CONTROLE DE PLANTAS DANINHAS NA FRUTICULTURA ATRAVÉS DE PLANTAS DE COBERTURA NO MANEJO DO SOLO Marciano Balbinot1, Neuri Feldmann1, Anderson Rhoden1, Fabiana Raquel Muhl1 Palavras-chave: aveia, supressão, pomar. INTRODUÇÃO No cultivo das plantas frutíferas o controle de plantas daninhas merece atenção pela importância que assume no processo de cultivo, assim, as plantas de cobertura no manejo do solo surgem como alternativa para atender essa necessidade, além de auxiliar na conservação do solo e na possibilidade de redução dos custos. Segundo Reisser Júnior et al. (2005) e Rossi et al. (2007), a utilização da aveia-preta (Avena strigosa), nabo-forrageiro (Raphanus sativus), ervilhaca-comum (Vicia sativa), no período de inverno e feijão-de-porco (Canavalia ensiformis), no verão e também o uso de cobertura morta (palhada de plantas), durante o todo o ano, são opções que podem ser usadas para manter o solo protegido. São vários os trabalhos que demonstram a diminuição da infestação de plantas daninhas pela utilização de plantas de cobertura, seja pelo controle físico, alelopático ou competição por espaço (água, luz e nutrientes). De acordo com Rizzardi e Silva (2006), existe também a diferença entre as espécies de plantas de cobertura em qualidade e quantidade de material produzido que interferem no controle de plantas daninhas. Não há dúvidas da importância de manejar o solo mantendo-o coberto, porém, a eficiência do sistema merece mais estudo particularizado por acarretar muitas variáveis, ou seja, depende da escolha da espécie de cobertura, pois esta deve se encaixar no manejo que o produtor utiliza em sua propriedade, depende da adaptação desta ao local de cultivo, da disponibilidade de sementes, do tipo de cultura explorada economicamente, das principais espécies de plantas daninhas presentes na área, entre outros fatores. Portanto, percebendo a necessidade de buscar informações para a realidade da região, o presente trabalho teve como objetivo avaliar plantas de cobertura para o controle de plantas daninhas em pomar de pessegueiro na Região Extremo Oeste do Estado de Santa Catarina. 1 Professores do curso de Agronomia da Faculdade de Itapiranga/SC. E-mail: [email protected] 1 MATERIAIS E MÉTODOS O experimento foi conduzido em pomar comercial de pessegueiro (Prunus persica, L. Batsch) das cultivares “Chimarrita” e “Premier”, com três anos de idade, enxertados sobre porta-enxerto “Aldrighi”, nos ciclos produtivos 2009/2010 e 2010/2011, no Município de São João do Oeste/SC, (altitude 430m, latitude de 27º 05’ 05’’ S e longitude de 53º 35’ 38’’ W). O solo do local é classificado como associação Cambissolo e Nitossolo (EMBRAPA, 2006). Foi utilizado o delineamento experimental em blocos ao acaso, com cinco repetições, considerando cada planta uma parcela. Os tratamentos foram constituídos por: SC (solo capinado), uma vez ao mês utilizando-se enxada; ER (espontâneas/daninhas roçadas), uma vez ao mês rente ao solo (3cm) com roçadeira mecânica; CM (cobertura morta), solo com cobertura vegetal permanente através de capim Pennisetum purpureum (Cameron), importado de área vizinha na quantidade de 100 Mg ha-1 de massa da matéria verde distribuída em três períodos, por ocasião da implantação do experimento, por ter passado a primeira etapa de avaliação, por conta do manejo realizado nos demais tratamentos e novo momento de avaliações; CR (cobertura roçada), vegetação implantada, e após, manejo através de roçada manual; CH (cobertura herbicida), vegetação implantada, e após, manejada com herbicida glifosato na dose de 1 Kg 100 litros de água-1 e CA (cobertura acamada), vegetação implantada, e após, manejada com rolo-faca manual. Nos tratamentos (CR, CH e CA) foi utilizado no inverno o consórcio de aveia preta (Avena strigosa), ervilhaca peluda (Vicia villosa) e nabo forrageiro (Raphanus sativus), com densidade de 100 Kg ha-1 de sementes, e no verão feijão de porco (Canavalia ensiformis) com densidade de 200 Kg ha-1 de sementes (BEVILAQUA et al., 2008; CALEGARI, 2008). A cobertura do solo pelas espécies daninhas foi avaliada pelo método fotográfico (RIZZARDI; FLECK, 2004), em três etapas, obedecendo-se sempre após a realização do manejo das plantas de cobertura. O tempo de duração das avaliações foi definido como aquele para o qual era possível não ser efetuada a roçada no tratamento ER. Para tanto, marcou-se pontos específicos em cada parcela como referência e, com quadro de madeira medindo 0,5 m x 0,5 m junto aos mesmos, obteve-se as imagens através de câmera fotográfica digital. Posteriormente, através do programa de computador PowerPoint foi colocado sobre as imagens uma grade quadriculada contendo 100 (cem) intersecções (linhas cruzadas) iguais, onde cada ponto de intersecção que tocasse em planta daninha correspondia a um percentual de cobertura no solo, obtendo assim, a partir da soma, a cobertura verde total. 