A SEGURANÇA DO PACIENTE EVIDENCIADA PELA HIGIENE HOSPITALAR Micheli Patrícia a de Fátima Magri¹, Marina do Prado Ramos², Rosalina Ribeiro Lima Dias³ e Denise Rondinelli Cossi Salvador 4 RESUMO: A procura por segurança no atendimento hospitalar fez com que as instituições e pacientes fortalecessem o conceito de higiene hospitalar, pois a cada dia a busca por conforto, segurança e bem-estar, além do tratamento, se interligam ao resultado final de percepção de qualidade na assistência livre de danos ou de eventos adversos. Esse artigo objetivou contribuir para o entendimento da importância da higiene hospitalar como parte da segurança do paciente, levando em conta a prevenção de infecção, com a redução da possibilidade de eventos adversos. Trata-se de uma pesquisa qualitativa, analítica, descritiva e de revisão bibliográfica. Para tentar evitar os danos à saúde durante a assistência criou-se o Programa Nacional de Segurança ao Paciente, com a finalidade de delinear barreiras para evitar a ocorrência de eventos adversos. Coube às instituições implantar o Núcleo de Segurança do Paciente para promover estudos sobre os riscos potenciais, desenvolvendo o Plano de Segurança do Paciente. Assim, a gestão de risco ocorre para promover a cultura de segurança. A prestação de serviço em instituições hospitalares se constitui em uma atividade complexa, com fatores internos e ambientais que podem comprometer o resultado esperado, assim como a visão de qualidade. A Higiene Hospitalar é uma coadjuvante na gestão de risco, apoiando setores, prestando seu serviço e contribuindo para que as outras equipes possam executar um atendimento em um ambiente com o mínimo de microrganismos possível, evitando assim uma futura infecção hospitalar, considerada no contexto como evento adverso. Palavras-chave: segurança do paciente, Infecção Hospitalar, Higiene Hospitalar e enfermagem ¹ Mestre em gerontologia (PUC-SP), especialista em geriatria (UNICAMP) e gestão hospitalar (UNINTER), Licenciatura em enfermagem (UNIARARAS), Bacharel em enfermagem (UNIARARAS), docente do Curso de Enfermagem UNIP- Campus São José do Rio Pardo. ² Especialista em Auditoria em saúde (São Luís) e Infecção Relacionada à Assistência de Saúde (UNIARARAS), Bacharel em enfermagem (UNIP). ³ Especialista em Administração Hospitalar (UNAERP), MBA em Administração e Serviços de Saúde (IPH-PRO SAUDE) e Farmacêutica (PUCCAMP). 4 Mestre em Desenvolvimento Sustentável e Qualidade de Vida, Especialista em Saúde do Trabalhador e Ecologia Humana, Coordenadora do Curso de Enfermagem UNIP- Campus São José do Rio Pardo ABSTRACT: The search for security in the inpatient caused institutions and patients strengthen the concept of hospital hygiene, because every day the quest for comfort, safety and well-being, in addition to treatment, are linked to the outcome of perception of quality in free assistance of damage or adverse events. This article aimed to contribute to the understanding of the importance of hospital hygiene as part of patient safety, taking into account the prevention of infection, reducing the possibility of adverse events. It is a qualitative research, analytical, descriptive and bibliographical review. Try to avoid damage to health during the assistance created the National Patient Safety Program, with the aim of outlining barriers to prevent the occurrence of adverse events. Fit to deploy the core institutions of patient safety to promote studies on potential risks, developing patient safety plan. Thus, the risk management occurs to promote safety culture. The provision of service in hospitals is a complex activity, with internal and environmental factors that may compromise the expected result, as well as the vision of quality. The hospital hygiene is a supporting role in risk management, supporting sectors, providing your service and helping other teams may perform a service in an environment with the least amount of micro-organisms as possible, thus avoiding a future hospital infection, considered in the context as an adverse event. Key-words: patient safety, Infection , Hospital Hygiene and Nursing 1. Introdução A procura por segurança no atendimento hospitalar fez com que as instituições e pacientes fortalecessem o conceito de higiene hospitalar, pois a cada dia a busca por conforto, segurança e bem-estar, além do tratamento, se interligam ao resultado final de percepção de qualidade na assistência livre de danos ou de eventos adversos. A Organização Mundial de Saúde (OMS) reconhece o fenômeno das Infecções Relacionadas a Assistência à Saúde (IRAS) como um problema de saúde pública e preconiza que as autoridades em âmbito