ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM HEMODIÁLISE NA PREVENÇÃO DE INFECÇÃO DOS ACESSOS VASCULARES: CONHECENDO O PERFIL DO PACIENTE DIALÍTICO Mirian Oliveira Rodrigues Costa1, Tiara Charlene Teixeira Fernandes1, Edna Ferreira Guimarães2 1 Graduando(a) do curso de enfermagem. Faculdade Guanambi – FG/CESG, mail:[email protected]. 2 Enfermeiro(a) Especialista em Saúde Pública com Ênfase em PSF pela Faculdade Guanambi – FG/CESG. E- RESUMO: Os profissionais de enfermagem que lidam com pacientes nefropatas principalmente em uso de hemodiálise podem enfrentar um desafio muito grande para trabalhar com a prevenção de infecção dos acessos vasculares, pois além destes serem imunodeprimidos muitos pode desconhecer a doença e não seguir as restrições indicadas. Pensando nisso, a pesquisa objetivou avaliar como a assistência de enfermagem em hemodiálise pode amenizar a ocorrência de infecção dos acessos vasculares, bem como conhecer o perfil dos indivíduos dialíticos. O trabalho trata-se de uma pesquisa qualiquantitativo com carácter exploratório descritivo tendo como amostra 64 pacientes de ambos os sexos atendidos no Hospital do Rim de um Município da microrregião do Sudoeste baiano. A coleta dos dados ocorreu entre os meses de março a maio de 2014 e a análise e discussão dos resultados se deu em Junho do mesmo ano. O estudo possibilitou constatar a não evidência de índice de infecção na Unidade em estudo e isso se deve ao intenso uso de medidas preventivas adotadas pelos profissionais como a lavagem correta das mãos e uso da fístula. Notou-se que 100% dos pacientes fazem uso do cateter durante um mês até o amadurecimento da fístula arteriovenosa e nesse período realizam os curativos apenas na unidade hospitalar 3 vezes por semana, onde recebem cuidados apropriados. Mediante a caracterização dos pacientes, percebeu-se que a maioria são do sexo masculino, casados, possuem renda familiar de 1 salário mínimo e apresenta baixo nível de escolaridade. Diante dos resultados do estudo, constata-se que a fístula tem uma boa indicação para redução dos casos de infecção quando associado à lavagem adequada das mãos, plano de assistência de enfermagem adequado e medidas de educação em saúde. Palavras–chave: Acessos Insuficiência renal. vasculares. Assistência de enfermagem. Hemodiálise. NURSING ASSISTANCE IN HEMODIALYSES IN THE PREVENTION OF VASCULAR ACCESS KNOWING THE PROFILE OF THE DIALYSIS PATIENT ABSTRACT: The nursing profissionals who deal with nephropathy petient meinly in osimg hemodialysis my face a big challenge to work with the perevention of in fection of the vascular access,as wele many of these are immunocompromesed can ignore the diseas e and 2 not follow the restriction set. Thainking abrout that this research aimde to access how nursing care in hemodialysis cam my ti gate the occurrence of infection of the vacular access, as wele as knowing the profile of these dialysis individuals. It es a research with descriptive exploratory nature and a sanple of 64 patients of both sexes teiated at the hospital of kedney in the micro-region of the bahian souter West.The date colection accured between the nths from march to my 2014 and the analysis and discussion of the results occured in june of the same year. This study show that there isnt envidence of inction in the unit under study and it is due to intensive preventive measures adopted biy professional as the proper washing of hands and the use of the fistular. It is noted that 100% of patients make use of the cateter for one month until the maturation of the arteriovenous fistular and in this period they perfor the curative only in the hospital 3 times a weed, where they recuve appropremte care, By the characterization of the patient it is noticed that tmajority are male they vebeen married, they ve had a Family and an income of one minimum wage and they have a low level education. From these result, it appears that fistular is a good indication for the reduction of cases of infction wehen associated with proper washing of hands the nursing assistance plan appropriate and health education neasures. Key words: Vascular access. Nursing assistance. Hemodialyses. Renal failure. INTRODUÇÃO A Doença Renal Crônica é uma patologia progressiva e irreversível que possui várias causas, e o tratamento é permanente. Ela apresenta-se em índices