Fisiologia Humana Profa. Juliana S. do Valle CICLO CARDÍACO • Período que vai do início de um batimento cardíaco até o início do batimento seguinte - cada ciclo começa pela geração espontânea de um potencial de ação no Nódulo Sinusal. • Consiste num período de relaxamento (diástole) quando o coração se enche de sangue, seguido por um período de contração (sístole) OS ÁTRIOS COMO BOMBAS: • Normalmente o sangue flui de modo contínuo das grandes veias para os átrios. Cerca de 70% do sangue flui diretamente dos ATRIOS para os VNTRÍCULOS mesmo antes que os ATRIOS contraiam. • A contração atrial causa um enchimento adicional do ventrículo da ordem de 30% • ATRIOS funcionam como reservatório, reforçando e aumentando a eficiência do bombeamento ventricular. OS VENTRÍCULOS COMO BOMBAS: • ENCHIMENTO DOS VENTRÍCULOS: durante a sístole ventricular (contração) grande quantidade de sangue acumula-se nos ATRIOS porque as válvulas átrioventriculares estão fechadas • Quando a sístole do ventrículo termina e suas pressões internas caem para os baixos valores diastólicos (de relaxamento), as válvulas átrio-ventriculares se abrem e o sangue flui de átrios para ventrículos esse período também é chamado de PERÍODO DE ENCHIMENTO RÁPIDO (PER) • O PER dura o primeiro terço da diástole ventricular. No segundo terço só pequena quantidade de sangue flui dos atrios para os ventrículos. No final da diástole os atrios contraem e dão impulso adicional ao influxo de sangue para os ventrículos. • ESVAZIAMENTO DOS VENTRÍCULOS NA SÍSTOLE: PERÍODO DE CONTRAÇÃO ISOVOLUMÉTRICA (PCI) Quando ocorre a contração do ventrículo sua pressão interna sobe abruptamente o que faz fechar as válvulas átrio-ventri 1 Fisiologia Humana Profa. Juliana S. do Valle OS MÚSCULOS DO VENTRÍCULO CONTINUAM A RELAXAR SEM ALTERAR O VOLUME INTERNO. • Em seguida a pressão no ventrículo cai para valores diastólicos, as válvulas A-V se abrem e o sangue flui novamente • Na diástole o enchimento dos ventrículos chega até 110 ou 120ml = VOLUME DIASTÓLICO FINAL • Na sístole o esvaziamento dos ventrículos diminui o volume em cerca de 70ml = DÉBITO SISTÓLICO • O volume restante em cada ventrículo (cerca de 40-50ml) é chamado de VOLUME SISTÓLICO FINAL RELAÇÃO ENTRE OS SONS CARDÍACOS E O BOMBEAMENTO CARDÍACO: • Quando se AUSCULTA o coração com estetoscópio, não se ouve a abertura das válvulas (sem ruído). Quando as válvulas FECHAM suas valvas e os líquidos circundantes vibram, produzindo som. • Quando os ventrículos começam a contrair ouve-se um som que é causado pelo FECHAMENTO DAS VÁVULAS A-V (mitral e tricúspide) = longo e + grave 1a BULHA CARDÍACA • Quando as semilunares se fecham ouve-se um som agudo e breve 2a BULHA CARDÍACA LESÕES VALVULARES; • REUMÁTICAS: ocorrem em conseqüência da febre reumática (doença autoimune) que lesa ou destrói as válvulas (desencadeada pelas toxinas estreptocócicas - faringite, otite média) - lesões hemorrágicas, fibrinosas, bolhosas, crescem ao longo das margens inflamadas das válvulas ( a tricúspide e aórtica são as mais afetadas) - ESTENOSE: valvas ficam aderidas e o sangue não pode fluir livremente (não abrem normalmente) • REGURGITAÇÃO: as valvas ficam tão danificadas que não se fecham, quando o ventrículo contrai o sangue reflui. • DEFEITOS CONGÊNITOS: estenose congênita ou falta de um ou mais folhetos • SOPROS CARDÍACOS: sons cardíacos anormais, diferentes das bulhas causados principalmente por anormalidades valvulares REGULAÇÃO DO BOMBEAMENTO