nacional e regional desenvolvam ações com vistas à redução do risco de aquisição (WHO, 2004). O programa de segurança do paciente nasceu há dois anos devido a busca constante em atender à necessidade dos clientes das instituições de saúde, visando atingir a excelência do cuidado. Uma das frentes de prevenção e controle da infecção hospitalar é a higiene hospitalar, considerada um setor de apoio técnico que inicia a quebra do elo de disseminação da cadeia epidemiológica institucional. A justificativa principal dessa pesquisa é ajudar a desenvolver estudos sobre a higiene hospitalar, abordando a sua importância e contribuição para a manutenção da segurança do paciente, sob a ótica de prevenção das infecções hospitalares. Esse artigo objetivou contribuir para o entendimento da importância da higiene hospitalar como parte da segurança do paciente, levando em conta a prevenção de infecção de forma a reduzir a possibilidade de eventos adversos. Trata-se de uma pesquisa qualitativa, analítica, descritiva e de revisão bibliográfica. Para compor o embasamento teórico foram consultadas as bases de dados Scielo, Lilacs e Bireme, com a busca das palavras chaves: segurança do paciente, infecção hospitalar e higiene hospitalar. Levantou-se a hipótese que, a especialização do Serviço de Higiene Hospitalar contribui efetivamente para a segurança do paciente dentro das instituições hospitalares, reduzindo os eventos adversos. 2. Revisão Literária 2.1 Programa Nacional de Segurança do Paciente A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que danos à saúde ocorram em dezenas de milhares de pessoas todos os anos no mundo. Dados do Instituto de Medicina dos Estados Unidos da América (EUA) indicam que erros associados a assistência à saúde causam entre 44.000 e 98.000 disfunções a cada ano, nos hospitais dos EUA. (KOHN, et al, 2000). A ocorrência desse tipo de incidente no Brasil, para Mendes (2009), é de 7,6%, dos quais 66% são considerados evitáveis. James (2013), demonstrou que a estimativa de mortes prematuras associadas a danos evitáveis, decorrentes ao cuidado hospitalar está entre 210.000 e 400.000 americanos por ano. Tais danos ocorrem quando as barreiras para evitar as falhas do processo assistencial não funcionam e a segurança do paciente acaba sendo atingida através de um evento adverso. Diversos países no mundo possuem um sistema de vigilância em saúde com o propósito de melhorar a segurança dos pacientes e usuários, por meio da redução da possibilidade de ocorrências ou recorrência de Eventos Adversos (EA), que se constitui como “incidente que resulta em danos à saúde”. Estes prejuízos podem relacionar-se ao paciente, familiares e a todo sistema de saúde. Atribui-se a ocorrência às falhas de processos ou estruturas da assistência. (BRASIL, 2013). A Higiene Hospitalar possui o papel de minimizar as falhas no processo assistencial e a possibilidade de danos à saúde através da aplicação de práticas seguras, que são constituídas por protocolos e normas de condutas para a prevenção da segurança do paciente durante o cuidado. A prática segura de cuidado, estimuladas no âmbito do monitoramento e da regulação de usuários e fabricantes, envolve a informação às autoridades em saúde sobre os danos e agravos decorrentes da assistência. A partir dessas informações, procede-se à avaliação dos incidentes notificados e, quando apropriado, à comunicação dos riscos, visando-se à prevenção de reincidências de eventos. (BRASIL, 2010). A higiene hospitalar possui um papel importante para evitar a disseminação de microrganismos patógenos, prevenindo a ocorrência de eventos adversos, quando atua com um serviço de qualidade. Com o propósito de ampliar as ações de segurança e qualidade em serviços de saúde, em 2011 a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) divulgou os Requisitos de Boas Práticas de Funcionamento para os Serviços de Saúde, através da RDC nº. 63, definindo padrões mínimos para o funcionamento desses serviços, fundamentados na qualificação, na humanização da atenção e gestão, na redução e controle de riscos aos usuários e meio ambiente. (BRASIL, 2011). O controle de riscos ambientais pode ser atribuído para a higiene hospitalar, onde sua prática de execução das técnicas de limpeza concorrente, intermediária e terminal são capazes de reduzir esses riscos para os pacientes e equipe de trabalhadores, seguindo as normatizações legais, que contribui para a segurança do paciente. O Programa Nacional de Segurança do Paciente (PNSP), criado pelo Ministério da Saúde (Portaria nº 529, de 1/4/2013), define a Segurança do Paciente como a “redução, a um mínimo aceitável, do risco de dano desnecessário associado à atenção à saúde”. (BRASIL, 2013). A ANVISA (RDC nº 36, de 25/07/2013), complementa com a obrigatoriedade de constituição de Núcleo de Segurança do Paciente (NSP) nos serviços de saúde. O PNSP visa, especialmente, prevenir, monitorar e reduzir a incidência de eventos adversos nos atendimentos prestados, promovendo melhorias relacionadas à segurança do paciente e a qualidade em serviços de saúde. (BRASIL, 2013). O NSP deve identificar, descrever, definir planos de ação e avaliar o controle das infecções institucionais, e, a higiene hospitalar será um dos serviços de apoio que atuará na linha de frente desse combate. 