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Artigo Original
Autopercepção da imagem corporal entre indivíduos portadores do HIV
Autopercepção da imagem corporal entre indivíduos portadores do
vírus da imunodeficiência humana (HIV)
Self-perception of body image among human immunodeficiency virus (HIV)-infected patients
Welkya Campião1
Luísa Helena Maia Leite2
Eliane Moreira Vaz3
Unitermos:
Imagem corporal. Índice de massa corporal. HIV. Síndrome de imunodeficiência adquirida.
Key Words:
Body image. Body mass index. HIV. Acquired immunodeficiency syndrome.
Endereço para correspondência
Eliane Moreira Vaz
Rua Maria Angélica, 46/303
Lagoa – Rio de Janeiro, RJ, Brasil – CEP 22470-202
E-mail: [email protected]
Submissão
6 de outubro de 2008
Aceito para publicação
15 de novembro de 2009
1.
2.
3.
Nutricionista, Especialista em Nutrição Clínica,
Instituto de Nutrição Josué de Castro, Universidade Federal do Rio de Janeiro, RJ, Brasil.
Doutora em Ciências pela Fundação Oswaldo
Cruz e Nutricionista no Hospital Escola São
Francisco de Assis, Universidade Federal do Rio
de Janeiro, Rio de Janeiro, RJ, Brasil.
Doutora em Nutrição pela Universidade de
Granada - Espanha e Professora do Curso de
Especialização em Nutrição Clínica, Instituto de
Nutrição Josué de Castro, Universidade Federal
do Rio de Janeiro, RJ, Brasil.
Resumo
Objetivo: Avaliar a autopercepção da imagem corporal em pacientes portadores do
vírus HIV. Método: Trata-se de um estudo descritivo que avaliou pacientes HIV positivo,
adultos, acompanhados em um hospital universitário. A autopercepção da imagem corporal
foi avaliada segundo Kakeshita & Almeida. Os pacientes escolheram duas figuras, uma
correspondente ao seu Índice de Massa Corporal (IMC) indicado como atual e a outra ao
IMC desejado. Os resultados foram expressos como médias ± erro padrão da média e
frequências. Para comparar as médias utilizou-se o teste t de Student e para comparar
as frequências foi o usado o teste qui-quadrado. Resultados: Foram incluídos no estudo
105 pacientes, a maioria do sexo masculino (67,6%), com idade média de 40,7 ± 0,9 anos,
tempo médio de contaminação pelo vírus HIV de 7,17 ± 0,28 anos. A distribuição do IMC
mostrou que a maioria apresentava-se na faixa de normalidade (53,3%) e 44,7% nas faixas
de sobrepeso e obesidade. A maioria dos entrevistados (55%) apresentou distorção da
imagem corporal. Ao comparar a autopercepção do IMC indicado como atual, 45% desejavam aumentar o peso, mas somente 4% necessitavam ganhar peso. Conclusão: O estudo
revelou que existe uma expressiva distorção da imagem corporal entre os portadores de
HIV/AIDS, principalmente entre mulheres, sendo valorizadas as maiores faixas de IMC.
Abstract
Objective: To evaluate the self-perception of body image among patients infected by
Human immunodeficiency virus (HIV). Methods: A descriptive study evaluated positive HIV
adult patients of an University Health Center in Rio de Janeiro. The self-perception body
image was evaluated according to Kakeshita & Almeida. The patients choose two figures,
one corresponding to actual body mass index (BMI) and another representing the desired
body mass index. The results were expressed with mean ± standard error mean (SEM) and
frequency distribution of nominal variables. The Student’s “t” test was used to compare the
means, and chi-square test to compare frequency distribution of nominal variables. Results:
The study was conducted with 105 patients, and the majority of them were males (67.6%),
with average age of 40.7 ± 0.9 years old, and average time contamination by HIV of 7.17 ±
0.28 years. Most patients showed a normal BMI (53.3%) and 44.7% presented overweight
and obesity. 55% of patients indicated body image distortion. When comparing actual BMI
self-perception, 45% wanted to increase their weight, but only 4% needed to gain weight.
Conclusion: This study demonstrated the occurrence of an expressive body image distortion in the HIV/AIDS patients, mainly among in women as being valorized the greater BMI.