CARDÍACO: • DÉBITO CARDÍACO: quantidade de sangue bombeada pelo coração para a AORTA por minuto (no adulto normal =5l/min) • RETORNO VENOSO: quantidade de sangue que flui das veias para o AD por minuto (tem de ser igual ao DC) 2 Fisiologia Humana Profa. Juliana S. do Valle • A pessoa em repouso bombeia 5l/min, em exercício intenso o coração pode bombear 4a7x essa quantidade. • O volume a ser bombeado é determinado principalmente pelo volume de sangue que chega ao coração (RV). Assim, se mais sangue chega ao coração (RV) mais volume deverá ser bombeado para a aorta (DC). • Há alguns mecanismos básicos para regulação do bombeamento cardíaco: 1) MECANISMO DE FRANK-STARLING 2) AUMENTO DA FREQÜÊNCIA CARDÍACA 3) RESISTÊNCIA PERIFÉRICA 4) CONTROLE NEURAL (SN AUTÔNOMO) 1) MECANISMO DE FRANK-STARLING • A quantidade de sangue bombeada pelo coração por minuto é determinada pela intensidade do fluxo sangüíneo das VEIAS para o coração (RETORNO VENOSO) • Cada tecido controla seu próprio fluxo e a somatória dos fluxos volta ao AD por meio das veias. O coração bombeia todo esse sangue para as artérias e o ciclo começa novamente • Essa capacidade de adaptação à alterações de volume é o MEC. DE FRANKSTARLING = indica basicamente que quanto mais o coração se enche na diástole maior será a quantidade de sangue bombeada para a aorta (quanto mais o miocárdio se distende maior será a contração reflexa) • Isto ocorre devido à uma característica comum a todos os músculos estriados e não somente a musculatura cardíaca. • Quando uma quantidade adicional de sangue flui para os ventrículos o músculo cardíaco, por si só, distende-se até um comprimento maior. Isso faz com que o músculo se contraia com mais força pois os filamentos contráteis são colocados em posição mais próxima de uma posição "ótima" para geração de força. 2) AUMENTO DA FREQÜÊNCIA CARDÍACA (FC): • Quando mais sangue chega ao coração (aumento do RV) há também distensão das paredes do AD onde localiza-se o NODO SINUSAL (NS), o marcapasso natural. • O estiramento das células do NS aumentam a sua atividade elétrica em 10 a 15% e isso leva a um aumento da FC. O aumento da FC auxilia no bombeamento do sangue extra. DC = FREQÜÊNCIA CARDÍACA X VOLUME SISTÓLICO 3) RESISTÊNCIA PERIFÉRICA (RP): • A RP é a resistência que a rede vascular, arterial e arteriolar, oferece ao fluxo de sangue que deixa o coração e tal resistência afeta diretamente o DC dado que: 3 Fisiologia Humana Profa. Juliana S. do Valle DC = PRESSÃO ARTERIAL ÷ RESISTÊNCIA PERIFÉRICA • Assim, quando outros fatores são mantidos normais (PA) a RP altera o DC. ↑ RP ↓ DC ↓ RP ↑ DC • Exemplos de fatores que podem afetar a resistência periférica: AUMENTO da RP: arterosclerose, remoção de permas ou braços, hipotireoidismo (metabolismo abaixo do normal) etc. REDUÇÃO da RP: anemia, hipertireoidismo (aumento metabolismo basal), Beribéri, etc. 2) CONTROLE NEURAL (SNA) • O coração é bastante inervado e sua capacidade de bombeamento é muito controlada pelos nervos SIMPÁTICOS e PARASSIMPÁTICOS NERVOS SIMPÁTICOS: a estimulação simpática aumenta a força com a que o coração se contrai, aumenta também o volume de sangue bombeado (a freqüência cardíaca pode chegar a 200-250 bat/min) - a inibição do SNSimpático pode ser utilizada para diminuir o bombeamento NERVOS PARASSIMPÁTICOS (VAGO): forte estimulação vagal do coração pode cessar os batimentos por alguns segundos. Mas o coração "escapa" voltando a bater com freqüência de 20 a 30 