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CELSO YUKIO MISAO
AS FACETAS DA CONCORDÂNCIA FACE À
COMUNICAÇÃO
FACULDADE DE EDUCAÇÃO SÃO LUÍS
NÚCLEO DE APOIO DA SANTA CRUZ
JABOTICABAL - SP
2011
CELSO YUKIO MISAO
AS FACETAS DA CONCORDÂNCIA FACE À
COMUNICAÇÃO
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Faculdade
de Educação São Luis, como exigência parcial para a
conclusão do curso de Pós –Graduação Lato Sensu em
Língua Portuguesa, Compreensão e Produção de Textos.
Orientadora: Profª. Ms. Vanessa de Bello Lins da Rocha
FACULDADE DE EDUCAÇÃO SÃO LUÍS
NÚCLEO DE APOIO DA SANTA CRUZ
JABOTICABAL - SP
2011
dedicamos
A nossa família, aos nossos colegas do curso e a todos os professores
do curso de Língua Portuguesa, Compreensão e Produção de Textos,
Turma 02/2011, Santa Cruz, da Faculdade São Luis Jaboticabal SP.
AGRADECIMENTOS
A Deus, pela oportunidade de estar realizando este trabalho.
A minha família, pelo incentivo, paciência e colaboração.
A todos os professores que de alguma forma contribuíram para o sucesso desta
jornada.
Aos meus orientadores por estarem dispostos a ajudar sempre.
Aos meus colegas pelo auxílio nos trabalhos e dificuldades e por estarem comigo
até o fim desta longa caminhada.
A todas as pessoas que de alguma forma contribuíram para concretização deste
objetivo.
“ A degeneração de um povo, de uma nação ou raça começa pelo
desvirtuamento da própria língua.”
Rui Barbosa.
RESUMO
A comunicação é essencial para que os homens se relacionem entre si, neste passo
há várias formas de comunicação, dentre elas destaca-se a linguagem. A linguagem é um
modo tão genuíno de comunicação que com esta se confunde, todavia é apenas uma
expressão daquela. No que tange à linguagem, a priori, pode ser oral ou escrita, contudo há
diversos níveis de linguagem, como por exemplo, a regional, a coloquial e a norma culta.
Independentemente de qual nível de linguagem será eleita pelo emissor, este deve se
atrelar as normas gramaticais a fim de que seu discurso seja coerente e coeso.
A
concordância é uma norma gramatical que justamente irá corroborar com a coerência e
coesão na linguagem. Este ramo da sintaxe desmembra-se em dois grupos: concordância
nominal e concordância verbal.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO...........................................................................................................08
1. SINTAXE DA CONCORDÂNCIA............................................................................10
1.1 . Noções Gerais....................................................................................................10
1.2. Termos Essenciais e Acessórios da Oração.......................................................10
1.3. Conceito de Concordância.................................................................................12
1.4. Concordância Nominal........................................................................................12
1.4.1. Concordância do adjetivo adjunto adnominal..................................................14
1.4.2. Concordância do adjetivo predicativo...............................................................14
1.4.3. Concordância do particípio passado............................................................... 14
1.4.4. Concordância dos adjetivos compostos de dois ou mais elementos...............15
1.4.5. Concordância do adjetivo na indicação de cor.................................................15
1.4.6. Concordância dos numerais ordinais...............................................................16
1.4.7. Concordância do sujeito em grau absoluto.....................................................16
1.4.8. Concordância de expressões usuais................................................................16
1.5. Concordância verbal...........................................................................................18
1.5.1. Concordância verbal quando o sujeito é simples.............................................18
1.5.2. Concordância verbal quando o sujeito é composto e da 3ª pessoa.................19
1.5.3. Concordância verbal quando o sujeito é composto por pessoas gramaticais
diferentes....................................................................................................................19
1.5.4. Casos especiais de concordância verbal.........................................................20
1.5.4.1. Núcleos do sujeito unidos por ou..................................................................20
1.5.4.2. Núcleos do sujeito unidos pela preposição com...........................................20
1.5.4.3. Núcleos do sujeito unidos por nem...............................................................20
1.5.4.4. Núcleos do sujeito correlacionados...............................................................21
1.5.4.5. Sujeitos resumidos por tudo, nada, ninguém................................................21
1.5.4.6. Sujeito Coletivo..............................................................................................21
1.5.4.7. Concordância de expressões partitivas.........................................................22
1.5.4.8. Concordância de expressões que indicam quantidade aproximada.............22
1.5.4.9. Concordância verbal dos nomes próprios.....................................................22
1.5.4.10. Porcentagem...............................................................................................23
1.5.4.11. Concordância do sujeito que.......................................................................23
1.5.4.12. Concordância com os pronomes de tratamento..........................................24
1.5.4.13. Concordância do verbo passivo..................................................................24
1.5.4.14. Concordância dos verbos impessoais.........................................................24
1.5.4.15. Concordância do verbo ser.........................................................................24
2. DA COMUNICAÇÃO E DA CONCORDÂNCIA......................................................26
2.1. Linguagem popular ou coloquial..........................................................................26
2.2. Linguagem regional.............................................................................................27
2.3. Linguagem culta..................................................................................................27
2.4. Uso da concordância na comunicação................................................................27
CONSIDERAÇÕES FINAIS.......................................................................................30
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...........................................................................32
INTRODUÇÃO
A língua portuguesa é reconhecida por muitos como uma das línguas mais
difíceis, ante as inúmeras quantidades de regras gramaticais.
