OFTALMOLOGIA em notícias NOTÍCIAS INTERNACIONAIS Oftalmologistas franceses denunciam optometristas ‘‘ Nova ofensiva contra a saúde pública: um grupo de comerciantes sem escrúpulos, que se autoproclamam "optometristas", anunciam abertamente sua pretensão: apropriar-se o mercado da óptica médica após ter eliminado os profissionais que nele trabalham. ‘‘ É É desta forma que começa um comunicado à imprensa assinado pelo oftalmologista Seegmuller, presidente do Syndicat National des Ophtalmologistes de France (SNIOF), emitido em 15 de junho de 2004 e disponível na home page http://www.snof.org/accueil/communique150604.html Um dos motes dos defensores brasileiros da legalização da optometria como atividade exercida por profissionais sem formação médica subordinados ao comércio óptico é que tal situação está presente em vários países e que a convivência entre os vários profissionais acaba criando uma sinergia em benefício da saúde ocular da população. O documento assinado pelo presidente da entidade que representa os oftalmologistas franceses é uma pequena demonstração que tal argumento é um sofisma. Embora seja evidente que cada país tenha sua própria realidade que não pode ser transposta para outro, existem vários pontos em comum entre a situação denunciada pelo médico Seegmuller e o que está ocorrendo no Brasil, razão pela qual é interessante conhecer a íntegra do documento: “Nova ofensiva contra a saúde pública: um grupo de comerciantes sem escrúpulos, que se autoproclamam "optometristas", anunciam abertamente sua pretensão: apropriar-se o mercado da óptica médica após ter eliminado os profissionais que nele trabalham. O mercado de óptica médica na França - as montagens de óculos, lentes corretoras e as lentes de contacto - movimenta três bilhões e meio de euros por ano. Estes especuladores querem primeiramente monopolizar e, em seguida, inflar artificialmente este mercado às expensas da população. Para ter êxito, devem eliminar os profissionais que já atuam neste campo: os 8.000 ópticos franceses competentes, rigorosos e conscientes, que elaboram os artefatos ópticos sobre a prescrição médica. Os 5.000 médicos oftalmologistas que prescrevem as lentes corretoras e adaptam as lentes de contacto após um verdadeiro exame médico. Desta forma, esses médicos especialistas cuidam da saúde ocular e dos olhos e detectam, antes de se manifestar, as doenças assintomáticas que ameaçam irrevogavelmente a visão: glaucoma, descolamento de retina, retinopatia diabética, degeneração macular etc. 600.000 glaucomatosos ignorados? 800.000 diabéticos sem acompanhamento oftalmológico? O esforço de detecção e para levar cuidados deveria intensificar-se; Os oftalmologistas, apesar da escassez, apesar da sobrecarga de trabalho, apresentaram em abril último oito propostas para reforçar a saúde ocular, em estreita articulação com ortoptistas e os ópticos: três categorias de profissionais da visão, cujo diploma é garantido pelo Estado, cuja atividade é regulamentada pelo Código da Saúde Pública e supervisionado pela Ordem dos Médicos e pelas DDASS (Direction des Affaires Sanitaires et Sociales, órgãos públicos semelhantes às secretarias de vigilância sanitária do Brasil. N.T.). Os pretensos "optometristas" atribuem-se um título que ninguém controla, para intrometer-se sem qualificação sobre domínios que não dominam, com o projeto de praticar deliberadamente o exercício ilegal da medicina. Evidentemente, os profissionais de saúde estão decididos a recorrer aos tribunais para fazer aplicar a lei e reprimir os delitos. Justamente por isto denunciam a deformação mercantil que prejudica a população: os pretensos "optometristas" querem prescrever, eles mesmos, os óculos que vão vender, esperam explorar os seus clientes sobrecarregando a conta apresentada! Para eles só o lucro conta; pouco lhes importa que ponham em perigo a saúde dos clientes, que são cooptados por uma publicidade ruidosa e abusiva. Para eles, a saúde visual dos Franceses não merece a ser tomada a cargo dos médicos especialistas; tanto pior para a qualidade e a segurança. De resto não é problema deles: querem lucros (gordos) imediatos e, em seguida, caberá ao seguro social arcar com os gastos das doenças oculares quando, mais à frente, revelarem sua verdadeira gravidade.” 35 Jt Zero 106 Flavia.p65 35 27/04/06, 14:19