661 Significado, Inferência e Pragmatismo V Mostra de Pesquisa da PósGraduação Juliano S. do Carmo, Prof. Dr. Roberto H. Pich (orientador) 1 Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas, PUCRS, 2 Programa de Pós-Graduação em Filosofia Resumo É bastante trivial o fato de que a tarefa da investigação filosófica consista em analisar e determinar conceitos muitas vezes originados da compreensão de trabalhos de outros autores. É bastante notável, contudo, a tentativa de oferecer teorias convergentes, que tenham como tarefa sintetizar os mais variados conceitos da tradição filosófica sob uma teoria comum, ou seja, uma teoria que dê conta coerentemente das diversas perspectivas associadas aos conceitos. A filosofia da linguagem, em especial a teoria do significado como uso, tem presenciado uma destas louváveis tentativas, trata-se do trabalho de Robert Brandom. Making it Explicit (1994), obra fundamental de Brandom, mostra-se bastante promissora em realizar esta tarefa. Tendo como pano de fundo uma enorme e complexa rede de conceitos, desde a semântica inferencial até as questões da normatividade lingüística, Brandom oferece um novo aporte a teoria do significado como uso: o significado de uma expressão está associado à rede de direitos e compromissos assumidos ao realizar uma asserção. Além de desenvolver teses bastante inovadoras a este respeito, o trabalho de Brandom permite oferecer respostas a algumas objeções sérias que a teoria do significado como uso tem recebido. Contudo, a idéia de que existe uma dimensão ética no discurso, ou seja, de que temos direitos e compromissos enraizados na prática lingüística é, sem dúvidas, o ingrediente mais chamativo de seu pensamento. Esta posição nos permite não apenas entender melhor o modo como funciona a significação lingüística, mas, também, entender a normatividade essencial de toda comunicação. Este trabalho visa apresentar de modo esquemático os principais autores que orbitam as teses de Brandom sobre sua filosofia da linguagem e ao mesmo tempo apontar algumas V Mostra de Pesquisa da Pós-Graduação – PUCRS, 2010 662 dificuldades a respeito da restrição à inferência material correta como determinadora do conteúdo conceitual e proposicional. Como pretendo demonstrar, existem alguns casos de substituição em que o conteúdo conceitual parece ser determinado por outros meios. Introdução O interesse pela investigação filosófica a respeito dos fenômenos reais da linguagem surge da necessidade de determinação de critérios específicos para a significação lingüística. Não é de hoje que percebemos o crescente debate a este respeito. O pragmatismo contemporâneo tem sido igualado ao “Iluminismo Europeu”, uma vez que busca dar conta das diversas perspectivas com as quais a linguagem natural, complexa e constituída essencialmente por conceitos “dinâmicos” ou “online”, se depara. É tarefa de nossa investigação analisar os pontos de ligação entre uma semântica inferencial e uma pragmática normativa, pois, assim, poderíamos esclarecer a normatividade essencial de toda a comunicação. Metodologia A metodologia adotada é a análise de textos em literatura especializa. Resultados (ou Resultados e Discussão) Até o presente momento, temos avançado na análise das inferências materiais, buscando compatibilizá-las com algumas dimensões práticas da linguagem. Ao que parece o conteúdo conceitual não pode ser corretamente atribuído se depender apenas de inferências dedutivas. Há casos em que um conteúdo conceitual parece ser atribuído por meio de inferências não-dedutivas, como no caso das metáforas, por exemplo. Nosso objetivo é ao menos expandir a teoria de R. Brandom no sentido de oferecer uma teoria convergente com os fenômenos reais da linguagem. Referências BRANDOM, R., Making it Explicit. Harvard, Mass.: Harvard University Press, 1998. V Mostra de Pesquisa da Pós-Graduação – PUCRS, 2010