2 RESULTADOS E DISCUSSÃO Uma das principais influências das plantas de cobertura dentro dos sistemas de manejo avaliados é a sua capacidade de cobertura do solo e inibição do desenvolvimento de plantas daninhas. O efeito dos sistemas de manejo pode ser verificado pelo baixo desenvolvimento de plantas daninhas chegando a atingir no máximo 30% de cobertura do solo durante o período avaliado, enquanto que o sistema com plantas espontâneas/daninhas roçadas ao final de 30 dias de avaliação apresentava cobertura do solo próximo a 80% e estatura de plantas densamente desenvolvidas, exigindo-se novo processo de roçada para o controle de seu desenvolvimento. Os resultados demonstraram diminuição da infestação de plantas daninhas pela utilização de plantas de cobertura (Figuras 1, 2 e 3), seja pelo controle físico, alelopático e/ou competição por espaço, água, luz, nutrientes entre outros, comprovando-se que a cobertura do solo através do cultivo de plantas de cobertura nos pomares de pessegueiro assume importante papel no controle das plantas daninhas. Foi possível também observar a diminuição do percentual de cobertura do solo pelas plantas daninhas do primeiro para o terceiro cultivo das plantas de cobertura, permitindo a hipótese de que o uso frequente destas plantas poderia suprimir por completo o surgimento das plantas daninhas na área do pomar, ou no mínimo, manter a composição e a densidade populacional dessas comunidades em níveis reduzidos ao ponto de não demandar controle adicional. Esta análise é reforçada pelo trabalho de Alvarenga et al. (2011), que relata possibilidade de se reduzir ou até mesmo dispensar o uso de herbicidas para combater plantas daninhas sobre coberturas mortas densas, de lenta decomposição e com ação alelopática. As espécies de aveia-preta (Avena strigosa), ervilhaca-peluda (Vicia villosa), naboforrageiro (Raphanus sativus) e feijão-de-porco (Canavalia ensiformis) apresentaram-se eficientes na supressão de plantas daninhas em área de fruticultura, atendendo em qualidade e quantidade de material produzido para o controle destas, e aos demais requisitos esperados para plantas de cobertura. 3 Figura 1- Percentagem de cobertura do solo avaliado após o cultivo das espécies hibernais no ciclo 2009/2010 em pomar de pessegueiro “Chimarrita” (a) e “Premier” (b). São João do Oeste - SC, 2011. *SC-solo capinado; ER-espontânea roçada; CMcobertura morta; CR-cobertura roçada; CH-cobertura herbicida; CA-cobertura acamada. Figura 2- Percentagem de cobertura do solo avaliado após o cultivo de espécie estival no ciclo 2009/2010 em pomar de pessegueiro “Chimarrita” (a) e “Premier” (b). São João do Oeste - SC, 2011. *SC-solo capinado; ER-espontânea roçada; CMcobertura morta; CR-cobertura roçada; CH-cobertura herbicida; CA-cobertura acamada. Figura 3- Percentagem de cobertura do solo avaliado após o cultivo das espécies hibernais no ciclo 2010/2011 em pomar de pessegueiro “Chimarrita” (a) e “Premier” (b). São João do Oeste - SC, 2011. *SC-solo capinado; ER-espontânea roçada; CMcobertura morta; CR-cobertura roçada; CH-cobertura herbicida; CA-cobertura acamada. 4 CONCLUSÃO Os resultados demonstram que as espécies de plantas de cobertura utilizadas no manejo do solo são eficientes na supressão de plantas daninhas em pomar da região. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALVARENGA, Ramon Costa; CRUZ, José Carlos; NOVOTNY, Etelvino Henrique. Manejo de solo: plantas de cobertura do solo. Disponível em: http://www.paginarural.com.br/artigos_detalhes.php?id=720. Acesso em: 22 setembro 2014. BEVILAQUA, Gilberto A.P.; ANTUNES, Irajá F.; ZUCHI, Jacson; MARQUES, Robson L.L. Indicações técnicas para produção de sementes de plantas recuperadoras de solo para a agricultura familiar. Pelotas: Embrapa Clima Temperado, 2008. 43 p. CALEGARI, Ademir. Plantas de cobertura. Londrina: IAPAR, 2008. 10 p. EMBRAPA – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária. 2006. Sistema Brasileiro de Classificação de Solos. 2. Ed. Rio de Janeiro. 306 p. REISSER JÚNIOR, Carlos; UENO, Bernardo; MEDEIROS, Antonio R.M. de; MEDEIROS, Carlos A.B.; ANTUNES, Luis E.; WREGE, Marcos S.; HERTER, Flávio G. Irrigação e Cobertura do Solo em Pomares de Figueira em Transição para o Sistema Orgânico de Produção. Pelotas: EMBRAPA Clima Temperado, Circular Técnica n. 50, 2005. 4 p. RIZZARDI, Mauro A. e SILVA, Leomara F. da. Influência das coberturas vegetais antecessoras de aveia-preta e nabo forrageiro na época de controle de plantas daninhas em milho. Planta Daninha. Viçosa, v. 24, n. 4, p. 669-675, 2006. RIZZARDI, Mauro Antonio e FLECK, Nilson Gilberto. Métodos de quantificação da cobertura foliar da infestação de plantas daninhas e da cultura da soja. Ciência Rural. Santa Maria, v. 34, n. 1, p. 13-18, 2004. ROSSI, Andrea De; RUFATO, Leo; GIACOBBO, Clevison L.; COSTA, Vagner B.; VITTI, Maurício R.; MENDEZ, Marta E.G.; FACHINELLO, José C. Diferentes manejos da cobertura vegetal de aveia preta em pomar no sul do Brasil. Bragantia. Campinas, v. 66, n. 3, p. 457-463, 2007. 5