Red de Revistas Científicas de América Latina, el Caribe, España y Portugal Sistema de Información Científica Angélica Moises Arthur, Tamara Martins Vanini, Núbia Maria Lima, Yuzo Iano, Rangel Arthur Tratamentos fisioterapêuticos em pacientes pós-AVC: uma revisão do papel da neuroimagem no estudo da plasticidade neural Ensaios e Ciência: Ciências Biológicas, Agrárias e da Saúde, vol. 14, núm. 1, 2010, pp. 187-208, Universidade Anhanguera Brasil Disponível em: http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=26018705015 Ensaios e Ciência: Ciências Biológicas, Agrárias e da Saúde, ISSN (Versão impressa): 1415-6938 [email protected] Universidade Anhanguera Brasil Como citar este artigo Fascículo completo Mais informações do artigo Site da revista www.redalyc.org Projeto acadêmico não lucrativo, desenvolvido pela iniciativa Acesso Aberto Ensaios e Ciência Ciências Biológicas, Agrárias e da Saúde Vol. 14, Nº. 1, Ano 2010 Angélica Moises Arthur Faculdade Anhanguera de Campinas unidade 3 [email protected] Tamara Martins Vanini Faculdade Anhanguera de Campinas unidade 3 [email protected] Núbia Maria Lima Universidade Estadual de Campinas Unicamp [email protected] Yuzo Iano Universidade Estadual de Campinas Unicamp [email protected] Rangel Arthur Universidade Estadual de Campinas Unicamp [email protected] Anhanguera Educacional Ltda. Correspondência/Contato Alameda Maria Tereza, 2000 Valinhos, São Paulo CEP 13.278-181 [email protected] Coordenação Instituto de Pesquisas Aplicadas e Desenvolvimento Educacional - IPADE Revisão de Literatura TRATAMENTOS FISIOTERAPÊUTICOS EM PACIENTES PÓS-AVC: UMA REVISÃO DO PAPEL DA NEUROIMAGEM NO ESTUDO DA PLASTICIDADE NEURAL RESUMO Este artigo aborda o estudo de tratamentos fisioterapêuticos aplicados em pacientes que sofreram Acidente Vascular Cerebral (AVC) e tiveram perdas funcionais motoras e sensoriais. São descritas algumas das principais técnicas para obtenção e análise de neuroimagens que podem ser utilizadas como instrumento de avaliação de eficiência dos tratamentos. O principal procedimento fisioterapêutico apresentado aqui é o da terapia por contensão induzida (TCI) de membros superiores, onde são realizadas atividades motoras visando à recuperação da função. O uso de neuroimagem pode permitir a avaliação inicial da área da lesão e revelar a evolução da plasticidade neural do paciente durante o tratamento. Os aparelhos de ressonância magnética funcional, usados na aquisição de neuroimagens, têm sido objetos de estudo nos últimos anos e ganha destaque neste trabalho. Este artigo tem como objetivo descrever as principais técnicas fisioterapêuticas da literatura, especialmente a terapia por contensão induzida, que resultaram numa melhora funcional dos pacientes e, também, visualizar possíveis modificações nas conexões neurais através de imagens de ressonância magnética funcional. Palavras-Chave: acidente vascular cerebral, reabilitação, plasticidade neural, ressonância magnética funcional. ABSTRACT This paper aims to study physical therapy treatments applied to motor and sensory loss patients after stroke. The main is the induced contention technique (ICT) applied on activities of upper member to obtain recovery of function. The use of neuroimaging can allow initial assessment of the lesion area and can also reveal the evolution of patient neural plasticity during treatment. The functional magnetic resonance neuroimaging (fMRI) can be used in the treatment assessment and it has been objects of study in recent years. The fMRI is highlighted in this work. The analysis of changes in brain activities is performed before and after ICT. This paper aims to investigate physical therapy techniques in the literature, especially ICT, which result in a functional improvement of patients and also aims to study possible changes in neural connections by functional MRI. Keywords: stroke, recovery of function, neural plasticity, magnetic resonance imaging. 188 Tratamentos fisioterapêuticos em pacientes pós-AVC: uma revisão do papel da neuroimagem no estudo da plasticidade neural 1. INTRODUÇÃO O Acidente Vascular Cerebral (AVC) pode ser considerado como a terceira maior causa de morte no mundo (DIJKHUIZEN,2003; MACKAY; MENSAH, 2004). No Brasil, segundo (LOTUFO, 2005), o AVC é considerado a primeira maior causa de óbitos, sendo a alta mortalidade principalmente no sexo feminino. Apesar do alto índice e aumento do número de casos, a incidência e mortalidade da doença vêm diminuindo, já que é inferior ao crescimento da população (CABRAL et al., 2009). Fatores como o envelhecimento e distúrbios circulatórios, como hipertensão e alta taxa de colesterol, podem contribuir para o aumento de pessoas vítimas de seqüelas neurológicas. O AVC pode ocorrer quando há interrupção do fluxo sanguíneo devido à falta de O2 ao cérebro. A partir de 5 minutos de isquemia pode ocorrer morte neuronal no