Herbário do Parque Ecológico Urbano

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Exposição temporária
“ Como construir
um herbário“
Maio de 2012
Como construir um
herbário
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O que é um herbário?
O herbário é uma coleção científica, composta por amostras de plantas
secas, provenientes de diferentes ecossistemas, servindo como registo e
referência sobre a vegetação e flora de determinada região.
As informações contidas num herbário são fontes básicas para estudos
taxonómicos, florísticos, biogeográficos, fenológicos, ecológicos e fornece dados para trabalhos sobre biodiversidade, usos medicinais, entre
outros. A formação de herbários iniciou-se no século XVI em Itália, como
coleções de plantas secas e costuradas em papel. Foi Lineu (1707-1778)
que popularizou a prática corrente de montar exemplares em simples
folhas de papel e guardá-las horizontalmente.
Objetivos de um herbário
● Preservar e albergar material vegetal de referência e que esteja
ordenado de uma forma simples e indexada;
● Possibilitar a identificação rápida de exemplares colhidos através da
comparação com aqueles existentes na coleção;
● Constituir uma referência sobre os nomes corretos de cada espécie;
● Construir uma base de dados o mais completa possível sobre a diversidade vegetal de uma dada região.
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Etapas para a elaboração de um herbário
1. Colheita de espécies vegetais
Para a realização da colheita de espécies para o herbário deve-se ter em
conta os seguintes aspetos:
- Ter em atenção que as espécies a recolher devem estar frescas mas
não molhadas. Por isso, evita-se plantas velhas ou danificadas;
- Quando se colhe a planta deve-se ter em conta as dimensões do papel
onde será feita a montagem;
- As ervas (plantas herbáceas) devem ser colhidas com todos os seus elementos (raiz, caule, folhas, flores e frutos);
- Quanto às árvores e arbustos (plantas lenhosas) apenas se recolhe
ramos, flores e folhas.
No momento da colheita deve-se colocar uma etiqueta numerada em cada
exemplar colhido. Para serem transportadas sem serem danificadas, os
exemplares devem ser colocados num saco de pano ou plástico. Os dados
de cada uma das plantas devem ser registados no caderno de campo.
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2. Colocação na pasta de secagem e identificação das espécies
Para a secagem dos exemplares colhidos utiliza-se folhas de jornal ou
outro tipo de papel, desde que seja absorvente, e uma prensa criada para
o efeito .
Prensa para secagem das plantas
Os exemplares devem ser colocados entre folhas de jornal, tendo o cuidado de não deixar dobradas as folhas, flores ou frutos. Verifica-se se a
etiqueta numerada se encontra bem colocada na planta, pois será muito
importante para futuramente fazer uma correta identificação. Coloca-se
os exemplares na prensa de secagem. As folhas de jornal devem ser
substituídas diariamente, para que as plantas percam toda a humidade.
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3. Montagem das espécies secas
Depois das plantas estarem secas, colocam-se em folhas de cartolina.
Para isso, cortam-se pequenas tiras de fita adesiva e cola-se as plantas
às folhas do herbário. Preenche-se a etiqueta de identificação da espécie
com a informação registada no caderno de campo:
- nome do herbário a que fica a pertencer o material botânico;
- nº do exemplar (registado no caderno de campo e na etiqueta de numeração colocada na planta);
- nome científico;
- nome vulgar;
- local da colheita;
- hábito e ecologia da planta;
- data de colheita;
- nome do coletor.
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4. Conservação
Depois da planta montada na cartolina e colocada a respetiva etiqueta de
identificação, deve ser guardada em pastas e arrumada em, móveis apropriados, hermeticamente fechados. Estes podem ser feitos de madeira
ou metal e devem impedir a entrada de luz, poeiras e predadores, e também devem ser preservados da humidade.
O material deve ser submetido a uma desinfeção periódica para evitar a
proliferação de predadores (a desinfeção pode ser feita pelo frio, em
arcas apropriadas). Para coleções pequenas pode ser utilizada a naftalina,
não esquecendo que o seu uso em grande quantidade é prejudicial, devido
à sua toxicidade.
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O herbário do Parque
Ecológico Urbano de
Viana do Castelo
(PEUVC)
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O PEUVC localiza-se na planície de inundação do Rio Lima, que estendeu
um braço para dentro da sua margem direita, gerando um ambiente de
águas essencialmente calmas. Designado por habitat de transição, este
espaço está sob a influência das marés e dos teores de salinidade das
águas.
