Análise epidemiológica da situação da influenza pandêmica (h1n1

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Análise epidemiológica da situação da influenza pandêmica (h1n1)
2009/2010 no Estado de Goiás1
Aparecida Luiza da Silva Guedes2, Diolinda Luiza da Silva Santos3
Erli Lourenço Fernandes Júnior4, Goiamar Tomaz de Sousa5,
Nayara Paula Vieira6, Itamar Pereira de Oliveira7
Resumo: Com o propósito de analisar os dados epidemiológicos da Influenza Pandêmica (H1N1) 2009/2010,
o presente estudo aborda à quantidade de casos obtidos no Estado de Goiás. Evidência que não basta apenas
analisar os dados confirmados no estado, mas análise crítica distribuídas em regiões, os óbitos, curas, sexo e
proporção final, isto é, casos suspeitos e confirmados. Deve-se levar em consideração que o compromisso da
equipe de saúde com a população é imprescindível, pois é a capacitação dos profissionais para a assistência e
implantação da vacina como forma de prevenção que irá garantir uma forma segura que possibilite uma
satisfação necessária em prol da saúde da população. A maior incidência do surto do vírus H1N1 foi
observada na região Central. Dentre os casos confirmados de influenza pandêmica, o maior índice de óbitos
foi verificado nas semanas epidemiológicas (SE) 33, 35 e 36, justamente devido ao grande surto verificado.
Foram registrados 162 óbitos, muitos devido ao atraso do resultado laboratorial de exame e por reação
negativa a droga de ataque ao vírus. No Estado de Goiás, as suspeitas de pessoas estarem contaminadas pelo
vírus da H1N1 dos casos confirmados estão em maior escala os jovens de 20 a 29 anos. Também a Síndrome
da Respiração Aguda (SRAG) ocorre com maior frequência na faixa etária dos 20 aos 29 anos. As medidas de
prevenção, evitando a contaminação e principalmente medidas educativas de conscientização, foram
responsáveis para a não ocorrência e disseminação do vírus.
Palavras-Chaves: Influenza A (H1N1), Imunização, Epidemiologia.
Epidemilogic analysis of 2009/2010 H1N1 influenza situation
in Goiás State.
Abstract -. Purposing to analyze the epidemiologic data of Influenza Pandemic (H1N1) 2009/2010, the
present study approaches given referring to the amount of cases gotten in the State of Goiás. Evidence that are
not only enough to analyze the data confirmed in the state, but critical analysis distributed in regions, the
suspicious and confirmed human death, cures, sex and final ratio cases. It must be led in consideration that the
team commitment of health with the population is essential, therefore is the professional qualification for the
assistance and implantation of the vaccine as prevention form that will go to guarantee a safe form that makes
possible a necessary satisfaction in favor of population health. The biggest H1N1 virus incidence occasion
was observed in the Central Region. Amongst the confirmed cases of pandemic influenza, the biggest index of
human death was verified in the 33, 35 and 36 epidemiologist week (EW), just to great incidence verified.
Approximately 162 death cases had been registered, due to laboratorial result delay of examination and for
drug negative reaction of virus attack. In the State of Goiás, the suspicion of people to be contaminated for the
bigger confirmed H1N1 virus cases in higher scale is between 20 and 29 years old in young population. Also
1
Trabalho realizado como exigência parcial da Faculdade Montes Belos - FMB para obtenção do título de especialista em Saúde
Pública.
2
Formanda do Curso de Saúde Pública da FMB.
3
Formanda do Curso de Saúde Pública da FMB.
4
Formanda do Curso de Saúde Pública da FMB.
5
Formanda do Curso de Saúde Pública da FMB.
6
Formanda do Curso de Saúde Pública da FMB.
7
Professor PhD, orientador da FMB.
Revista Faculdade Montes Belos, v. 4, n. 2, Nov. 2011
2
A. L. S. Guedes et al.
Análise epidemiológica da situação da influenza pandêmica (h1n1) 2009/2010 no
Estado de Goiás
the Syndrome of Acute Respiration (SRAR) occurs with bigger frequency in from 20 to 29 age band. The
prevention measures avoiding the contamination and mainly educative measures of awareness had been
responsible for no occurrence and virus dissemination.
