástica
Tonalito
Tonalito
Opacos,
RC-13
Plagioclásio (46%), quartzo25%),
turmalina, clorita,
biotita (14%), moscovita (11%).
carbonatos,
Fina
Granoblástica e
lepidoblástica
Tonalito
apatita e zircão.
RC-14
Plagioclásio (44%), quartzo (26%),
turmalina, clorita,
biotita (15%), moscovita (12%).
opaco e apatita
Plagioclásio (46%), quartzo (23%),
RC-15
biotita (12%), carbonato (8%),
moscovita (10%), clorita (2%).
Plagioclásio (51%), quartzo (15%),
RC-16
biotita (12%), moscovita (11%),
carbonatos (5%), clorita (5%).
turmalina, apatita,
clorita e opacos.
turmalina, apatita
e zircão.
Fina
Fina
Fina
Granoblástica e
lepidoblástica
Granoblástica e
lepidoblástica
Granoblástica e
lepidoblástica
Tonalito
Tonalito
Tonalito
55
A figura 4.3 apresenta a classificação baseada nas porcentagens modais de quartzo
(Qtz), plagioclásio (Pl) e feldspatos alcalinos (A), segundo Streckeisen (1976). Observa-se
que todas as amostras da Unidade Caratacá classificam-se como tonalito.
Importante destacar que a estimativa de plagioclásio e quartzo é complicado por conta
da granulação muito fina e falta de geminação dos plagioclásio.
Granitóide
Tonalito
SienoGranito
Monzogranito
Granodiorito
RC-16
RC-15
RC-14
RC-10 RC-13
RC-11
Quatzosienito
Quartzomonzonito
RC-16
Monzodiorito
monzogabro
Figura 4.3 – Diagrama de classificação (Streckeisen 1976) para as rochas da Unidade Caratacá. Q =
quartzo; A = feldspatos alcalinos e P = plagioclásio.
4.5 - UNIDADE COIQUI
A Unidade Coiqui é constituída por ortognaisses andesíticos e metassedimentares
aluminosos; ortognaisses finos (metabasaltos) e paragnaisses calcissilicáticos. Na presente
pesquisa foi amostrado a composição anfibolítica dos ortognaisses, representados pela
56
amostras RC-12 e RC-19, aflorando, respectivamente, nas margens do Rio Caratacá e Riacho
Capim. A seguir, serão descritos os ortoanfibolitos amostrados nos pontos RC-12 e RC-19.
4.5.1 - Ortoanfibolito do ponto RC-12
São rochas de coloração verde escura a preta, com granulometria bastante fina,
homogênea, afanítica, equigranular e com uma foliação bem marcante. Contém veios de
quartzo cortando a rocha, além de intrusões veios pegmatíticos constituídos por feldspatos e
turmalinas, principalmente (Fotografia 4.5).
Fotografia 4.5 – Afloramento em forma de lajedo nas margens do rio
Caratacá, constituído por rochas pegmatíticas e rochas anfibolítica no
detalhe. Unidade Coiqui. Ponto RC-12 (UTM 471617/8908852).
57
Apresentam textura nematoblástica fortemente orientada (Fotomicrografia 4.16) com
relíquia de textura ofítica preservada. Possui granulometria bastante fina, com grão em
tamanhos entre 0,3 a 0,6mm.
A composição modal destas rochas é constituída por: hornblenda (70%) e plagioclásio
(15-20%) que representam a composição essencial e, em menor quantidade, minerais opacos
(5–10%) e apatita (1%).
1mm
A
B
1mm
Fotomicrografia 4.16 – Textura nematoblástica em ortoanfibolito da Unidade Coiquí. Luz plana (A) e luz
polarizada (B). Unidade Coiqui. Ponto RC-12, (UTM472609/8907298).
Os anfibólios são representados por hornblenda. Ocorrem em cristais subidoblásticos a
xenoblásticos de granulação fina a muito fina, variando de 0,02 a 0,5mm, de coloração verde
oliva escuro e fortemente pleocróico. Apresentam-se orientados em textura nematoblástica
(Fotomicrografia 4.16). Os contatos representados por estes cristais são muitas vezes retos em
cristais de mesma composição e curvos em cristais de plagioclásio. Alguns cristais
apresentam geminados.
Os cristais de plagioclásio mostram-se dominantemente xenoblásticos, em contatos
curvos entre si e com cristais de anfibólios. A granulometria é fina, com tamanhos variando
de 0,05 a 0,15mm. Pode se observar que raros cristais se apresentam geminados e poucos
estão levemente saussuritizados (Fotomicrografia 4.17).