bat/min estimulação simpática - ↑FC - ↑ DC estimulação parassimpática - ↓FC - ↓DC PRESSÃO ARTERIAL (PA) • O termo PRESSÃO ARTERIAL refere-se à pressão que o sangue exerce na parede dos vasos sangüíneos. A PA é fundamental para manutenção de um fluxo sangüíneo contínuo e uniforme. • Os valores da PA dependem de inúmeros fatores entre eles: resistência periférica, DC, característica dos vasos (ver ANEXO 1), volume de sangue, viscosidade do sangue etc. • A PA é determinada principalmente pelos valores do DC e RP: PA = DÉBITO CARDÍACO x RESISTÊNCIA PERIFÉRICA • A manutenção da PA em níveis adequados e razoavelmente constantes é fundamental para a homeostase circulatória. Hoje já se sabe que a regulação da PA é feita por meio de vários mecanismos os quais, de certa forma, são interrelacionados. • Assim, podemos caracterizar dois tipos básicos de controle da PA: 4 Fisiologia Humana Profa. Juliana S. do Valle 1) O primeiro, de AÇÃO RÁPIDA, fundamentalmente neural, que está relacionado com a sobrevivência imediata do indivíduo - CONTROLE RÁPIDO DA PA 2) O segundo, de AÇÃO MAIS LENTA, fundamentalmente humoral (hormonal), que está relacionado com a manutenção da PA a longo prazo - CONTROLE A LONGO PRAZO DA PA CONTROLE A LONGO PRAZO DA PA A) REGULAÇÃO HUMORAL DA CIRCULAÇÃO: regulação por substâncias secretadas nos líquidos corporais ou neles absorvidas (hormônios e íons) 1- AGENTES VASOCONSTRITORES: • NORADRENALINA E ADRENALINA: hormônios vasoconstritores Ex.: SN Simpático é estimulado (stress ou exercício) NORADRENALINA excita coração, veias e arteríolas liberação de • ANGIOTENSINA: uma das substâncias vasoconstritoras mais potentes – apresenta importante ação no aumento da PA, porque aumenta a resistência periférica (age sobre todas as arteríolas) • VASOPRESSINA: ou HAD (hormônio anti-diurético), mais potente que a angiotensina. Formada no hipotálamo, secretada pela hipófise. Tbm tem grande importância na reabsorção de água nos túbulos renais 2- AGENTES VASODILATADORES: • ÓXIDO NÍTRICO (NO): fator derivado do endotélio vascular que produz importante vasodilatação e parece exercer papel importante no controle da PA • BRADICININA: produz intensa dilatação arteriolar e permeabilidade capilar – produzida em locais inflamados • SEROTONINA: causa vasodilatação ou vasoconstrição dependendo das condições ou área da circulação – maioria das funções desconhecidas • HISTAMINA: liberada praticamente em todo tecidodo corpo qdo estes sofrem lesão, inflamação ou reação alérgica – aumenta a dilatação e permeabilidade capilar – extravasamento de líquido • PROSTAGLANDINAS: têm importante função intracelular mas podem ser liberadas na corrente tanto em condições normais qto patológicas – maioria funciona como vasodilatador 3- O SISTEMA RENINA- ANGIOTENSINA DA PA aumenta a NO CONTROLE A LONGO PRAZO • Um dos mais importantes sistemas de controle a longo prazo da PA é chamado de sistema renina-angiotensina. • A RENINA é uma ENZIMA produzida e secretada pelos rins quando a PA cai muito. 