crescentes por conta do aumento da expectativa de vida e prevalência de enfermidades (THOMÉ et al., 2006). Observa-se que a Insuficiência Renal Crônica (IRC) tem crescido preocupantemente e junto também os investimentos em programas de tratamento por hemodiálise e transplante, pois no ano de 2000 até 2010 consta um aumento de aproximadamente 50% casos como confirma Sesso et al. (2011), quando fala que o número de pacientes renais crônicos em terapia renal substitutiva no ano de 2000 aumentou de 42.695, para 92.091 em 2010, e destes, 90,6% realizam hemodiálise e 13,6% utilizam cateteres. Compreender os fatores que contribui para o processo infecioso na hemodiálise é imprescindível para avaliar e propor metas de redução das complicações presentes nos nefropatas uma vez que na terapia substitutiva renal (TSR) o paciente é submetido a um procedimento muito desgastante, pois a hemodiálise instabiliza o equilíbrio do indivíduo. O objetivo da hemodiálise é extrair as substâncias nitrogenadas tóxicas do sangue e remover o excesso de água (JUNQUEIRA & CARNEIRO, 2013). Quanto aos métodos de terapia existe a hemodiálise, terapia de substituição renal contínua e diversas formas de diálise peritoneal (MOURA et al., 2010). 3 É importante ressaltar que a hemodiálise causa uma série de desconfortos e para esta ocorrer é necessário uma via de acesso entre o corpo da pessoa e a máquina que por sua vez é feito através de uma técnica cirúrgica que pode ser a implantação de um cateter venoso ou de uma fístula arteriovenosa, porém esse acesso poderá ser foco para ocorrência de infecção e quando isso ocorre passam a ser um grande problema para o paciente renal crônico devido já possuir a imunidade diminuída. Nessa perspectiva, a pesquisa torna-se relevante porque alerta os profissionais de saúde e pacientes a assumirem uma postura pautada na prevenção evitando assim maiores agravos durante a TSR e consequentemente visa amenizar o número de óbitos por sepse e redução dos gastos públicos com tais complicações. Acredita-se que o cuidado com o sítio deve partir tanto do profissional quanto do paciente para evitar qualquer tipo de contaminação. Considera-se que as complicações relacionadas à infecção podem surgir durante o tratamento de hemodiálise no âmbito hospitalar e domiciliar e neste caso o trabalho justificase e mostra-se como relevante uma vez que apresenta a assistência de enfermagem como importante subsídio no controle das ocorrências de tais infecções e ao mesmo tempo reforça a necessidade de ponderar sobre o conhecimento do perfil do paciente dialítico e a sistematização da assistência de enfermagem no cuidado ao paciente dialítico. Nesse sentido, a pretensão pela pesquisa parte do objetivo em avaliar como a assistência de enfermagem em hemodiálise pode amenizar a ocorrência de infecção dos acessos vasculares e conhecer o perfil dos indivíduos dialíticos. MATERIAL E MÉTODOS A coleta dos dados foi realizada na Unidade de tratamento denominado Hospital do Rim de uma microrregião do Sudoeste baiano no período compreendido entre os meses de março a maio de 2014 e o público alvo foram os pacientes nefropatas em uso de hemodiálise e os profissionais de enfermagem da referida instituição. Buscou-se verificar a assistência de enfermagem em Hemodiálise quanto a prevenção de infecção dos acessos vasculares. Trata-se de uma pesquisa exploratória de caráter quantitativo e qualitativo observacional que utilizou como instrumento de coleta de dados dois questionários estruturados, sendo um para os pacientes e o outro para os profissionais de enfermagem da Unidade de Saúde em questão. A amostra foi composta por 64 pacientes e 5 profissionais de 4 enfermagem, sendo que o critério de inclusão baseou na escolha dos pacientes que aceitaram participar livremente da pesquisa e que tinham condições de responder as questões. Quanto aos profissionais o critério de inclusão baseou na seleção daqueles que aceitaram participar livremente da pesquisa e também os que estavam atuando na unidade no período de coleta dos dados. Já os critérios de exclusão utilizados foi basicamente o fato de não aceitarem participar da entrevista e os pacientes que não tiveram condições físicas e psicológicas de comunicar. Quanto os profissionais o critério de exclusão foi também às situações de vínculo com a instituição com menos de seis