Parece original, mas não é: sites usam marcas conhecidas para vender produtos similares Site usa a marca “Galaxy SIII” para vender smartphone que não é fabricado pela Samsung Foto: Reprodução Rafaella Barros Tamanho do texto A A A RIO - Os sites de compra coletiva anunciam ofertas tentadoras: que tal um smartphone Galaxy SIII de R$ 1.999 por R$ 499? Ou, ainda, um Ipad 2 de R$ 1.299 pelo mesmo preço? Os nomes são iguais e o visual, também, mas os produtos anunciados nas páginas de três empresas pesquisadas pelo EXTRA não são da Samsung nem da Apple, mas, sim, de um fabricante chinês desconhecido. Apesar de não mencionarem os nomes “Samsung” e “Apple”, os sites de compras coletivas Viaje Urbano, Club do Big Ben e Pescaria Urbana vendem o smartphone e o tablet desses fabricantes como se fossem originais, já que quase tudo na oferta leva o consumidor à confusão: as marcas (Galaxy SIII e Ipad) e até os tipos de letras são idênticos aos verdadeiros. Em letras minúsculas, surge a surpresa: as especificações técnicas do Galaxy SIII “fake” denunciam as enormes diferenças em relação ao smartphone fabricado pela Samsung: o original tem 16GB de memória interna. O dos anúncios apenas 512MB, que podem ser expandidos para 32GB com cartão de memória. A câmera também é aquém da que verdadeiro possui: as ofertas trazem entre parênteses "5.0 real" ao especificar a quantidade de megapixels, ao contrário dos 8MP do smartphone da Samsung. O pesquisador da faculdade de Direito da Fundação Getulio Vargas Pedro Augusto Francisco explica que anúncios como esses denunciados pelo EXTRA são criminosos: — Eles anunciam um produto e vendem outro. Trata-se de violação de marca e concorrência desleal, crimes previstos na Lei de Propriedade Industrial. A concorrência desleal se dá porque estão usando uma marca alheia para atrair uma clientela, desviando o cliente do concorrente para vender um produto que não é o anunciado. A marca “Galaxy S” ainda não está registrada no Brasil, mas, segundo o Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI), o pedido de registro foi feito em setembro de 2010 e aguarda a aprovação na instituição. A demora para uma marca ser registrada é comum no nosso país: o processo dura, em média, de dois a dois anos e meio. No caso da Apple, várias marcas — como Macintosh, Mac e Ipod — já foram registradas, mas ainda não consta o Ipad no site do INPI. Mas Pedro Augusto esclarece que a falta de registro não permite o uso dessas marcas, uma vez que elas são mundialmente conhecidas. — No momento em que existe um pedido de registro, existe uma expectativa de direito. Se a empresa comprova que vem usando aquela marca há pelo menos 6 meses no território, ela tem o direito de precedência para registrar a marca. O Ipad, por exemplo, é notoriamente conhecido no mundo inteiro. Então, mesmo que essa marca não tenha registro no país, ela não pode ser usada. Segundo o advogado do Procon-RJ Vinicius Leal, o número de reclamações contra sites de compras coletivas tem aumentado a cada ano e a melhor forma do consumidor se proteger é pesquisar sobre a empresa antes de comprar o produto ou serviço. — A oferta enganosa está entre os principais motivos. Ela claramente induz o comprador ao erro. O consumidor deve se prevenir, antes de tudo, procurando a idoneidade da empresa, buscar no procon, buscar em sites como o "Reclame qui" se há reclamações contra a empresa. No site “Reclame aqui”, há 213 reclamações registradas contra o site Viaje Urbano, principalmente sobre produtos não entregues. Nenhuma delas foi respondida pelo site. Procurados pela reportagem do EXTRA, nenhum dos três sites deu explicações sobre os anúncios. Cuidado nas compras coletivas Desconfie: Sites que não têm contatos ou colocam à disposição apenas uma forma de acesso podem ter golpes. Veja se há telefone e endereço. Pesquise: Use ferramentas de Defesa do Consumidor, como o site “Reclame aqui”, além de recorrer ao Procon, para verificar o histórico do site . Responsabilidade: Muitas páginas na web informam que não são responsáveis pelos produtos por não serem os fornecedores, mas advogados esclarecem que isso não é verdade. Leia mais: http://extra.globo.com/noticias/economia/parece-original-masnao-sites-usam-marcas-conhecidas-para-vender-produtos-similares6438394.html#ixzz2Anx0sUgZ