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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO SEMI-ÁRIDO
REGIANE MAYUME KOKUBO
DOENÇA PERIODONTAL EM CÃES – REVISÃO DE
LITERATURA
CURITIBA – PR
2009
REGIANE MAYUME KOKUBO
DOENÇA PERIODONTAL EM CÃES – REVISÃO DE
LITERATURA
Monografia apresentada a Universidade
Federal Rural do Semi-Árido –
UFERSA, Departamento de Ciências
Animais como requesito parcial para
obtenção do título de especialista de
Especialização em Clínica Médica de
Pequenos Animais
Orientador: Prof.
Cunha - UFPR
CURITIBA – PR
2009
MSc
Olicies
da
AGRADECIMENTOS
Agradeço à minha família por todo apoio e amor. Aos meus queridos amigos que
sempre estão ao meu lado em todas as horas.
Aos Médicos Veterinários Marcus Vinicius, Glenoir Wistuba e Alceu Mazzarolo
por terem confiado em mim e me proporcionado o prazer de trabalhar com o que eu mais
gosto na minha profissão, a Clínica Médica de Pequenos Animais.
Aos professores e funcionários da Equalis. Ao meu orientador Olicies da Cunha,
muito obrigada.
Agradeço também ao Fofinho ( in memorian), Fofucho, Biscuit e Lobão, meus
cães amigos.
RESUMO
A doença periodontal é uma infecção crônica produzida por bactérias gram-negativas,
com níveis de prevalência elevados. Acomete o tecido de suporte do dente e o
periodonto. Este inclui o tecido gengival, o cemento, o ligamento periodontal e o osso
alveolar, ou seja, inclui as chamadas gengivites e periodontites. A doença periodontal tem
como uma das principais causas a presença de placa bacteriana. Microrganismos
presentes na placa, na região do sulco gengival, ou substâncias derivadas ou liberadas por
eles, constituem o maior e provavelmente, o único fator extrínsico relacionado às
etiologias da doença periodontal e da inflamação gengival.
Palavras chaves: Cão, alteração dentária, alteração periodontal
ABSTRACT
The periodontal illness is chronic infection produced by gram-negative bacteria, with
high levels of prevalence. Acomete the fabric of support of the tooth qnd periodonto.
This includes the fabric gengival, the cemento, the periodontal ligament and the alveolar
bone, that is, includes the calls gengivites and periodontites. The periodontal illness has
as the one of the main causes presence of bacterial plate. Microrganismos gifts in the
plate, in the region of the ridge gengival, or substances derived or set free for them,
probably constitutes the greater and, the only related extrinsic factor to the etiologies of
the periodontal illness and the gengival inflammation.
Keywords: Dog, dental disorder, periodontal disorder
LISTA DE QUADROS
QUADRO
1
–
Bactérias
predominante
na
doença
periodontal
...............................................................................................................................
14
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO.................................................................................................................
8
2. OBJETIVOS......................................................................................................................
9
3. REVISÃO DE LITERATURA
10
3.1. FISIOPATOLOGIA
10
3.2. DIAGNÒSTICO DA DOENÇA PERIODONTAL
11
3.3. EFEITOS SISTÊMICOS DA DOENÇA PERIODONTAL
12
3.4. TRATAMENTO DA DOENÇA PERIODONTAL
12
4. CONCLUSÔES.................................................................................................................
16
REFERÊNCIAS..................................................................................................................... 17
1. INTRODUÇÃO
Doença periodontal é uma doença infecto-inflamatória que acomete os tecidos de
suporte a gengiva e de sustentação o cemento, ligamento periodontal e osso dos dentes.
Caracteriza-se pela perda de inserção do ligamento periodontal e destruição dos tecido
ósseo adjacente. A evolução deste processo leva à perda dos dentes, pois o
comprometimento e a destruição, pela ação bacteriana, acúmulo de tártaro e inflamação
destas estruturas colaboram para a formação de bolsas periodontais que levam à
mobilidade dentária (ARAÚJO e ARAÚJO, 1984; GIOSO, 2002). Então esta doença
é um conjunto de condições inflamatórias, de caráter crônico e de origem bacteriana que
começa afetando o tecido gengival e pode levar, com o tempo, à perda dos tecidos de
suporte dos dentes. Os microrganismos responsáveis por esses eventos estão presentes na
placa bacteriana (GIOSO, 2002; ROZA, 2004).
