UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS DEPARTAMENTO DE FÍSICA Laboratório de Física Moderna – (2o Semestre de 2008) 1. Título: Experimento de Franck-Hertz 2. Objetivos: Reproduzir a experiência de Franck – Hertz; Medir a energia de excitação do átomo de mercúrio devida ao espalhamento inelástico de elétrons. 3. Introdução Teórica: Quando Niels Bohr propôs o seu modelo atômico, estava previsto que a energia total de um elétron em um átomo é quantizada, o que explicava as regularidades encontradas nos espectros de emissão dos átomos e moléculas. No entanto, era preciso uma prova direta do fato das energias dos átomos e moléculas serem quantizadas; e isto foi feito numa experiência que Franck e Hertz realizaram um ano após a publicação da idéia original de Bohr em 1913. Figura 1 – Esquema do aparelho usado por Franck e Hertz para provar que os estados atômicos de energia são quantizados. Na Fig.1 está um esquema do equipamento utilizado nesta experiência. Os elétrons são emitidos termicamente a baixas energias pelo catodo C, pois ao elevar-se a temperatura deste a energia cinética de agitação térmica de seus elétrons supera as forças que os prendem à sua superfície e são emitidos espontaneamente. Em seguida, os elétrons são acelerados em direção ao anodo A por uma diferença de potencial U A aplicada entre os dois eletrodos. Alguns elétrons passam através dos furos em A e dirigem-se à placa S, desde que tenham energia cinética suficiente para superar o pequeno potencial retardador U S aplicado entre S e A. O galvanômetro indica quantos elétrons atingem a placa S. O tubo inteiro está cheio de gás ou vapor, a baixa pressão, dos átomos a serem investigados. O objetivo da experiência é a medida da corrente eletrônica que atinge P em função da voltagem aceleradora U A . A experiência realizada por Franck e Hertz utilizava um tubo contendo vapor de Hg. Inicialmente a voltagem U A e a corrente são iguais a zero. Começa-se, então, a aumentar U A , até que seja vencida a barreira de potencial que prende os elétrons ao catodo para que o galvanômetro comece a indicar a passagem de uma corrente I S . Observa-se que a corrente I S cresce quando a voltagem U A cresce. Quando a voltagem U A é suficiente para que alguns elétrons adquiram energia necessária para excitar o nível dos átomos do gás por espalhamento inelástico de elétrons, observa-se que a corrente cai abruptamente. Isto foi interpretado como indicando que houve alguma interação entre os elétrons e os átomos de Hg. A linha que era excitada pelo espalhamento de elétrons correspondia a = 2536,5 Å e, como se sabe: h hc (elétrons-volt) e e Fazendo os cálculos com h 6,626 x1034 J .s, c 2,998x108 m / s e e 1,602 x10 19 C, E obtém-se E 4,9eV . O valor de U A que corresponde à diminuição repentina da corrente I S é exatamente 4,9V , mostrando que quando os elétrons têm energia cinética de 4,9eV , eles conseguem excitar os átomos de Hg e, ao fazê-lo, perdem inteiramente suas energias cinéticas. Se o valor do potencial aplicado U A for ligeiramente superior a 4,9V , o processo de excitação ocorre exatamente em frente ao anodo A e, após o processo, os elétrons não conseguem ganhar energia cinética suficiente para superar o potencial retardador U S e chegar a S. Esta é a razão da grade com potencial positivo em relação ao coletor. Do visto acima, tem-se que a mudança brusca na curva indica que os elétrons com energia menor que 4,9eV não são capazes de transferir sua energia para os átomos de Hg. Isto é consistente com a interpretação de estados de energia discretos para o átomo de Hg. Supondo que o primeiro estado excitado do Hg tem energia 4,9eV acima da energia do estado fundamental, deve-se esperar uma linha no espectro de emissão do Hg, correspondente à perda pelo átomo de 4,9eV, ao sofrer uma transição do primeiro estado excitado para o estado fundamental. Isto foi confirmado por Franck e Hertz, ao medirem a , que única linha vista quando a voltagem aceleradora é de 4,9V e encontrado 2536,5 pelos cálculos feitos anteriormente corresponde exatamente a um fóton de energia 4,9eV . Finalizando, tem-se que a experiência de Franck e Hertz realizaram verificou as seguintes hipóteses: 1) é possível excitar átomos pelo bombardeamento de elétrons de baixa energia; 2) a energia transferida dos elétrons para os átomos tem sempre valores discretos; 3) os valores obtidos para os níveis de energia estão de acordo com os resultados da espectroscopia. 4. Parte Experimental: Material Necessário: o Aparato de Franck-Hertz (9056). o Voltímetro 30V DC (7104). o Fonte de tensão, 0-600V DC (13620.93). o Amplificador de corrente contínua (7539). o Forno (9057). o Microamperímetro (7088). o Termômetro. o Bateria 1,5V. O equipamento necessário para esta experiência consiste de um tubo de Franck – Hertz que é uma válvula que possui um filamento emissor de elétrons e uma estrutura capaz de acelerá-los até que atinjam energias cinéticas desejadas. O tubo contém mercúrio que é vaporizado por meio de um forno cuja temperatura pode ser escolhida convenientemente. Com o dispositivo indicado na Fig.2 é possível estudar a ocorrência de excitação dos átomos de mercúrio em função do potencial acelerador. Fig.2 – Montagem do aparato de Franck – Hertz. Procedimento Experimental: 1) Realiza a montagem do experimento de acordo com a Fig.2. 2) Ligue o forno e espere que a temperatura atinja marcas superiores a 150oC. Aguarde aproximadamente 15 a 20 minutos para iniciar as medidas de tensão e corrente. 3) Variando o valor da tensão U A , a partir do valor nulo, meça o valor correspondente da corrente I S lida no micro-amperímetro. Observações: 1) Pequenas variações na temperatura do forno induzem à flutuações nos valores da corrente I S lida no micro-amperímetro para a mesma voltagem U A . No entanto, as posições dos mínimos nos valores da corrente não serão afetadas. 2) Normalmente os primeiros máximos são mais fáceis de observar em baixas temperaturas. Por outro lado, obtém-se um maior número de mínimos na corrente em altas temperaturas. 3) Recomenda-se que uma vez obtido o melhor valor da temperatura do forno (a qual depende do tubo de Franck – Hertz utilizado), deve-se desligar a fonte que alimenta o forno e iniciar imediatamente as medidas, monitorando as variações de temperatura do forno. Tratamento de Dados: Obtenha os dados que permitam construir uma curva I S f (U A ) entre 0 e 30V e determine a energia de excitação do mercúrio para o nível sob estudo a partir da “distância” dos mínimos encontrados na curva e compare com o resultado esperado teoricamente. Questões: 1) Que informação é possível extrair da regularidade observada nos valores dos mínimos de corrente na curva traçada? 2) Qual é a função do potencial retardador U S entre o anodo e a placa coletora S? 3) A densidade do vapor de mercúrio dentro do tubo afeta bastante o resultado. Explique o que deve ocorrer com a corrente de elétrons no caso da densidade de vapor ser baixa e no caso de ser alta. 4) Como foi feito o controle da densidade nesta experiência?