meses. A entrevista teve como base o instrumento de coleta de dados em forma de roteiro estruturado que analisou qual é o perfil dos pacientes acometidos pela doença renal crônica em estado dialítico, faixa etária, sexo, renda familiar; nível de escolaridade, estado civil, a periodicidade de realização dos curativos e a aderência quanto ao uso da fístula e do cateter. O segundo roteiro de coleta de dados direcionado aos profissionais avaliou a frequência de realização de lavagem das mãos, a existência de sinais de infecção nos pacientes, casos de sepse, principais fatores causadores da infecção, quantos pacientes usam fístula e quantos usam cateter. Por se tratar de um estudo que envolve seres humanos, antes da coleta dos dados foi aplicado um termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE), elaborado segundo os aspectos relativos à Resolução 466/12 do Conselho Nacional de Saúde e foi disponibilizado uma cópia para o participante e a outra para o pesquisador. Os dados foram coletados e processados utilizando-se o programa Microsoft Word 2010 para tabulação dos dados e o Microsoft Excel 2010 da Microsoft®, para posterior confecção dos gráficos que após analisados permitiu as discussões dos resultados que segue. RESULTADOS E DISCUSSÃO O estudo possibilitou observar que dos 64 pacientes entrevistados 2 pessoas possuíam idade variando entre 13 a 19 anos; 4 pessoas 20 a 29 anos; 9 pessoas 30 a 39 anos ; 10 pessoas 40 a 49 anos; 10 pessoas 50 a 59 anos; 14 pessoas possuíam de 60 a 69 anos; 11 pessoas de 70 a 79 e 3 pessoas 80 a 89 anos, ou seja, a maioria (43,8%) acometidos possui idade acima de 60 anos . 5 Desse modo, os dados estão em consonância com um estudo feito por Barbosa et al. (2011) em uma Unidade de Hemodiálise (UH) do município de Linhares, Espírito Santo bem como com outros estudos como o de Lopes et al. (2010) e Santos et al. (2007). No estudo de Barbosa et al. (2011) foi avaliado o perfil dos pacientes que fazem tratamento hemodialítico e correlacionado a incidência de hipertensão e diabetes com a faixa etária, sexo e nível de escolaridade. Assim, constatou-se que os pacientes atendidos nesta unidade, são em sua maioria acima dos 50 anos de idade, do sexo masculino e com pouca escolaridade e sem conhecimentos prévios de que a Diabetes Mellitus (DM) e Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) poderiam levá-los a uma IRC. A DRC apresenta-se em índices crescentes por conta do aumento da expectativa de vida e prevalência de enfermidades como Hipertensão Arterial Sistêmica e diabetes mellitus na população (THOMÉ et al.,2006). Já o estudo realizado por Lopes et al. (2010), na cidade de Parnaíba-PI, foi realizado a caracterização dos pacientes com Doença Renal Crônica em Hemodiálise e constatou-se que a maioria destes era do sexo masculino, de cor parda, maior de 60 anos, com baixo nível socioeconômico, com até dois anos de tratamento, tendo a HAS como causa principal da DRC e comorbidade. Dados esses que comprovam os resultados aqui encontrados, pois, de acordo com as figura 1, os pacientes mais acometidos pela DRC em TSR são realmente os pacientes idosos, não alfabetizados, do sexo masculino (72%). Enquanto o feminino foi de apenas (28%). Figura 1 - Distribuição de acordo o sexo dos 64 pacientes entrevistados atendidos no Hospital do Rim de um município da microrregião do Sudoeste Baiano 45 50 40 19 30 20 10 0 masculino Fonte: Dados da pesquisa Feminino 6 Observa-se que dos pacientes entrevistados a maioria enquadra-se nos grupos dos indivíduos que estudou apenas as séries do primeiro ano, ou seja, ensino fundamental incompleto (1ª a 8ª série) (59%) citados na figura 2, e não alfabetizados (27%), enquanto apenas (1,5%) tem o 1º ano do ensino médio e (12,5%) tem ensino médio completo. Figura 2 - Distribuição de acordo com o grau de escolaridade dos 64 pacientes entrevistados atendidos no Hospital do Rim de um município da microrregião do Sudoeste Baiano 18 16 14 12 10 8 6 4 2 0 Fonte: Dados da pesquisa Com esse resultado acredita-se que a população mais acometida por essa patologia são aqueles que possuem menos instrução escolar, podendo desse modo não se atentar ao controle e prevenção da HAS e DM que são principais causadoras da IRC como demonstrou o resultado de outros estudos, por exemplo, o de Barbosa at al. (2011) em Linhares, ES, que correlacionou a incidência de hipertensão e diabetes com a faixa etária, sexo e nível de escolaridade. Atualmente a HAS é a segunda principal causa de nefropatia que resulta em IRC (ORSOLIN et al., 2005) e de acordo Peres et al. (2007), o número de pacientes com diabetes mellitus (DM) que anualmente vêm sendo incluídos em TSR tem aumentado ultimamente em grande parte dos países. Notou-se que outros dados sociodemográficos como, por exemplo, estado civil e renda familiar, foram avaliados como fatores importantes na composição da caracterização dos pacientes dialíticos. 