Key word: Epidemiology. Immunization. Influenza (H1N1).
ocorrendo nessa situação a troca de material genético
1. Introdução
e como consequência, uma nova cepa poderá aparecer
O
vírus
influenza
ocasiona
epidemias
com ou sem mais virulência (MORENS, 2009).
respiratórias febril a cada um de três anos há pelo
Os vírus da influenza suína tipo A contendo
menos 400 anos. Determinam também pandemias
genes de humanos vêm sendo identificados nos EUA
associadas à emergência de um novo vírus ao qual a
desde 1998. No período de 2005-2009, 12 casos de
população em geral não tem imunidade. No entanto
infecção humana foram identificados nos EUA. Em
não é possível predizer a ocorrência de uma nova
abril de 2009, os Centers for Disease Control and
pandemia, pois desde o século XVI o mundo
Prevention (CDC) identificaram dois casos de
experimentou uma média de três pandemias por
infecção humana com o vírus influenza A de origem
século, ocorrendo em intervalos de 10 a 50 anos.
suína de características singulares (NOVEL SWINE-
(ZIMMER,2009). A maior delas foi registrada na
ORIGIN INFLUENZA A, 2009)
história sendo conhecidas como gripe espanhola e
O vírus H1N1 afeta suíno, causando doença
causada pelo vírus influenza A H1N1 que ocorreu em
respiratória nesses animais sendo capazes de infectar
1918-1919,
e
o homem por contato próximo. Portanto o vírus atual
mortalidade - mais de 20 milhões de mortes em todo o
responsável por essa epidemia tem genes de suínos,
mundo - (WORLD HEALTH ORGANIZATION,
aves e do homem, sendo, uma variante capaz de
2005).
provocar a infecção inter-humanos (MORENS, 2009).
determinando
alta
morbidade
Este vírus persistiu na sociedade por mais de
O presente estudo descreve um dos maiores
90 anos e continua a causar epidemias e pandemias.
problemas da saúde pública que veio de forma abrupta
Para compreender o que aconteceu desde 1918 com o
no ano de 2009, a pandemia causada pelo vírus
vírus influenza A H1N1, deve-se considerar que esse
influenza A (H1N1).
patógeno dispõe de mecanismo de reprodução que
O vírus da Influenza A e B possuem vários
facilita simultâneas mutações onde o seu material
subtipos que sofrem contínuas mutações, surgindo
genético é fragmentado e ao se dividir compartilha
novas cepas. Em geral, as novas cepas que passam a
material com outros vírus. Em especial no caso dos
infectar humano apresentam diferentes graus de
suínos, susceptíveis aos vírus influenza de várias
distinção em relação àquelas até então circulantes,
espécies, possuem a possibilidade de ocorrer várias
devido
ao
referido
processo
de
mutação,
infecções simultâneas com vários vírus diferentes,
Revista Faculdade Montes Belos, v. 4, n. 2, Nov. 2011
3
A. L. S. Guedes et al.
Análise epidemiológica da situação da influenza pandêmica (h1n1) 2009/2010 no
Estado de Goiás
possivelmente por meio da recombinação de gene
vírus pode circular, ao mesmo tempo, em várias partes
entre cepas que infectam diferentes espécies animais.