58
Hb
Op
Pl
Pl
0,1mm
A
B
0,1mm
Fotomicrografia 4.17 – Detalhe de cristal de plagioclásio levemente geminado (Pl) no centro, observado
em luz plana (A) e em luz polarizada (B). Ortoanfibolito da Unidade Coiqui. Ponto RC-12
Os minerais de opacos apresentam-se em cristais xenoblásticos, ocorrendo intersticiais
(UTM472609/8907298).
aos cristais de plagioclásio e de anfibólios (Fotomicrografia 4.18). A dimensão destes
minerais variam entre 0,02 a 0,5mm.
Op
Hb
A
0,2mm
B
0,2mm
Fotomicrografia 4.18 – Minerais opacos (Op) entre cristais de hornblenda (Hb) em luz plana (A) e luz
polarizada (B). Unidade Coiqui. Amostra RC-12 (UTM472609/8907298).
A apatita ocorre em cristais aciculares, prismáticos a arredondados dispersos na rocha
com tamanhos nunca superiores a 0,01mm.
4.5.2 – Ortoanfibolito do ponto RC-19
Este anfibolito são rochas de coloração cinza escura a preta escura, com uma
granulometria média a fina, isotrópica e maciça. Estas rochas são cortadas por pequenos veios
59
pegmatíticos, como pode ser observados na fotografia 4.6. Ocorrem na área de estudo, nas
margens do riacho Capim.
Fotografia 4.6 – Afloramento dos ortoanfibolitos da Unidade Coiqui, nas margens do riacho Capim. Ponto
RC-19 (UTM474387/8909112).
As rochas desta unidade apresentam como principal associação mineralógica o
anfibólio, representado pela hornblenda (50%), plagioclásio (35%) e quartzo (10%), ocupando
cerca de 95% do volume total da rocha. Titanita (4%), apatita e zircão compõem os minerais
acessórios da rocha.
As texturas observadas são: granoblástica formada pelo arranjo dos cristais de
plagioclásio e quartzo, e nematoblástica, devido a uma incipiente orientação da hornblenda,
apesar de, macroscópicamente, a rocha apresentar-se maciça e isotrópica (Fotomicrografia
4.19).
A
1mm
B
1mm
Fotomicrografia 4.19 – Detalhe das texturas granoblástica e nematoblástica observadas em Luz plana (A) e
luz polarizada (B). Unidade Coiqui. Ponto RC-19 (UTM474387/8909112).
60
Os limites observados entre os cristais de anfibólios e de plagioclásio são curvos a retos
(Fotomicrografia 4.20A e B).
Os cristais de anfibólio (hornblenda), com maior representatividade na rocha,
apresentam-se de coloração verde oliva, fortemente pleocróicos ocorrendo em grãos
xenoblásticos e intersticiais aos cristais de plagioclásio; o tamanho médio destes cristais
ocorrem na ordem de 0,3 a 1,2mm.
Os cristais de plagioclásio ocorrem em cristais xenoblásticos, com tamanhos variando
entre 0,3 a 0,8mm. Apresentam-se deformados, onde não é possível observar suas maclas de
geminação, embora ocorram alguns cristais geminados segundo a lei albita (Fotomicrografia
4.20B) e albita e periclina (Fotomicrografia 4.20D). O processo de saussuritização é
observado fracamente em todos os cristais.
Hb
Pl
Pl
0,1mm
A
0,1mm
B
Pl
Pl
Hb
C
0,2mm
D
0,2mm
Fotomicrografia 4.20 – Detalhe de cristais de hornblenda (Hb) em contatos curvos, ou intergranular aos
cristais de plagioclásio (Pl) (andesina) com maclas segundo a lei albita (B), albita e periclina (D e D), além
de plagioclásio zonado (seta) a esquerda da fotomicrografia (B). Observados em luz Plana (A e C) e em luz
polarizada (B e D). Unidade Coiqui. Ponto RC-19. (UTM474387/8909112).
61
Os cristais de titanita ocorrem disseminados na lâmina. Estão quase sempre associados
aos cristais de anfibólios e de plagioclásio (Fotomicrografia 4.21).
Tn
Hb
Hb
0,2mm
0,2mm
Fotomicrografia 4.21– Detalhe de cristal de titanita (Tn) incluso no cristal de honrblenda (Hb), observados
em luz plana (A) e em luz polarizada (B). Unidade Coiqui. Ponto RC-19 (UTM474387/8909112).
Cristais de apatita ocorrem como cristais euédricos aciculares. Está associada ao
plagioclásio. O zircão ocorre como traço em cristais euédricos (Fotomicrografia 4.22).
Ap
Pl
Pl
Zr
A
0, 4mm
B
0,4 mm
Fotomicrografia 4.22 – Detalhe dos cristais de zircão (Zr) e apatita (Ap) inclusos no plagioclásio (Pl).
Unidade Coiqui. Ponto RC-19 (UTM474387/8909112).