2. OBJETIVOS
As doenças periodontais, cujo fator etiológico primário é o biofilme dental
(comunidades de bactérias presentes na cavidade bucal), é uma das grandes responsáveis
pela perda de dentes em cãess e pode também provocar alterações gengivais como a
gengivite. O principal objetivo do tratamento da doença periodontal não é somente tratar
os danos causados pelas bactérias, mas principalmente, dar continuidade ao trabalho de
prevenção mediante o tratamento periodontal de manutenção. Portanto o diagnóstico
precoce e higiene oral são as principais armas que temos para evitar a inflamação e a
progressão da doença periodontal. (GIOSO, 2002).
3. REVISÂO DE LITERATURA
3.1. FISIOPATOLOGIA
A doença periodontal é causada pelo acúmulo de placa bacteriana, sob a forma de
placa, sobre a superfície dentária, particularmente na margem gengival (ROZA 2004). A
placa bacteriana é uma matriz orgânica de glicopreteínas salivares, bactérias orais e
polissacarídeos extracelulares que aderem à superfície dentária, misturadas as células
epiteliais, leucócitos, macrófagos, lipídios, carboidratos, substâncias inorgânicas e água
(GIOSO, 2001).
As primeiras bactérias a se instalar são as que produzem substâncias como “cola”
e ajudam sua fixação ao dente (BOJRAB, 1990; ROZA, 2004). Agregando-se sobre elas
outras bactérias minerais e subprodutos bacterianos, formando assim, após a
mineralização da placa bacteriana, o odontólito (ROZA, 2004). As bactérias, através do
seu metabolismo produzem subprodutos capazes de lesar as estruturas periodontais
(ARAÚJO e ARAÚJO, 1984). A gengiva, primeira estrutura lesada, responde à agressão
com inflamação com presença de edema, vasodilatação e migração celular. Esta patologia
é chamada de gengivite, que por ser reversível, no caso de remoção do agente irritante, no
caso a placa bacteriana ou tártaro (BOJRAB, 1990; GIOSO, 2002; ROZA, 2004). A
partir que ocorre envolvimento do periodonto de sustentação, o processo é chamado de
periodontite, sendo irreversível (ROZA, 2004; GIOSO, 2002). À medida que o osso é
lesado e por conseguinte abosorvido, há formação de bolsa periodontal, entre o dente e o
osso, pois o epitélio é destruído e migra em direção apical (GIOSO, 2002).
Com a progressão da lesão, mais ossos e tecidos moles são perdidos e o
ligamento periodontal é separado de seu suporte, o dente torna-se luxado no seu alvéolo
e, por fim, pode ser eliminado. Em alguns cães, principalmente os de grande porte à
gengiva pode responder à placa crônica através de hiperplasia gengival inflamatória, o
efeito é o crescimento do seu epitélio e ao redor do dente (GIOSO, 2002; ROZA, 2004).
QUADRO
1
– BACTÉRIAS PREDOMINANTES
PERIODONTAL DE CÃES
Cocos
Aeróbios e
anaeróbios
facultativos
Streptococcus sp.
NA
DOENÇA
Anaeróbios
Peptostreptococcus sp.
Gram
positivos
Gram negativos
Bacilos
Actinomces sp.
Lactobacillus sp.
Actinomces sp.
Eubacterum sp.
Clostridium sp.
Cocos
Bacilos
Neisseria sp.
Coliformes
Campilobacter sp.
Capnocytophaga sp.
Eikenela sp.
Actinobacillus sp.
Veillonela sp.
Fusobacterium sp.
Wolinela sp.
Bacteróides sp.
Prevotela sp.
Pophromonas sp.
Spirochetes sp.
Fonte: ROZA (2004)
3.2. DIAGNÓSTICO DA DOENÇA PERIODONTAL
O exame para avaliação da doença periodontal é baseado na inspeção direta no
órgão dental, na sondagem, na exploração das bolsas periodontais e na avaliação
radiográfica (GIOSO, 2002; ROZA, 2004). O primeiro passo é a inspeção dos elementos
dentais e estruturas de suporte, como gengiva e verificar a presença do odontólito. O
passo seguinte é a sondagem em um dos elementos dentais, a sonda é introduzida é
introduzida no sulco gengival, paralelamente ao dente até sua profundidade máxima, até
encontrar resistência. A profundidade normal do sulco gengival nos cães está em torno de
1 a 2 mm e 4 mm em raças gigantes (GIOSO, 2002; ROZA,2004).