do mundo, causando epidemias quase simultâneas
Em abril de 2009, foi detectado no México um
(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2010)
novo vírus da Influenza A, (H1N1), colocando em
As
manifestações
clínicas
da
infecção
alerta a Saúde Pública mundial. Esta nova cepa
influenza H1N1 são similares às verificadas na
rapidamente se disseminou causando uma pandemia e
influenza
o agente passou a ser denominado vírus da Influenza
possibilidade de náuseas, vômitos e diarréia. O
Pandêmica
semana
período de incubação situa-se entre um e três dias,
epidemiológica 47, que terminou em 28 de novembro
com a infecção instalando-se desde 24 horas antes até
de 2009, casos de Influenza provocados por este
10 dias após o início de sua sintomatologia. Evoluem
agente haviam sido confirmados laboratorialmente em
com quadro febril, com temperatura corpórea elevada,
207
o
de instalação repentina, com fadiga, dores pelo corpo,
enfrentamento dessas situações, planos para as fases
tosse, cefaléia, hiperemia conjuntival, rinorreia,
de contingência e mitigação do problema foram
náusea, vômitos e diarréia. Sua gravidade e a
elaborados e vêm sendo sistematicamente atualizados
letalidade estão por ser estabelecidas (CARMO,
pelo Ministério da Saúde com base nas orientações
2009).
(H1N1)
países,
2009.
incluindo
Até
8.768
a
óbitos.
Para
sazonal
humana,
destacando-se
a
emanadas da Organização Mundial da Saúde (OMS) e
O tratamento da infecção por influenza A-
OPAS, bem como do conhecimento que está sendo
H1N1 requer cuidados gerais, dieta hipercalórica e
produzido no curso desse evento (MINISTÉRIO DA
normoproteica, hidratação das vias aéreas por
SAÚDE, 2010)
intermédio da ingestão frequente de líquidos pela via
A emergência de uma doença infecciosa nova
oral, nebulização e vaporização. Pode ser necessário o
antes não detectada, com significativo impacto
uso de antitérmicos e analgésicos para o tratamento da
antropológico, ético, biológico e médico decorre da
sua sintomatologia. Os antivirais Oseltamivir e
gravidade e associação com seqüela e morte, ou pela
Zanamivir podem impedir a manifestação da doença
importância
se tomados até 48 horas depois de instalada a
de
sua
repercussão
social
(VADEMECUM, 2009).
A gripe ocorre mundialmente, como surto
infecção, devendo ser mantidos por mais 10 dias
(CRUZ, 2009).
localizado ou regional, seja como epidemias ou
A prevenção da infecção pelo vírus influenza
devastadoras pandemias. O potencial pandêmico da
AH1N1 requer hábitos regulares de higiene como
Influenza reveste-se de grande importância afetou
lavar as mãos antes e após contato com pacientes
principalmente crianças e adolescentes. Com os
contaminados,
modernos meios de transporte, a propagação do vírus
incluindo o uso de máscaras, e evitar locais cheios de
da Influenza tornou-se muito rápida. Hoje, o mesmo
pessoas. (Carmo, 2009)
controle
de
aerossóis-perdigotos,
Revista Faculdade Montes Belos, v. 4, n. 2, Nov. 2011
4
A. L. S. Guedes et al.
Análise epidemiológica da situação da influenza pandêmica (h1n1) 2009/2010 no
Estado de Goiás
A problemática que motivou a desenvolver
análise de dados epidemiológico da Influenza H1N1
esse trabalho de análise epidemiológica da situação do
do Estado de Goiás estabelecendo parâmetros da
vírus é voltada ao número de casos ocorridos no
doença para analisar a evolução da doença por
período de 2009/2010 no Estado de Goiás. Em relação
regional de saúde, os casos confirmados de influenza
ao problema tratado, seria necessário conhecer a
pandêmica segundo sua evolução por gênero e faixa
estratégia adotada pelos conselhos que realmente
etária e a classificação final do estado de Goiás no
foram eficazes para o controle e disseminação do
período de 2009 a 2010.
vírus, mesmo diante de tantos casos confirmados e
óbitos
constatados
pelo
Sinan
(Sistema
de
Investigação de Agravos).
