Droga para o coração vira vacina contra tumores

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Hospital AC Camargo
21/07/2012
Folha Online - SP
Tópico: HOSPITAL AC CAMARGO
Editoria: Equilíbrio e Saúde
Pg: 05:01:00
Droga para o coração vira vacina contra tumores
Mariana Versolato
Uma classe barata de drogas, usada há décadas para arritmia cardíaca, pode ter uma nova
aplicação: potencializar o efeito da quimioterapia e aumentar a sobrevida de pacientes com
câncer.
Segundo pesquisadores de diversas instituições da França, entre eles Laurie Menger, do
Inserm, os chamados glicosídeos cardíacos, quando combinados com a químio, agem de
modo similar a uma vacina e estimulam o sistema imunológico a matar as células do tumor.
Ou seja, a droga para o coração transforma os restos das células cancerosas já mortas pela
químio em sinais para que o sistema imune seja ativado contra o câncer. O efeito foi descrito
em estudo publicado na revista "Science Translational Medicine".
"É uma boa avenida que pode ter grande implicação, já que a droga é de uso amplo e barata",
afirma Victor Piana de Andrade, patologista e pesquisador do Hospital A.C. Camargo.
Esse não é o primeiro trabalho a relacionar essas drogas a efeitos antitumorais, mas, desta
vez, os pesquisadores foram além e demonstraram os efeitos dos glicosídeos cardíacos in
vitro, em camundongos e observaram o efeito dessa combinação de drogas em pacientes
tratados para o câncer.
Na etapa in vitro, os autores quantificaram, por meio de um tipo de microscopia que deixa as
moléculas fluorescentes, três alterações das células tumorais quando são usados certos
quimioterápicos que estimulam uma resposta imunológica capaz de causar a morte do tumor.
Os pesquisadores então usaram uma biblioteca com medicamentos aprovados pela FDA
(agência reguladora de medicamentos nos EUA) e encontraram quatro drogas da classe dos
glicosídeos cardíacos, entre elas a digoxina, de uso mais amplo, com esse efeito imunogênico.
E testaram essa ação em linhagens celulares de diferentes tumores, com sucesso.
O segundo passo foi validar esses achados em camundongos. Em um dos experimentos, o
câncer dos bichos foi tratado com quimioterapia e digoxina, e não foi observado crescimento do
tumor posteriormente.
Por último, os pesquisadores usaram dados obtidos com pacientes que receberam tratamento
para diferentes tumores e observaram que aqueles que usaram quimioterapia e a droga para o
coração ao mesmo tempo tiveram uma sobrevida 13% maior em cinco anos do que aqueles
que não usaram o remédio para arritmia.
O benefício, porém, foi observado apenas nos tumores de mama, cólon, fígado e cabeça e
pescoço e nos pacientes que usaram quimioterápicos diferentes dos que já têm como efeito
estimular o sistema imunológico.
DÚVIDAS
Segundo Andrade, ainda é necessário saber qual é a dose necessária de digoxina para que ela
tenha esse benefício extra -algo importante, já que em excesso a droga pode causar a arritmia,
em vez de tratá-la- e seus efeitos em pacientes que não têm problemas cardíacos.
Mas, segundo o patologista, há boas chances de o remédio ser implantado mais rapidamente
para esse fim porque a substância é antiga e seus efeitos, conhecidos.
"É um conhecimento novo com algum nível de evidência, mas, para isso atingir a população,
falta um estudo randomizado e desenhado para essa finalidade", afirma.
Uma classe barata de drogas, usada há décadas para arritmia cardíaca, pode ter uma nova aplicação: potencializar o
efeito da quimioterapia e aumentar a sobrevida de pacientes com câncer. Segundo pesquisadores de diversas
instituições da França, entre eles Laurie Menger, do Inserm, os chamados g
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