Neste local, ocorre a deposição de sedimentos e nutrientes (Azoto e Fósforo) transportados pela água, que se acumulam e incorporam na vegetação residente desta área. A distribuição de comunidades animais e vegetais depende da subida e descida das marés, o que torna a área de elevado interesse e sensibilidade ambiental. A vegetação ocorrente no parque
e que caracteriza cada um dos biótopos é fortemente condicionada por
dois aspetos fundamentais: a presença permanente de água (formações
hidrófilas) e a influência de águas salgadas (formações halófitas).
Com esta exposição temporária, pretende-se informar os visitantes
sobre a diversidade vegetal existente no Parque Ecológico Urbano de
Viana do Castelo.
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Algumas espécies do
herbário do PEUVC
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Juncus maritimus Lam.
Nome comum: Junco-das-esteiras; Junco-marítimo
Planta herbácea perene, dotada de rizoma e com altura entre 60 a 150
cm. Duas folhas parecidas aos caules emergindo, muito delgadas, com limbo quase cilíndrico e maciço, terminando em ponta rígida e aguçada. As
flores são verde-amareladas, em grupos de 2-5, organizadas em inflorescências frouxas. Fruto em cápsula.
Floração: Junho-Outubro, em locais húmidos da costa. Constitui a maior
parte das junqueiras halófitas.
Utilização: Até há 50 ou 60 anos, era com o junco que a maioria das
famílias mais necessitadas, tapavam os tetos das suas barracas onde
viviam e os barracões onde o gado pernoitava e protegia do frio e da chuva durante o Inverno. Era também utilizado pelas populações ribeirinhas
para fazer as camas do gado e cobrir os montes de sal. Depois de degradado na cama do gado era utilizado como fertilizante nos terrenos agrícolas. Na medicina é utilizado nas doenças de garganta, especialmente na
laringe.
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Salicornia ramosissima J. Woods.
Nome comum: Salicórnia
Planta anual - cujo nome deriva do latim tardio sal, que significa sal, e
cornus que significa corno - ereta ou procumbente, podendo atingir uma
altura de 30 cm. Estas folhas estão dispostas de maneira oposta, têm cor
verde mas, à medida que o Outono se aproxima, vão mudando para o rosa
ou vermelho, o que lhe vale em certas zonas o nome de “planta coral”.
Planta marítima comum em sapais salgados e em terrenos inundados pelas
marés.
Floração: Julho-Setembro
Utilização: A Salicórnia pode ser consumida crua ou cozinhada. Crua,
pode acompanhar saladas ou batatas. Em conserva de vinagre pode acrescentar uma nota ácida a diversos pratos. Cozida em água durante cerca
de 10 minutos pode depois ser salteada em manteiga.
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Phragmites australis
Nome comum: Caniço
Planta vivaz, própria de zonas húmidas, rizoma longo e lenhoso, de onde
saem os rebentos, e talos aéreos que podem atingir os 4 m de altura. As
folhas são de cor verde-acinzentado, muito pilosas, de até 50 x 5 cm,
arestas cortantes e distribuição alterna. A panícula surge no final dos
talos, pode chegar aos 40 cm, frequentemente violácea, com inúmeras
flores.
Floração: Julho-Outubro, em lugares húmidos e de águas pouco profundas.
Utilização: Esta planta tem sido ao longo dos tempos de uma extraordinária utilidade em todas as regiões onde cresce, ao ser utilizada na construção de camas, valas, tetos, como alimento de animais, na construção
ecológica, na compostagem, na obtenção de álcool, papel e materiais isolantes. Os seus talos e raízes facilitam a oxigenação do solo e a fixação
de metais e diversos contaminantes, pelo que desempenha um relevante
papel como purificadora.
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Na cozinha, os talos e as raízes eram utilizados antigamente como comida, em épocas de escassez de alimentos. Depois de cortados e secos,
eram tostados e moídos até se obter farinha, muito rica em açúcar. As
suas propriedades edulcorantes eram aproveitadas pelos índios da América do Norte, que dobravam os talos obrigando-os a exsudar o látex rico
em açúcar, que depois utilizavam na sua alimentação. Durante o Inverno
recolhiam-se as raízes para a obtenção de malte de caniço e de farinha
para a confeção de pão. Nos dias atuais dá-se, sobretudo, importância às
gemas que brotam das raízes. A época da recolha é no início da Primavera
ou durante o Inverno, altura em que brotam e estão, por isso, muito tenras. A partir destas, preparam-se diversos tipos de sopa, purés e saladas.