tecido nervoso, o que gera perdas das funções da região afetada. Esse tipo é denominado de AVC Isquêmico. Outro tipo de AVC é o Hemorrágico, que ocorre geralmente pela ruptura de um vaso sanguíneo com extravasamento de sangue no tecido nervoso. As principais causas desse tipo de AVC são, dentre outras, a hipertensão arterial, angiopatia amilóide e a ruptura de um aneurisma cerebral. O encéfalo é altamente vascularizado e seu metabolismo é composto por um círculo arterial rico em glicose e oxigênio, responsável pela homeostase das células nervosas. A partir do momento que essas concentrações diminuem, pode ocorrer uma hipóxia ou apóxia (diminuição ou falta de oxigênio) por causa de uma lesão instalada ou trauma. Os neurônios privados desse suprimento têm morte neuronal. Alguns desses neurônios, após a morte, liberam em seus terminais axônicos grande quantidade de glutamato, que é um neurotransmissor excitatório, e altas concentrações causam excitotoxicidade em outros neurônios (ZIPFEL et al., 2000). Devido à extensão e tamanho da lesão cerebral, as células nervosas não se regeneram (EKMAN, 2008). Porém, na fase aguda do AVC, áreas distais da oclusão das artérias afetadas podem estar com hipoperfusão, denominadas de zona de penumbra, e pode haver uma recuperação funcional da área através do tratamento de reperfusão (administração de um trombolítico até 3 horas do AVC). Após a isquemia, alterações sinápticas ocorrem para reparar o dano, com destaque à hipersensibilidade de desnervação, que gera novas formações de novos locais de receptores na membrana pós-sináptica em resposta a axônios vizinhos (OBATA et al., 2004). Outras modificações estão relacionadas a sinapses silenciosas que ficam próximas Angélica Moises Arthur, Tamara Martins Vanini, Núbia Maria Lima, Yuzo Iano, Rangel Arthur 189 aos locais de lesão e que podem contribuir para iniciar impulsos elétricos. Com isso, podese acelerar o processo de recuperação (COHEN, 2001). O AVC leva a incapacidades e disfunções motoras e sensoriais dependendo da região atingida no cérebro. As deficiências motoras geralmente se manifestam como hemiplegia ou como hemiparesia. As deficiências sensoriais mais frequentes estão relacionadas à sensibilidade, à linguagem e à percepção espacial. Buscando reverter os comprometimentos do AVC, muitos pesquisadores têm procurado explorar a capacidade do cérebro de se reorganizar e de reaprender funções. Isso é proporcionado pela chamada plasticidade neural ou neuroplasticidade. A neuroplasticidade tem sido uma das principais áreas de pesquisa em Neurologia. Funcionalmente, podem ser criados novos circuitos ou trajetos nervosos alternativos, decorrentes de brotamento massivo e sinaptogênese reativa nos axônios intactos e não lesados (RAINETEAU et.al, 2001). O neurônio tem uma capacidade de se adaptar funcionalmente frente a um estímulo. As sinapses, por sua vez, são altamente modificáveis quanto a sua eficiência (TEIXEIRA,2008). Estudos recentes têm demonstrado que o tratamento de pacientes por meio de procedimentos fisioterapêuticos podem facilitar a neuroplasticidade. Dentre os possíveis procedimentos estão as técnicas de fisioterapia clássicas (SHEPHERD,2008), que estimulam movimentos ativos e passivos nos pacientes, a eletroestimulação (ARTHUR et al.,2008), a estimulação magnética transcraniana (CONFORTO et al.,2009) e a terapia de contensão induzida (TCI) (SOUZA,2008). A TCI é realizada a partir da imobilização do membro superior não parético, que não teve comprometimento das habilidades funcionais decorrentes de uma lesão cerebral. Dessa forma, pode-se reduzir o fluxo de informações somatossensitivas e, por outro lado, incentivar o membro parético a executar funções para que ocorra o aumento do fluxo, favorecendo assim as habilidades motoras. As formas típicas de se avaliar o desempenho dos protocolos de estimulação propostos são realizados por meio de estesiômetro (LEWINSKI et al.,2009), para medida sensorial, e por meio da escala Fugl Meyer (HUY CHAN et al., 2009), para medida sensorial e motora. Em Maki (2006), é feito um estudo que revela a boa confiabilidade da escala. Algumas técnicas recentes para a análise de neuroimagem, como as apresentadas em (ROSSINI et al., 2007), têm permitido avaliar procedimentos para a recuperação de pacientes de forma não-invasiva. Uma delas é a aquisição por Ressonância Magnética 190 Tratamentos fisioterapêuticos em pacientes pós-AVC: uma revisão do papel da neuroimagem no estudo da plasticidade neural espacial, tempo pequeno de exposição e não usa radiação ionizante. A partir das imagens, pode-se avaliar o grau da lesão, indicar um tratamento específico e acompanhar a evolução do tratamento. A partir disso, este trabalho visa o estudo de tratamentos fisioterapêuticos aplicados em pacientes que sofreram AVC, especialmente a terapia por contensão induzida (TCI). Serão discutidas algumas técnicas de processamento de neuroimagens que podem ser utilizadas como ferramenta de comprovação de eficiência dos tratamentos. Na Sessão2 é apresentada uma revisão dos conceitos de vascularização e acidente vascular cerebral. Na Sessão 3 são explicados alguns procedimentos fisioterapêuticos para estimular a neuroplasticidade em pacientes vítimas de AVC, principalmente a TCI. A Sessão 4 apresenta, os principais resultados encontrados na literatura para a TCI. O trabalho é finalizado com as discussões e conclusões mais relevantes. 2. ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL O Sistema Nervoso necessita de um suprimento elevado de glicose e O2 para seu metabolismo. Quem proporciona isso é a vascularização encefálica, que é composta pelo sistema vértebro-basilar mostrado na Figura 1. Fonte: http://www.wgate.com.br/conteudo/medicinaesaude/fisioterapia/traumato/vertebrobasilar/images/image002.jpg. Figura 1. Artérias do sistema vértebro-basilar. A circulação anterior possui a carótida interna com ramos calibrosos que se divide em artéria cerebral anterior, artéria cerebral média, comunicante posterior e Angélica Moises Arthur, Tamara Martins Vanini, Núbia Maria Lima, Yuzo Iano, Rangel Arthur 191 também ramos distais. Na circulação posterior, as artérias vertebrais D e E se unem formando a artéria basilar, que dá origem às artérias cerebelar anterior superior, artéria cerebelar anterior inferior e artéria cerebral posterior. No encéfalo, as artérias da base constituem um círculo arterial denominado de Polígono de Willis (Figura 1), formado pelas porções das artérias cerebrais anterior, média e posterior, e pelas artérias comunicante anterior e posterior. Os ramos corticais das artérias anastomosam, porém, quando há uma obstrução, a circulação fica comprometida levando a lesões. O território cortical irrigado pelas artérias cerebral anterior, média e posterior pode sofrer alterações motoras e sensitivas decorrentes de algumas patologias, como o AVC, que afetam essas regiões. Na região da artéria cerebral anterior localizada na região superior dos giros pré e pós-central, após uma obstrução, ocorrem alguns sintomas como paralisia e diminuição da sensibilidade do lado inferior oposto da face. A artéria cerebral média percorre o sulco lateral e seus ramos vascularizam a região maior superior e lateral de cada hemisfério. Assim, quando ocorre uma obstrução nessa artéria, podem acontecer déficits motores e sensitivos, distúrbios de linguagem, paralisia e diminuição de sensibilidade dos membros. Os ramos da artéria cerebral posterior estão localizados na porção inferior do lobo temporal e região do lobo occipital. Assim, se houver comprometimento nessa região causa cegueira do campo visual. (MACHADO, 2006). O Acidente Vascular Cerebral (AVC) pode acontecer do tipo isquêmico ou hemorrágico. O AVC isquêmico (AVCi) é a interrupção do fluxo sanguíneo em uma região encefálica, sendo causado por trombos, placas de ateroma que ficam na parede do vaso sanguíneo. No momento que o trombo se desloca e segue pela corrente sanguínea, ele pode chegar a uma das artérias cerebrais causando obstrução. O AVC hemorrágico (AVCh), por outro lado, é o extravazamento de sangue no tecido nervoso, podendo ser causado por hipertensão, traumas e aneurisma. Um dos comprometimentos causados pelo AVCi é a hemiparesia contralateral a lesão, ou seja, a maioria das informações se cruzam na decusassão das pirâmides na região do bulbo no tronco encefálico. Assim, quando ocorre uma lesão à direita no hemisfério encefálico, os déficits motores ou sensitivos acometem o lado contralateral. A hemiparesia é uma perda parcial de força, ou seja, diminuição do tônus ou hipotonia no estágio inicial do AVC. Porém, com o passar do tempo, o paciente começa a fazer desuso do membro comprometido podendo desenvolver um padrão flexor com aumento do tônus muscular ou hipertonia, realizando compensações com o membro superior não parético e, assim, dificultando a função motora. (TEIXEIRA et al., 2008). 192 Tratamentos fisioterapêuticos em pacientes pós-AVC: uma revisão do papel da neuroimagem no estudo da plasticidade neural O comprometimento do hemisfério dominante causa distúrbios da linguagem e ordem temporal, insuficiências comportamentais e intelectuais, distraimento extremo, insuficiências seqüenciais e apraxia motora. No hemisfério não dominante causa negligência, dificuldades visuo-espaciais, distúrbios de imagem e esquema corporal e deficiência de habilidades para autocorreção (EKMAN, 2008; UMPHERED, 2004; DINIZ, 2005). 