4.6 – ORTOANFIBOLITO DA UNIDADE GADO BRAVO
As rochas representadas por esta Unidade na área de estudo são ortoanfibolitos
caracterizado pelo ponto RC-20 e ocorrem intercaladas à sequência piroclástica da Unidade
Gado Bravo. São rochas de coloração cinza escura, porfiríticas, composta essencialmente de
62
anfibólios e plagioclásio. Este último dispõe-se na forma, principalmente, de pórfiros de
coloração branca de dimensão milimétrica, dispersos na matriz anfibolítica (Fotografia 4.7).
A Unidade Gado Bravo é composta por anfibólios-clinopiroxênios gnaisses diversos,
com tipos epidotíferos, biotíticos, feldspáticos e sulfetados subordinados, além de
intercalações de ortoanfibolítos e ortognaisses quartzo andesíticos/dacíticos.
A
B
Fotografia 4.7 – Afloramento de anfibolitos (A) com pórfiro de coloração branca (B) intercalados a
tufos da Unidade Gado Bravo. Ponto RC-20 (UTM474080/8908892).
Através das análises petrográficas estas rochas apresentam em sua composição modal,
anfibólios representados pela hornblenda (72%) constituindo a matriz de granulometria fina,
plagioclásio (16%) constituindo os pórfiros, além de quartzo (4%), biotita (5%), minerais
opacos (2%), microclina (2%) e piroxênios 1%. A matriz compõe aproximadamente 75% e os
pórfiro cerca de 25%.
As texturas observadas em lâmina são nematoblástica (forte orientação dos cristais de
hornblenda), localmente granoblástica, subofítica, ofítica, mortar e ainda segregação ou
bandamento dos cristais de plagioclásio (Fotomicrografia 4.23).
A
0,2mm
B
0,2mm
Fotomicrografia 4.23 – Textura nematoblástica com micro bandamento textural dos anfibolios da Unidade
Gado Bravo, observados em luz plana (A) e em luz polarizada (B). Ponto RC-20 (UTM474080/8908892). 63
A partir da análise textural, pode-se sugeri que a rocha era um basalto porfirítico, onde
os cristais de plagioclásio se cristalizaram como fenocristais numa matriz constituída de
plagioclásio + hornblenda. Com o metamorfismo regional, os fenocristais transformaram-se
numa associação de plagioclásio + biotita + hornblenda, denominados agora de porfiroclastos,
imersos numa matriz anfibolítica constituída por plagioclásio + hornblenda (Fotomicrografia
4.24 e 4.25). Os porfiroclastos apresentam feições como sombra de pressão, envolvidos pela
matriz anfibolítica caracterizando-os como cristais pré-deformação (Fotomicrografia 4.25).
0,2mm
A
B
0,2mm
Fotomicrografia 4.24 - Detalhe de pórfiroclasto constituído de plagioclásio + biotita + hornblenda,
observados em luz plana (A) e em luz polarizada (B). Unidade Gado Bravo. Ponto RC-20
(UTM474080/8908892).
Os cristais de anfibólio compõem a maior porcentagem volumétrica da rocha,
perfazendo cerca de 63% da matriz e 15% dos porfiroclastos. Ocorrem em cristais
xenoblásticos a subidioblásticos, com tamanhos entre 0,15mm e 0,8mm.
O plagioclásio ocorre em cristais com tamanhos que variam de 0,07 a 0,4mm. Nestes
minerais são raros os que apresentam geminação e encontram-se levemente saussuritizados. A
sua percentagem volumétrica na matriz da rocha é de aproximadamente 16% e nos clastos,
local onde eles se encontram mais alterados entre cristas de hornblenda, tem volume modal de
55%.
Cristais de biotita ocorrem preferencialmente nos clastos com uma porcentagem de
aproximadamente 15%, e apresentam orientados perpendicularmente a foliação da rochas.
São cristais subdioblásticos, associados a cristais de hornblenda, podendo ter se desenvolvido,
64
a partir de hornblenda. Na fotomicrografia 4.25C, é possível observar que os cristais de biotita
ocorrem associados aos cristais de hornblenda.
B
A
C
1mm
Fotomicografia 4.25 – Rocha porfiroclastica numa matriz anfibolítica (A) da
Unidade Gado Bravo. Em (B) detalhe da textura nematoblástica da matriz e em (C)
detalhe da composição do porfiroclastos (plagioclásio + biotita), observados em luz
polarizada. Ponto RC-20 (UTM474080/8908892).
Cristais de microclina ocorrem nas formas anédrica a subédrica, com maclas
preservadas e levemente sericitizados. Constituem cerca de 3% da rocha e encontram-se entre
os cristais de hornblenda (Fotomicrografia 4.26).