7 Os números de indivíduos que fazem TSR são em sua maioria casados com 59% mencionados na figura 3, enquanto que os demais acometidos são 23% solteiros; 5 % viúvos, 5% divorciado e 2 % não informaram. Quanto às condições socioeconômicas constatou que 66% possuem 1 salário mínimo; de acordo a figura 4, 13% 2 salários mínimo; 8% 3 salários mínimo; 2% 1,5 salários mínimo, 6% disseram que não sabiam e 5% deixaram em branco (não informou). Figura 3 - Distribuição de acordo com Estado Civil dos 64 pacientes entrevistados atendidos no Hospital do Rim de um município da microrregião do Sudoeste Baiano em 2014 38 15 5 5 1 Casado Solteiro Não informou Viúvo Divorciado Fonte: Dados da pesquisa Corroborando essas informações o estudo de Santos et al. (2007) já mencionado, estudou os pacientes idosos de ambos os sexos cadastrados no serviço de nefrologia do Hospital São Vicente de Paulo (HSVP) na cidade de João Pessoa (PB), no período de fevereiro a julho de 2010, e obteve praticamente a mesma constatação dos achados até aqui apresentados, mostrando apenas uma divergência no estado civil. Ele avaliou faixa etária, naturalidade, estado civil e condições econômicas dos pacientes, constatando que, 69,9% eram do interior do Estado, 55,3%, tinha renda familiar mensal predominante de 1 salário mínimo (79,6%), a totalidade possuía beneficio previdenciário; 56,3% aposentados por tempo de serviço e 43,7% por invalidez e o estado civil predominantemente foi solteiros (66,0%). 8 Figura 4 - Distribuição de acordo com as condições socioeconômicas dos 64 pacientes entrevistados atendidos no Hospital do Rim de um município de microrregião do sudoeste Baiano em 2014 60 42 40 20 0 1 9 5 4 3 Fonte: Dados da pesquisa De acordo dados do Diário Oficial da União de nº 47 publicado em 8 de março de 2012, o Ministério da Saúde, por meio das portarias: 1.112/GM/MS, de 13/06/ de 2002 e da 3.075/GM/MS, de 22 do 12 de 2011, decide estabelecer recursos a serem adicionados ao limite financeiro anual, destinado ao custeio da Nefrologia dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios por meio de outra portaria mais recente a de nº 387 165/SAS/MS ,de 7 de março de 2012. Essa portaria altera os valores de remuneração dos procedimentos da Nefrologia constantes do grupo 03 da Tabela de Procedimentos, Medicamentos, Órteses, Próteses e Materiais Especiais do SUS (BRASIL, 2012). Além dos gastos públicos com o tratamento dos pacientes renais crônicos a doença ainda pode ter outras implicações econômicas pois, segundo a Sociedade Brasileira de Nefrologia, 50% dos pacientes em lista de espera para transplantes renais estão na faixa etária de 15 a 49 anos os quais em consequência da insuficiência renal crônica reduzem suas atividades econômicas durante o tempo de tratamento (GODY, 2008). No estudo em questão também constatou que a maioria dos pacientes é de outras microrregiões, desse modo, não pertencendo ao município sede da Unidade Hospitalar e quanto ao benefício previdenciário não foi pesquisado. Quanto às complicações dos acessos vasculares foi constatado que os pacientes são muito bem assistidos pela equipe de enfermagem, pois estes não apresentaram índice de 9 infecção elevado, uma vez que apenas um profissional entrevistado afirmou que durante 3 anos de experiência, somente um paciente teve infecção devido má higienização, entre outros fatores. Asseguram ainda que seguem rigorosamente todas as técnicas assépticas destacando a assistência de enfermagem adequada desde os procedimentos até as orientações para os pacientes. Desse modo, compreende-se que seja importante entender as principais complicações que o paciente em Terapia de Substituição Renal enfrenta, principalmente quando se refere às infecções pelo uso dos acessos vasculares ou de fístula arteriovenosa bem