3. TRATAMENTOS FISIOTERAPÊUTICOS PARA A NEUROPLASTICIDADE EM PACIENTES PÓS-AVC Pesquisas recentes têm apresentado muitos procedimentos de fisioterapia que podem facilitar a neuroplasticidade. Entre os possíveis procedimentos estão as técnicas de fisioterapia convencionais (TEIXEIRA, 2008), que estimulam movimentos ativos e passivos nos pacientes, a eletroestimulação (ARTHUR et al., 2008) e estimulação magnética transcraniana (CONFORTO; FERREIRA, 2009) e terapia de contensão induzida (TCI) (SOUZA, 2008; BUENO et al., 2008). Este capítulo descreve as técnicas citadas com ênfase na TCI. 3.1. Técnicas convencionais As técnicas convencionais da Fisioterapia Neurológica têm como objetivo promover estímulos sensoriais para a recuperação dos movimentos funcionais de pacientes que sofreram seqüelas decorrentes de AVC. Os recursos aplicados nos membros afetados têm a finalidade de estimular novas conexões com o SNC e, assim, contribuir para a plasticidade neural. Abordagem Sensório-Motora A abordagem sensório-motora é uma técnica que utiliza estímulos principalmente nos receptores cutâneos. Entre as técnicas podem ser destacadas a crioterapia e a modulação de tônus, que pode ser feita usando mobilização passiva e a ativação do órgão tendinoso Golgi (OTG) (SHEPHERD et al., 2008). Quando ocorre a lesão cerebral ocorre diminuição das informações descendentes do neurônio motor e também há diminuição das unidades motoras para o recrutamento. Por isso, a fraqueza muscular acontece e o não uso do membro parético, consequentemente, leva a hipertonia. Angélica Moises Arthur, Tamara Martins Vanini, Núbia Maria Lima, Yuzo Iano, Rangel Arthur 193 Segundo (SHEPHERD et al., 2006), um dos métodos para o tratamento da hipertonia seria a normalização do tônus muscular, por meio da inibição da espasticidade. É sugerido, no mesmo trabalho, que o treinamento repetitivo é uma forma de intervenção capaz de recuperar a força muscular e favorecer no desempenho funcional. Um exemplo é o paciente levantar-se de um assento mais elevado para um menos elevado, onde não requer muito esforço. Isso, quando feito com repetições, pode proporcionar ganhos de resistência e melhora na organização dos movimentos. Pode-se também sugerir movimentos com membros superiores e expressões faciais, objetos de encaixe e com texturas e também treino das atividades de vida diária como abrir torneira, pegar copo e levar até a boca, pentear cabelo. A partir disso, essas técnicas podem ser aplicadas em conjunto com as funções cognitivas, induzindo a reaprendizagem das funções (ANNUNCIATO et al., 2001; ORSINI et al., 2008). Facilitação Neuromuscular Proprioceptivo (KABAT) A facilitação neuromuscular proprioceptiva foi proposta pelo pesquisador- neurofisiologista Herman Kabat, em 1951. Essa técnica é baseada movimentos de sinergia dos membros em flexão e extensão para o equilíbrio dos músculos agonistas e antagonistas. Inclui também estímulos de percepção com o objetivo de recuperar a amplitude de movimento e fortalecimento do membro afetado e também da coordenação para a execução dos treinos funcionais. Utilizar os estímulos visuais e comandos verbais podem ser úteis para conseguir o feedback do paciente durante a terapia (LINN et al., 1999; ADLER et al., 1999; PEREIRA et al., 2000). Tratamento de Neurodesenvolvimento usando Bobath O Bobath é uma técnica proposta pela pesquisadora Bertha Bobath, que utiliza uma bola terapêutica para o tratamento de neurodesenvolvimento (BOBATH,1990). Para isso, são usados procedimentos que visam desenvolver padrões apropriados do tônus muscular e da postura. Os movimentos são voltados para estabilizar, equilibrar e realizar descarga de peso em membros inferiores no solo. Trabalha-se também a dissociação pélvica combinada com movimentos de alcance dos membros superiores e inclinação do tronco para recuperar o controle motor. 194 Tratamentos fisioterapêuticos em pacientes pós-AVC: uma revisão do papel da neuroimagem no estudo da plasticidade neural 3.2. Eletroestimulação O sistema sensorial humano é composto por receptores, responsáveis pelo tato, vibração, pressão, temperatura e dor, que, ao se depararem com algum estímulo, enviam informações através das fibras aferentes (sensitivas) até a medula. Assim, segue através das sinapses com os interneurônios até o córtex cerebral. Então ocorrem conexões com a área motora e também com informações do cerebelo para a execução da motricidade voluntária (MACHADO, 2006). Alguns estudos, entre eles (REZENDE; GREENE, 2008; SERENA et al., 2008; SQUECCO, 2008) mostram que a estimulação elétrica pode ser utilizada como recurso na recuperação sensorial através da plasticidade neural e, assim, proporciona uma melhora nas atividades motoras. Em (ARTHUR et al., 2008), foi realizado um estudo com pacientes que tiveram AVC e se encontravam no estado crônico. Os pacientes apresentavam hipoestesia no membro parético nas regiões dos dermátomos C5, C6, e T1, e foram avaliados com o aparelho estesiômetro para testar o grau de hipoestesia. O tratamento, realizado na região do dermátomo C6, durou 6 meses, sendo 2 sessões semanais com duração de 20 minutos. O aparelho aplicado foi o de Estimulação Elétrica Nervosa Transcutânea (TENS), com freqüência de 200 Hz, largura de pulso de 100μs e modulação de variação na intensidade e freqüência (VIF), com a finalidade de não acomodar o estímulo. Através de novos testes com estesiômetro, constatou-se um aumento de sensibilidade de 34% nos pacientes após o tratamento. 