A gramática da língua portuguesa no Brasil pode ser esquematizada pelos
seguintes grupos: fonética, ortografia, morfologia, semântica, sintaxe e estilística.
Neste trabalho serão explanados alguns aspectos da sintaxe.
A sintaxe é o ramo da gramática que estuda a disposição das palavras na
frase e das frases no discurso, além da relação lógica das frases entre si.
Exemplificando, a análise sintática, os termos essenciais e acessórios da oração,
orações coordenadas e subordinadas, pontuação, concordância e regência, são
subdivisões da sintaxe.
De certa forma cada grupo da sintaxe se relaciona entre si, neste norte,
ainda que não seja imprescindível é desejável que ao se debruçar, por exemplo,
sobre as regras de concordância tenha-se uma singela noção de quais são os
termos de uma oração.
Aliás, é crucial o estudo dos termos essenciais e acessórios da oração,
porque através desta análise será possível detectar a função primária e secundária
de cada classe de palavra na oração.
A concordância por sua vez, tem o escopo de analisar a relação das
palavras interdependentes de cada oração. Noutras palavras, ela vai observar se
esta relação está harmônica, no que concerne principalmente a flexão daquelas.
A sintaxe da concordância pode ser nominal e verbal. A concordância será
nominal quando analisar a relação de dependência dos pronomes, adjetivos, artigos
e numerais entre o substantivo, ao passo que a concordância verbal dissecará a
harmonia do verbo em relação ao sujeito da oração.
9
O estudo das regras de concordância, seja ela verbal ou nominal, é de suma
importância, haja vista que está intimamente ligada com a comunicação, de uma
maneira geral. Assim, é fundamental que se saiba os ditames da concordância para
que a linguagem a ser explanada seja dotada de coesão e coerência.
Essa monografia abordará cada um dos elementos das palavras, os
mecanismos de formação, a derivação e composição e todas as suas subdivisões,
além de uma explanação específica acerca dos sufixos e prefixos.
1. SINTAXE DA CONCORDÂNCIA.
1.1. Noções Gerais.
Em nossa gramática nem todas as palavras são independentes, pois há
certas palavras que dependem umas das outras para se harmonizarem. Esta
“harmonização” das palavras consiste na sintaxe da concordância.
Para compreender a relação de interdependência entre as palavras, faz-se
necessário um breve estudo acerca dos termos essenciais da oração, uma vez que
dependendo da “posição” da palavra na frase estabelecer-se-á a concordância.
1.2. Termos Essenciais e Acessórios da Oração.
Os dois termos fundamentais da oração são sujeito e predicado. “Chamase sujeito à unidade ou sintagma nominal que estabelece uma relação predicativa
com o núcleo verbal para constituir uma oração” (BECHARA, 2003, p. 409).
Noutras palavras, o sujeito é o ser sobre o qual se diz algo ou uma
declaração, e é constituído por um substantivo ou pronome, ou ainda por uma
palavra ou expressão substantivada.
Há vários tipos de sujeitos: simples (um único núcleo), composto (mais de
um núcleo), oculto (está na oração de forma implícita), indeterminado (é
desconhecido o sujeito que executa a ação).
Entretanto, nem todas as orações, obrigatoriamente, detêm um sujeito, há
casos em que a oração é sem sujeito, posto que são formadas por verbos
11
impessoais, na 3ª pessoa do singular, ou seja, a oração é formada somente por
predicado.
Enquanto o sujeito é o termo da oração com o qual o verbo concorda, o
predicado é justamente este complemento que concorda com o sujeito, isto é, ele
declara algo do sujeito, exprime uma declaração a seu respeito.
Neste esteio, cabe aqui destacar que há três tipos de predicado: verbal (seu
núcleo é composto por um verbo), nominal (o núcleo é composto por um substantivo
ou adjetivo) e o verbo- nominal (o seu núcleo é composto por um verbo e um nome
[adv. ou subs.]).
No que tange ao predicado nominal e verbo-nominal cabe ainda destacar
que estes podem deter expressões que lhe dê certo atributo, estas expressões são
denominadas de predicativo.
Há o predicativo do sujeito e o predicativo do objeto. O primeiro “exprime um
atributo ou um modo de ser do sujeito, ao qual se prende por um verbo de ligação,
no predicado nominal” (CEGALLA, 2000, p. 314).
O predicativo do objeto, por sua vez, nada mais é do que o termo que
exprime qualidade, estado ou classificação do objeto (predicado verbo-nominal).
Como há pouco citado o sujeito e o predicado são os termos essenciais de
uma oração, porém não são os únicos, existem outros termos integrantes de uma
oração, que embora não sejam essenciais são acessórios destes, são eles: adjunto
adnominal, adjunto adverbial e complemento nominal.
O adjunto adnominal é um termo acessório que acompanha o substantivo
dando-lhe uma qualidade ou modificando-o.
A diferença entre o adjunto adnominal e o predicativo do sujeito reside no
fato de que este último refere-se ao substantivo por meio de um verbo (verbo de
ligação), ao passo que o adjunto adnominal prende-se diretamente ao substantivo.