Outro fator importante de avaliação na doença periodontal é a mobilidade do
dente. O movimento do dente é limitado pelo comprimento do ligamento periodontal e
pela elasticidade do suporte alveolar, a mobilidade patológica é definida como
movimentação do dente além do fisiológico e/ou verticalmente (GIOSO, 2002).
A presença de bolsas profundas, acima de 5mm, com pus e mobilidade
patológica, são indicativos da necessidade de avaliação radiográfica, que é indicada para
avaliar a extensão da doença periodontal determinada pelo exame clínico (GIOSO, 2002).
3.3. EFETOS SISTÊMICOS DA DOENÇA PERIODONTAL
Há vários mecanismos de ação das bactérias que podem levar a efeitos
locais e distantes. Durante a mastigação, ocorre invasão bacteriana e principalmente de
seus metabólitos para os vasos sanguíneos e linfáticos (bacteremia), pela movimentação
do dente no alvéolo, devido à rica vascularização no periodonto. A resposta imunológica
sistêmica aos microrganismos promove produção de imunocomplexos na corrente
circulatória. Estes complexos aderem-se à parede interna dos endotélios, levando a lise do
endotélio e inflamação local. Lesões contínuas em determinados órgãos poderão levar à
insuficiência de sua função, podendo levar o animal a morte. Este fenômeno ocorre
particularmente nos rins (glomerulonefrite), no fígado (hepatite), nas articulações
(poliartrite), e no coração (endocardite bacteriana) (GIOSO, 2002).
3.4. TRATAMENTO DA DOENÇA PERIODONTAL
O objetivo da doença periodontal baseia-se na eliminação de toda placa ou
cálculo dentário e polimento nas superfícies duras, restauração da profundidade da
gengiva e acompanhamento, através do programa preventivo. Tratamentos relacionados,
como endodônticos ou extrações devem ser agregados no planejamento (GIOSO, 2002;
ROZA,2004).
a) Antibioticoterapia
Durante o tratamento periodontal, a bacteremia é inevitável, sendo recomendado
administração prévia de antibióticos em animais que serão submetidos a tal processo. Os
medicamentos rotineiramente utilizados como preventivo da bacteremia, durante as
intervenções na cavidade oral são: clindamicina, amoxicilina,
metronidazole-
espiramicina, entre outros; tendo espectro de ação em microrganismos aeróbios,
anaeróbios, Gram+ e Gram- (GIOSO, 2002).
Pode ser utilizado também anti-séptico bucal, como clorexidina® 1 0,12%, sendo
uma das substâncias mais eficientes no combate aos microrganismos causadores da placa
bacteriana (GIOSO, 2002).
b) Profilaxia dentária
A remoção dos cálculos dentários que se encontram acima da linha da
genviva é realizada com instrumentos manuais, como extratores de cálculos, porém, é
mais rapidamente efetuado, com o aparelho de ultra-som (GIOSO, 2002; ROZA,2004). O
odontólito que se encontra na região sub-gengival é de maior importância, por ser o sítio
da doença periodontal; para esta localidade, devem ser usadas curetas (GIOSO, 2002).
Em casos graves com bolsas periodontais mais profundas que 5 mm, faz-se necessário a
cureta aberta, em que a gengiva é descolada do dente; a raiz e o osso alveolar são
expostos (ROZA,2004).
Uma vez a superfície dental estando livres dos cálculos, o esmalte, o cemento ou
dentina expostos são polidos. Os dentes tornam-se assim lisos, facilitando a remoção
natural da placa bacteriana. Pode-se associar a pasta de polimento à base do flúor. O
polimento é efetuado com taça de borracha ou escova acoplada à peça de mão, de baixa
rotação; assim deve-se polir um dente por no máximo 15 segundos (GIOSO, 2002;
ROZA,2004).
1
Clorexidina, Rioquímica, São Paulo.
c) Equipamentos e instrumentais para tratamento da doença periodontal
A instrumentação com ultrassons apresenta inúmeras vantagens pelo o
fato de ser rápida especialmente quando são utilizadas pontas ultrassónicas diamantadas ,
de associar o fenômeno de cavitação (oscilação de bolhas de ar e a sua subsequente
implusão gerando ondas de choque através dum meio líquido), muito eficaz sobre as
espiroquetas. A sua utilização está descrita associada à diminuição da hemorragia pós
sondagem , à promoção e criação de nova inserção e à remoção da placa bacteriana e
cálculos subgengivais. Outra vantagem da instrumentação com ultrassons prende-se com
a menor remoção de tecido radicular que os instrumentos manuais, sônicos e brocas
diamantadas. No entanto, a instrumentação ultrassônica apresenta, também, algumas
desvantagens como sejam um contacto visual diminuído, uma fraca sensação táctil e o
fato de não deixar uma superfície radicular perfeitamente alisada (GIOSO, 2002).