As
bases
da
estratégia
nacional
foram
definidas a partir de um trabalho de parceria entre o
Ministério da Saúde, o Conselho Nacional de
O objetivo desse trabalho é analisar os dados e
Secretários Estaduais de Saúde (CONASS), o
detectar se houve redução do risco de expansão da
Conselho Nacional de Secretárias Municipais de
transmissão do vírus da influenza A (H1N1)
Saúde (CONASEMS) e um conjunto de instituições, a
2009/2010, de modo que os serviços de saúde
exemplo do Conselho Federal de Enfermagem
mantenham o funcionamento da infra-estrutura dos
(ABEN), Federação Brasileira das Associações de
serviços de saúde com o intuito de diminui a
Ginecologia e Obstetrícia, as sociedades brasileiras de
morbimortalidade associada à pandemia, em tempo
Cardiologia, de Endocrinologia e Metabologia, de
oportuno à população adquira conhecimento sobre a
Imunizações,
prática de prevenção e as medidas básicas para evitar
Tisiologia, núcleos de educação e saúde coletiva, bem
o contágio direto ou indireto do vírus.
como instituições que têm assento no Comitê Técnico
No entanto, o vírus Influenza Pandêmico
(H1N1) apresenta dinâmica transmissão semelhante à
de
Pediatria,
de
Pneumologia
e
Assessor do Programa Nacional de Imunização
(CTAI). (ZAROCOSTAS, 2009)
do vírus Influenza Sazonal. Assim, não ocorrerá a
A abordagem adotada concretizou na análise
contenção da doença e sim manter o controle da
de dados. Assim, o processo de análise, captação das
situação encontrada perante a sociedade, onde a
informações se deu de forma neutra, não expondo
humanização irá intervir com responsabilidade nas
identificação pessoal considerando seu direito de
medidas de precaução e prevenção do surgimento de
sigilo.
nova onda viral
3. Resultados e Discussão
2. Material e Métodos
A vivência de uma situação grave como a de
Este estudo, de natureza quantitativa e
uma pandemia sempre gera medos e ansiedades. A
qualitativa, constitui-se numa pesquisa estratégica de
melhor maneira de entender e enfrentar este tipo de
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Análise epidemiológica da situação da influenza pandêmica (h1n1) 2009/2010 no
Estado de Goiás
situação é através do esclarecimento, da divulgação de
informações
claras,
verídicas
e
acessíveis.
A
Como
em
todas
as
doenças,
existem
variabilidades e realidades locais que devem ser
população não busca informações literais, detalhadas
levadas
e tecnicamente complexas, querem isto sim, aquelas
governamentais de saúde emitem orientações e
informações essenciais ao entendimento da situação
diretrizes.
vigente e futura.
em
consideração
quando
os
órgãos
De acordo com análises da Figura 1, pode - se
Outra questão importante a ser levantada é que
observar que a maior incidência do surto do vírus
a noção de risco, de probabilidade objetiva, é sempre
H1N1 está na região Central. Dentre os motivos
referenciada a um grupo de indivíduos e não a uma
freqüentes para esse alto índice estão à localização,
pessoa especificamente. Para a pessoa a relação é
fácil acesso a todos e principalmente por manter um
sempre de incerteza (GOLDIM, 2006).
alto fluxo circulante de pessoas favorecendo assim a
contaminação e disseminação do vírus.
Figura 1 - Distribuição de casos de influenza pandêmica (H1N1) 2009 por regional de saúde de residência.
Goiás, 2009
Nordeste
Serra da M esa
notificados
Oeste II
Oeste I
descartados
Entorno Norte
confirmados
Norte
Sul
Sudoeste II
São Patrício
Sudoeste I
Estrada de Ferro
Rio Vermelho
Entorno Sul
Pirineus
Centro Sul
Central
0
100
200
300
400
500
600
700
800
número de casos
Fonte: SINANNET em 26 de agosto de 2010
Para Vieira (2009) a base de uma reflexão
dano sério ou irreversível requer a implementação de
eticamente adequada sobre este tipo de situação que
medidas que possam prevenir a ocorrência do
estamos vivendo é o Princípio da Precaução. Este
mesmo. Talvez dessa forma os casos abordados
Princípio, estabelece que a existência de risco de um
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A. L. S. Guedes et al.