Conservadas em vinagreta podem ainda acompanhar outros pratos.
Receita:
Rebentos de Caniço
- 500 g de rebentos de caniço
- 75 g de azedas
- Pimenta branca moída
- Azeite ou manteiga aromatizada com estragão.
- Sal
Cortados em troços, leva-se os rebentos ao lume num tacho com água e
sal e deixa-se cozer até que fiquem cozidas mas firmes. Depois de escorridas, pica-se bem, junta-se-lhes as azedas cortadas em tiras finas e
tempera-se com pimenta, sal e a manteiga derretida previamente ou, se
se preferir, com um fio de azeite.
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Lythrum salicaria L.
Nome comum: Salgueirinha; Salicária
Planta vivaz, de caule ereto, podendo atingir 2 m de altura em condições
muito favoráveis. Folhas até 10 cm, lineares a lanceoladas. Flores de cor
púrpura formando uma inflorescência em forma de círio. O fruto é uma
pequena cápsula ovóide, que contém numerosas sementes.
Floração: Junho-Setembro, em charcos, margens de regatos e noutros
lugares húmidos.
Utilização: A palavra lythrum – que procede do grego lythrôn, “sangue
misturado com pó” - significa “sangue” em grego e foi dada à planta por
um médico que a usava para tratar as feridas e estancar o sangue dos
soldados no campo de batalha. Era também usada para o tratamento de
diarreia crónica. Salicaria deriva do latim salix, “salgueiro”, devido à forma das suas folhas.
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Atualmente as suas propriedades medicinais estão a ser investigadas
para o tratamento de doenças dos intestinos. É antibacteriana, usada em
gargarejos e lavagens de olhos. Nos meios rurais acreditava-se que a salgueirinha era o refúgio secreto dos duendes que guardavam as minas de
ouro. As suas folhas são utilizadas como corantes para rebuçados vermelhos. Por ser muito rica em tanino, antigamente era usada para escurecer
as peles.
Na medicina natural é utilizada para tratar a diarreia e para curar ferimentos e úlceras. As suas propriedades antidiarreicas devem-se aos taninos. Estudos efetuados na Finlândia em 2000, revelaram que a salgueirinha inibe o desenvolvimento de diversos tipos de bactérias, bem como do
fungo Candida albicans, responsável pela candidíase. A sua eficácia no
tratamento de problemas circulatórios, como as hemorroidas, é devida à
sua riqueza em polifenóis, sendo ainda utilizada no alívio de alterações
menstruais.
É considerada uma planta segura se usada nas doses prescritas:
- Diarreia: 10g de planta seca para 1litro de água. Deixe ferver durante
dez minutos e coe. Beba 2 ou 3 chávenas por dia.
É, também, uma planta melífera, atraindo uma grande diversidade de
insetos.
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Castanea sativa Mill.
Nome comum: Castanheiro
Árvore caducifólia que pode atingir os 30 m de altura. A copa é inicialmente piramidal mas vai adquirindo uma forma mais colunar e finalmente
uma copa mais ampla. As folhas dispõem-se alternadamente, de 10-25 x 5
-8 cm, oblongo-lanceoladas e serradas. O fruto é um aquénio (castanha)
em número de 2-3 por cúpula (ouriço), de cor castanha.
Prefere climas temperados, húmidos, de Inverno suave. Gosta de solos de
profundidade média. É uma espécie calcífuga, isto é, não admite a presença de caliça ativa no solo, uma vez que a sua facilidade em absorver cálcio
o leva a fazê-lo em excesso, o que o leva a produzir clorose e, consequentemente, o leva à morte.
Floração: Maio-Julho.
Maturação: Outubro-Novembro
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Utilização: É explorado pela qualidade da madeira e pelas características
dos seus frutos e tem sido um componente essencial da economia das
populações rurais. A madeira tem inúmeras aplicações em cestaria, tonéis
e mobiliário mas também na construção para soalhos, portas e revestimentos.