O adjunto adverbial é o termo da oração que modifica o verbo, o adjetivo ou
o advérbio, para expressar uma circunstância (lugar, tempo, fim, meio, modo,
negação, afirmação, etc.)
O complemento nominal como o próprio nome diz tem a função de
complementar, neste esteio, é um termo que complementa o sentido substantivos,
adjetivos e advérbios.
Quanto ao complemento nominal e o adjunto adnominal, Teixeira esclarece
que “o complemento nominal completa o sentido de uma palavra transitiva (que
12
normalmente provém de um verbo de mesma raiz), ao passo que o adjunto
adnominal caracteriza, modifica e determina uma palavra que funciona como
núcleo”. (2005, p. 97).
Cumpre aqui esclarecer que há outros tipos de termos acessórios da oração,
porém estes supracitados são os mais relevantes para o estudo e compreensão da
sintaxe da concordância.
1.3. Conceito de Concordância.
O breve estudo dos termos essenciais e acessórios da oração foi importante
para uma melhor análise das regras da concordância, haja vista que tendo o
conhecimento de cada um desses termos a compreensão da sintaxe da
concordância é mais natural, isso porque os termos da oração se intercalam e
relacionam entre si, neste feito a concordância assume o papel de harmonizar esta
relação.
Neste diapasão é possível concluir que a sintaxe da concordância resumese na correspondência de dois ou mais termos ou expressões; é fundamental para o
desenvolvimento de uma comunicação clara e coesa, porque evita que haja erros na
linguagem na medida em que harmoniza os termos morfológicos em uma oração.
A sintaxe da concordância se subdivide em duas classes: concordância
verbal e concordância nominal.
1.4. Concordância Nominal.
O escopo da concordância nominal é o estudo da relação entre os nomes,
”ou seja, de palavras que compõem o chamado grupo nominal (substantivos,
adjetivos, pronomes, artigos e numerais)”. (PASQUALE, 2000, p. 494).
Serão abordadas a seguir as principais regras de concordância nominal.
1.4.1. Concordância do adjetivo adjunto adnominal.
O adjetivo, como regra geral, concorda em gênero e número com o
substantivo a que se refere. Entretanto, quando o adjetivo estiver diante de dois ou
13
mais substantivos de gênero ou número diferentes, quando posposto, poderá
concordar com o substantivo mais próximo a ele ou concordar no masculino plural.
Destaca-se que apesar de haver a possibilidade de dois modos corretos de
concordância, é mais prudente que se opte pela alternativa que demonstrar mais
eufonia, clareza e bom gosto.
Exemplos:
A atriz possui muitas jóias e vestidos caros. (concordância no masculino
plural)
O Exército e a Marinha brasileira estavam em alerta. (concordância com o
substantivo mais próximo)
Quando o adjetivo for anteposto aos substantivos a regra é diversa desta há
pouco citada, haja vista que concordará com aquele mais próximo.
Velhas revistas e livros enchiam as prateleiras.
Velhos livros e revistas enchiam as prateleiras.
Quando a oração detiver dois ou mais adjetivos referindo-se a um mesmo
substantivo determinado por um artigo, a concordância nominal poderá ser feita de
duas maneiras distintas, ambas corretas.
Então, ou se flexiona o artigo e o substantivo ou senão toda a oração é
mantida no singular.
Exemplos:
Estudo a língua inglesa e francesa.
Estudo as línguas inglesa e francesa.
No que tange à concordância nominal do adjetivo há ainda mais uma regra,
assim prelecionada por Cegalla: “os adjetivos regidos de preposição de, que se
refere a pronomes neutros indefinidos (nada, muito, lago, tanto, que, etc.),
normalmente ficam no masculino. [...] Todavia, por atração, podem esses adjetivos
concordar com o substantivo (ou pronome) sujeito”. (2000, p.403)
Exemplos:
Sua vida nada tem de misterioso. (concordância no masculino singular)
Tanto tinha minha tia de emperiquitada quanto minha avó de desmazelada
consigo mesma. (concordância por atração)
14
1.4.2. Concordância do adjetivo predicativo
O adjetivo predicativo pode concordar com o substantivo de várias formas,
dentre elas, serão destacadas a seguir as regras de concordância mais relevantes.
A primeira delas refere-se ao adjetivo predicativo e o objeto, nesse caso o
primeiro concordará em gênero, número e grau com o objeto.
Exemplo:
A justiça declarou culpado o réu.
Todavia, a regra muda quando o objeto é composto, neste caso o adjetivo se
flexiona no plural e no gênero dos elementos que compõem o objeto.
Exemplo:
Mãe e filho são talentosos.
Cipro Neto e Infante prelecionam ainda que “se o predicativo do sujeito
estiver anteposto ao sujeito, pode concordar apenas com o núcleo mais próximo”
(2000, p. 495).
Exemplos:
É vergonhosa a pobreza e o desamparo.
É preciso que se mantenham limpas as ruas e os passeios públicos.
1.4.3. Concordância do particípio passivo.
“Na voz passiva, o particípio concorda em gênero e número com o sujeito,
como os adjetivos” (CEGALLA, 2000, p. 406).
Exemplos:
Foi escolhida a rainha da festa.
Os jogadores tinham sido convocados.
Cabe ressaltar ainda que, quando o núcleo do sujeito é um coletivo
numérico, a concordância será feita com o substantivo que o acompanha.