2.2 Núcleo de Segurança do Paciente Segundo a RDC nº 36/2013, o Núcleo de Segurança do Paciente é “a instância do serviço de saúde criada para promover e apoiar a implementação de ações voltadas à segurança do paciente”, consistindo em um componente extremamente importante na busca pela qualidade das atividades desenvolvidas nos serviços de saúde. (KOHN, et al, 2000). Um dos objetivos específicos do PNSP é promover e apoiar a implementação de iniciativas voltadas à segurança do paciente em diferentes áreas da atenção, organização e gestão de serviços de saúde, por meio da implantação da gestão de risco e de NSP nos estabelecimentos de saúde. (BRASIL, 2014). O NSP atua diretamente na assistência ao paciente e a Higiene Hospitalar entra nesse contexto atuando indiretamente no cuidado com o paciente através da prevenção de infecção. O núcleo possui a atribuição de elaborar, implantar, divulgar e manter atualizado o PSP das instituições de saúde. Deve atuar como articulador e incentivador dos demais departamentos e unidades do serviço de saúde que gerenciam riscos e promovem ações de qualidade. (BRASIL, 2013). Para colocar as atribuições na prática torna-se estratégico elaborar um plano de segurança do paciente. 2.3 Plano de Segurança do Paciente O PSP é o documento que aponta situações de risco e descreve as estratégias e ações definidas pelo serviço de saúde para a gestão de risco visando à prevenção e mitigação de incidentes em todas as fases de assistência ao paciente. (BRASIL, 2013 b). A Higiene Hospitalar é uma coadjuvante na gestão de risco, apoiando setores, prestando seu serviço, contribuindo para que as outras equipes possam executar um atendimento em um ambiente e com mobiliários livres ou com o mínimo de microrganismos que podem desenvolver uma infecção hospitalar, considerada no contexto como evento adverso. A implantação do PSP deve reduzir a probabilidade de ocorrência de eventos adversos resultantes da exposição aos cuidados em saúde. Deve ser focado na melhoria contínua dos processos de cuidado, na disseminação sistemática da cultura de segurança e na garantia das boas práticas de funcionamento do serviço de saúde. (BRASIL, 2013; BRASIL 2013b). A elaboração do PSP é obrigatória, de acordo com a RDC nº 36/20137. Este documento servirá como um roteiro para os profissionais estabelecerem ações para promover a segurança e a qualidade dos processos de trabalho nos serviços de saúde. As ações macro estratégicas devem ser compostas até o nível operacional da higiene hospitalar, com um cronograma de atividades claro e com os responsáveis pelas atividades identificados pautado na realidade local. O PSP deve ser elaborado com base na gestão de risco integrada, e as estratégias e as ações de prevenção, controle e redução de riscos em serviços de saúde devem estar apoiadas nas recentes evidências científicas. (BRASIL, 2013). Devem ser identificadas as condições e situações que geram ou que poderiam gerar mais riscos para os pacientes, os acompanhantes e os trabalhadores do serviço para posteriormente serem implementadas ações de controle e monitoramento desses riscos. Periodicamente deve ser revisto e atualizado, sempre que houver mudanças locais substanciais ou de evidências clínicas. Após deve ser amplamente divulgado e estar disponível para consulta de todos os profissionais da instituição, aplicando assim a gestão de risco. 2.4 Gestão de Risco O processo de gestão de risco consiste na aplicação sistemática de procedimentos para identificação, análise, avaliação, tratamento, comunicação e monitoramento dos riscos. O conhecimento das etapas desse processo irá auxiliar o NSP nas demais ações previstas na RDC nº 36/2013. (BRASIL, 2013b). As seguintes etapas devem ser previstas para a elaboração do PSP: 1) Estabelecimento do Contexto; 2) Identificação do Risco; 3) Análise do Risco; 4) Avaliação do Risco; 5) Tratamento do Risco e 6) Comunicação do Risco. Com a implantação plena da gestão de risco na higiene hospitalar iremos conseguir atingir a cultura de segurança. 