5 Fisiologia Humana • Profa. Juliana S. do Valle Isto só ocorre porque qualquer alteração da PA afeta o fluxo sangüíneo para os rins e isto dispara imediatamente mecanismos renais que alteram a hemodinâmica e adequam a PA. ATIVAÇÃO do SISTEMA RENINA-ANGIOTESINA • Além de sua ação vasoconstritira direta, a Angiotensina II estimula as glândulas supra-renais a secretarem um hormônio denominado ALDOSTERONA. A aldosterona atua nos rins e provoca um aumento da reabsorção de Na+ e de H2O e ambos contribuirão para a elevação da PA. 4- PAPEL DO RIM NO CONTROLE A LONGO PRAZO DA PA: • O sistema renal controle o volume de líquidos corporais e exerce controle sobre a PA de forma bastante simples: ↑ quantidade de LEC ↑ PA rim passa a excretar o excesso de líquidos ↑ vol de líquidos ↑ PA ↑ excreção de líquidos pelos rins para adequar a PA ↓ vol de líquidos ↓PA ↓ excreção de liquidos pelos rins para adequar a PA • um pequeno aumento da PA pode duplicar a excreção renal de água (DIURESE POR PRESSÃO) bem como a excreção de SAL (NATRIURESE POR PRESSÃO) • De que maneira o volume de líquidos eleva a PA? ↑ Vol liq ↑ Vol sanguíneo ↑ RV ↑ DC ↑ PA 6 Fisiologia Humana Profa. Juliana S. do Valle • ↑ na ingestão de SAL ↑ muito mais a PA do que um ↑ na ingestão de líquidos • a água é eliminada rapidamente pelos rins • o SAL não é excretado com tanta facilidade • qdo o SAL se acumula no organismo ele eleva indiretamente o volume de LEC de 3 maneiras: 1. da osmolaridade do sangue força a passagem de água do interstício para a circulação e isto ↑ o vol de sangue 2. excesso de sal também estimula o CENTRO DA SEDE (no SNC) aumentando o consumo de água, levando a um aumento do vol de líquidos 3. sal estimula o hipotálamo/hipófise a secretar HAD (hormônio anti-diurético ou vasopressina) que faz aumentar a reabsorção de água nos rins, diminuirndo o vol urinário e ↑ o vol de liq corporais. REGULAÇÃO NEURAL DA CIRCULAÇÃO: O CONTROLE RÁPIDO DA PA • Como visto anteriormente a PA é determinada pelo DC e pela RP: PA = DC x RP PA = (DS x FC) x RP DC - débito cardíaco DS - débito sistólico FC - freqüência cardíaca RP - resistência periférica • O SNA pode afetar diretamente a FC e a RP. Desta forma, o SNA pode influenciar a PA e, como sua ação é rápida, pode provocar ajustes instantâneos nos valores de PA mantendo-a adequada a uma boa perfusão tecidual (Quadro 1) • Normalmente, tais ajustes são feitos para correção dos valores da PA que tenham se desviado para mais ou para menos dos níveis normais. • A regulação neural da PA funciona como um ARCO REFLEXO, envolvendo receptores sensoriais, aferências, centros de integração, eferências e efetores. • Existem vários receptores envolvidos no controle Didadicamente, podemos classificá-los em 4 grandes grupos: 1) 2) 3) 4) cardiovascular. barorreceptores arteriais (mecanorreceptores) quimiorreceptores receptores cardiopulmonares (mecanorreceptores) outros receptores • Até bem pouco tempo sabia-se pouco sobre as estruturas do SNC (centros de integração) efetivamente envolvidas no controle neural da PA. Utilizava-se, e ainda se usa em vários livros didáticos atuais, o termo CENTRO VASOMOTOR para caracterizar a área do SNC, mais especificamente do TRONCO CEREBRAL (REGIÃO DO BULBO), relacionada ao processamento autonômico da circulação. • As eferências envolvidas no controle reflexo da PA são as eferências simpáticas e parassimpáticas (QUADRO 1) • Os órgãos efetores do sistema cardiovascular, responsáveis pelo controle circulatório e, consequentemente, pela manutenção da PA são: o CORAÇÃO, 7 Fisiologia Humana Profa. Juliana S. do Valle responsável pela FC e DS; os VASOS DE RESISTÊNCIA (pequenas artérias e arteriolas), responsáveis pela resistência ao fluxo sangüíneo; os VASOS DE CAPACITÂNCIA (vênulas e veias), responsáveis pela capacitância vascular (ver ANEXO 1) e RV ao coração. QUADRO 1: Resumo da ação do SNA sobre as funções cardiovasculares. O SNA atua continuamente