Exemplos:
Centenas de rapazes foram vistos pedalando pelas ruas.
Dezenas de soldados foram feridos em combate.
15
1.4.4. Concordância dos adjetivos compostos de dois ou mais
elementos
Simões assevera que nesses casos “só há variação do último elemento que
concorda com o substantivo a que se refere” (2001, p.11).
Exemplos:
Os acordos luso-brasileiros trouxeram benefícios à população.
Os jovens adoram ler publicações infanto-juvenis.
Entretanto, há uma exceção à regra, no que tange à expressão surdo-mudo,
posto que os dois elementos serão flexionados.
Exemplos:
Ela é surda-muda.
Paulo e Priscila são surdos-mudos.
1.4.5. Concordância do adjetivo na indicação de cor.
Há quatro regras atinentes ao adjetivo indicando cor. Na primeira regra não
haverá qualquer tipo de flexão daquele, quando o substantivo indicar a cor, pois
ficará subentendido a expressão “cor de”, por esta razão não haverá variação do
adjetivo.
Exemplos:
Compramos dois carros vinho e três motos cinza. (cor de vinho e cor de
cinza)
Sobre a cama havia anáguas manga, sutiãs rosa e travesseiros verde. (cor
de manga, rosa e verde).
A segunda regra ocorrerá quando a cor for composta por dois adjetivos,
nesse caso haverá flexão, entretanto somente o ultimo adjetivo variará.
Exemplo:
Teus olhos azul-escuros me seduzem.
Você fica muito bem de camisa verde-amarela.
Aqui também há exceção, pois “os adjetivos azul-celeste, azul-marinho e
furta-cor, são invariáveis” (SIMÕES, 2011, p. 12)
Na terceira regra não haverá variação quando a cor formada por uma
expressão composta por adjetivo e substantivo.
16
Exemplos:
Os militares usam calças verde-oliva.
Meninas, vocês estão horríveis com estes vestidos amarelo-canário.
1.4.6. Concordância dos numerais ordinais.
No caso dos numerais antepostos ao substantivo, há duas regras possíveis,
pois a palavra, como por exemplo, série ou grau, pode ou não ser flexionadas.
Exemplos:
Convoquei os alunos da primeira e da segunda série.
Convoquei os alunos da primeira e da segunda séries.
1.4.7. Concordância de sujeito em grau absoluto.
Chinellato preleciona que “quando o sujeito é tomado em grau absoluto, isto
é, sem artigo ou pronome demonstrativo, fica no masculino singular (caso neutro)”
(2005, p.153)
Exemplos:
É proibido entrada.
Cerveja é bom.
Entretanto, caso haja artigo ou pronome demonstrativo haverá flexão.
Exemplos:
É proibida a entrada.
Esta cerveja é boa.
1.4.8. Concordância de expressões usuais.
È comum que tanto na linguagem coloquial e, sobretudo na formal haja
dúvida sobre a variação de certas expressões, por isso, brevemente abordar-se-á a
seguir, as regras de concordância das principais expressões/palavras.
A expressão bastante tem duas regras de concordância, a primeira exprime
que tal palavra será invariável quando o advérbio denotar o valor de intensidade
(muito, suficientemente).
Exemplos:
17
Comi bastante (muito).
Estes exercícios são bastante fáceis.
Todavia, haverá flexão quando a palavra bastante indicar pronome
indefinido, que acompanha o substantivo.
Exemplo:
Comemos bastantes frutas (embora seja correto o uso da palavra bastante,
estética e foneticamente é preferível usar a expressão muitas frutas).
A palavra alerta sempre será invariável.
Exemplos:
As sentinelas estão sempre alerta.
As pessoas devem manter-se sempre alerta às decisões do governo.
A palavra melhor quando indicar advérbio será invariável, entretanto, se
indicar adjetivo será flexionada.
Exemplos:
Ronaldo e Felipe são, atualmente, os melhores jogadores do São Paulo
(melhor equivale a “mais bom”)
Os deputados devem analisar melhor os projetos (aqui equivale a “mais
bem”, por isso é invariável).
As palavras anexo, incluso e leso, por assumirem a função de adjetivo
concordam com o substantivo em gênero e número.
Exemplos:
Vão anexos os pareceres do Ministério Público.
Os crimes de lesa-majestade eram cumpridos com a morte.
As palavras claro, sério, caro, barato e todas as outras palavras que forem
adjetivos adverbiados serão invariáveis, pois assumem “ a função de advérbios
terminados em ‘mente’” (CEGALLA, 2000, p. 408).
Exemplos:
Vamos falar sério (seriamente).
Todos ponderaram que Flávia falou bem claro.
Ao contrário do que fora há pouco citado, a palavra todo, quando exprimir o
sentido de inteiramente ou completamente, apesar de ser advérbio será flexionada.
Exemplos:
Os ianomâmis andam todos nus.
A planície ficou toda branca por causa da geada.
18
A palavra menos será, sem exceção, invariável.
Exemplos:
Gaste menos água.
À noite, há menos pessoas na praça.
Entretanto, meio será invariável apenas quando expressar o sentido de um
pouco.
Exemplos:
A porta estava meio aberta.
Os sapatos eram meio velhos, apesar do ótimo estado de conservação.