A instrumentação foi durante muito tempo o “gold standard” da instrumentação
periodontal e tem como objetivo deixar as superfícies radiculares limpas e lisas ( livres de
cálculos, placa bacteriana e cemento tóxico) de modo a obter e manter a saúde dos
tecidos periodontais. A técnica utilizada é a Raspagem e Alisamento Radicular (RAR).
Por raspagem entende-se a remoção de cálculos depositados à superfície dentária e por
alisamento radicular a completa remoção de cálculos mais fortemente aderidos em
continuidade com o cemento radicular, bem como as camadas mais superficiais de
cemento alterado de modo a deixar a superfície radicular lisa e limpa. (SATO, 2002)
As curetas universais, de Gracey são os instrumentos por excelência
desenvolvidos para a execução desta técnica de RAR. Com as curetas pode-se executar
movimentos exploratórios de apical para coronal com uma amplitude de cerca de 2- 3
mm e movimentos de trabalho executados com uma angulação correta (entre 45-90º) e
pressão lateral contra a superfície radicular a trabalhar. O movimento de raspagem é o
primeiro a executar e faz-se no sentido coronário com pressão firme sendo secundado por
movimentos de alisamento, movimentos estes finais executados em diferentes direções
no sentido de deixar a superfície radicular o mais lisa possível. (SATO, 2002).
Fig. 1 – Instrumentação manual
Com curetas Gracey
c) Métodos preventivos
O proprietário deve ser informado sobre a evolução da doença periodontal
e as maneiras de controle (GIOSO, 2002).
Segundo Gioso (2004), tiras de mascar, biscoitos largos e duros e ossos artificiais,
apresentam efeito positivo na remoção da placa e do cálculo, por promoverem a
raspagem da superfície dos dentes, especialmente removendo a placa supra-gengival, e
também fortalecendo os ligamentos periodontais, prevenindo assim, a doença
periodontal.
Outra maneira de prevenção da doença periodontal é a escovação dos dentes,
realizadas pelo proprietário, diariamente. Esta técnica incia-secom a remoção da placa
com o dedo enrolado em uma gaze; após realiza-se a escovação dos dentes incisivos, com
as cerdas da escova inclinadas em 45 graus, posteriormente, escova-se a face vestibular
dos dentes pré-molares superiores, em seguida as faces linguais devem ser escovadas. A
escova é girada várias vezes em movimentos circulares (GIOSO, 2002; CARRANZA,
1979).
4.CONCLUSÕES
A odontologia veterinária no Brasil, a exemplo de outros países, vem se
desenvolvendo nos últimos anos, porém, são poucos os trabalhos ligados a realidade
brasileira. As doenças periodontais perfazem 75% das alterações odontológicas em
humanos. Esta estatística pode ser extrapolada para animais de pequeno porte, sendo que
as doenças periodontais são as mais comuns em cães. A idade, obesidade, formato da
cabeça, dieta e efeitos da mastigação são causas predisponentes das periodontites. Por
isso é importante o veterinário orientar o proprietário sobre a higienização da boca do seu
animal, afim de evitar o acúmulo de placa bacteriana e por fim a doença periodontal.
REFERÊNCIAS
ARAÚJO, N. S.; ARAÚJO, V.C. Patologia Bucal. São Paulo: Artes Médicas, 1984. p.
72.
BOJRAB, M. J. Oral Cavity. In: Current Techniques in Small Animal Surgery. 3.ed.
Lea e Febiger, 1990. p.259.
CARRANZA A. F. Periodontia Clínica.5 ed. Interamericana, 1979.
GIOSO, M. A. Odontologia veterinária para os clínicos de pequenos animais. 5.ed.
FMVZ-USP,2001. p. 86.
GIOSO M. A. Odontologia para o clínico de pequenos animais. 5. ed., p.98-119, 2002.
GIOSO, M. A Métodos Preventivos para a Manutenção da boa Saúde Bucal em cães e
gatos. Clínica Veterinária, n.52, 2. ed.,p. 68-76,2004.
ROZA, R.M. Odontologia de pequenos animais. 1. ed. L.F.Livros, p. 53-87, 2004.
SATO N. Cirurgia Periodontal Atlas Clínico 2 ed. 2002. p 53.
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