3.3. Estimulação Magnética Transcraniana A técnica de estimulação magnética transcraniana (EMT) é um método neurofisiológico indolor e não invasivo capaz de alterar a atividade de neurônios cerebrais. Um pesquisador chamado Barker, juntamente com outros autores, em 1985, conseguiu executar com sucesso a EMT da área cerebral relacionada ao movimento, o córtex motor, em humanos. Alguns trabalhos têm sido publicados ultimamente usando a EMT, buscando soluções tanto para seqüelas neurológicas como em transtornos psiquiátricos (CONFORTO; FERREIRA, 2009; ROSSINI, 2007). O princípio de funcionamento é a criação de um campo magnético induzido por uma corrente elétrica percorrendo uma bobina. Os fios da bobina ficam isolados eletricamente, permitindo apoiar o estimulador sobre a cabeça do paciente e, assim, Angélica Moises Arthur, Tamara Martins Vanini, Núbia Maria Lima, Yuzo Iano, Rangel Arthur 195 aplicar o sinal em uma região próxima ao cérebro. A Figura 2 mostra o posicionamento do estimulador em uma sessão de EMT. Ao se ligar o estimulador, um pulso de corrente elétrica de curta duração e alta intensidade (milhares de ampères) percorre a bobina, induzindo um campo elétrico. A mudança rápida no campo elétrico promove a indução de um campo magnético e a mudança rápida no campo magnético, por sua vez, faz com que seja induzido um segundo campo elétrico dentro do cérebro, que pode aumentar ou diminuir a atividade normal de neurônios próximos. Como o crânio e o couro cabeludo apresentam alta resistência elétrica, a corrente que flui nessas estruturas é mínima, contribuindo para que o desconforto durante a estimulação seja muito pequeno, ou nulo. A EMT tem sido usada em pacientes vítimas de AVC para se entender o que acontece no cérebro de indivíduos que se recuperam e o que acontece naqueles que não se recuperam. A compreensão dos mecanismos de reorganização pode fornecer informações importantes para o desenvolvimento de formas mais eficazes de reabilitação após o AVC (CONFORTO; FERREIRA, 2009). Fonte: http://sadato.hypermart.net/weblog/images/tms2.jpg. Figura 2. Aplicação da EMT em paciente. Vários artigos têm proposto a EMT para o tratamento de pacientes pós-AVE, entre eles (CONFORTO; FERREIRA, 2009). Quando os pulsos magnéticos são administrados de forma rítmica (EMT-r), por vários minutos, pode haver uma mudança no funcionamento da área do cérebro estimulada, habitualmente de forma temporária. A idéia é que se use a EMT-r para aumentar a função de áreas do cérebro que não tiverem sido afetadas, para que elas tentem compensar as funções das áreas lesadas de forma irreversível. Quando são empregadas freqüências de EMT maiores que 1Hz, a EMT-r é denominada de alta freqüência, ou “rápida” e quando freqüências menores ou iguais a 1Hz são utilizadas, EMT-r de baixa freqüência, ou “lenta”. Em geral, EMT-r de baixa 196 Tratamentos fisioterapêuticos em pacientes pós-AVC: uma revisão do papel da neuroimagem no estudo da plasticidade neural freqüência promove diminuição temporária de excitabilidade do córtex motor (área responsável por movimentos do corpo), enquanto o efeito oposto é obtido com EMT-r de alta freqüência. 3.4. Técnica de Contensão Induzida Estudos mostram que a recuperação das funções após o AVC pode acontecer devido ao treinamento repetitivo de uma atividade, e também devido à fatores ambientais. A terapia de contensão induzida (TCI) atualmente vem sendo utilizada em pacientes para contribuir na melhora funcional. Essa técnica é restrita a uma população de pacientes pós-AVC, pois seus critérios de inclusão devem ser bem definidos para o sucesso do tratamento. A TCI consiste em um aparelho denominado splint de punho e dedos (Figura 3) que é colocado no membro superior não afetado. O objetivo é que o paciente realize as atividades de vida diária com o membro comprometido (SOUZA, 2008). Segundo Bueno et al. (2008), essa terapia de contensão induzida do movimento causa imobilização do membro não parético reduzindo o fluxo de informação somatossensitivos, e por outro lado incentiva o membro parético a executar funções para que ocorra o aumento do fluxo e assim favorecer as habilidades motoras. No próximo capítulo serão detalhados alguns procedimentos encontrados na literatura com essa técnica juntamente com os resultados e discussões relevantes. Fonte: Souza (2008). Figura 3. Imagem do splint de posicionamento, ajustado ao punho, mão e dedos, usado para contenção do membro não-comprometido. 