Por fim, a palavra só possui duas regras de concordância. Neste norte será
invariável quando assumir a postura de advérbio (com o sentido de apenas,
somente), por outro lado será variável se significar sozinho.
Exemplos:
Eles vivem sós na colina.
O juiz pronunciou só o réu chamado Alberto.
1.5. Concordância Verbal.
O traço linear da concordância verbal reside no fato de que o verbo
concorda com o sujeito da frase, obedecendo às regras que a seguir serão
explanadas.
1.5.1. Concordância verbal quando o sujeito é simples.
Quando a oração for composta por um sujeito simples, o verbo que o
acompanha concordará com o seu número e pessoa, indiferentemente se este
último sucede ou precede o sujeito.
Exemplos:
As saúvas eram a praga do Brasil.
Não faltaram pessoas que nos queiram ajudar.
19
1.5.2. Concordância verbal quando o sujeito é composto e da 3ª
pessoa.
Para a análise da concordância verbal do sujeito composto é preciso
analisar se este é posposto ou anteposto. Quando for posposto o verbo ficará no
plural ou concordará com o núcleo mais próximo, ao passo que se anteposto o verbo
sempre ficará no plural.
Exemplos:
Saíram de casa o pai e os filhos.
Saiu de casa o pai e os filhos.
1.5.3.
Concordância
verbal
do
sujeito
composto
por
pessoas
gramaticais diferentes.
Sobre essa regra de sintaxe Cegalla obtempera que “se o sujeito composto
for de pessoas diversas, o verbo se flexiona no plural e na pessoa que tiver a
prevalência. [ A 1ª pessoa prevalece sobre a 2ª e a 3ª; a 2ª prevalece sobre a 3ª]”.
(2000, p.415)
Exemplos:
Eu e meu convidado iremos. ( prevalece a primeira pessoa sobre a terceira)
Se eu, se vós chegássemos neste momento. (prevalece a primeira pessoa
sobre a segunda).
Destaca-se, contudo, que se o sujeito composto for preposto também poderá
ser usada a regra supracitada, qual seja a concordância com o núcleo mais próximo.
Exemplos:
Entra tu, tua mulher e teus filhos no carro.
Entrai tu, tua mulher e teus filhos no carro.
Acrescenta-se ainda que quando aparecerem 2ª e 3ª pessoas na oração é
possível flexionar o verbo na 3ª pessoa do plural, embora a norma culta prefira a
prevalência da segunda pessoa sobre a terceira.
Exemplos:
Deus e tu são testemunhas.
Juro que tu e tua mulher me pagam.
20
1.5.4. Casos Especiais de Concordância Verbal
Após a análise das regras básicas da regra da concordância serão
abordados certos casos da concordância que, via de regra, complexos e
controversos, além de serem de uso corriqueiro tanto na linguagem coloquial como
na norma culta.
1.5.4.1. Núcleos do sujeito unidos por ou.
Há duas possibilidades para a concordância. Quando a palavra ou indicar
exclusão ou retificação, o verbo concordará com o núcleo do sujeito mais próximo.
Entretanto, “o verbo irá para o plural se a idéia por ela expressa se referir ou puder
ser atribuída a todos os núcleos do sujeito” (CEGALLA, 2000, p. 416).
Exemplos:
Paulo ou Antônio será o presidente. (primeira regra)
Naquela crise, só Deus ou Nossa Senhora podiam acudir-lhe. (segunda
regra)
1.5.4.2. Núcleos do sujeito unidos pela preposição com.
A flexão verbal ocorrerá de acordo com o destaque dado ao sujeito. Se a
importância entre os núcleos foram equânimes o verbo será flexionado para o plural,
mas caso queria realçar um dos núcleos ficará no singular.
Exemplos:
Manuel com seu comprade construíram o barracão. (os dois núcleos têm
igual importância)
O presidente, com sua comitiva chegou a Paris às 5 horas da tarde. (aqui há
o nuance no núcleo presidente, por isso o verbo permaneceu no singular)
1.5.4.3. Núcleos do sujeito unidos por nem.
Nesse caso observar-se-ão os núcleos do sujeito para se estabelecer a
concordância. Caso o sujeito seja formado por núcleos no singular deve-se usar o
verbo no plural, contudo, se o verbo precede o sujeito ou quando há exclusão, isto é,
21
a conjunção nem atribui certo fato a apenas um dos elementos do sujeito, a
concordância verbal será no singular
Exemplos:
Nem a riqueza nem o poder o livraram de seus inimigos. (primeira regra)
Na fazenda não se recusa trabalho nem dinheiro, nem nada a ninguém.
(segunda regra – verbo precedente)
Nem Berlim nem Moscou sediará a próxima Olimpíada. (segunda regra – há
uma idéia de exclusão, posto que apenas uma cidade sediará tal evento esportivo)
1.5.4.4. Núcleos do sujeito correlacionados.
Nas palavras de Cegalla ‘o verbo vai para o plural quando os elementos do
sujeito composto estão ligados por uma das expressões correlativas não só... mas
também, não só como também, tanto... como também, etc.” (2000, p. 417)
Exemplo:
Tanto Noêmia como Reinaldo só mantinham relações de amizade com um
grupo restrito de pessoas.
1.5.4.5. Sujeitos resumidos por tudo, nada, ninguém.
Diante de orações que detenham estes pronomes, o verbo ficará no singular.