65
Hb
Mc
0,2mm
A
0,2mm
B
Fotomicrografia 4.26 – Detalhe de cristal de microclina (Mc) parcialmente sericitizados e de cristais de
hornblenda (Hb), observados em luz plana (A) e em luz polarizada (B). Unidade Gado Bravo. Ponto RC-20.
(UTM474080/8908892).
O piroxênio (Fotomicrografia 4.27) ocorre como um único cristal na lâmina observada
e representa menos de 1% do total de minerais observados. É um cristal subeuédrico, de
coloração verde ao amarelo, vistos em luz polarizada e em luz plana castanho claro
esverdeado. Este mineral encontra-se preservado no centro do cristal de anfibólio
(hornblenda) e a forma como ele ocorre, é muito importante para interpretar as reações de
desequilíbrio durante o metamorfismo, sugerindo transformação destes minerais em
hornblenda, através de reações metamórficas (Fotomicrografia 4.27). Desta forma, a
hornblenda, mineral principal da rocha, é resultante do metamorfismo sobre rochas basálticas,
protólitos dos ortoanfibolitos atuais.
Op
Op
Pl
Hb
Px
A
0,3mm
B
0,3mm
Fotomicrografia 4.27 – Cristal de piroxênio (Px) no centro da hornblenda (Hb), com plagioclásio (Pl) e
minerais opacos (Op) associados, observados em Luz plana (A) e em Luz polarizada (B). Unidade Gado
Bravo. Ponto RC-20 (UTM474080/8908892).
66
As paragêneses minerais observadas nestas rochas indicam condições
metamórficas da fácies anfibolito médio.
4.7 – ORTOANFIBOLITOS DA UNIDADE CAIADA
A Unidade Caiada é constituída por ortognaisses riodaciticos/quartzo andesíticos, com
intercalações acamadadas de ortoanfibolitos e paraganaisses aluminosos e calcissilicáticas.
Na área de estudo foi amostrado um ponto representante desta Unidade (RC-17)
aflorante na margem do Riacho Capim (Figura 4.2), sob a forma de lajedo (Fotografia 4.8).
São rochas de coloração verde escura a preta, maciças, granulação média, compostas
por anfibólio e plagioclásio e cortadas por pegmatitos poucos espessos.
Fotografia 4.8 – Afloramento dos ortoanfibolitos da Unidade Caiada
nas margem do Rio Capim. Ponto RC-17 (UTM474672/8909486).
Petrograficamente
apresentam
texturas
granoblástica
granular
e
decussada
(Fotomicrografia 4.28) e são compostas essencialmente por anfibólios (hornblenda) 74%,
plagioclásio (20%), microclina (4%), biotita (1%) e opacos (1%).
67
Pl
Pl
Hb
1mm
A
B
1mm
Fotomicrografia 4.28 – Textura granoblástica granular e decussada dos cristais de hornblenda (Hb) e de
plagioclásio (Pl), observados em luz plana (A) e em luz polarizada (B). Unidade Caiada Ponto
Tn RC-17
Os cristais de anfibólio apresentam na cor verde oliva em luz plana, representados pel
(UTM474672/8909486).
A
Cristais de hornblenda apresentam-se em cristais xenoblásticos, fortemente pleocróicos
com tamanhos que variam de 0,3 a 3,6mm (Fotomicrografia 4.28). Os limites destes cristais
são retos entre si e com cristais de plagioclásio são curvos. Alguns destes cristais de
hornblenda se encontram com machas de alteração semelhante ao processo de sassuritização
dos cristais de plagioclásios.
Os cristais de plagioclásio ocorrem como o segundo mineral com maior
representatividade na rocha. São cristais xenoblásticos com bordas arredondadas, denteados
em cristais de hornblenda. A maioria destes minerais apresentam alterados pelo processo de
saussuritização, embora ocorram outros cristais que estão completamente límpidos, com
maclas de geminação do tipo albita, bem preservadas. Apresentam tamanhos que variam
entre 0,3 a 0,6mm.
A biotita aparece em raros cristais xenoblásticos a subidioblásticos, geralmente
associados aos cristais de hornblenda ou como produto destes (Fotomicrografia 4.29).
68
Op
Bt
Hb
0,3mm
0,3mm
Fotomicrografia 4.29 – Detalhe dos cristais de hornblenda (Hb), biotita (Bt) e minerais opacos (Op) em
arranjo granoblástico, observados em luz plana (A) e luz polarizada (B). Unidade Caiada. Ponto RC-17
(UTM474672/8909486).
Os minerais de opacos ocorrem disseminados na lâmina, porém concentrando em locais
alternados. São cristais xenoblásticos e ocorrem intersticiais aos cristais de hornblenda
(Fotomicrografia 4.30).