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Campião W et al.
INTRODUÇÃO
A síndrome da imunodeficiência adquirida (AIDS) é a manifestação clínica da infecção causada pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV). No Brasil, desde a identificação do primeiro
caso de AIDS, em 1980, até junho de 2006, já foram identificados
cerca de 433 mil casos da doença. Atualmente, a proporção é de
um caso entre as mulheres para cada dois homens1.
A evolução ocorrida após a introdução da terapia antirretroviral combinada Highy Active Antiretroviral Therapy (HAART)
resultou em importantes avanços, com aumento da sobrevida
dos indivíduos infectados pelo HIV2.
O uso de inibidores de protease (IP) no tratamento desses
pacientes favoreceu o controle da infecção, da restauração da
imunidade e redução importante da morbimortalidade associada
à doença. Por outro lado, evidências científicas mostraram que,
nos últimos anos, a infecção pelo vírus HIV passou a ser considerada uma doença crônica, com probabilidade de complicações
em longo prazo3,4.
Antes da chamada era HAART, a perda de peso e a desnutrição eram os maiores problemas nutricionais dos portadores
de HIV/AIDS. Atualmente, o ganho de peso, a redistribuição
anormal de gorduras, a obesidade e os distúrbios metabólicos
são os novos problemas nutricionais a serem enfrentados,
inclusive no Brasil5-14.
Em paralelo, os efeitos colaterais, associados aos antirretrovirais, causam problemas relacionados à imagem corporal dos
indivíduos HIV+. Em consequência, a lipodistrofia, que resulta
em acúmulo ou perda de gordura em áreas localizadas15-17.
A imagem corporal representa a identidade pessoal. A figura
mental do nosso corpo está associada a fatores psicológicos,
representando ou não a satisfação da pessoa18.
Karmon et al.19 mostraram que mulheres portadoras de HIV
sentiam-se incomodadas com a percepção dos outros em relação
a sua condição de soro positivo, denunciada pelas alterações
da imagem corporal. Além disso, a insatisfação com a imagem
corporal pode resultar em má adesão ao tratamento medicamentoso e em problemas psicológicos20,21, bem como dificuldade
na adesão às orientações nutricionais visando à perda de peso,
quando indicada22.
A avaliação do estado nutricional deve se constituir na
primeira etapa da terapêutica nutricional dos portadores de
HIV/AIDS, devendo incluir, minimamente, a antropometria, os
dados clínicos, análises bioquímicas e a conduta dietética. Nos
tempos atuais, os aspectos relativos à satisfação com a imagem
corporal deveriam também ser analisados antes de se prescrever
a conduta dietoterápica22.
Os exames de imagem têm sido utilizados para a avaliação de
composição corporal em portadores de HIV, porém representam
um alto custo para utilização na prática clínica, tendo-se como
alternativa utilizar métodos indiretos como dobras cutâneas,
IMC (Índice de Massa Corpórea), circunferência abdominal23
ou metodologias qualitativas para avaliação de autopercepção
da imagem corporal24,25.
O objetivo do estudo foi avaliar a autopercepção da imagem
corporal de pacientes portadores de HIV, utilizando a metodologia da escala de desenhos de figuras humanas de população
brasileira.
MÉTODO
Foi realizado um estudo descritivo do tipo transversal. A
pesquisa foi avaliada pelo Comitê de Ética em Pesquisa do
Hospital Escola São Francisco de Assis (RJ), sendo aprovada em
30 de agosto de 2007 (Protocolo nº 72/07). Foi incluída no estudo
uma amostra de conveniência de 105 indivíduos HIV+, adultos,
em tratamento em um hospital universitário da cidade do Rio
de Janeiro. Foram excluídos os indivíduos menores de 18 anos,
com sinais de demência relacionada ao HIV e deficientes visuais.
As entrevistas foram realizadas por um único pesquisador,
no período de agosto a dezembro de 2007. Os pacientes assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido, segundo a
resolução 196/96 para pesquisa em seres humanos.
