O SR - Câmara dos Deputados

Propaganda
Pronunciamento
do
Deputado
Arthur Virgílio Neto, na sessão da
Câmara dos Deputados, em
de junho
de 2002.
O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) pronuncia o seguinte
discurso: Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, embora as outras
regiões do País talvez não tomem conhecimento, o Norte brasileiro é,
hoje, o maior pólo operístico nacional.
Simultaneamente, o Teatro
Amazonas, em Manaus, e o Teatro da Paz, em Belém, programaram
eventos cujo tema principal é o universo da ópera;
ano após ano,
maiores, mais concorridas e mais bem planejadas têm sido as
temporadas.
Enganam-se, portanto, os que pensam que os teatros dos dois
maiores estados brasileiros sejam monumentos mortos da época do
ciclo da borracha. Já há seis anos que a temporada operística repete-se
no Amazonas. A deste ano, iniciada em 14 de abril, estendeu-se até o
dia 25 de maio. No Pará, um festival semelhante do dia 20 de abril até o
dia 12 de maio. Os amantes da música poderam, este ano, deleitar-se
com quatro óperas, duas operetas e vários recitais, palestras e
atividades correlatas ao mundo do canto lírico.
A programação de Manaus foi aberta com uma ópera montada ao
ar livre, na praça em frente ao Teatro Amazonas. A igreja de São
Sebastião abrigou o coro interno e o casario da praça foi utilizado como
cenário para a peça Cavalleria Rusticana, de Pietro Mascagni. Um telão
exibiu a ópera para o público mais distante; no dia seguinte, ela foi
encenada dentro do teatro. Ora, não existe estratégia mais eficaz para
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despertar o interesse do público, popularizando um gênero de arte que,
apesar de dispendioso, não deve ser inacessível.
Na seqüência, o palco amazonense foi ocupado pelas Valquírias,
de Wagner. Do dia 19 a 28 de abril foi exibida uma ópera didática: Zap, o
Resumo da Ópera, de Marcelo Tas. De 5 a 19 de maio, é a vez de
Mozart, com Don Giovanni. No dia 12 de maio, o concerto do dia das
mães, com obras de Tchaikovski e Tosti.
Carlos Gomes, o primeiro grande compositor brasileiro, não foi
esquecido: Condor estréia no dia 18 de maio. No dia 25 de maio,
encerrou-se
a
temporada
manauara,
com
vários
intérpretes
e
compositores.
É muita coisa? Ainda nada foi falado da temporada em Belém, que
já encenou Macbeth, de Verdi, recebeu a soprano Gail Gilmore para um
recital exclusivo, encenou, de Noel Rosa ― sim, dele mesmo, o imortal
sambista ― A Noiva do Condutor. Apresentou um concerto sinfônico e
um recital de Arthur Moreira Lima, um dos maiores intérpretes mundiais
de Chopin. O mês de abril foi encerrado com Stabat Mater, de Pergolesi.
Em maio, houve palestras, exibições de peças inéditas paraenses
recém-descobertas e mais espetáculos e recitais; em 12 de maio, a
última apresentação de A Viúva Alegre, de Lehar, fechou a primeira
temporada de ópera em Belém, após os dois anos de reforma a que o
Teatro da Paz foi submetido.
Sras. e Srs. Parlamentares: a região Norte vem recuperando o seu
vigor cultural. É isto que venho aqui registrar, Sr. Presidente satisfeito
que esse vigor se faça notar através do ressurgimento da ópera, esse
produto feito por diversos artistas, técnicos e artesãos, e que pressupõe,
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é claro, a existência e a formação de um público que, com o tempo, se
aperfeiçoe e refine e dê sustentação a mais passos ousados e criadores.
Era o que tinha a dizer.
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