como o conhecimento do perfil destes indivíduos que fazem uso da hemodiálise. Nessa perspectiva, considera-se que o profissional de enfermagem por ser embasado em conhecimentos científicos deve utilizar-se do papel de educador para conscientizar os pacientes das restrições e atribuições na terapêutica, instigando mudanças no comportamento, prevenindo assim, as potenciais complicações, pois a educação em saúde é uma estratégia que deve ser amplamente empregada nas sessões de diálise (SANTANA et al., 2013). A hemodiálise é o método de diálise que é habitualmente mais utilizado para retirar substâncias nitrogenadas tóxicas do sangue e excesso de água. Assim, para realizá-la deve-se exigir o máximo de cuidado por conta das possíveis intercorrências clínicas (MASEO, 2003). As infecções assinalam-se como um importante agravo que acomete os pacientes renais crônicos, sendo o principal motivo de internação, devido os nefropatas serem geralmente imunodeprimidos eles acabam apresentando maior predisposição para a infecção, além disso, possui também maior risco devido o uso dos acessos venosos para hemodiálise como, por exemplo, os cateteres centrais ou fístula arteriovenosa (BREITSAMETER et al., 2008). Confirmando essa concepção, dados da Agência Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA- (2004), apontam que 60% das bactérias adquiridas nos hospitais estão relacionadas a uso de CVCs. Nesse sentido, a pesquisa também verificou qual era a predominância dos acessos vasculares, onde os pacientes realizavam os curativos e qual a periodicidade de realização dos mesmos. Notou-se que a Fístula Arteriovenosa é o acesso mais utilizado e quem realizava o curativo era o profissional de enfermagem do Hospital do Rim em estudo, sendo este procedimento feito de maneira asséptica e com todos os EPI’s, lavando as mãos antes e depois do procedimento. Certificou ainda que o período de realização era de 3 vezes na semana. Esse achado vai de encontro ao estudo feito por Nascimento et al. (2009), pois este evidenciou-se que os profissionais aplicam parcialmente a teoria em sua prática diária, 10 durante a realização do curativo em clientes com acesso venoso para hemodiálise, pois não utilizam EPI completo, não lavam as mãos antes e após os procedimentos, não avaliam adequadamente os sinais e sintomas de infecção e não registram os procedimentos adequadamente. Sobre a permanência dos acessos vasculares, percebeu-se que todos fazem uso do cateter apenas por um período de um mês, tempo que a fístula amadurece e depois passa a usar definitivamente o fistula arteriovenosa no processo dialítico, desse modo, foi possível identificar ainda que o tempo mínimo de uso desta foi apenas de 2 meses (um paciente ) e o máximo foi de 9 anos. Quanto à ocorrência de dor, sua intensidade e local, foi evidenciado que, 6% dos entrevistados possuem dor no local da fistula às vezes; 50% nunca sentiram dor; como mostra a figura 5, 6% quase sempre sente dor no local da fistula; 14% raramente sente dor na fistula; 16% sentem dor no local da fistula raramente e leve; 6% sempre sentem dor na fistula; 2% sentem dor no local da fistula raramente e médio. De acordo Sena (2005, p.02) “A doença renal reduz acentuadamente o funcionamento físico, profissional e a percepção da própria saúde, com impacto negativo sobre os níveis de energia e vitalidade”. Desse modo, é possível compreender o quanto o paciente com essa patologia sofre bruscas modificações em sua vida diária requerendo maiores cuidados não apenas dos familiares, mas principalmente dos profissionais de saúde. Os estudos apontam que as complicações mais comuns na sessão de hemodiálise consistem em: hipotensão com um percentual de 20% a 30%; cãibras com 5% a 20%; náuseas e vômitos com 5% a 15%; cefaléia 5%; dor torácica 2% a 5%; prurido com 5%; dor lombar 2% a 5%; febre e calafrios com apenas 1% (DAUGIRDAS et al., 2008). O prurido é também observado como uma das manifestações mais comum na IRC, e tem sido evidenciado como um resultado tóxico da uremia na pele e também se o cálciofósforo estiver elevado pode contribuir para este sintoma, assim como a alergia (FERMI, 2010). A febre e calafrios também ocorrem durante a diálise. Estes são sintomas que podem estar relacionados à pirogenia ou infecção por equipamento contaminado (LIMA & SANTOS, 2009). Diante disso, nota-se que a