Análise epidemiológica da situação da influenza pandêmica (h1n1) 2009/2010 no
Estado de Goiás
acima pudessem estar reduzidos e a incidência seria
tinham realizado viagens internacionais. Já na fase de
bem menor do que o esperado.
mitigação ocorreu após a declaração de transmissão
De acordo com a Secretaria de Estado da
sustentada do vírus da influenza pandêmica em todo
Saúde de Goiás, os casos foram divididos em duas
o território nacional, nessa fase houve maior
fases de acordo com a semana epidemiológica: a fase
disseminação do vírus justamente pelo contato direto
de contenção e a fase de mitigação. Na fase de
ou indireto com regiões endêmicas ou com pessoas
contenção
contaminadas.
estavam
relacionados
à
viagens
internacionais ou contato com pessoas doentes que
Figura 2 - Distribuição dos casos de influenza pandêmica (H1N1) 2009 segundo classificação final. Goiás,
2009
fase de mitigação
500
Notificados
Descartados
Confirmados
450
número de casos
400
350
300
250
200
fase de contenção
150
100
50
0
16
18
20
22
24
26
28
30
32
34
36
38
40
42
44
46
48
50
52
semana epidemiológica
Fonte: SINANET em 25 de agosto de 2010
De acordo com Neumann (2009) a influenza
de outras doenças respiratórias. Dentre os casos
tem uma contagiosidade que se caracteriza por um
confirmados de influenza pandêmica no estado de
período curto de incubação de dois dias podendo
Goiás, analisa-se que o maior índice de óbtos está
variar de 1-4 dias no início da disseminação viral e,
presente nas semanas epidemiológicas (SE) 33, 35 e
portanto, a transmissão ocorre antes do início dos
36, justamente devido ao grande surto pandêmico
sintomas, e, por fim, a ausência de sinais e sintomas
(Figura 2). Até o final de 2009, foram registrados no
específicos que possam ser utilizados para distinguí-la
estado 162 óbitos (Figura 3), muitos devido ao atraso
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A. L. S. Guedes et al.
Análise epidemiológica da situação da influenza pandêmica (h1n1) 2009/2010 no
Estado de Goiás
do resultado laboratorial de exame e por reação
pacientes portadores do vírus da influenza, assim
negativa a droga de ataque ao vírus.
como a definição de rotinas para o atendimento de
Neste tipo de situação devem ser estabelecidos
demandas que podem chegar a exaustão dos recursos
claramente os critérios de alocação e priorização para
e das instituições, justamente para evitar o óbito
o atendimento. É fundamental definir os critérios e
prevalecendo a cura (GOLDIM, 2009).
padrões para o atendimento domiciliar e hospitalar de
Figura 3 - Distribuição dos casos confirmados de influenza pandêmica (H1N1) 2009 segundo evolução. Goiás,
2009
120
162 óbitos Inv.(98
Conf.)
SE.35 (23 óbitos) e
SE.33 e 36 (16 óbitos
cada)
Cura
número de casos
100
Óbito
80
60
40
20
0
16 18 20 22 24 26 28 30 32 34 36 38 40 42 44 46 48 50 52
semana epidemiológica
Fonte: SINANET em 25 de agosto de 2010.
Para Cruz (2009), faz necessário a promoção
homens na maioria das vezes procurar ajuda quando
de políticas públicas para o enfrentamento de
realmente não estão suportando mais sendo mais
calamidades e catástrofes, mas de inclusão de todas as
descuidados que as mulheres.
pessoas diante de possibilidades de emergência, em
No entanto observa-se também que 87,12% de
que a solidariedade e a educação para a saúde são
pessoas do sexo feminino e 84,72% do sexo
essenciais para o seu enfrentamento e a preservação
masculino que foram notificadas obtiveram a cura. A
da vida humana de forma definitiva, cuidadosa, ética e
principal
cidadã. Pode-se analisar na Figura 4 abaixo que o
principalmente da população masculina no que diz
percentual de óbito do sexo masculino (15,28%) é
respeito a doença é traçar um plano de metas através
maior que o sexo feminino (12,86%), devido os
das políticas públicas e conscientizá-los sobre a
forma
de
mudar
essa
realidade
Revista Faculdade Montes Belos, v. 4, n. 2, Nov. 2011
8
A. L. S. Guedes et al.
Análise epidemiológica da situação da influenza pandêmica (h1n1) 2009/2010 no
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importância de conservar sua saúde com o intuito de
obter a cura.