sobre a atividade cardíaca e vascular por meio de suas divisões simpática e parassimpática. A FC é alterada tanto por estímulos parassimpáticos (colinérgicos) quanto simpáticos (adrenérgicos), os quais, ogindo sobre o Nodo Sinusal determinam, respectivamente, redução ou aumento da freqüência de despolarização do coração. Por sua vez, a atividade simpática (adrenérgica) atua sobre a força de conbtração do miocárdio (débito sistólico) e sobre o tônus da musculatura lisa vascular (resistência arteriolar e capacitância venosa). PARASSIMPÁTICO (NERVO VAGO): VAGO DIREITO - influencia principalmente o NS e tem efeito cronotrópico negativo. VAGO ESQUERDO - influencia principalmente o N A-V desacelerando a propagação do impulso nas fibras de condução cardíacas (feixe de His e fibras de Purkinje). ACh receptores muscarínicos do coração abre canal de K+ ↓ FC SIMPÁTICO (NERVOS SIMPÁTICOS): FIBRAS PÓS-GANGLIONARES ESQ. - efeito inotrópico positivo FIBRAS PÓS-GANGLIONARES DIR. - efeito cronostrópico positivo e efeito inotrópico positivo mais discreto que o esq. NA receptores β1 do coração ativação de 2º msg ↑ FC FIBRAS PÓS-GANGLIONARES ESQ. E DIR. - causam vasoconstrição dos territórios de resistência (artérias) e capacitância (veias) NA receptores α1 dos vasos sangüíneos ativação de 2º msg ↑ RP REFLEXO BARORRECEPTOR O mais conhecido dos mecanismos nervosos para controle da PA é o REFLEXO BARORRECEPTOR. • O REFLEXO BARORRECEPTOR (ou BARORREFLEXO) é o principal responsável pela regulação da PA momento a momento. O barorreflexo exerce importante papel na regulaçào da FC, DC, contratilidade miocárdica, vasomotricidade e distribuição regional do fluxo sangüíneo. • A função primordial do BARORREFLEXO é manter a PA estável, dentro de uma faixa estreita de variação, em diferentes situações comportamentais (exercício físico, mudanças de postura, sono etc.). 8 Fisiologia Humana Profa. Juliana S. do Valle • O BARORREFLEXO se inicia a partir da ativação dos barorreceptores arteriais; mecanoceptores localizados nas paredes de várias das grandes artérias – parede da carótida interna (seio carotídeo), parede do arco aórtico (crossa da aorta). Para que esta ativação ocorra há necessidade de uma deformação mínima da parede vascular para determinar a geração de potenciais na membrana dos terminais barorreceptores. • Quando a PA se ELEVA, ocorre um AUMENTO no número de potenciais gerados nos barorreceptores até atingir um nível máximo de disparos. Quando ocorre QUEDA da PA, a atividade dos barorreceptores DIMINUI, até cessar por completo. • ELEVAÇÕES súbitas da atividade dos barorreceptores (↑PA) INIBEM, reflexamente, a ATIVIDADE TÔNICA SIMPÁTICA (QUADRO 2) para os vasos e o coração. A redução da atividade simpática associa-se a um AUMENTO DA ATIVIDADE VAGAL que produz nítida bradicardia. A redução da atividade simpática e o aumento da atividade vagal tendem a produzir uma redução da resistência periférica total e também do DC, contribuindo para a volta da PA aos níveis normais. • QUEDAS súbitas da atividade dos barorreceptores (↓PA) causa, reflexamente, LIBERAÇÃO (desinibição) DA ATIVIDADE SIMPÁTICA associada à INIBIÇÃO DA ATIVIDADE VAGAL. Estas respostas tendem a aumentar a RP e o DC, promovendo assim, a normalização da PA. COMO TAIS RESPOSTAS REFLEXAS SÃO POSSÍVEIS? • Qualquer controle reflexo informações no SNC. • Como dito anteriormente, a INTEGRAÇÃO DO BARORREFLEXO é realizada no TRONCO CEREBRAL (REGIÃO DO BULBO) no chamado "centro