4. RESULTADOS DA LITERATURA SOBRE TCI São descritos nesta sessão os protocolos propostos em diversos artigos da literatura que utilizam a terapia de contensão induzida (TCI). Em alguns casos, são mostradas as Angélica Moises Arthur, Tamara Martins Vanini, Núbia Maria Lima, Yuzo Iano, Rangel Arthur 197 imagens obtidas antes e após o tratamento. Junto a apresentação dos resultados é feita uma breve discussão. No primeiro artigo estudado, Hamzei (2006) define que a TCI consiste na diminuição do uso do membro superior sem o comprometimento e o movimento do membro afetado nas atividades motoras. Nesse trabalho, foi utilizado um dispositivo no formato de luva, aplicado em seis pacientes (uma mulher e cinco homens), com faixa etária de 70,3 anos hemiparéticos há pelo menos 1,5 ano. O tratamento foi realizado por 6 horas diárias e por 10 dias úteis com acompanhamento do terapeuta. Após o tratamento com a TCI, os pacientes passaram por exames BOLD com o aparelho de Ressonância Magnética Funcional sensitiva e medidas de facilitação intracortical (ICF) com aparelho de estimulação magnética transcraniana e os resultados podem ser divididos em dois grupos. Em um primeiro grupo, composto por 3 pacientes que apresentavam a área da mão na área motora primária e suas fibras motoras descendentes intactas, e potencial motor evocado normal na mão afetada. A ativação diminuiu no córtex sensório-motor primário lesionado, com aumento da excitabilidade intracortical. Esse padrão reflete um aumento na eficiência sináptica que não era possível nos pacientes com projeções danificadas da área motora primária, como mostrado na Figura 4. No outro grupo, três pacientes com a área motora primária e região piramidal descendente lesada, a ativação no córtex sensório motor primário lesionado aumentou após a TCI. Por outro lado, a excitabilidade intracortical diminuiu, o que pode ser observado na Figura 5. Foi observado também que a função motora da mão melhorou em todos os casos. 198 Tratamentos fisioterapêuticos em pacientes pós-AVC: uma revisão do papel da neuroimagem no estudo da plasticidade neural Figura 4. Ressonância magnética funcional dos pacientes 1,2 e 3, antes e após o tratamento com a TCI; cortes transversais das imagens do paciente 3 e gráficos da intensidade do sinal BOLD e nível de excitabilidade intracortical, extraído de Hamzei (2006). Em outro trabalho, Szaflarski et al. (2006) aplicaram a TCI em 3 pacientes, com faixa etária média de 60,5 anos e que apresentavam AVC há pelo menos um ano. O treinamento teve duração de 10 semanas, sendo 3 dias por semana por 30 minutos com atividades funcionais diárias. Os pacientes foram orientados a utilizar o dispositivo no membro sem comprometimento por 5 horas diárias durante 5 dias da semana. Angélica Moises Arthur, Tamara Martins Vanini, Núbia Maria Lima, Yuzo Iano, Rangel Arthur 199 Figura 5. Ressonância magnética funcional dos pacientes 4,5 e 6, antes e após o tratamento com a TCI; cortes transversais das imagens do paciente 5 e gráficos da intensidade do sinal BOLD e nível de excitabilidade intracortical, extraído de Hamzei (2006). Dois pacientes tiveram modificações no hemisfério contralateral na região pré e pós-central, e frontal médio e inferior, como mostrado na Figura 6. No caso do paciente 1, observa-se que, antes do tratamento, as áreas de ativação estavam concentradas nos giro pré e pós central e no giro pré-central direito. Após o tratamento observa-se a alteração ocorrida nas áreas das estruturas cortical e sub-cortical do hemisférico direito. A distribuição do BOLD no paciente 2 se altera do giro frontal inferior esquerdo para o giro frontal médio esquerdo. Já para o paciente 3, não se observa uma mudança substancial. 200 Tratamentos fisioterapêuticos em pacientes pós-AVC: uma revisão do papel da neuroimagem no estudo da plasticidade neural Figura 6. Mapas de ativação da fMRI antes e após o tratamento com a TCI, respectivamente: imagens do Paciente1 (a) e (b), imagens do Paciente2 (c) e (d) e imagens do Paciente3 (e) e (f), extraído de Szaflarski et al. (2006). Carvalho (2006) avaliou 27 pacientes, sendo que 14 foram selecionados para a pesquisa, com 6 do sexo feminino e faixa etária de 49,5 anos e 8 do sexo masculino, com faixa etária de 63,6 anos e que tiveram AVE e com hemiparesia. A avaliação foi realizada com as seguintes escalas: Fugl-Meyer, Action Research Arm test (ARAT), Índice de Bartel e National Institute of Health Stroke Scale (NIHSS). O paciente foi orientado a realizar movimentos com a mão parética e a mão sem comprometimento, alternando-as por 25 segundos e com a mesma quantidade de repouso. Durante o movimento foi utilizado o aparelho de Ressonância Magnética Funcional para capturar as imagens. As figuras 7 e 8 mostram os padrões de ativação do Paciente1 obtidos pelo movimento da mão afetada. Esse paciente sofreu o AVCi cortical, envolvendo o território da ACM direita com comprometimento dos ramos posteriores (angular, central e précentral). Angélica Moises Arthur, Tamara Martins Vanini, Núbia Maria Lima, Yuzo