As paragêneses minerais observadas (hornblenda + plagioclásio) nas rochas que
compõem a Unidade Caiada indicam condições metamórficas da fácies anfibolito.
Hb
A
Op
0,1mm
B
0,1mm
Fotomicrografia 4.30 – Concentração de minerais de opacos (Op) entre cristais de hornblenda (Hb),
observados em luz plana (A) e luz polarizada (B). Unidade Caiada. Ponto RC-17 (UTM474672/8909486).
69
CAPÍTULO V
70
CAPÍTULO 5 – ESTUDO COMPARATIVO ENTRE O GREENSTONE
BELT DO RIO CAPIM (GBRC) COM O GREENSTONE BELT DO RIO
ITAPICURU (GBRI)
Neste capítulo será feita uma comparação cronoestratigráfica, a partir de dados
dispostos na literatura, entre os greenstone belts do Rio Capim (GBRC) e do Itapicuru
(GBRI), ambos de idade paleoproterozóica e situados nos terrenos graníticos-gnáissicosmigmatíticos do Bloco Serrinha.
5.1 – GREENSTONE BELT DO RIO CAPIM (GBRC)
5.1.1 – Litoestratigrafia
Como já proposto, Winge (1981) e Souza (1984), a litoestratigrafia do GBRC (Figura
4.1) é composta da base para o topo por sete unidades litoestratigráficas da base para o topo:
(I) Unidade Riacho das Pedras, inclui lavas e tufos máficos a félsicos, com intercalações
metassedimentares-ortoanfibolitos, lavas e tufos andesíticos a riodacíticos, xistos máficos,
biotita xistos, biotita paragnaisses, paranfibolitos, xisto grafitosos, formações ferríferas e
inclui também os diques de rochas metavulcânicas félsicas do embasamento; (II) Unidade
Rio Caratacá constitui-se de metadacitos - derrames e domos dacíticos, possivelmente com
tufos félsicos de composição similar associados; (III); Unidade Coiqui é formada por
ortognaisses dacíticos a quartzo andesíticos, com intercalaçoes subordinadas de biotita
gnaisses;
(IV)
Unidade
Riacho
do
Gado
Bravo,
formada
por
paragnaisses
cálciossilicatados-clinopiroxênio paragnaisses/paranfibolitos e anfibólio paragnaisses, com
intercalações
subordinadas de paragnaisses
quartzíticos/micáceos,
ortoanfibolitos e
ortognaisses dacíticos/andesíticos; (V) Unidade Riacho Madaipó inclui os ortoanfibolitos
finos do “greenstone” semelhante aos diques máficos do embasamento; (VI) Unidade
Caiada é composta de ortognaisses vulcânicos máficos a intermediários, com intercalações
félsicas e metassedimentares – ortoanfibolítico e ortognaisses andesíticos, com intercalações
de ortognaisses dacíticos a riodacíticos e aragnaisses com biotita ± cordierita ± granadas
silimanita; (VII) Unidade subvulcânicas félsicas constituída por metariodacitos a
71
micromonzogranitos restritos a um corpo intrusivo na parte oeste do riacho de Pedras e “sills”
mais para o leste.
5.1.2 – Geocronologia
Oliveira et al. (1998) através de datações geocronológicas em gabros e vulcânicas
ácidas do greenstone belt do Rio Capim obtiveram idades Pb-Pb em rocha total, Pb-Pb por
evaporação em zircão e U-Pb em zircão, situadas no intervalos de 2,22Ga a 2,09 Ga, além de
idades-modelo Sm-Nd, situadas entre 2,5-2,4Ga, conforme demonstrado na tabela 5.1.
Tabela 5.1: Dados geocronológicos do greenstone belt do Rio Capim.
Rochas
Greenstone belt do Rio Capim (GBRC)
Idade (Ga)
Método
Interpretação
Vulcânica
Félsica
2,153
2,096
2,138
Pb-Pb em rocha
total
Pb evaporação em
zircão
U-Pb em zircão
Leucogabros
2,433-2,537
Idade modelo
TDM Nd
Referência
Idades de
cristalização
Oliveira et al.
1998
Época de extração do
manto
Oliveira et al.
1998
5.1.3 – Metamorfismo
Para Souza (1984) o GBRC apresenta uma evolução metamórfica policíclica, de
caráter regional, onde foram distinguidas seis (6) fase de metamorfismo, destacando a fácies
fácies anfibolito baixo a alto correlatos aos eventos tectônica na região com picos no fácies
granulito. As fácies xisto-verde e pumpelyíta-prehnita, respectivamente, representa
retromorfoses generalizadas associadas a zonas de cisalhamento e fraturas.