vasomotor". • Para tanto, os potenciais de ação originados nos receptores sensoriais (barorreceptores) são levados por fibras aferentes até o TRONCO numa região denominada de NÚCLEO DO TRATO SOLITÁRIO (ou NTS). Neurônios do NTS se projetam para outras regiões do bulbo envolvidas na gênese e modulação da atividade eferente autonômica (simpática e parassimpática) para o coração e vasos. (Fig. 1) só é possível através da INTEGRAÇÃO das Desta forma: QDO ↑ PA ↑ atividade barorreceptora envia sinais p/ o NTS provocando estímulo do vago e inibição simpática, causando bradicardia (↓FC), vasodilatação (↓RP) e diminuição da força contrátil do coração normalizando a PA (Fig 1) QDO ↓ PA ↓ atividade barorreceptora não envia sinais p/ o NTS provocando liberação da atividade simpática e inibição do vago, causando aumento da FC e da força de contração, aumento da RP normalizando a PA (Fig 1) Portanto, através da atividade aferente dos barorreceptores e do consequente processamento central destas informações, a atividade autonômica eferente será modulada momento a momento no sentido de manter a PA dentro de uma estreita faixa de variação normal. 9 Fisiologia Humana Profa. Juliana S. do Valle IMPORTANTE: Existem áreas específicas do bulbo responsáveis pelo controle da atividade eferente simpática e parassimpática e tais regiões podem ser influenciadas por sinais vindos do NTS: - O NÚCLEO AMBÍGUO (NA) que origina a atividade parassimpática (vagal). Esse núcleo não possui atividade espontânea, depende de estímulos vindos do NTS para ativarem a ação vagal. (Fig. 1) - O BULBO ROSTRAL (RVLM) que contém neurônios geradores da atividade simpática vasomotora. Gera impulsos espontaneamente e é o principal resposável pelo tônus vasomotor simpático (Quadro 2). Sua atividade é inibida por sinais vindos do BULBO CAUDAL (CVLM) sendo este último, influenciado diretamente por sinais vindos do NTS. (Fig. 1) QUADRO 2: TÔNUS VASOMOTOR SIMPÁTICO O SNC (região vasomotora do tronco cerebral) transmite sinais continuamente para as fibras nervosas vasoconstritoras simpáticas, causando descargas lentas e contínuas dessas fibras. Tais descargas mantêm a musculatura lisa dos vasos em um estado tonificado. Caso haja interrupção do tônus simpático ocorrerá perda de tônus muscular e consequente vasodilatação. Ex.: um animal com Anestesia Espinhal Total bloqueia toda a transmissão de impulsos nervosos simpáticos do SNC para a periferia. Em consequência ocorre uma diminuição da PA pela perda do TÔNUS VASOMOTOR (vasodilatação periférica ↓RP) Figura 2: Representação esquemática dos circuitos participantes do reflexo barorreceptor (NTS - Núcleo do Trato Solitário, CVLM - Bulbo Caudal, RVLM - Bulbo Rostral, NA - Núcleo Ambíguo, sinais positivos - sinapse excitatória, sinais negativos - sinapse inibitória) 10 Fisiologia Humana Profa. Juliana S. do Valle ANEXO 1: CARACTERÍSTICAS VASCULARES IMPORTANTES • Uma importante característica do sistema vascular é a DISTENSIBILIDADE dos vasos sangüíneos • a natureza distensível das artérias permite a elas acomodar o débito pulsátil do coração e uniformizar as pulsações da pressão - isso produz em fluxo contínuo e uniforme de sangue • os vasos mais distensíveis são as VEIAS (até pequenos aumentos de pressão são capazes de aumentar a capacidade das veias) • as ARTÉRIAS são bem + fortes que as veias, possuem paredes ricas em musculatura, portanto, as VEIAS têm a capacidade de distemderem-se cerca de 8 vezes + que as ARTÉRIAS • em estudos sobre a dinâmica circulatória é mais importante conhecer o VOL TOTAL DE SANGUE que pode ser armazenado em determinado território circulatório para cada elevação de pressão (mmHg) do que saber a distensibilidade do vaso em questão. Esse valor é chamado de COMPLACÊNCIA ou CAPACITÂNCIA do leito vascular COMPLACÊNCIA = AUMENTO VOLUME ÷ AUMENTO DE PRESSÃO OBS: complacência é diferente de distensibilidade - 1 vaso com pouca distensibilidade mas com grande volume = grande complacência • nas artérias uma pequena diminuição no volume de sangue contido em seu interior pode causar grandes variações de pressão Ex.: num adulto normal quando seu sistema arterial está cheio com 750ml de sangue a pressão está em torno de 100mmHg - se o volume cair para 500ml a pressão cai a ZERO • no sistema VENOSO o conteúdo de sangue oscila muito, normalmente entre 2500 e 3500ml sendo necessário grandes alterações nesse volume para ocasionar variação de pressão • um importante "controlador" dessas variações é o SN Simpático - estimulação SIMPÁTICA: aumenta o tônus muscular dos vasos - aumenta pressão - inibição SIMPÁTICA: diminui o tônus - diminui pressão • o controle SIMPÁTICO é importante para diminuir as dimensões de um segmento da circulação transferindo sangue para outros segmentos Ex.: o aumento do tônus vascular em toda a circulação sistêmica faz com que grandes volumes de sangue cheguem ao coração (principal mecanismo para aumentar o bombeamento cardíaco) PULSAÇÕES DA P.A. • A cada batimento cardíaco um novo volume de sangue enche as ARTÉRIAS - se não existisse a DISTENSIBILIDADE do sistema arterial o sangue só fluiria durante a SÍSTOLE 11 Fisiologia Humana • Profa. Juliana S. do Valle Quando mede-se as pulsações de pressão na raiz da AORTA, vê-se que num adulto jovem normal a pressão no ponto máximo de cada pulsação - PRESSÃO SISTÓLICA - é de aproximadamente 120mmHg e no ponto mais baixo PRESSÃO DIASTÓLICA - é de aproximadamente 80mmHg A diferença entre a máx. e a mín. é 40mmHg = PRESSÃO DE PULSO (OU DIFERENCIAL) • Dois fatores influenciam a pressão de pulso: 1) DÉBITO SISTÓLICO CARDÍACO: - quanto maior o DÉBITO - maior a quantidade de sangue a ser acomodada nas artérias a cada batimento, portanto, maior a elevação e a queda da pressão durante a sístole e a diástole maior a PRESSÃO DE PULSO 2) COMPLACÊNCIA: - quanto menor a complacência da árvore arterial - maior será o aumento da pressão para um determinado DÉBITO SISTÓLICO bombeado Ex.: na velhice a pressão de pulso chega a aumentar até o dobro porque a ARTERIOSCLEROSE diminui a complacência (endurecimento das artérias) Anexo 2: Classificação dos níveis de PA Definições e classificação dos níveis de pressão arterial (mmHg) ----------------------------------------------------------------------------------------Categoria Sistólica Diastólica ----------------------------------------------------------------------------------------Ideal < 120 < 80 Normal <130 < 85 Alta-normal 130 - 139 85 - 89 Hipertensão Grau 1 (leve) 140 - 159 90 - 99 Subgrupo: limítrofe 140 - 149 90 - 94 Hipertensão Grau 2 160 - 179 100 - 109 (moderada) Hipertensão Grau 3 (grave) > 180 > 110 Hipertensão sistólica isolada > 140 < 90 Subgrupo: limítrofe 140 - 149 < 90 ----------------------------------------------------------------------------------------Quando a pressão arterial sistólica e diastólica de um indivíduo se enquadra em diferentes categorias, a categoria mais alta deve ser considerada. 12