Avaliação do Efeito da Psicoterapia Cognitivo

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V Mostra de Pesquisa
da Pós-Graduação
PUCRS
Avaliação do Efeito da Psicoterapia Cognitivo-Comportamental
em Sintomas e Cognições Pós-Traumáticos
Patricia Gaspar Mello, Christian Haag Kristensen (orientador)
Programa de Pós-Graduação, Faculdade de Psicologia, PUCRS.
Resumo
Introdução
O Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT) tem chamado a atenção nas
pesquisas atuais por se tratar de uma patologia causadora de intenso sofrimento, podendo
impedir que as pessoas diagnosticadas consigam realizar atividades simples como sair na rua,
passear com os filhos ou mesmo realizar um saque em um caixa eletrônico. O transtorno é
caracterizado por uma resposta sintomática a um evento estressor (critério A), gerando
eventos como a revivência do evento traumático, como pesadelos ou flashbacks (critério B),
evitação e entorpecimento (critério C) e hiperexcitabilidade (critério D). Estes sinais se fazem
presentes no sujeito por mais de 30 dias (critério E) e acarreta prejuízos significativos na
funcionalidade e/ou intenso sofrimento psicológico ao paciente (critério F) (American
Psychiatric Association, 2002).
A estimativa referida por Kristensen, Parente, & Kaszniak (2006) é de que 60% a 90%
dos indivíduos são expostos a um evento estressor potencialmente traumático ao longo da
vida. Na população geral, cerca de 5% das pessoas desenvolverão TEPT, podendo ser
considerado o quarto transtorno mental mais comum (Yehuda & Davidson, 2000). No que se
refere a estes eventos estressores, pode-se pensar que assaltos, sequestros ou outros tipos de
ataques a banco sejam situações potencialmente traumáticas (American Psychiatric
Association, 2002). Desta forma, não foge a lógica pensar que a população de bancários, que
convive diariamente com a possibilidade de ser vítima de um assalto, compõe um grupo de
risco para o desenvolvimento do TEPT. É muito difícil encontrar um funcionário de banco
que não tenha vivenciado ou conhecido alguém que tenha sido assaltado dentro de uma
agência, durante o expediente de trabalho.
A Terapia Cognitivo-Compotamental (TCC) já vem sendo indicada como tratamento
de escolha para diversos transtornos mentais por ser um tratamento empiricamente validado
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(Butler, Chapman, Forman & Beck, 2006). As patologias de ansiedade e, entre elas, o TEPT,
são doenças que podem ser tratadas com relativa segurança pela TCC. Bisson et al. (2007)
realizaram uma pesquisa de meta-análise de 25 estudos e observaram que os pacientes
tratadoscom TCC obtiveram resultados importantes se comparados com sujeitos de lista de
espera ou que estivessem sendosubmetidos a outra intervenção psicológica.
A literatura vasta que vem sendo publicada sobre o TEPT refere que eventos
traumáticos podem mudar violentamente a maneira como as pessoas interpretam a si, ao
mundo e parcela de responsabilidade que tem sobre os eventos que lhe ocorreram. Tais
mudanças afetam de maneira expressiva a resposta emocional ao trauma que o sujeito irá
apresentar (Foa et. al., 1999) e representam fatores que podem predizer o desenvolvimento do
TEPT (Foa & Riggs, 1993).
Com a preocupação de avaliar e entender mais estas cognições, Foa et. al..(1999)
desenvolveram um inventário auto-aplicável (Posttraumatic Cognitions Inventory - PTCI)
onde o sujeito pontua situações relacionadas ao trauma em uma escala Likert de sete pontos,
variando de 1 (discordo totalmente) a 7 (concordo totalmente). Esta escala mapeia as
cognições pós-traumáticas e é capaz de mostrar mudanças nestas crenças se aplicada em
diversos momentos, em um mesmo sujeito que estiver passando por psicoterapia.