O fruto, a castanha, tem grande importância alimentar e económica. Possuem fécula, albuminas, dextrinas, sacarose, gordura vegetal, sais vitaminas do complexo B e outras substâncias nutritivas. São pobres em sódio e
complementam perfeitamente regimes alimentares de pessoas que padecem de hipertensão, ou doenças dos rins. Para ser bem digerida, convém
não a comer juntamente com pão, batata, arroz e outros alimentos ricos
em fécula. É compatível com fruta fresca, leite e seus derivados. A casca
é usada em certas regiões de Portugal para tratar a diarreia
Receita:
Creme de Castanhas
½ kg de açúcar
¼ l de leite
125 g de açúcar
1 vagem de baunilha
½ colher de rum
Verte-se água a ferver sobre as castanhas para descascá-las. Cozem-se
no leite açucarado e perfumado com baunilha. Passam-se pelo batedor e
junta-se-lhe o rum. Servem-se com natas batidas, salada de frutas e
outros acompanhamentos ao gosto de cada um.
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Alnus glutinosa (L.) Gaertn.
Nome comum: Amieiro
Árvore que geralmente não ultrapassa os 25m, com copa piramidal, mais
tarde arredondada, com ápice curto. Folhas caducas, de 4-10 cm de comprimento, dentadas, de forma orbicular.
Pequenos frutos (aquénios)
achatados e arredondados castanho-avermelhados. A casca é de cor cinzento-pardo. As suas raízes apresentam nodosidades em consequência da
sua associação simbiótica a uma bactéria, Frankia alni, que fixa o nitrogénio livre e facilita à árvore a síntese das proteínas. O fruto é tóxico.
Cresce ao longo das margens de rios formando galerias e ajudando à fixação da margem, desempenhando assim uma ação anti erosiva importante
Floração: Fevereiro-Abril.
Maturação: Setembro-Outubro
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Utilização: Antigamente esta madeira era utilizada para fazer tamancos
e moinhos devido à sua resistência à água. Atualmente é utilizada na
fabricação de utensílios domésticos (colheres, vasos, garfos, etc.) assim
como objetos de adorno e fósforos. As folhas jovens e viscosas (o seu
nome específico glutinosa significa “viscoso”, “pegajoso”) são usadas pelas
suas virtudes farmacológicas. Prepara-se uma infusão com duas pequenas
colheradas para uma chávena de água para tomar durante o dia. Esta
infusão alivia em casos de resfriado e febre. Para a estomatite e amigdalite, recomenda-se usar a decocção em gargarejos. A medicina popular
emprega a folhas frescas, esmagadas, em aplicação externa, para tratar
furúnculos e seios gretados. As folhas de amieiro são vulgarmente utilizadas por montanhistas, espalmadas dentro das peúgas, com a face superior em contacto com a palma dos pés, para aliviar o cansaço e evitar
escoriações. A casca é adstringente, febrífuga, antirreumática e descongestionante. Para hemorroides, feridas, chagas e úlceras, ferver 30 g de
casca de amieiro em 1 litro de água; fazer lavagens contínuas.
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Sambucus nigra L.
Nome comum: Sabugueiro; Sabugueiro-negro
Arbusto ou pequena árvore que pode atingir 10 m de altura, muito ramificado a partir da base do tronco Folhas opostas, compostas normalmente
por 5-7 folíolos. Flores pentâmeras de 5 mm de diâmetro, corola branca,
de forte fragrância, organizadas em inflorescência corimbosa de 10-24
cm de diâmetro, com 4-5 raios primários. Fruto carnudo, em forma de
baga de 4mm com 3-5 caroços, inicialmente verdes, passando a vermelho
e finalmente negros na maturação. Nesta ultima fase a infrutescência
adquire uma posição pendente.
Floração: Março-Setembro, em lugares relativamente húmidos e ricos
em matéria orgânica.
Utilização: Outrora, o sabugueiro era considerado como uma farmácia
viva. Possui propriedades diuréticas, sudoríficas, sendo, por isso,
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indicado para provocar a sudação e a diurese, como, por exemplo, constipações, gripe, reumatismo, gota, sarampo, varíola, etc. As flores contêm
óleo volátil. As bagas cotem ácido málico, ácido cítrico, açúcar, goma e
matéria corante rubra. A casca contém ácido valeriânico, ácido tânico,
goma, açúcar, sais, matéria extrativa, etc. Praticamente todos os órgãos
da planta podiam ser usados para obter preparações medicinais para os
mais diversos fins. Exs: infusão das flores (constipações febris), cozimento da segunda casca (purgante), suco das bagas (enxaquecas), etc. Os
frutos eram também utilizados para dar cor ao vinho e outras bebidas,
para fazer sumo, marmelada ou chá. Em alguns países do Norte da Europa
faz-se uma sopa de frutos que se come com maçãs assadas, bolinhas de
farinha estufadas e pão tostado. As partes verdes da planta são tóxicas.