Exemplos:
Jogos, espetáculos, viagens, diversões, nada pôde satisfazê-lo.
Jogadores, árbitros, assistentes, ninguém saiu do campo.
1.5.4.6. Sujeito Coletivo.
Quando a oração for composta por sujeito coletivo, o verbo concordará no
singular, quando aquele também estiver no singular.
Exemplos:
A multidão vociferava ameaças.
O exército dos aliados desembarcou no sul da Itália.
22
1.5.4.7. Concordância de expressões partitivas.
Expressões partitivas são aquelas que indicam parte, fração; as mais
conhecidas são: a maior parte de, parte de, a maioria de, grande número de, o
grosso de, uma porção de, etc. Diante destas expressões o verbo poderá ficar ora n
o singular e ora no plural.
Desta forma, a concordância será feita de acordo com a ênfase que se quer
imprimir ao sujeito, posto que se o verbo ficar no singular indicará a unidade do
conjunto; e, se for flexionado para o plural destacará os elementos que formam este
conjunto.
Exemplos;
A maioria dos jornalistas aprovou a idéia.
Um bando de vândalos destruíram o monumento.
1.5.4.8.
Concordância
de
expressões
que
indicam
quantidade
aproximada.
Sobre esta regra de concordância verbal Cipro Neto e Infante prelecionam
que “quando o sujeito é formado por expressão que indica quantidade aproximada
(cerca de, mais de, menos de, perto de) seguida de numeral e substantivo, o verbo
concorda com o substantivo”. (2000, p. 482)
Exemplos:
Cerca de dez mil pessoas participaram da manifestação.
Mais de uma atleta estabeleceu o novo recorde nas últimas Olimpíadas.
Destaca-se que no caso da expressão mais de um de se associar a verbos
que conotam a idéia de reciprocidade, a flexão no plural será obrigatória.
Exemplo:
Mais de um deputado se ofenderam na tumultuada sessão de segunda-feira.
1.5.4.9. Concordância verbal de nomes próprios.
No caso da concordância de nomes próprios, o fator determinante para que
haja a flexão do verbo para o singular ou para o plural será a presença de um artigo.
23
Neste norte, se o nome próprio for acompanhado de um artigo, obrigatoriamente, o
verbo ficará no plural, ao passo que ante sua ausência ficará no singular.
Exemplos:
Os Estados Unidos determinaram a queda na economia mundial.
Minas Gerais produz queijo de primeira qualidade.
1.5.4.10. Porcentagem.
Há duas regras de concordância para este caso. A primeira preleciona que
o verbo ficará no singular sempre que a expressão que indica porcentagem for
seguida de substantivo. Já a segunda regra, impõe que o verbo será flexionado no
plural quando não estiver presente o substantivo.
Exemplos:
25% do orçamento do país deve destinar-se à Educação. (primeira regra)
25% querem a mudança. (segunda regra)
1.5.4.11. Concordância do sujeito que.
A palavra que esta usualmente inserida na linguagem, por isso é preciso
ficar atento às suas regras de concordância. A primeira delas é bem simples, pois
exprime que o verbo deve flexionar em número e pessoa quando o pronome relativo
a ele anteceder.
Exemplos:
Fui eu que paguei a conta.
Fomos nós que pintamos o muro.
A segunda regra diz respeito às expressões um dos que ou uma das que,
sendo o seu teor bastante simples, haja vista que o verbo da oração deve ser
flexionado no plural.
Exemplos:
O Japão é um dos países que mais investem em tecnologia.
A baronesa era uma das pessoas que mais desconfiavam da nossa relação.
24
1.5.4.12. Concordância com os pronomes de tratamento.
Apesar dos pronomes de tratamento se referirem
a segunda pessoa, a
flexão do verbo será feita na 3ª pessoa.
Exemplos:
Vossa Excelência agiu com moderação.
Vossas Santidades não ficarão a mercê do povo.
1.5.4.13. Concordância do verbo passivo.
No geral, o verbo apassivado pele pronome se, concordará normalmente
com o sujeito da frase.
Exemplos:
Não se podem cortar essas árvores.
Vende-se a casa e compram-se dois apartamentos.
1.5.4.14. Concordância dos verbos impessoais.
Os verbos impessoais, como por exemplo, haver e fazer (indicando tempo),
passar de (indicação das horas) e chover (ou outros verbos que exprimam
fenômenos da natureza), ficam na 3ª pessoa do singular.
Exemplos:
Quando saí de casa passava das oito horas.
Não havia ali vizinhos confiáveis.
1.5.4.15. Concordância do verbo ser.
O verbo ser possui algumas particularidades quanto á sua concordância,
que serão destacadas a seguir.
A primeira regra diz respeito à concordância entre substantivo comum no
singular e substantivo comum no plural, caso em que o verbo ser tende a ir para o
plural, pouco importando daqueles.
Exemplo:
A cama são algumas tábuas retorcidas.
25
A segunda regra incide “quando o verbo ser é colocado entre um nome
próprio e um comum”, donde concordará com o nome próprio. “Entre um pronome
pessoal e um substantivo comum ou próprio, o verbo concorda com o pronome”
(CIPRO NETO; INFANTE, 2000, p.489).
Exemplos:
Garrincha foi as mais incríveis diabraturas da bola.
Eu sou Pedro das Neves.
