CÂNCER DE MAMA: SENTIMENTO DAS MULHERES DURANTE

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CÂNCER
DE MAMA:
SENTIMENTO
DAS
MULHERES
DURANTE
TRATAMENTO QUIMIOTERÁPICO. Mislaine Casagrande de Lima Lopes, Adriana
Vieira Rodrigues, Ângela Maria de Oliveira.
Introdução: O câncer de mama é provavelmente o mais temido pelas mulheres devido
a sua alta freqüência e pelos seus efeitos psicológicos, que afetam a percepção de sexualidade
e a própria imagem pessoal. O câncer consiste em um conjunto de mais de cem doenças que
tem em comum o crescimento desnorteado de células que invadem os tecidos e órgãos,
podendo espalhar-se para outras regiões do corpo (INCA, 2003). O câncer de mama é uma
neoplasia maligna que atinge mais o sexo feminino, sendo a maior causa de mortes por este
tipo de doença e é responsável por cerca de 20% dos óbitos por câncer entre as mulheres
(MALUF et al, 2005). A detecção precoce da neoplasia é a única forma de diminuir suas taxas
de morbidade e mortalidade. A palpação das mamas e a mamografia são procedimentos
utilizados para o diagnóstico precoce (MOLINA et al 2003). Como atualmente ainda não
existe a cura do câncer, os profissionais utilizam como tratamento alternativo a quimioterapia,
radioterapia, tratamento cirúrgico entre outros. Estas intervenções, apesar de trazerem
respostas benéficas no tratamento de tumores malignos, também ocasionam várias reações
sistêmicas que geram efeitos adversos para a mulher, tais como: alterações de imagem, maior
vulnerabilidade, mudanças na auto-estima, raiva, medo da morte, perda da feminilidade
(MALUF et al, 2005). Conhecer os sentimentos destas mulheres durante esta fase é de
fundamental importância para a equipe de saúde, pois, além de minimizar o sofrimento das
mesmas, com a obtenção destas informações, o profissional poderá investir em uma assistência
com maior qualidade, tanto para a paciente quanto à sua família. Diante disso, este trabalho
teve como objetivo descrever os sentimentos de mulheres portadoras de câncer de mama,
durante o tratamento quimioterápico, no sentido de contribuir com a área da saúde e com
todas as pessoas que estão envolvidas nos cuidados às pessoas com câncer. Metodologia:
Trata-se de uma pesquisa descritiva exploratória. Foram entrevistadas cinco mulheres do
município de Maringá, portadoras de câncer de mama, que estavam realizando quimioterapia
no período de estudo (julho de 2006). Os dados foram coletados por meio de um roteiro
semi-estruturado,que foi aplicado às participantes, após seu consentimento.As entrevistas
foram gravadas,transcritas e agrupadas em categorias de acordo com a aproximação semântica
das falas. Durante a análise, foram encontradas duas categorias: “Reações perante o
diagnóstico do câncer” e “Enfrentando a doença com a quimioterapia”. Foram considerados
todos os preceitos éticos disponibilizados pela resolução 196/96 do Ministério da Saúde.
Resultados: As mulheres tinham idade entre 42 e 57 anos. Em relação à escolaridade, 60%
possuíam o ensino fundamental completo e as demais o ensino médio. 80% são casadas com
filhos. Referente ao diagnóstico, 80% descobriu ter a doença por meio de exames radiológicos,
como a mamografia, sendo este muito eficaz em mulheres de 40 a 70 anos (MALZYNER,
CAPONERO e DONATO, 2000). As demais suspeitaram da doença após a realização do
auto-exame das mamas, estando coerente com a bibliografia, que aponta que 25 a 30% dos
cânceres de mama podem ser detectados a partir deste exame. Quanto ao tratamento
oncológico, duas delas já tinham realizado tratamentos diferentes da quimioterapia. As reações
mais comuns da quimioterapia foram os vômitos e náuseas, calafrios, sudorese, febre e
temores. Em relação à reação perante o diagnóstico, que foi a primeira categoria, todas as
mulheres referiram ter o sentimento de choque, trauma e desespero, permeado pelos
sentimentos de medo e de proximidade da morte. A presença de um familiar ou amigo próximo
ora revelou-se como fator confortante, ora sem resultados positivos frente o impacto da
notícia, visto que, em um caso, o familiar se abalou mais que a mulher. A categoria
enfrentando a doença com a quimioterapia foi a segunda identificada entre os relatos. Pode-se
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observar que o desconhecimento frente ao tratamento despertava sentimentos de luta pela
vida. A fé e a esperança na cura, por meio da quimioterapia, estiveram presentes nos relatos.
As reações ocasionadas pelo tratamento quimioterápico foram classificadas como de
sofrimento.Chegavam a realizar as sessões chorando, pelos sofrimentos ocasionados.
Entretanto, a expectativa da cura supera o sofrimento, o que levou uma das mulheres a referir
que não desistiria e levaria até o fim. A auto-imagem afetada durante o tratamento foi outro
fator que ocasionou angústia. A queda do cabelo foi a situação mais difícil de ser enfrentada,
sendo relatada por duas mulheres como pior do que a retirada da mama. O medo de rejeição e
a vergonha do marido foram os sentimentos iniciais destas mulheres, posteriormente
amenizados com a compreensão e apoio familiar. Considerações Finais: Apesar de todo
sofrimento vivenciado em relação a descoberta da patologia e o tratamento indicado, cada
mulher trazia consigo a vontade de ser curada e viver. Observou-se a comparação do corpo de
antes e o corpo de agora. A transformação da imagem corporal, principalmente no que se
refere à alopecia e a retirada da mama, revela o desprazer de se sentir enquanto corpo, mas é
recompensado pela esperança da cura da doença. A partir dos sentimentos desvelados em cada
mulher, pode-se elaborar uma assistência de enfermagem mais humana e individualizada com
uma visão holística, respeitando os sentimentos ao enfrentar o câncer de mama.
Palavras Chave: Câncer de mama; Quimioterapia; Sentimentos
Referencias:
INCA – Instituto Nacional de Câncer 2003. Câncer de Mama. Obtida via Internet
http://www.inca.org.br/cancer/mama.
MALUF, M. F. M.; MORI, L. J.; BARROS, A. C. S. D. O impacto psicológico do câncer de
mama. Rev. Bras Cancerol. V. 51; n. 2; p. 149-154, 2005.
MOLINA, L.; DALBEN, I.; LUCA, L. A. Análise das oportunidades de diagnóstico precoce
para as neoplasias malignas de mama. Rev. Assoc. Med Bras. V. 49; n. 2; p. 185-190;
Abr/Jun, 2003.
MALZYNER, A.; CAPONERO, R.; DONATO, E.O.D.A. A metamorfose de uma angústia: o
tratamento do câncer da mama de Hassted ao BRCA. In GIMENES, M.G.G.: FÁVERO,
M.H. A mulher e o câncer. São Paulo, 2000.
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