Iano, Rangel Arthur 201 Figura 7. Padrões de ativação durante movimentos da mão parética do Paciente1, extraído de Carvalho (2006). Figura 8. Resultados da fMRI pela movimentação da mão parética do Paciente1, extraído de Carvalho (2006). As figuras demonstram ativações no M1, AMS ipsilaterais (Figura 7), ativação no CPM ipsilateral e pequena ativação na periferia da lesão, que podem ser vistas na Figura 8. Durante os movimentos com a mão direita, as áreas cerebrais ativadas incluíram: M1, AMS contralaterais e borda de lesão. Richards et al. (2008), realizaram um estudo com dois grupos de pacientes com paresia e aplicou-se a técnica da TCI, sendo que um grupo foi realizado o tratamento por 6 horas diárias e supervisionado pelo terapeuta e, o outro grupo utilizou a técnica por 1 hora diária com o terapeuta e 5 horas em domicílio. Ambos os grupos apresentaram recuperação das habilidades motoras. 202 Tratamentos fisioterapêuticos em pacientes pós-AVC: uma revisão do papel da neuroimagem no estudo da plasticidade neural Em Yen et al. (2005), foi realizado o estudo em 13 pacientes com a TCI modificada, executando as funções com o membro parético de levantar caneta e empilhar objetos. Após o tratamento houve melhora das funções durante as atividades de vida diária. Suwanwela et al. (2004) aplicaram, após o tratamento com a TCI, o teste ARA (Action Research Arm) que avalia a função do membro superior. Concluiu-se que houve melhora na força da mão, nos movimentos de pinça e coordenação motora. Segundo Liepert et al. (2000) e Diniz et al. (2003), a TCI contribui para a neuroplasticidade visando a formação de novas conexões sinápticas, através dos brotamentos neuronais, e também do recrutamento de outros neurônios ao redor da lesão. Assim, com a estimulação sensório-motora é possível ocorrer às modificações neuroplásticas para a eficácia das funções. Em Bueno et al. (2008), foram selecionados 8 pacientes com hemiparesia. A primeira avaliação foi realizada quinze dias antes do tratamento, a segunda no início, a terceira no último dia e a quarta após o tratamento. As escalas utilizadas para a avaliação foram o protocolo de desempenho físico de Fugl-Meyer (FM) para identificar o comprometimento motor, a escala de medida de independência funcional (MIF), e a escala para habilidade motora do membro superior (THMMS). A técnica executada foi a TCI modificada, com a utilização de uma órtese de três pontos para que houvesse restrição do punho, mão e dedos do membro sadio. O tratamento foi de 8 sessões com duração de 60 minutos e duas vezes na semana. As orientações no domicílio foi usar a órtese por 5 horas diárias no período de 4 semanas. Por meio dos dados analisados nos resultados da escala FM observou-se um aumento da recuperação motora após o início da terapia. Esta recuperação motora pós-terapia também foi observada na THMMS sugerindo que estes pacientes nunca, ou apenas ocasionalmente, usavam seus membros superiores mais afetados em atividades diárias. Souza (2008) utilizou a técnica de contensão induzida em 10 pacientes, sendo 7 homens e 3 mulheres com a faixa etária de 38 à 60 anos que tiveram AVC há mais de 6 meses. Os pacientes foram avaliados antes do tratamento pelas escalas Fugl-Meyer e MIF. O tratamento proposto foi à utilização de um splint para a restrição do punho, mão e dedos do membro não parético. O treino teve duração de 5 horas diárias, por dois períodos de 15 dias e intervalo de 30 dias. Como resultado foi observado que a TCI proporcionou melhora funcional do membro superior parético. Os ganhos funcionais puderam ser observados também no membro inferior parético, apesar da imobilização ter Angélica Moises Arthur, Tamara Martins Vanini, Núbia Maria Lima, Yuzo Iano, Rangel Arthur 203 sido realizada no membro superior. Foi constatado que a independência funcional se mantém depois de um mês apos a retirada do splint. Dettmers et al. (2005) realizaram a TCI modificada com 11 pacientes pós AVC, sendo que o treino funcional com o membro afetado foi de 3 horas por dia, durante 20 dias. A restrição do membro não comprometido foi de 9 horas diárias. A TCI, nesse caso, demonstrou ser eficaz para a melhora funcional nas atividades de vida diária. Em outro estudo de caso, Sun et al. (2006), aplicaram a técnica TCI por 4 semanas associada com a aplicação de Botox tipo A no membro superior, e a duração do treinamento doméstico foi de 5 meses. Segundo Sun et al. (2006), devido a toxina botulínica houve diminuição do tônus muscular e um aumento das funções executadas com o membro parético após treino com a TCI. 4.1. Aspectos Negativos da TCI Alguns autores questionam sobre fatores positivos e negativos que podem interferir no tratamento com a TCI. Yen et al. (2005) comentam que alguns pacientes manifestam insegurança e medo no treino com o dispositivo de restrição, pois relatam que as atividades diárias quando utilizada