No caso do verbo ser estiver posicionado entre um substantivo e um
pronome não pessoal, sua concordância tenderá ao substantivo.
Exemplos:
Tudo eram sorrisos naquele ambiente hipócrita.
Isso são manias de quem não tem o que fazer.
Destaca-se que quando indicar medidas o verbo ser permanecerá invariável.
Exemplos:
Cinco quilos é muito.
Com você, duas horas é pouco.
Por fim, acrescenta-se que “nas indicações de tempo, o verbo ser concorda
com a expressão numérica mais próxima” (CIPRO NETO; INFANTE, 2000, p.490).
Exemplos:
É uma hora.
Já é meio-dia.
Eram quatro e vinte.
2. DA COMUNICAÇÃO E DA CONCORDÂNCIA.
No seio da sociedade há vários tipos e níveis de comunicação,
principalmente quando se analisa a dimensão e a diversidade de um país como o
Brasil. Neste liame, em um mesmo território nacional é possível identificar diversos
níveis de linguagem, como os mais variados sotaques.
Essa variação está muito bem inserida na linguagem coloquial, ou seja, a
linguagem corriqueira do cotidiano, posto que nela a função máxima da linguagem é
atingir a comunicação, sem levar em consideração regras gramaticais.
Em detrimento a esse tipo de linguagem há a norma culta, que exige um alto
grau de atenção, no que tange às regras de ortografia, semântica, sintaxe e até da
fonética.
A diferença entre tais linguagens resume nas regras de concordância e
regência das palavras.
A abordagem deste capítulo visa justamente à análise das regras da
concordância em face da comunicação, porém antes desta discussão cabe aqui
destacar os diversos níveis de linguagem existentes na língua e na sociedade
brasileira.
2.1. Linguagem popular ou coloquial.
É a linguagem corriqueiramente usada por toda a população, noutras
palavras é a linguagem oral, totalmente desapegada às regras gramaticais. Muitas
vezes está repleta de vícios de linguagem, detendo erros crassos de concordância e
regência.
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Está presente na conversas familiares ou entre amigos, nas novelas, nos
esportes, nos programas de televisão.
2.2. Linguagem Regional.
Muito abundante no Brasil devido à sua extensão territorial, exprime a
variação geográfica através do regionalismo ou da fala local. São exemplos de
linguagens regionais os falares nordestino, baiano, fluminense, mineiro, sulino, etc.
2.3. Linguagem Culta.
Também é denominada de linguagem padrão e “é usada pelas pessoas
instruídas das diferentes classes sociais e caracteriza-se pela obediência às normas
gramaticais. Mais comumente usada na linguagem escrita e literária, reflete prestígio
social e cultural”. (CHINELLATO; MASSARANDUBA, 2005, p.07)
2.4. Uso da Concordância na Comunicação.
Ainda que haja vários tipos de níveis de linguagem é prudente que o
emissor ao se comunicar prime pelo uso da linguagem culta, utilizando o maior
número possível de regras tanto da concordância verbal como da nominal.
Embora, na linguagem cotidiana o preciosismo da norma culta não seja tão
cobrado, é necessário cautela para que não haja excessivos deslizes gramaticais,
isso porque certos erros tiram o brilhantismo da comunicação.
Neste norte, desde cedo à criança devem ser apresentadas as regras de
concordância, para que as regras gramaticais fluam naturalmente em seu diálogo,
pouco importando se o seu discurso é para seus familiares ou para uma
apresentação escolar.
Entretanto, no ano de 2011 surgiu uma grande polêmica graças ao livro Por
uma vida melhor, da autora Heloisa Cerri Ramos, que preleciona ser correto certas
infrações às regras de concordância.
Referida obra foi distribuída pelo MEC às escolas a fim de servir como base
para estudantes do ensino fundamental de todo o país. O grande reboliço causado
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reside no fato da autora defender que certos erros de português são aceitáveis para
que a comunicação seja enfim concretizada.
Para ela a linguagem popular também possui regras, nas quais erros de
concordância verbal e nominal são adequados. Neste norte é bastante enfática ao
tentar legitimar os erros gramaticais na linguagem popular:
Você pode estar se perguntando: “Mas eu posso falar ‘os livro?’.” Claro que
pode. Mas fique atento porque, dependendo da situação, você corre o risco
de ser vítima de preconceito linguístico. Muita gente diz o que se deve e o
que não se deve falar e escrever, tomando as regras estabelecidas para a
norma culta como padrão de correção de todas as formas linguísticas. O
falante, portanto, tem de ser capaz de usar a variante adequada da língua
para cada ocasião. (RAMOS, 2011, p.15)
Assim, em uma simples leitura de sua obra fica bastante evidente que a
autora inova, criando novos paradigmas para a concordância verbal e nominal.
Apesar de destacar qual a regra correta da concordância dá um realce maior a uma
nova concordância, como por exemplo, “nós pega o peixe” ou “os meninos pega o
peixe”. (RAMOS, 2011, p. 16).
Enfim, no livro Por Uma Vida Melhor fica claro a defesa de que erros
gramaticais devem ser tidos como normais. No mundo literário há vertentes nos dois
sentidos – defendendo e repudiando a atitude de Heloísa Ramos.