Foram coletados dados de identificação; sociodemográficos
(sexo, idade; grau de escolaridade, ocupação); informações
clínicas (tempo de diagnóstico de HIV, tempo de tratamento
de HIV, comorbidades e pressão arterial) e outras variáveis
relacionadas ao estilo de vida (tabagismo, etilismo, atividade
física). O nível de atividade física foi estimado utilizando o
instrumento padrão Questionário Internacional de Atividade
Física26. O peso corporal e a estatura foram obtidos dos registros médicos dos respectivos prontuários da Unidade. A partir
dessas variáveis, foi calculado o Índice de Massa Corporal
(IMC), sendo utilizado para classificação o ponto de corte estabelecido pela Organização Mundial da Saúde (OMS, 1998)27.
Para avaliação da percepção da imagem corporal, foi utilizada a escala de figuras de silhuetas e escala do tipo visual
analógica, instrumentos validados para a população brasileira
por Kakeshita & Almeida18. A aplicação do instrumento incluiu
a apresentação ao paciente de duas escalas de desenho de nove
figuras humanas masculinas e femininas. Primeiramente, foi
solicitada ao paciente a identificação do IMC atual e, em seguida,
o paciente identificou o IMC desejado (meta). Convencionou-se
a distribuição do IMC das nove figuras humanas, considerando
os limites descritos pelos autores (17,5 e 37,5 kg/m2).
Para a análise estatística dos resultados, utilizou-se o
programa SPSS, versão 10.0. Os resultados foram expressos
como médias ± erro padrão da média e frequências. Para
comparar as médias, utilizou-se o teste t de Student e, para
comparar as frequências, foi o usado o teste qui-quadrado. O
nível de significância adotado foi de p£0,05.
RESULTADOS
Foram incluídos no estudo 105 pacientes, adultos, com idade
média de 40,7 ± 0,9 anos (mulheres 40,3 ± 1,58 anos e homens
40,9 ± 1,11 anos), variando de 24-64 anos, sendo a maioria do
sexo masculino (67,6%). As características sociodemográficas
dos pacientes são apresentadas na Tabela 1.
O tempo médio do diagnóstico do HIV foi de 7,17 ± 0,28
(1-12) anos e de tratamento no programa de HIV/AIDS de 6,6
± 0,28 anos. Os homens apresentaram tempo de tratamento
significativamente superior às mulheres (7,1 ± 0,35; 5,7 ± 0,44
anos, respectivamente; p=0,024). Dentre os pacientes estudados,
a intercorrência clínica mais frequente foi esofagite (4%). A
comorbidade mais comum foi a hipertensão arterial, que atingiu
cerca de 18,9%. Os pacientes apresentavam pressão arterial
diastólica média de 118,88 ± 1,51 (90-180) mmHg e sistólica
de 77,53 ± 1,21 (60-130) mmHg.
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Autopercepção da imagem corporal entre indivíduos portadores do HIV
No que se refere ao estilo de vida, os resultados mostraram que
28,6% dos entrevistados eram tabagistas, com média de consumo
de 6,42 ± 0,83 (1-60) cigarros/dia, e o tempo médio do tabagismo
de 4,5 ± 0,88 anos. Em relação ao uso de bebidas alcoólicas,
43,8% dos indivíduos relataram frequência de consumo de duas
vezes por semana, sendo a cerveja a bebida mais consumida
(31,4%), em segundo lugar vinho (3,8%). A avaliação da atividade
física revelou que 60% dos pacientes foram classificados no nível
de atividade leve, 28,6% moderado e 11,4% intensa (Tabela 2).
Os dados antropométricos da população estudada mostraram
que 44,8% apresentaram IMC> 25,0 kg/m2, sendo o IMC médio
de 24,63 ± 0,40 (17-42) kg/m2. Não foi observada diferença
significativa na média do IMC entre mulheres e homens (24,45
± 0,63 e 24,70 ± 0,53 kg/m2, respectivamente). A distribuição do
IMC da população estudada é apresentada na Figura 1.
A avaliação do IMC indicado como atual (imaginário), de
acordo com a metodologia da escala de silhueta, demonstrou
que a maioria dos pacientes (55%) sinalizou um IMC diferente
do IMC real. Quanto à avaliação do IMC real e desejado (meta),
75% desejavam possuir um IMC diferente do real.