com a mão parética, precisa do auxílio da mão sã. Em Souza et al. (2007) é colocado que a TCI pode desenvolver um quadro de ansiedade e frustração em pacientes que referem grau de dificuldades durante a realização das atividades. Boylstein et al. (2005) e Annunciato et al. (2001) argumentam que os estímulos aplicados pelo terapeuta durante a TCI são fundamentais para a recuperação. Através da motivação e da aplicação seqüências de repetição adequadas aos limites do paciente, pode-se obter a melhora funcional. Por fim, deve-se ponderar a relação custo-benefício da TCI em pacientes com baixo funcionamento motor, uma vez que é um tratamento caro e que tende a apresentar pouco resultado em pacientes com hemiparesia importante. 5. DISCUSSÃO DE RESULTADOS DA TCI A partir dos vários resultados encontrados na literatura pode-se observar que, na grande maioria dos casos, a terapia de contensão induzida (TCI) repercute em excelentes ganhos na atividade cerebral dos vários pacientes analisados. 204 Tratamentos fisioterapêuticos em pacientes pós-AVC: uma revisão do papel da neuroimagem no estudo da plasticidade neural As análises tanto através de neuroimagens como através de escalas neurológicas têm se revelado eficientes e podem, inclusive, serem trabalhadas de forma complementar. Em particular, as imagens de ressonância magnética funcional, com o auxílio de mapas de cores, permitem descobrir os pontos exatos de aumento de ativação cerebral, o que facilita em muito a análise de regiões de interesse. Em relação aos aspectos negativos da TCI, a maioria dos autores afirmou que a motivação aos pacientes e o uso seqüências de repetição com períodos adequados amenizam as possíveis dificuldades que os pacientes possam ter. Este artigo não envolve um estudo de metanálise e, portanto, as conclusões deste trabalho são observações restritas a uma amostra da literatura. 6. CONSIDERAÇÕES FINAIS Este artigo visou o estudo de técnicas para a recuperação de pacientes pós-AVC, buscando a neuroplasticidade. Em especial, foi tratada a técnica de contensão induzida, cujos resultados são benéficos em relação às atividades funcionais. A visualização da reestruturação cortical pode ser realizada através de imagens da Ressonância Magnética Funcional. O AVC tem sido um problema de saúde mundial e o elevado número de pessoas com comprometimentos sensório-motor tem sido motivo para a busca de soluções voltadas à recuperação. O estudo sobre a neuroplasticidade mostrou quais os possíveis efeitos de estímulos à pacientes e a formação de novos brotamentos pode ser verificada através de testes sensoriais e motores e também pelas imagens de ressonância magnética funcional. O estudo da Neuroimagem é uma área rica e que permite a detecção de novas áreas de ativação, geradas a partir dos protocolos propostos. Além disso, o uso da ferramenta de mapas de cores facilita a diferenciação dos níveis de intensidade dos sinais de BOLD. As técnicas recentes de obtenção e, também de análise, tem evoluído a cada dia, e esta se revela uma excelente área de pesquisa. Foram descritos neste artigo os protocolos de técnicas convencionais de fisioterapia, eletroestimulação, estimulação magnética transcraniana, mobilização neural e a terapia de contensão induzida (TCI). Entre as várias técnicas fisioterápicas apresentadas neste trabalho, a técnica que usa a TCI é destacada. A TCI é ferramenta muito importante para restabelecer as atividades motoras de pacientes que sofreram AVC. Além disso, Angélica Moises Arthur, Tamara Martins Vanini, Núbia Maria Lima, Yuzo Iano, Rangel Arthur 205 outras técnicas podem ser combinadas com ela a fim de se modificar o protocolo de tratamento na busca de uma recuperação mais eficaz. Uma possível extensão do trabalho é um estudo dos efeitos químicos gerados no cérebro pelos específicos tipos de estimulações que visam a neuroplasticidade. Além disso, o estudo de técnicas de processamento de imagens para o refinamento de segmentação de regiões cerebrais de interesse é muito importante e parece ser uma continuidade natural deste trabalho. AGRADECIMENTOS Os autores gostariam de agradecer à CAPES, CNPq, FAEPEX e Fapesp pelo apoio financeiro. REFERÊNCIAS ADLER, S.S.; BECKERS, D.; BUCK, M. PNF, método Kabat: facilitação neuromuscular proprioceptiva: um guia ilustrado, São Paulo: Manole, 1999. 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Mestre em Ciências Médicas pela Unicamp. 208 Tratamentos fisioterapêuticos em pacientes pós-AVC: uma revisão do papel da neuroimagem no estudo da plasticidade neural Yuzo Iano Graduou-se em Engenharia Elétrica obteve o título de doutor na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), onde atua como docente desde 1973. Pesquisador Rangel Arthur Graduou-se em Engenharia Elétrica obteve o título de doutor na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), onde atua como docente desde 2005.