Os frutos do sabugueiro também fazem parte da composição de um ketchup inglês tradicional chamado poulac. São ricos em glícidos, ácidos
orgânicos, glucósidos, essências, taninos, pigmentos antociânicos, flavonoides, caroteno e vitamina C (cerca de 300mg por 100g de polpa) e substâncias de acção hormonal. Comem-se somente cozidos, mas antes de usálos deve retirar-se-lhes os pedúnculos, porque têm efeitos diuréticos,
podem ter efeitos secundários inconvenientes e seu sabor e odor são
desagradáveis. Os seus efeitos são ligeiramente laxantes, antivíricos e
acalmam as nevralgias.
As flores em botão, conservadas em vinagre, perfumam as saladas. Pode
fazer-se um excelente espumante com as flores:
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Receita
Espumante de Flor de Sabugueiro
750g de açúcar refinado
475ml de água quente
2 ramos de flores de sabugueiro
2 c. de sopa de vinagre de vinho branco
Canela qb
Adiciona-se, aos 475 mL de água quente, o sumo de 1 limão, 2 tiras da sua
casca, o vinagre e as flores de sabugueiro. Deixa-se o preparado coberto
com um pano, durante 6 semanas num lugar muito fresco. Passado este
tempo, côa-se prensando os frutos para retirar-lhes todo o sumo possível. Verte-se o sumo numa caçarola, junta-se-lhe açúcar, os cravos e a
canela e põe-se ao lume mexendo sempre até que comece a ferver. Deixase ferver durante 15 minutos mexendo sempre. Ao fim deste tempo,
enche-se a garrafa preparada para o licor e fecha-se muito bem. Pode-se
consumir o licor após algumas semanas .
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Echium plantagineum L.
Nome comum: Soagem; Soagem-viperina. Chupa-mel; Língua-de-vaca.
Planta anual ou bienal, ereta, com caules de até 80 cm de altura, ramosos.
Folhas basais de 35 cm de comprimento, são ovadas a espatuladas, cobertas de pelos, sendo as folhas caulinares superiores oblongas a lanceoladas. As flores, com cálice de 7-10 mm e corola de 17-30 mm, de cor azulada ou rosada, pilosa nas margens e nervuras, aparecem organizadas
numa inflorescência paniculada.
Floração: Março-Julho
Floração: Abril-Agosto, em solos secos, terras de cultivo, beiras de
caminhos.
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Digitalis purpurea L. subsp. purpurea
Nome comum: Dedaleira
Planta de até 2 m de altura, com caule ereto e não ramificado. Folhas
basais em roseta, pecioladas, ovadas, lanceoladas, dentadas, rugosas e
cobertas de pelos glandulares e não glandulares. As folhas superiores são
sésseis. Flores pecioladas, em número que pode chegar a 80, dispostas
em inflorescência unilateral, com corola de 40-55 mm de comprimento,
de cor púrpura – raramente branca – com interior decorado com pequenas
manchas brancas levando no seu interior uma mancha vermelhaacastanhada.
Floração:Abril-Outubro - mas é possível encontrar raros pés floridos
ainda em Dezembro - em beiras de caminhos, campos abandonados, bermas de estrada, valados.
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Utilização: É altamente tóxica, utilizada em laboratório para fabricar
medicamentos usados para o tratamento de doenças cardíacas. Contém
glucósidos cardíacos extremamente venenosos. A maior concentração
encontra-se nas folhas (0,2-0,6%). Há aproximadamente 30 glucósidos
deste tipo mas os mais investigados e mais amplamente utilizados com
fins medicinais são a digitoxina, a digitoxigenina e a gitaloxigenina. A
intoxicação produz-se principalmente em pacientes tratados durante longos períodos de tempo com medicamentos à base de dedaleira, uma vez
que após um uso prolongado, os glucósidos se acumulam no organismo até
alcançarem níveis perigosos. Os sintomas de envenenamento são náuseas,
visão de manchas coloridas, batimento cardíaco irregular, dificuldade
respiratória e, em casos graves, paragem cardíaca.