5.1.4 – Recursos Minerais
As possibilidades de mineralizações no greenstone belt do Rio Capim (GBRC)
apontam mais no sentido de associações cromita-platinóides, tendo em vista que podem ser
72
caracterizados fácies “ferrogabróicas” onde os óxidos metálicos (ilmenita, magnetita)
perfazem até 10% da rocha (Fonseca, 1984).
Segundo Souza (1984) os sulfetos do GBRC se alojam essencialmente em rochas
mesocráticas quartzo andesíticas a dacíticas, com hornblenda + biotita, o que jpa forncem um
controle litologico.
5.2
– GREENSTONE BELT DO RIO ITAPICURU (GBRI)
5.2.1
– Litoestratigrafia
O greenstone belt do Rio Itapicuru dispõe-se na direção geral N-S, com inversão
localizada para E-W na porção sul, e encontra-se inserido em rochas gnáissicas e migmatíticas
do embasamento do Bloco Serrinha. A sua porção supracrustal (vulcano-sedimentar) pode ser
dividida em três unidades litoestratigráficas, de acordo com as proposições de Kishida (1979)
e Silva (1983, 1987):
(1)
Unidade vulcânico máfico (UVM), de posicionamento basal (Figura 5.1a),
constituída por lavas basálticas, maciças, porfiríticas, variolíticas, amigdaloidais, por vezes
com estrutura do tipo pillow lavas e brechas de fluxo. Observam-se também nessa unidade
intercalações de sedimentos químicos (BIF, cherts, formações manganesíferas) e sedimentos
pelíticos (folhelhos grafitosos).
(2)
Unidade Vulcânicas Intermediária a Félsica (UVF), intercaladas e sotoposta
à UVM (Figura 5.1b), na qual são observadas lavas afaníticas, porfiríticas e variolíticas, além
de piroclásticas diversas (tufos de cinza, lapilli, de cristais, vítreos e aglomerados vulcânicos),
de composição andesíticas a dacíticas, mais raramente riodacíticas. A essa unidade estão
também associados corpos subvulcânicos intermediários a félsicos, com predomínio de
quartzo-dioritos porfiríticos.
73
Figura 5.1 - Imagens de satélite do greenstone belt do Rio Itapicuru, destacando: (a) rochas da Unidade
Vulcânica Máfica (UVM) e (b) Rochas da Unidade Vulcânica Félsica (UVF). Fonte: Silva, 2001
(3)
Unidade Sedimentar (US), que predomina no topo da pilha supracrustal
(Figura 5.2a), constituída por um conjunto de rochas psamíticas e pelíticas em sua grande
maioria derivadas do retrabalhamento de vulcanitos intermediários e félsicos da UVF. Tratase conglomerados, arenitos, siltitos e folhelhos vulcânicos epiclásticos. Nesta unidade é
também registrada a presença de rochas de natureza vulcanoquímica, tais como cherts
laminados, formações ferríferas e formações manganesíferas.
O conjunto de rochas supracrustais foi intrudidas por diferentes gerações de rochas
graníticas (Figura 5.2b), a saber: granitóides do tipo IA, cálcio-alcalinos de colocação
sintectônica, granitóides shoshoníticos tardi a pós-tectônicos e, mais raramente, granitóides de
reciclagem crustal, do tipo S. Além disso, corpos lamprofíricos tardi a pós-tectônicos são
74
também encontrados, tanto intrudindo a sequência supracrustal quanto no embasamento do
Bloco Serrinha. Sills gabróicos de pequeno a médio porte também intrudem as rochas
supracrustais.
Figura 5.2 – Imagens de satélite do Greenstone belt do Rio Itapicuru, destacando: (a) rochas da Unidade
Sedimentar (US) e (b) granitóides intrusivos nas supracrustais. Fonte: Silva, 2001.
5.2.2 - Geocronologia
Estudos isotópicos realizados por Silva (1992) em litologias supracrustais das unidades
vulcânicas máficas e félsicas do GBRI, forneceram idades paleoproterozóicas. Assim como
dados de Rocha Neto (1994), que datam rochas máficas e félsicas (tabela 5.2) usando os
métodos Pb-Pb e Sm-Nd, obtendo idades paleoproterozóicas semelhantes aos valores obtidos
por Silva (1992).
75
Tabela 5.2: Dados geocronológicos do Greenstone Belt do Rio Itapicuru
Rochas
Andesito da UVF
Basaltos da UVM
Greentone belt do Rio Itapicuru (GBRI)
Idade (Ga)
Método
Interpretação
2,109±0,08
2,1
Pb-Pb em rocha
total idade
modelo TDM Nd
2,089±0,085
Rb-Sr
2,209±0.06
2,2
Pb-Pb em rocha
total idades
modelo TDM Nd
Autor
Silva (1992)
Idade de formação
Neves et al.