assistência de enfermagem é imprescindível no processo de orientação do paciente, na realização de procedimentos, prevenção de intercorrências entre outros, mas vale ainda ponderar que a Sistematização da Assistência de Enfermagem é um instrumento pouco explorado nas Unidades de Terapia Intensiva. A Sistematização da 11 Assistência de Enfermagem (SAE) é um processo que tem como foco a assistência individualizada, [...] onde o seu objetivo é a recuperação à saúde do paciente tendo prioridade na prestação de serviço com qualidade melhorando as condições de vida do cliente (ROSA & FERREIRA, 2008). Figura 5- Distribuição de acordo a frequência dos possíveis episódios de dor no local da fístula, dos 64 pacientes entrevistados atendidos no Hospital do Rim de um município da microrregião do Sertão Baiano em 2014. 40 32 30 20 9 10 4 4 10 4 1 0 Fonte: Dados da pesquisa De acordo Sales (2008), após a análise do diagnóstico, examinando as necessidades afetadas e o grau e dependência do cliente, planeja-se os cuidados a serem prestados e depois a prescrição de enfermagem, pois esta guiará na realização dos cuidados e a avaliação dos mesmos constantemente, provendo as informações necessárias para a quinta fase que é a evolução de enfermagem, que se fundamenta na avaliação habitual das adequações do paciente perante dos cuidados oferecidos. Para Andrade (2005), no ambiente hospitalar, o trabalho da enfermagem nem sempre está voltado para o atendimento das necessidades do paciente, mas sim para a realização de ações não propriamente ditas da enfermagem, e segundo o autor isso leva à execução de atividades de outros profissionais os que por sua vez leva ao cumprimento de tarefas meramente burocráticas que acaba afastando o enfermeiro de algumas de suas atribuições que são peculiares. 12 Na pesquisa notou-se que os profissionais de enfermagem desenvolvem uma assistência qualificada, pois não existem elevado índices de infecção, tanto por conta das técnicas assépticas dentro do hospital, como porque os pacientes recebem orientações adequadas quando retornam ao âmbito domiciliar. A esse respeito Sales et al. (2008) ainda afirma, que por meio da assistência qualificada, o hospital pode reduzir gastos com insumos, tempo de permanência dos clientes internados, evitar contaminações e aumentar a rotatividade de leitos. Tais ações, normalmente são embasadas na Teoria de Wanda Aguiar Horta a qual descreve o processo de enfermagem em seis fases inter-relacionadas que são: histórico, diagnóstico de enfermagem, plano assistencial, prescrição, evolução e prognóstico de enfermagem. CONCLUSÃO Conclui-se que a os pacientes em uso TSR precisam do cuidado intenso da enfermagem e isso é evidenciado nos procedimentos como curativos, orientações que configuram a prática de Educação em Saúde, entre outras atribuições. Neste caso, a SAE é aprontada como uma ferramenta importante que favorece o cuidado da enfermagem, possibilitando uma assistência com embasamento científico, de maneira mais autônoma e cada vez mais qualificada. Foi possível constatar ainda que a Fístula tem uma boa indicação como via de acesso vascular que permite a realização da hemodiálise. Já o cateter central deve ser explorado apenas como uma via temporária, pois é mais suscetível a ocorrência de infecções. Quanto à caracterização da população, notou-se que os pacientes atendidos nesta Unidade são maioria idosa, do sexo masculino com nível de escolaridade baixa, casados, pertencentes a outras regiões circunvizinhas, fazem hemodiálise 3 vezes na semana e usam fístula arteriovenosa. Os resultados alcançados poderão constar como subsídio para reforçar a importância da lavagem básica das mãos e adoção de medidas preventivas que poderão reduzir os índices de complicações nos pacientes com acessos vasculares. A população idosa é mostrada como sendo a mais atingida, nesse sentido o estudo também aponta que é necessário direcionar uma assistência pautada na prevenção às doenças como Hipertensão e Diabetes que são as percussoras da DRC. 13 REFERÊNCIAS AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANINTÁRIA. Estabelece o regulamento Técnico para o funcionamento dos serviços de Diálise. Resolução n. 154, de 15 de junho de 2004. D.O.U. - Diário Oficial da União; Poder Executivo, de 17 de junho de 2004. 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