Dos 105 pacientes estudados, 51% queriam perder peso,
45% aumentar o peso e 4% desejava manter seu peso atual. Dos
45% que desejavam ganhar peso, cerca de 30% identificaram
como a silhueta ideal aquela situada na faixa de sobrepeso e
obesidade (Tabela 3).
Dentre os pacientes insatisfeitos com a silhueta atual e que
manifestaram a vontade de ganhar peso, apenas 4% apresentavam déficit ponderal.
Tabela 2 – Características relacionadas ao estilo de vida de portadores de
HIV/AIDS de um Hospital Universitário do Rio de Janeiro segundo gênero.
Características
N
Feminino
Masculino
Valor de p
Consumo de cigarros/dia
7,38 ± 1,89
5,96 ± 0,83
0,42
Consumo de bebidas
alcoólicas /semana
4,15 ± 0,31
4,4 ± 0,21
0,43
1,4 ± 0,56 vezes
1,54 ± 0,77
0,019
Frequência de atividade
física moderada/semana
Médias ± erro padrão da média. * comparação de gêneros (teste t de Student).
Tabela 3 – Características da autopercepção corporal IMC real, imaginário
e desejável de pacientes portadores de HIV/AIDS.
Variáveis
N
%
< 18,5
2
1,9
18,5-24
56
53,3
25,0-29,9
37
35,2
>30
10
9,5
17,5
20
19,0
20
24
22,8
22,5
22
20,9
25
5
4,7
27,5
12
11,4
30
12
11,4
32,5
4
3,8
IMC real (kg/m2)
IMC indicado como real
(imaginário) (kg/m2)
Tabela 1 – Características sociodemográficas de pacientes portadores de
HIV/AIDS de um Hospital Universitário do Rio de Janeiro.
Variáveis
Gênero
%
Gênero
Feminino
34
32,4
Masculino
71
67,6
18-25
3
2,9
26-39
47
44,8
40-59
52
49,5
35
2
1,9
>60
3
2,9
37,5
4
3,8
Ativo no mercado
93
88,5
Desempregado
1
1
Sim
58
55,2
Outros
11
10,5
Não
47
44,8
deseja aumentar peso
47
45
deseja perder peso
54
51
deseja manter peso
4
4
Faixa etária (anos)
Ocupação
Distorção do IMC Real
Análise de IMC desejado (meta)
Grau de escolaridade
Ensino Fundamental
36
34,2
Ensino Médio
40
38,1
Ensino Superior
14
13,3
Sem informação
15
14,3
IMC: Índice de Massa Corporal; N: número amostral
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Campião W et al.
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O componente subjetivo da imagem corporal se refere à satisfação de uma pessoa com o seu tamanho corporal ou partes
específicas do seu corpo18.
No que se refere à autopercepção da imagem corporal, ou
seja, a autopercepção do IMC indicado como atual dos indivíduos HIV+, observou-se que a maioria dos entrevistados (55%)
apresentou distorção da imagem corporal.
Além disso, ao comparar-se à avaliação do IMC real com
o IMC desejado (meta), 75% dos entrevistados selecionaram
uma silhueta diferente da sua imagem atual, sugerindo uma
insatisfação com o IMC atual, o que poderia ser explicado
pelo estigma relacionado à epidemia da AIDS, ainda presente
até os dias atuais, que se exprime pelo receio de perder peso e
consequente agravamento dos sinais de lipodistrofia, tais como
a atrofia facial, atrofia de membros inferiores20,34-36.
Neste estudo, dentre os pacientes avaliados e que desejavam
um IMC diferente do real, uma parcela importante (45%) desejava ganhar peso.
Estes resultados foram surpreendentes, tendo em vista que
as imagens apontadas como desejáveis estavam predominantemente nas faixas de maiores IMC em relação às apontadas para
o IMC atual. Essas observações sugerem que os portadores de
HIV/AIDS estudados, ao contrário dos indivíduos avaliados
por Kakeshita & Almeida18, também apresentam distorção da
imagem corporal, porém valorizam os corpos com maiores
níveis de IMC.
A insatisfação com o peso corporal é preocupante, considerando que tem sido bem documentado pela literatura científica
que o excesso de peso é um fator causal de várias alterações
metabólicas e de doenças cardiovasculares, como hipertensão
arterial e diabetes, tanto na população geral quanto nos portadores de HIV/AIDS32,37-43.