2.5 Cultura de Segurança Um aspecto importante para o estabelecimento das estratégias e ações de segurança do paciente previstos no PSP é o estabelecimento e sustentação da cultura de segurança na instituição. Segundo a RDC n°. 36/2013, a cultura de segurança é definida como “conjunto de valores, atitudes, competências e comportamentos que determinam o comprometimento com a gestão da saúde e da segurança, substituindo a culpa e a punição pela oportunidade de aprender com as falhas e melhorar a atenção à saúde”. (BRASIL, 2013b). As instituições de saúde devem aprender com suas falhas de gestão para implantar a segurança do paciente como uma oportunidade de melhoria no processo de atendimento institucional. O inciso VI do Art. 5º da Portaria n°. 529/2013 trata que a promoção da cultura de segurança com ênfase no aprendizado e aprimoramento organizacional, engajamento dos profissionais e dos pacientes na prevenção de incidentes, com destaque em sistemas seguros, evitando-se os processos de responsabilização individual como uma das estratégias de implementação do PNSP. (BRASIL, 2013). Com essa frente de trabalho é que inicia o pensamento da implantação da higiene hospitalar como um setor estratégico para o combate as infecções. 2.6 Contribuição da higiene hospitalar para a segurança do paciente A prestação de serviço em instituições hospitalares se constitui em uma atividade complexa, por ter fatores internos e ambientais que podem comprometer o resultado esperado, assim como a visão de qualidade. Os clientes possuem exigências que vão além de um atendimento curativo, e tangem ferramentas gerenciais estratégicas para desenvolver um atendimento que alcance as expectativas, com um serviço bem desenhado e livre de riscos ou danos. O serviço de Higiene Hospitalar é o setor de apoio logico dos serviços especializados, contribuindo para a promoção de controle de infecção hospitalar advinda do ambiente, possibilitando a preservação de bens patrimoniais, além de promover o bem-estar dos clientes internos e externos e de seus funcionários. (VECINA NETO; MALIK, 2011). O serviço da Higiene Hospitalar busca proporcionar um ambiente mais limpo, cuidado com boa aparência e odor agradável, oferecendo funcionários educados e discretos, porém atentos os normas vigentes e engajados ao aplicar o protocolo institucional. O estudo da qualidade dos serviços da Higiene Hospitalar, para Martins (2009), com foco no desenvolvimento de protocolos, torna-se uma peça fundamental para busca da excelência em atendimento. Especificamente, a Higiene Hospitalar é um setor de grande relevância em todo o processo assistencial e de atendimento, por oferecer mecanismos de proteção aos profissionais da saúde envolvidos diretamente com o cuidado, sendo o elo primeiro e eficaz para o rompimento da cadeia epidemiológica das infecções hospitalares, auxiliando diretamente no seu controle. Para Martins (2009), um ambiente bem higienizado e asseado, com menor carga de contaminação é a contribuição básica para a redução da transmissão de infecção. Diante da importância global da Higiene Hospitalar, os clientes devem ser consultados a respeito de sua percepção sobre o atendimento prestado por esta área, com características especificas de qualidade e humanização. Dias (2006), ressalta que o paciente deve ser assistido de forma que a hospitalidade complete os aspectos tangíveis e intangíveis do atendimento, tornando o ambiente acolhedor, com responsabilidade compartilhada entre os profissionais, que contribuem para aprimorar a atenção hospitalar. A Higiene Hospitalar atua minimizando a possibilidade de disseminação e transporte entre o hospedeiro e o agente infeccioso, através de processos laborais desenhados juntamente com o núcleo de segurança do paciente e a comissão de controle de infecção hospitalar. Para Taraboulsi (2006), além do cuidado, do conforto e bem-estar, nas unidades de internação, é de suma importância garantir a higienização como uma das medidas de prevenção de infecção hospitalar. Quando relacionamos a prevenção a infecção hospitalar com o ambiente institucional encontramos a varredura úmida e a limpeza mecânica de superfícies e mobiliários com água e sabão, iniciando as primeiras barreiras de segurança contra a disseminação de microorganismos, que abrange os pacientes e os profissionais. Ao pensar no profissional trabalhador, apontamos uma medida considerada como primordial que é a lavagem das mãos. Complementa-se ao uso dos equipamentos de proteção individual adequados e distintos para cada área institucional, seguindo o critério de criticidade. A higienização das mãos