A primeira corrente que elogia a sua coragem em publicar algo tão chocante,
atribui razão à autora, destacando que a diversidade de linguagens regionais
propicia certos vícios na linguagem, porém tais vícios não tiram a legitimidade
daquela que é quer se comunicar. Para este polo não é que o erro gramatical seja
válido ou louvável em uma comunicação, na verdade ele passa ser justificável para
que o emissor possa transmitir ao seu ouvinte suas idéias.
A segunda corrente defenestrou a obra de Heloísa Ramos, justamente por
fazer apologia ao desapego das normas gramaticais. Para este grupo é crucial que
toda a linguagem se debruce sobre as regras gramaticais, a fim de que o discurso
(oral ou escrito) tenha coesão e coerência.
Discussões a parte o certo é que só existem regras de concordância para a
norma culta, desta forma o correto é que tanto a linguagem culta quanto coloquial
utilize as regras gramaticais de concordância verbal e nominal.
Noutras palavras, é crucial que o diálogo ou qualquer outro tipo de
comunicação esteja alicerçado na gramática brasileira, o que não quer dizer que
haverá desrespeito às linguagens regionais, pelo contrário, estas não precisam
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perder sua essência para se adequarem as normas da concordância, na verdade
necessitam apenas deter o mínimo de equilíbrio com estas últimas.
A idéia de que a comunicação pela linguagem coloquial dispensa o uso de
regras de concordância é equivocada, pois em uma análise profunda é fácil concluir
que na verdade a linguagem é una, e que as divisões nela feita são apenas de
cunho prático.
Assim, se a linguagem é única não é razoável que em um determinado
momento sejam usadas as regras de concordância e em outro seja destacadas do
diálogo. Seguir as normas gramaticais não é uma faculdade e sim um dever de
todos a elas submetidos.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O idioma português é rico e vasto, sendo que no passado teve influências de
outras línguas, incorporando palavras, desagregando outras, passando por muitas
mudanças até alcançar o padrão dos dias atuais.
Neste diapasão, as regras gramaticais também são amplas, requerendo que
o emissor seja bastante atencioso ao elaborar o seu discurso oral ou escrito.
Assim, é imprescindível que o comunicador tenha um conhecimento, ao
menos básico, das estruturas das orações, para que possa construir períodos
coerentes, sem qualquer tipo de aberração gramatical.
É bem verdade que as regras gramaticais detêm certo grau de
complexidade, e que diante deste fato não existe receita ou fórmula mágica para a
produção de uma linguagem correta e coesa, porém o emissor e toda a pessoa que
se utiliza da língua portuguesa deve ter ao menos uma noção de seus ditames, a fim
de que sua comunicação não fique arraigada de imprecisões e incorreções.
Ora, é justamente por esta razão que a gramática estabelece regras de
sintaxe, para que não haja nenhuma afronta à língua portuguesa. A concordância
nominal e verbal é um exemplo desta ferramenta.
Na verdade, a sintaxe de concordância não pode ser vista como um
instrumento que “engessa” a comunicação, pelo contrário, sua função ímpar é
uniformizar,
ou
melhor,
universalizar
a
linguagem
de
modo
que
todos,
independentemente, da linguagem regional compreenda o que está sendo
explanado.
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Ocorre que muitas vezes são vinculadas certas imagens que desvirtuam o
escopo da concordância. Grande parte das pessoas, sobretudo as mais carentes de
educação, acredita que sinônimo de se comunicar bem é usar termos ou expressões
rebuscadas e de difícil compreensão.
Longe disso, comunicar-se bem significa atingir o auditório (ouvinte),
indiferentemente, de sua classe social, ser claro, coeso, preciso. É totalmente
estapafúrdia a colocação que um vocabulário difícil denota o domínio da linguagem
e das normas gramaticais.
Concordar verbos, adjetivos, pronomes, artigos e outras classes de palavras,
é sinônimo de harmonização, este é o condão da concordância, estabelecer
parâmetros para que as palavras de uma oração estejam em perfeita consonância,
seja nominal como verbalmente.
Por isso, sua prática deve se feita logo nos primeiros contatos com a
linguagem, para que se transforme em um ato constante e cotidiano, a fim de que
fiquem “impregnadas” no âmago do comunicador e do ouvinte suas regras.
Usar as regras e casos de concordância nominal e verbal significa respeitar
a Língua Portuguesa, sobretudo respeitar a si mesmo.
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REFERÊNCIAS
BECHARA, Evanildo. Moderna Gramática Portuguesa. Rio de Janeiro: Lucerna,
2003.
CEGALIA, Domingos Paschoal. Novíssima gramática da Língua Portuguesa. 43. ed.
São Paulo: Companhia Editora Nacional, 2000
CIPRO NETO, Pasquale; INFANTE, Ulisses. Gramática da Língua Portuguesa. São
Paulo: Scipione, 2000.
MASSARANDUBA, Elizabeth de M.: CHINELLATO, Thaís Montenegro. Gramática.
Coleção Objetivo. São Paulo: Sol, 2005.
RAMOS, Heloísa Cerri. Por Uma Vida Melhor. Coleção Viver e Apreender. Ensino
Fundamental, v. 02. São Paulo: Global, 2011.
SIMÕES, Sérgio. Concordância Nominal e Verbal Sem Segredo. Série Palavra
Final, v.4. Disponível em http://portal01:82/Paginas/Comunicacao/SeriePalavraFinal
.aspx . Acesso em 28/06/2011.
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