Nesta pesquisa, tanto homens como mulheres apresentaram distorção da imagem corporal, entretanto esta foi mais
comum em mulheres de faixas etárias mais jovens e com maior
grau de instrução. Outros estudos anteriores, que avaliaram a
autopercepção corporal de mulheres HIV+, utilizando outras
metodologias, identificaram que as mulheres apresentavam
uma pobre imagem corporal, sugerindo insatisfação com as
suas dimensões corporais19,20,44.
De forma geral, a metodologia foi de fácil aplicabilidade e
pode ser útil para o cotidiano da prática clínica como instrumento adjuvante da avaliação do estado nutricional.
Os resultados deste estudo demonstraram a importância
de se avaliar a autopercepção da imagem corporal dos portadores do vírus HIV/AIDS na era HAART, antes de propor o
tratamento dietoterápico, sobretudo as orientações visando ao
emagrecimento, pois se os pacientes apresentam uma distorção
de sua imagem corporal e valorizam as maiores faixas de IMC,
eles estarão menos motivados para emagrecer, aumentando as
chances de fracassos ao longo do tratamento nutricional.
53,3
50
40
35,2
% 30
20
10
0
9,5
1,9
Baixo
peso
Eutrófico
Sobrepeso
Obesidade
Figura 1 - Classificação do IMC real de uma amostra de pacientes com HIV/
AIDS de um hospital universitário do Rio de Janeiro.
A presença de distorção da imagem corporal foi mais
frequente em mulheres (64,7% vs. 50,7%) p=0,77, de faixas
etárias mais jovens (59,6% vs. 50,0) p=0,32 e com maior grau
de instrução (59,7% vs. 48,8%) p=0,27, em comparação aos
homens; entretanto, as diferenças não foram significativas.
DISCUSSÃO
A avaliação nutricional é um componente vital dos cuidados
clínicos que devem ser adotados no tratamento dos portadores
de HIV/AIDS, tanto na prevenção da desnutrição e, mais recentemente, no controle do sobrepeso e obesidade22-28.
Neste estudo, a classificação do IMC mostrou que a prevalência de baixo peso foi inferior a 2%, semelhante à encontrada
em outros estudos brasileiros2,7, sugerindo a eficácia do tratamento antirretroviral, que tem aumentado a sobrevida de portadores do vírus HIV, diminuindo as infecções oportunistas que
levavam à perda de peso e, consequentemente, à desnutrição.
Atualmente, o excesso de peso tem sido um dos novos
problemas que comprometem o estado nutricional dos portadores de HIV. Nesta pesquisa, observou-se que o sobrepeso e a
obesidade foram os principais desvios nutricionais existentes,
como descrito anteriormente por diferentes autores5,6,28,29.
A avaliação do estilo de vida demonstrou que 28% dos entrevistados são tabagistas e 60% não praticam atividade física regular.
Salyer et al.30, em um estudo norte-americano, encontraram uma
frequência de tabagismo de 41% entre os pacientes HIV+.
Os resultados desta investigação revelaram que uma importante parcela da população estudada é sedentária. Um estudo
anterior aponta para a importância da prática da atividade física
para o controle das dislipidemias em pacientes HIV+ 31. Para Yu
et al.32, tanto o tabagismo como o sedentarismo reduzem o fator de
proteção HDL e aumentam os níveis plasmáticos de LDL, levando
ao maior risco de desenvolvimento de doenças cardiovasculares.
Este trabalho foi o primeiro estudo a propor a avaliação da
autopercepção da imagem corporal de portadores do vírus HIV,
com o objetivo de testar sua aplicabilidade na rotina da consulta
ambulatorial de nutrição, utilizando a metodologia da escala
de figuras de silhuetas, validada por Kakeshita & Almeida18,
construída a partir de fotos reais de sujeitos brasileiros.
O conceito de autoimagem corporal é definido como um
conceito dinâmico, que consiste no modo como cada um se vê a
si próprio fisicamente e conceitualiza a sua própria aparência33.
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Local de realização do trabalho: Hospital Escola São Francisco de Assis, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de
Janeiro, RJ, Brasil.
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