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Phytolacca americana L.
Nome comum: Tintureira; Fitolaca; Erva-dos-cachos-da-Índia
Planta vivaz herbácea que pode atingir 3m de altura, por vezes lenhosa na
base. As folhas são ovado-lanceoladas, 12-25 x 5-10 cm. As flores surgem em cachos grandes, têm forma de taça, cor branca ou esverdeada.
Sucedem-lhes bagas carnosas, pretas e venenosas. As sementes são em
forma de pequena abóbora. O seu nome deriva do grego phyton (planta) e
do persa lakk (laca). É originária da América do Norte, tendo sido introduzida em meados do séc. XVII como ornamental.
Floração: Março-Outubro, em hortas, campos abandonados, bermas de
estrada.
Utilização: Só deve ser usada para fins medicinais sob a orientação de
um médico pois é tóxica. É eficaz contra infeções crónicas, fúngicas ou
sarna. Das bagas maduras obtém-se um corante vermelho-escuro usado
para tingir tecidos e escurecer vinhos. Está a ser estudada devido à sua
capacidade de inibir a doença tropical denominada bilharziose, que é
transmitida pelos caracóis-de-água.
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Gnaphalium luteo-album (L.) Hilliard & B. L. Burtt
Nome comum: Perpétua-silvestre; Perpétua-brava
Planta anual, com talos eretos que podem atingir os 40 cm de altura. As
folhas têm uma forma que vai do linear ao oblongo, cor esbranquiçada
devido ao tomento que as reveste, tanto pela parte superior como pela
inferior; as superiores são amplexicaules e lanceoladas e espatuladas as
inferiores. Glomérulos únicos ou formando inflorescência corimbosa, com
pequenos capítulos de 4-5 mm; brácteas involucrais glabras, flósculos
vermelhos no ápice. Aquénios com papilho de pelos com 2-3 mm.
Floração: Abril-Outubro
Utilização: esta planta era usada em chá para combater a rouquidão
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Lonicera periclymenum L.
Nome comum: Madressilva; Madressilva-das-boticas.
Planta trepadora, que pode atingir os 6 m, com base lenhosa. Folhas caducas, oblongas ou elípticas, opostas. Flores dispostas em grupos terminais,
corola branca e amarelo pálido, por vezes tingida de vermelho. Têm forma
de trompeta. Os frutos são bagas vermelhas quando maduros e são tóxicos.
Floração: Maio-Setembro
Utilização: Os ingleses utilizam as flores para preparar Honeysuckle
wine, ou seja, vinho de madressilva e Honeysuckle tea, isto é, chá de
madressilva. Em infusão ou cruas, têm aplicação no tratamento da asma e
como tónico cardíaco. Devido ao conteúdo de saponinas e xilostenina, as
folhas e os frutos são tóxicos e não devem ter aplicações internas. As
folhas, esmagadas, são usadas externamente para tratar alguns problemas de pele. O interior da raiz é usado como vermífugo em tratamentos
veterinários. Quanto aos frutos, há registos de envenenamentos mortais
em crianças que os ingeriram. Os sintomas são transtornos cardíacos,
diarreia e vómitos.
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Calluna vulgaris (L.)
Nome comum: Urze
Planta arbustiva, com 50 a 80 cm de altura e caule bastante ramificado.
Os ramos surgem desde a base e multiplicam-se em várias direções, formando moitas compactas. As folhas são pequenas, opostas, lineares e côncavas. Flores em cachos, cor-de-rosa, na extremidade superior da planta.
Floração: Maio-Novembro
Utilização: Diurética e adstringente, é usada para combater a gota, cálculos em todo o aparelho urinário, icterícia, cólicas, diarreias e reumatismo. Maneira de usar (infusão): 50 a 55 g de flores com os seus pedúnculos para 1 L de água. Deixa-se levantar fervura e deixar 10 minutos de
infusão. Toma-se 3 vezes ao dia, fora das refeições. Pode também ser
usada para combater o acne, herpes e reumatismo articular. Para isso,
cozem-se as flores e, com a sua água, aplicam-se massagens bem quentes
ou em compressas.
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Centro de Monitorização e Interpretação Ambiental
Viana do Castelo
Rua da Argaçosa
4900-394 Viana do Castelo
Tel: 258 809 362
Fax: 258 809 397
Correio electrónico: [email protected]
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