Contudo, mesmo com o auxílio desta ferramenta, atualmente, ela vem sendo
subutilizada. Não há relatos na literatura de como a mudança nas cognições pós-traumáticas
acontece, em que altura do tratamento isto é observado e quais intervenções mostram-se mais
efetivas para a modificação das crenças disfuncionais. Em suma, sabe-se que algo acontece
nas crenças destas pessoas, mas não temos conhecimento do que. O objetivo principal desta
pesquisa se refere justamente ao entendimento desta mudança cognitiva. Tal estudo possui
implicações clínicas importante já que, a partir dos resultados, espera-se que novas
intervenções terapêuticas possam ser criadas para auxiliar na diminuição do sofrimentos de
indivíduos acometidos pelo TEPT.
Metodologia
O objetivo desta pesquisa é verificar o efeito que a TCC exerce sobre o sintomas e
cognições pós-traumáticos em uma população de bancários diagnosticados com TEPT. Seres
de casos únicos serão estudados e os pacientes serão avaliados antes, durante e depois da
psicoterapia. Os participantes serão atendidos ao longo de 18 sessões de TCC, no formato de
psicoterapia individual, conduzida por um terapeuta, com freqüência semanal e duração média
de 50 minutos. A TCC será conduzida por terapeutas com graduação em Psicologia,
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atualmente alunos de Pós-Graduação (nível Mestrado e Doutorado), devidamente treinados no
protocolo de tratamento, integrantes do Grupo de Pesquisa Cognição, Emoção e
Comportamento, coordenado e supervisionado pelo pesquisador principal. Serão realizadas
avaliações mensais, no intervalo de quatro sessões em que será aplicado o PTCI, SPTSS, BAI
e BDI-II. A hipótese é de que o processamento cognitivo do TEPT seja positivamente alterado
pela intervenção terapêutica, ou seja, que os pacientes tenham uma melhora de suas cognições
pós-traumáticas em função da terapia cognitivo-comportamental.
Trata-se de uma pesquisa com delineamento pré-teste/pós-teste. Os dados serão
tabulados no programa SPSS v. 16. A análise estatística será feita através de teste não
paramétrico de diferentes medidas para amostras repetidas
Referências
American Psychiatric Association. (2002). Manual diagnóstico e estatístico de transtornos
mentais (4a. ed.; Texto Revisado). Porto Alegre: Artmed.
Ballenger, J. C. e cols. Consensus statement update on posttraumatic stress disorder from the
International Consensus Group on Depression and Anxiety. The Journal of Clinical
Psychiatry, Vol 65, Nº1 (2004), pp. 55-62.
Bisson, J. I. e cols. Psychological treatments for chronic post-traumatic stress disorder:
Systematic review and meta-analysis. The British Journal of Psychiatry, Vol 190
(2007), pp. 97-104.
Butler, A. C. e cols. The empirical status of cognitive-behavioral therapy: a review of metaanalyses. Clinical Psychology Review, Vol 26 (2006), pp. 17-31.
Foa, E. B. e cols. The Posttraumatic Cognitions Inventory (PTCI): development and
validation. Psychological Assessment, Vol 11 (1999), pp. 303-314.
Foa, E. B., Riggs, D. S. Post traumatic stress disorder in rapa vicitms. In: J. Oldham, M. B.
Riba & A. Tasman (Eds), American Psyachiatric Press review of psyachiatry Vol. 12
(1993), Washington (DC): American Psychiatric Press, pp 273-303.
Kristensen, C. H., Parente, M. A. M. P., Kaszniak, A. W. Transtorno de estresse póstraumático e funções cognitivas. Psico-USF, 11 (2006), pp. 17-23.
Yehuda, R.; Davidson, J. Clinician’s manual on post traumatic stress disorder. London:
Science Press (2000).
* Mestranda em Cognição Humana do Programa de Pós-Graduação da PUCRS, pelo grupo de pesquisa “Cognição, Emoção e
Comportamento”. Graduada em Psicologia pela Faculdade de Psicologia da PUCRS.
** Coordenador do Grupo de Pesquisa “Cognição, Emoção e Comportamento” do Programa de Pós-Graduação em Psicologia da PUCRS.
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