Revista Faculdade Montes Belos, v. 4, n. 2, Nov. 2011
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A. L. S. Guedes et al.
Análise epidemiológica da situação da influenza pandêmica (h1n1) 2009/2010 no
Estado de Goiás
Figura 4 - Distribuição dos casos confirmados de influenza pandêmica (H1N1) 2009 por gênero e evolução.
Goiás, 2009
120
óbito
%
cura
100
80
60
84,72
87,14
15,28
12,86
Masculino
Feminino
40
20
0
Fonte: SINANET em 25 de agosto de 2010
Segundo Greco (2009), a maioria dos casos
os jovens de 20-29 anos, devido principalmente o alto
graves ou fatais eram jovens e adultos de meia idade,
fluxo de contato com ambientes coletivos fator
previamente saudáveis, sendo, portanto diferente da
condizente com a faixa etária em destaque. No entanto
influenza sazonal, na qual a mortalidade é mais
10% foram a óbito, não resistiram ao tratamento.
comum entre crianças, idosos ou pessoas com
Por
outro
lado,
outros
casos
graves
comorbidades. A maior exposição a esse patógeno na
acometeram pessoas já afetadas por condições
população mais jovem ou a imunidade adquirida em
crônicas,
outras epidemias pela população mais idosa podem
cardiovasculares, diabetes, obesidade e doenças
ser fatores associados a esse perfil epidemiológico.
autoimunes. Mas o maior índice de óbito dos casos
incluindo
doenças
respiratórias,
Observa – se na Figura 5 que no Estado de
confirmados está na faixa etária dos 40 a 49 anos
Goiás após notificações realizadas com pessoas
(Figura 5), representando 42,85%, provavelmente
suspeitas de estarem contaminadas pelo vírus da
estão dentro dos fatores de risco em discussão.
H1N1 dos casos confirmados estão em maior escala
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A. L. S. Guedes et al.
Análise epidemiológica da situação da influenza pandêmica (h1n1) 2009/2010 no
Estado de Goiás
Figura 5 - Distribuição dos casos confirmados de influenza pandêmica (H1N1) 2009 segundo evolução por
número de casos
faixa etária. Goiás, 2009.
200
180
160
140
120
100
80
60
40
20
0
óbitos
cura
< 2 anos 2 a 9 anos 10 a 19
anos
20 a 29
anos
30 a 39
anos
40 a 49
anos
50 a 59 60 anos ou
anos
mais
faixa etária
Fonte: SINANET em 25 de agosto de 2010
A infecção pelo vírus Influenza A H1N1 2009
determina, principalmente, doença das vias aéreas,
sendo mais frequentemente associada a náuseas e
medicação não consegue conter o sintoma e a pessoa
se encaminha ao óbito.
Segundo o Ministério da Saúde (2010), o
vômitos. As pessoas infectadas apresentam como
indivíduo
sintomas febre, com tosse, dispneia e potencial
Respiratória Aguda é caracterizado por febre alta
evolução para insuficiência respiratória, principal
mesmo que referida, tosse e dispnéia, acompanhada
causa de morte (CRUZ, 2009).
dos sinais e sintomas abaixo:
Conforme a Figura 6 observa-se que nos casos
confirmados a Síndrome da Respiração Aguda
qualquer
idade
com
Síndrome
a) Aumento da frequência respiratória (de
acordo com idade);
(SRAG) ocorre com maior frequência na faixa etária
dos 20 a 29 anos não somente no Estado de Goiás,
de
b) Hipotensão em relação à pressão arterial
habitual do paciente; e
mas em todo o Brasil, justamente porque é o grupo
c) Em crianças, além dos itens acima,
em que há maior disseminação da doença, devido à
observar também os batimentos de asa de nariz,
infecção ocasionada pelo vírus nas vias aéreas, tendo
cianose,
sua evolução rápida e na maioria das vezes a
inapetência.
tiragem
intercostal,
desidratação
e
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A. L. S. Guedes et al.