(1980)
Idade de formação
Silva (1992)
5.2.3 – Metamorfismo
Em relação ao metamorfismo do Greenstone Belt do Rio Itapicuru, através de estudo
petrográficos das diferentes litologias, Silva (1987) revelou a existência de dois eventos de
natureza pervasiva (M1 e M2) e um evento metamórfico localizado (M3): (M1)
metamorfismo hidrotermal (espilitização) de fundo oceânico que atuou sobre parte das rochas
vulcânicas máficas e félsicas; (M2) metamorfismo regional na fácies xisto-verde, associado à
deformação que afetou toda a seqüência e que localmente atingiu a fácies anfibolito nas
porções mais deformadas e no contato com os corpos granito-gnáissicos sintectônicos; e (M3)
metamorfismo de contato que atingiu a fácies hornblenda-hornfels em auréolas relacionadas à
intrusão de granitóides tardi a pós-tectônicos.
5.2.4 – Recursos Minerais
As principais vocações metalogenéticas do GBRI, até então, tem sido para a presença
de mineraizações auríferas. As principais áreas mineralizadas encontram-se na porção sul do
greenstone (área da mina Fazenda Brasileiro) e na porção central, ao longo do rio Itapicuru,
no domínio da Fazenda Maria Preta. O ouro ocorre em duas formas distintas: (i) associado a
sulfetos nas bordas de veios de quartzo-albita-carbonato, encaixados em zonas de
cisalhamento que afetam um sill gabróico diferenciado. Este é o modo de ocorrência de ouro
predominante da mina fazenda Brasileiro, onde os veios são acompanhados de intensa
carbonatização, sericitização, silificação e sulfetação (arsenopirita, pirrotita e pirita) das
rochas encaixantes; (ii) livre e/ou secundariamente associado a sulfetos, em veios de quartzo
76
encaixados em zona de cisalhamento, dentro de metassedimentos vulcanoclásticos félsicos.
Esse modo de ocorrência de ouro predomina no distrito de Fazenda Maria preta (porção
centro norte do greenstone) e nos depósitos da Fazenda Canto (porção sul do greenstone)
Silva, (2001).
Ambos os tipos de mineralizações podem ser explicadas com base em um modelo
genético envolvendo a circulação de fluidos hidrotermais ao longo de canais gerados por
eventos estruturais.
5.3
– CORRELAÇÃO ENTRE O GBRC E O GBRI
A partir das informações litoestratigráficas e geocronológicas dos greenstone belts do
Rio Capim (e.g. Souza, 1984; Winge, 1981; 1984; Oliveira et al. 1998) e do Rio Itapicuru
(e.g. kishida 1979; Silva 1981; Silva 1983, 1987, 1992), podemos correlacioná-las conforme
apresentado resumidamente na tabela 5.3.
Tabela 5.3 – Estudo comparativo entre o GBRC e GRBI
METAMORFIS
MO
GEOCRONO
Vulcanismo predominantemente ácido:
ortognaisses andesíticos com
intercalacões de ortognaisses dacíticos e
riodacíticos.
Vulcanismo basáltico (anfibolitos finos a
médios, e subvulcânicas máficas, cherts,
BIfs, sedimentos vulcânicos e tufos
andesíticos
Vulcânica Félsica
Leucogabros
2,153 (Ga)
2,096 (Ga)
2,138 (Ga)
2,433 (Ga)
2,537 (Ga)
Fácies xisto verde
Fácies anfibolito
Fácies granulito
UVF
GBRI
Lavas de composição
andesíticas a dacíticas,
associadas a rochas quartzo
dioríticas porfiríticas
UVM
Inferior
UNIDADES
Superior
GBRC
Lavas basálticas maciças
intercaladas a BIFs, cherts,
formações ferríferas além de
sedimentos grafitosos.
UVM (2,2 Ga)
UVF (2,1 Ga)
Fácies Xisto verde
Fácies anfibolito
77
CAPÍTULO VI
78
CAPÍTULO 6 - CONSIDERAÇÕES FINAIS
Neste trabalho foi apresentado o estudo petrográfico das unidades litoestratigráficas da
parte central do greenstone belt do Rio Capim, discutindo as principais parageneses
metamórficas observadas, e um estudo comparativo com o greenstone belt do Rio Itapicuru.
Dentro deste contexto, pode-se fazer as seguintes considerações:
1 – O greenstone belt do Rio Capim é caracterizado como um típico greenstone belt de idade
paleoproterozóica, disposto em um sinclinório com forma sigmoidal alongada norte-sul e
delimitada por falhas. O GBRC está inserido nos domínios do Bloco Serrinha, na porção
nordeste do Cráton do São Francisco, próximo a Faixa Sergipana em sua porção leste e
localiza-se nos limites tectônicos entre os Complexo Metamórfico Uauá e Santa Luz.
