MÉTODO DAS SÉRIES DE FOURIER PARA DETERMINAÇÃO DA RESPOSTA ESTACIONÁRIA DE CIRCUITOS ELÉTRICOS LINEARES Joaquim Henrique Reis – [email protected] IFG / Itumbiara Tatiana Pires Fleury Bezerra – [email protected] IFG / Aparecida de Goiânia Paulo César da Silva Júnior – [email protected] IFG / Itumbiara PIBIC / CNPq, CAPES e PRPPG-IFG Resumo: Em geral, uma função periódica contínua ou pontualmente descontínua que possua valores máximo e mínimo finitos é descrita como uma soma infinita de funções trigonométricas, partindo de uma frequência mínima, denominada fundamental, até os seus infinitos múltiplos inteiros, denominados harmônicos, o que define uma Série de Fourier. Em sistemas físicos lineares, é possível avaliar a resposta a uma entrada periódica não senoidal por meio da decomposição harmônica. Associada a essa ordem harmônica, é necessário determinar uma função da frequência para o sistema, denominada função de transferência. A resposta do sistema é o somatório do produto da função de transferência pela componente harmônica equivalente da Série de Fourier. A resolução, nesse caso, ocorre por superposição. Como estudo de caso, considerou-se um circuito RLC série cuja tensão de entrada é na forma dente-de-serra. Inicialmente, determina-se a função de transferência. No resistor (R), ela é constante, entretanto o indutor (L) e o capacitor (C) são sensíveis à frequência, e suas variações alteram um parâmetro denominado reatância. A resistência e a reatância representam, no regime estacionário, respectivamente as partes real e imaginária da impedância, que quantifica a oposição à passagem de corrente do circuito. Numa ligação série, a função de transferência é a impedância do componente dividida pela impedância do circuito. Posteriormente, representa-se a tensão de entrada pela sua Série de Fourier, o termo inicial equivale à resposta contínua e os demais, à alternada. Na resposta final, são somados os produtos da função de transferência com cada componente harmônica da série. Palavras-chave: Harmônicos. Função de Transferência. Resposta Estacionária. Superposição. Introdução No século XVIII, vários matemáticos sabiam que uma onda periódica podia ser representada aproximadamente por uma soma finita de senóides harmônicas, isto é, senóides cujas frequências são múltiplas de uma frequência mínima denominada 1 fundamental, mas foi em 1807 que o barão Jean-Baptiste-Joseph Fourier propôs que uma função periódica podia ser decomposta em uma soma infinita de suas componentes harmônicas (1), que resultavam exata ou aproximadamente a função original. Dessa forma, quando um sistema físico linear é submetido a uma excitação periódica qualquer, desde que seja contínua ou pontualmente descontínua e possua valores extremantes finitos, como uma onda quadrada ou triangular, essa entrada pode ser decomposta em suas componentes harmônicas e a resolução ocorre por meio de superposição. A contribuição, em amplitude, de cada harmônico é calculada por meio dos coeficientes de Fourier, indicados em (2). Objetivos De um modo geral, este trabalho objetiva fazer um estudo técnico e matemático das Séries de Fourier e sua aplicação em circuitos elétricos lineares cuja entrada seja periódica. Metodologia Associada com a ordem harmônica, determina-se uma função da frequência que caracteriza o sistema, denominada função de transferência, que descreve matematicamente o comportamento do sistema conforme varia-se a frequência. A resposta do sistema é o produto da função de entrada com a função de transferência. Tal resultado só é válido se o sistema for linear, isto é, forem válidas as propriedades de homogeneidade, em que valida que o produto por uma constante na entrada resulta que a saída será multiplicada por essa mesma constante, e superposição, em que a resposta da soma das entradas é igual à soma das respostas das entradas analisadas isoladamente. “ Se a função que descreve o sistema não é puramente senoidal, mas é uma outra forma de onda periódica, então a resposta do sistema em regime estacionário representará uma superposição das oscilações harmônicas do sistema.” (KREYSZIG) “ Quando se deseja determinar a resposta do circuito excitado por um sinal periódico, utiliza-se a Série de Fourier supondo que o circuito seja linear, isto é, a soma de duas ou mais entradas seja igual à soma da resposta a essas entradas isoladamente (superposição) e a multiplicação por uma constante na 2 entrada implique que a saída seja multiplicada por essa mesma constante (homogeneidade).” (DORF) “ As Séries de Fourier têm uma aplicação muito importante na engenharia e é uma ferramenta valiosa na investigação de fenômenos periódicos. A Série de Fourier, que permite a decomposição do sinal em seus harmônicos, pode diferenciar faixas de cores e sons, num processo conhecido como análise espectral.” (BOYCE) Resultados e discussão Um estudo de caso é o circuito elétrico RLC ligado em série, em que R é um parâmetro real constante denominado resistência e L e C são respectivamente denominados indutância e capacitância, estes estão associados a componentes sensíveis à frequência do sistema e conforme esta varia, eles alteram sua oposição à passagem de corrente, denominada reatância indutiva ou capacitiva, conforme o caso. A resistência e a reatância são, respectivamente, a parte real e a parte imaginária de um valor complexo denominado impedância (3). A impedância é um parâmetro que quantifica, de uma maneira mais ampla, a oposição à passagem de corrente elétrica do circuito e enquanto a resistência é um parâmetro para as perdas térmicas, a reatância é um parâmetro para perdas devido a um campo eletromagnético variante no tempo. Figura 1 – Circuito R-L-C ligado em série submetido a uma tensão alternada na forma dente-deserra (superior à esquerda). Representação como uma associação de fontes a diferentes frequências (inferior à esquerda), circuito característico na forma contínua (inferior à direita) e alternada (superior à direita). Fonte: Matlab / Simulink (2013) 3 A função de transferência, nesse caso, é a razão entre a impedância do componente e a do sistema. Por exemplo, o indutor, possui a função de transferência indicada em (4). A tensão de entrada é, nesse exemplo, uma onda dente de serra, cuja Série de Fourier é indicada em (5). A tensão de saída é composta por uma componente contínua, que nesse caso é nula, pois em regime contínuo o capacitor abre o circuito e não há corrente fluindo no indutor. Logo, não há queda de tensão no componente. As componentes alternadas somam-se para gerar a resposta estacionária (6). Conclusões Os resultados obtidos mostram que a representação da Série de Fourier possibilita a análise de um sistema linear, uma vez que pode ser avaliada a resposta do sistema a cada ordem harmônica que compõe um sinal de entrada periódico qualquer. Como no caso do circuito, em que a solução ocorreu por superposição. Agradecimentos Às agências financiadoras da pesquisa CAPES, CNPq e PRPPG-IFG e aos professores do IFG que, direta ou indiretamente, contribuíram com este projeto e o esclarecimento de seu conteúdo, sobretudo os orientadores Paulo César da Silva Júnior e Tatiana Pires Fleury Bezerra. Referências DORF, Richard; SVOBODA, James. Introdução aos circuitos elétricos. 7. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2009. KREYSZIG, Erwin. Matemática superior para engenharia. 9. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2009, v 1, 2. BOYCE, William E.; DIPRIMA, Richard C. Equações Diferenciais Elementares e Problemas de Valores de Contorno. 3ª ed. Rio de Janeiro: Editora Guanabara Koogan S.A. 1990. 4