Análise epidemiológica da situação da influenza pandêmica (h1n1) 2009/2010 no
Estado de Goiás
Figura 6 - Proporção (%) de SRAG por influenza pandêmica (H1N1) 2009, por faixa etária. Brasil, 2009/2010.
Período: 16/04/2009 a 16/01/2010.
Os recursos físicos de saúde necessários para
de adquirir ou transmitir
doenças agudas de
atender às demandas decorrentes da situação de
transmissão respiratória, incluindo o novo vírus da
pandemia de influenza incluem, entre outros, as
influenza (A H1N1), são:
instalações sanitárias, equipamentos, materiais e
 higienizar as mãos com água e sabonete antes das
medicamentos. Neste tipo de situação devem ser
refeições, antes de tocar os olhos, boca e nariz e
estabelecidos claramente os critérios de alocação e
após tossir, espirrar ou usar o banheiro;
priorização para o atendimento. É fundamental definir
os critérios e padrões para o atendimento domiciliar e
hospitalar de pacientes portadores do vírus da
 evitar tocar os olhos, nariz ou boca após contato
com superfícies;
 proteger
com
lenços
(preferencialmente
influenza, assim como a definição de rotinas para o
descartáveis) a boca e nariz ao tossir ou espirrar,
atendimento de demandas que podem chegar a
para evitar disseminação de aerossóis;
exaustão dos recursos e das instituições (GOLDIM,
2009).
 indivíduos
que
sejam
casos
suspeitos
ou
confirmados devem evitar entrar em contato com
Para Greco (2009), as medidas de prevenção e
controle que devem ser adotadas, baseadas em
outras pessoas suscetíveis. Caso não seja possível,
usar máscaras cirúrgicas;
intervenções não-farmacológicas, para reduzir o risco
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12
A. L. S. Guedes et al.
Análise epidemiológica da situação da influenza pandêmica (h1n1) 2009/2010 no
Estado de Goiás
 indivíduos que sejam suspeitos ou confirmados
devem evitar aglomerações e ambientes fechados;
 manter ambientes ventilados;
 indivíduos
que
sejam
de contaminação e disseminação do vírus nas
semanas
seguintes
já
ouve
a
diminuição,
justamente porque começaram a profilaxia da
casos
suspeitos
ou
doença antes de se agravar ainda mais.
Já no ano de 2010 na fase de mitigação o
confirmados devem ficar em repouso.
Quando se observa a Figura 7, observa - se a
índice
de
casos
notificados
diminuiu
comparação dos casos pandêmicos de influenza
significadamente justamente pela conscientização
H1N1 no Estado de Goiás relacionando os anos de
da população sobre as medidas preventivas
2009 e 2010. Pode-se verificar que nas semanas
deixando a sociedade menos vunerável ao vírus e
epidemiológicas 35 e 36 o número de casos
como conseqüência só houve casos confirmados na
suspeitos, confirmados é maior devido ser o pico
semana epidemiológica 15 e 16.
Figura 7 - Casos de influenza pandêmica (H1N1) 2009 segundo classificação final. Goiás, 2009 e 2010.
fase de mitigação
500
450
400
Notificados
Suspeitos
Descartados
Confirmados
número de casos
350
300
250
200
150
100
0
16
17
18
19
20
21
22
23
24
25
26
27
28
29
30
31
32
33
34
35
36
37
38
39
40
41
42
43
44
45
46
47
48
49
50
51
52
53
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21
22
23
24
25
26
27
28
29
30
31
32
33
34
35
50
2009
2010
ano por semana epidemiológica
Fonte: SINANET em 25 de agosto de 2010
A
situação
epidemiológica
da
influenza
pandêmica A (H1N1) 2009 exige que, além das
primeira onda quanto à possibilidade de uma possível
segunda onda do vírus (SACKETT, 2008)
medidas de precaução que já vem sendo efetivas, seja
A identificação das cepas do vírus Influenza
também adotada a vacinação com o principal objetivo
contribui para a adequação imunogênica da vacina
de proteger a população de maior vulnerabilidade na
contra a influenza utilizada anualmente no Brasil para
isso estão sendo feitas as coletas de espécimes
Revista Faculdade Montes Belos, v. 4, n. 2, Nov. 2011
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A. L. S. Guedes et al.