2 – Na área de pesquisa, foram estudados 5 (cinco) unidades litoestratigráficas do GBRC:
Riacho das Pedras, Rio Caratacá, Coiqui, Gado Bravo e Caiada, além do embasamento
gnáissico-migmatítico.
3 – As rochas gnáissicas-graníticas-migmatíticas do embasamento do greenstone Belt do Rio
Capim representados pelo ponto RC-03, petrograficamente, é constituída por quartzo,
plagioclásio,
hornblenda,
biotita
e
piroxênio,
apresentando
textura
granobládtica,
nematoblástica e lepidoblástica. À estas rochas inclui diques máficos gabróicos, maciços (RC04A e RC-05B) constituídos por horniblenda e Plagioclásio, microclina, opacos e titanita.
4 – A Unidade Rio das Pedras (RC-08) é representado por ortoanfibolitos com uma
assembléia mineral constituido por hornblenda e plagioclásio (andesina) com porções
menores de titanita e minerais opacos, apresentando textura granoblástica tendendo a textura
nematoblástica e, resquícios de texturas ofítica e subofítica;
5 – A Unidade Rio Caratacá (RC-10, RC-11, RC-13, RC-14, RC-15 e RC-16) é composta em
sua totalidade composta por uma associação mineralógica de plagioclásio, quartzo e
moscovita constituindo a paragênese félsica dominante, somando, biotita, mica branca como
clorita, carbonato e apatita, minerais opacos, zircão, titanita e turmalina representam os
79
acessórios presentes. As paragenes minerais de um modo geral apresentam texturas
granoblásticas a lepidoblástica.
6 – A Unidade Coiqui, representadas pelos pontos (RC-12 e RC-19), é constituída por
hornblenda, plagioclásio e quartzo que representam a composição essencial e minerais opacos
e apatita, tianita e zircão em menor quantidade. Apresentam textura nematoblástica
fortemente orientadas com relíquias de texturas ofíticas preservadas (RC-12), texturas
granoblástica granular e textura nematoblástica, devido a uma incipiente orientação da
hornblenda.
7 - A Unidade Gado Bravo é caracterizada por ortoanfibolitos (RC-20) ocorrendo intercalada
a sequência piroclástica. São rochas de coloração cinza escura, porfirítica, de granulação
média a grossa, composta essencialmente de anfibólios e plagioclásio. Este último dispõe-se
na forma, principalmente, de pórfiros de coloração branca de dimensão milimétrica, dispersos
na matriz anfibolítica. Apresentam em sua composição modal, anfibólios representados pela
hornblenda constituindo a matriz de granulometria fina, plagioclásio constituindo os pórfiros,
além de quartzo, biotita, minerais opacos, microclina e piroxênios. Ocorrem as texturas
nematoblástica, localmente granoblástica, subofítica, ofítica, mortar e ainda segregação ou
bandamento dos cristais de plagioclásio.
8 – A Unidade Caiada (RC-17) aflora na margem do Riacho Capim é constituída por rochas
de coloração verde escura a preta, maciça, granulação média, composta por anfibólios e
plagioclásio e cortada por pegmatitos poucos espessos. È representada por rochas
ortoanfibolitos constituída por cristais de hornblenda, plagioclásio, predominantemente e
texturas granoblástica granular e decussada.
9 – O metamorfismo atuante na área de estudo do GBRC, é de caráter regional, da fácies
anfibolito constituído por uma paragênes mineral composta por hornblenda + plagioclásio
(andesina). Este tipo de metamorfismo foi identificado para as rochas do embasamento do
Complexo Uauá e para os diques máficos, assim como para as Unidades Riacho das Pedras,
Coiqui, Caiada e Gado Bravo. A Unidade Caratacá é composta por uma associação
mineralógica de mais baixo.
80
10 - A partir das semelhanças dos dados geocronológico e litoestratigráficos dos greenstone
belts do Rio Capim (e.g. Souza, 1984; Winge, 1980; 1984; Oliveira et al. 1998) e Rio
Itapicuru (e.g. Kishida 1979; Silva 1983, 1987, 1992) podemos correlacioná-los, associandose a seguinte história evolutiva: no paleoproterozóico (Sideriano/Riaciano precoce)
processou-se, em regime extencional sobre o Bloco Serrinha, a formação dos greenstone belt
do Rio Itapicuru e do Rio Capim. Durante o evento transamazônico, no Riaciano, o conjunto
bloco crustal – Cinturão Móvel Itabuna – Salvador – Curaçá é submetido a deformação e
metamorfismo, cujo pico, entre 2,07 e 2,08 Ga, atingiu a fácies granulito na faixa móvel e as
fácies xisto verde e anfibolito nos terrenos greenstones.
81
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ANEXOS
85
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