constitui-se como uma das frentes de trabalho do NSP instituído pela OMS. (WHO, 2004). A higiene hospitalar aplica a higiene das mãos entre uma técnica e outra. Quando considerados o modelo de gestão voltado para a qualidade hospitalar, encontram-se os processos de precaução padrão, aplicados nos procedimentos de atendimento, desenvolvendo ações que garantam a segurança dos pacientes, familiares e a dos profissionais. O recurso humano nessa área, muitas vezes é de baixa qualificação, tornando-se essencial o desenvolvimento de estratégias de treinamento, para desenvolver habilidades e conhecimento, para a execução do trabalho com competência, utilizando as técnicas de segurança para o paciente, imprimindo um padrão de qualidade. A propagação de infecção e os conceitos que cercam o tema devem ser a estratégia principal para os treinamentos da equipe setorial, focando no porque, como, o que, e quando limpar. Nesse sentido, destaca-se Taraboulsi (2003, p.33), que “é preciso que a valorização das pessoas seja uma prática constante e efetiva”. Assim os profissionais serão motivados a participar dos treinamentos e desenvolver na prática os conhecimentos, alinhados com os objetivos estratégicos institucionais. Ressalta-se a importância de que a equipe deva conhecer os equipamentos, produtos químicos e seu mecanismo de ação e interação, e estar conscientizados sobre a utilização segura dos equipamentos de proteção individual e coletiva. Reafirme-se ainda, a importância de conhecer as normas que a Agencia Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) institui para o processo de limpeza, e, que a Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH) utiliza como fonte base para a criação das normas e rotinas institucionais. A higiene hospitalar é uma novidade enquanto disciplina profissional e acadêmica, ainda pouco explorada pelos enfermeiros, que conjuntamente com a equipe multiprofissional, traz uma nova conformação para o serviço, seguindo as normas legais existentes, preceitos técnicos e um envolvimento administrativo, econômico e epidemiológico do serviço prestado aos clientes na assistência à saúde. A liderança do enfermeiro não pode ser vista como um cargo, mas sim como uma maneira de agir e pensar que influencia os membros da equipe em busca de resultados pré- estabelecidos. (DIAS, 2006). Essa é uma demanda essencialmente técnica, que os leigos não possuem, tornando-se imperativo o esclarecimento por parte dos profissionais de ponta sobre o combate aos sítios de infecção para promover a segurança do paciente. Obviamente necessitamos de um conjunto humano coerente, que pense e divulgue amplamente, a qualidade do atendimento como caminho estratégico planejado. 3. Conclusões Considera-se que o objetivo desse trabalho foi alcançado ao conseguir analisar a importância da higiene hospitalar sob a ótica da segurança do paciente, contribuindo para a compreensão do tema, a luz da qualidade do atendimento prestado com humanização. Com esse propósito, este trabalho descreveu a necessidade de orientação técnica, treinamentos, desenvolvimento de protocolos e a qualificação dos profissionais que atuam na linha de frente. Observou-se como a segurança do paciente é considerada um avanço dentro das instituições hospitalares, principalmente por criar barreiras que diminuam a ocorrência dos eventos adversos dentro da assistência e dos processos de trabalho. Assim a Higiene Hospitalar contribui para a diminuição das infecções hospitalares à medida que seus processos de trabalho venham de encontro com a legislação vigente, e, entrem em consonância com a qualidade do atendimento. Acredita-se que a percepção da clientela revela muito mais que a aparência institucional, mas sim as oportunidades de melhoria estratégica para a quebra do elo da disseminação de infecção. A definição de um modelo de gestão para a Higiene Hospitalar, na responsabilidade de um enfermeiro, cercada de atributos e requisitos técnicos, permite que as ações interdisciplinares interfiram positivamente no resultado final da assistência ao paciente hospitalizado e aos seus familiares. Referências BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária – Anvisa. Manual de Tecnovigilância: abordagens de vigilância sanitária de produtos para a saúde comercializados no Brasil. Série A. Normas e Manuais Técnicos. Brasília: Ministério da Saúde; 2010. Disponível em: http://portal.anvisa.gov.br/wps/wcm/connect/378e9d00474587af9170d53fbc4c6735/manual_tec novigilancia.pdf?MOD=AJPERES Acesso em:25/04/2016 BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária – Anvisa. 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