Análise epidemiológica da situação da influenza pandêmica (h1n1) 2009/2010 no
Estado de Goiás
clínicos das vias aéreas altas para identificação
com isso medidas preventivas contra o surto do vírus
epidemiológica agregada por semana epidemiológica.
e como conseqüência ouve a redução do risco de
A vacina não confere imunidade plena. Por isso, o
expansão da transmissão do vírus porém os serviços
tratamento antiviral precoce, de forma empírica, deve
de saúde ainda deve melhorar sua infra-estrutura com
ser iniciado para as pessoas imunizadas com suspeita
o propósito de estar preparados para evitar que um dia
de infecção por influenza. (VADEMECUM, 2009)
a pandemia retorne. Para que tal feito seja
Por tanto se faz necessário a prevenção para
estabelecido é necessário estabelecer medidas básicas
evitar a contaminação e principalmente medidas
para evitar o contágio direto ou indireto com o vírus e
educativas de conscientização para não ocorrer a
só será possível se concretizar através da união de
disseminação do vírus. Nota - se que realmente houve
todas as forças políticas, governamentais e sociais não
a diminuição dos casos comparando o ano de 2009 e
só do Brasil, mas da sociedade global.
2010 no Estado de Goiás, onde as estratégias
implantadas estão sendo alcançadas, porém, ainda há
4. Conclusões
a necessidade de ampliação e melhorias para erradicar
a proliferação do vírus H1N1.
Portanto conclui-se que o vírus influenza
De acordo com a avaliação da literatura
utilizada pode – se concluir:
H1N1 foi detectado pela primeira vez em Goiás,
1) A maior incidência do surto do vírus H1N1 foi
pouco tempo depois de sua emergência no México. A
observada na região Central.
evidência dessa epidemia revela que o planejamento
2) Dentre os casos confirmados de influenza
estratégico em relação ao controle de doenças deve
pandêmica, o maior índice de óbtos foi verificado nas
incluir todo o planeta. A sintomatologia que
semanas epidemiológicas (SE) 33, 35 e 36, justamente
determina é semelhante ao da gripe humana sazonal.
devido ao grande surto verificado.
As medidas de vigilância sanitária parecem adequadas
3) Foram registrados 162 óbitos, muitos devido ao
ao controle da endemia. A emergência dessa endemia
atraso do resultado laboratorial de exame e por reação
colocou em prontidão todo o esforço humano a
negativa a droga de ataque ao vírus.
impedir que o vírus se disseminasse, revelando a
5) No Estado de Goiás, as suspeitas de pessoas
capacidade de organização e a oportunidade de
estarem contaminadas pelo vírus da H1N1 dos casos
definição de enfrentamento às doenças por parte do
confirmados estão em maior escala os jovens de 20 a
Sistema Único de Saúde brasileiro.
29 anos.
As estratégias adotadas pelos conselhos se
6) Também a Síndrome da Respiração Aguda
tornaram eficazes para o controle e disseminação do
(SRAG) ocorre com maior frequência na faixa etária
vírus uma vez que diante de tantos casos confirmados
dos 20 a 29 anos.
e óbitos buscou-se a conscientização da sociedade e
Revista Faculdade Montes Belos, v. 4, n. 2, Nov. 2011
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A. L. S. Guedes et al.
Análise epidemiológica da situação da influenza pandêmica (h1n1) 2009/2010 no
Estado de Goiás
7) As medidas de prevenção, evitando a contaminação
e
principalmente
medidas
educativas
de
MINISTÉRIO DA SAÚDE. Protocolo de manejo
clínico de Síndrome Respiratória Aguda Grave SRAG, Brasília, 2010, 27 p.
conscientização, foram responsáveis para a não
ocorrência e disseminação do vírus.
5. Referências Bibliográficas
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