Análise da obra ¨A tragédia de Macbeth” (450987)

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TRABALHO DE LITERATURA INGLESA
Análise da obra ¨A tragédia de Macbeth”
INTRODUÇÃO
Título: A tragédia de Macbeth.
Autor: William Shakespeare.
Gênero: Tragédia.
Data da primeira publicação: 1623.
É a única peça de Shakespeare aparentemente relacionada à situação
histórica da Inglaterra do século XVI. A história que Shakespeare narra é
parcialmente real. O poeta imaginou os diálogos e as situações, mas os
acontecimentos descritos sucederam-se na realidade.
A peça Macbeth demonstra que Shakespeare estava atento à sua época
e que era um investigador minucioso que nada deixava ao acaso,
abrilhantando o seu texto com lendas, superstições e folclore popular.
William Shakespeare utilizava-se da imagem caótica da sociedade,
massacrada por um sistema dominador, para produzir seus dramas fascinantes
e capazes de fazer o espectador buscar o entendimento de si mesmo, como
personagem de um momento histórico que ainda não permitia ao homem
descobrir-se inteiramente enquanto parte de uma sociedade em movimento.
Tema
A destruição causada quando a ambição não for controlada pelas
restrições morais.
Sugestão
O problema sugerido pela peça se dá quando alguém decide usar a
violência em busca do poder, tornando-se difícil parar.
Enredo
Duncan, rei da Escócia, era conhecido como o Bom e tinha como seu
parente próximo um bravo guerreiro chamado Macbeth, general escocês, o
qual era muito querido por toda a corte.
Macbeth acabara de lutar contra um exército inimigo e voltou vitorioso
desta batalha. Assim que venceu esse exército rebelde, Macbeth teve, durante
seu retorno, que atravessar uma estranha região florestal na companhia de seu
amigo Banquo que também era um general do rei Duncan.
Os dois, Macbeth e Banquo, durante a viagem de volta, viram surgir
nesta floresta três feiticeiras que costumavam aparecer naquela região para
praticar adivinhações.
As duas primeiras feiticeiras profetizaram que Macbeth ocuparia o título
de General de Cawdor e que depois seria coroado Rei da Escócia. Logo após
isso, as três feiticeiras profetizam que os filhos de Banquo serão reis da
Escócia, e dizendo essas coisas elas desaparecem.
Após este momento, aparecem mensageiros do rei trazendo a notícia
que Macbeth passara a ser Barão de Cawdor, concretizando o que as
feiticeiras tinham profetizado.
Macbeth estava feliz, pois se as profecias estivessem corretas, ele
assumiria o trono num futuro próximo, mas o fato de as feiticeiras dizerem que
os filhos de Banquo seriam os reis da Escócia o preocupava muito.
Lady Macbeth, esposa de Macbeth, era uma mulher muito ambiciosa e,
ao saber das profecias, e da preocupação do marido, começa a planejar a
morte do rei Duncan para acelerar o processo de ocupação do trono por seu
marido.
Certa noite, o rei e seus filhos decidem visitar a casa de Macbeth. Lady
Macbeth, aproveitando-se da situação trama a morte dele, mas não consegue
concluir o assassinato. Mesmo hesitando em tomar parte deste plano, Macbeth
acaba por assassinar o rei com um punhal enquanto este dormia.Os filhos do
rei, Malcolm e Donalbain fogem para reinos vizinhos com medo de serem
mortos.
Após a morte do rei, Macbeth assume o trono e vive momentos de
glória, mas o fato das feiticeiras dizerem que os filhos de Banquo seriam os reis
da Escócia, ainda o preocupava. Sendo assim, Macbeth planeja o assassinato
de Banquo e de Fleance, filho deste, mas Flence acaba escapando após a
morte de seu pai, o qual em forma de fantasma passou a assombrar Macbeth.
Lady Macbeth também passa a ter delírios e acaba por revelar ao seu
médico e sua camareira a verdadeira culpa pelos assassinatos. Posteriormente
ela acaba cometendo suicídio.
Atormentado, Macbeth procura novamente as feiticeiras que, através
dos espíritos, lhe profetizaram sobre a intenção de Macduff tomar o seu trono e
também a linhagem de Banquo. Elas o revelaram que ele só poderia ser
derrotado se um “bosque chegasse ao castelo”, e que ele não precisaria
preocupar-se, pois “nenhum homem nascido de mulher” poderia matá-lo,
porém avisa-o para tomar cuidado com Macduff, o nobre que fugiu com
Malcom, filho do Rei.
Enquanto isso, Malcolm e Macduff se encontram na Inglaterra e pedem
ajuda ao rei para depor Macbeth, para isso contam com Siward e mais dez mil
homens, emprestados pelo rei da Inglaterra.
Furioso, Macbeth vai até o castelo de Macduff e assassina a mulher e os
filhos deste. Macduff é procurado por mensageiros que contam a ele a tragédia
com sua família, Macduff decide voltar para a Escócia e lutar contra Macbeth.
Com a ajuda do exército inglês, os soldados se camuflaram, seguraram
troncos e ramos de árvores e isso, sendo visto de longe, parecia um bosque ou
uma montanha em movimento, cumprindo-se então a primeira parte da
segunda profecia das feiticeiras.
Começa então a guerra entre os exércitos e o duelo entre Macbeth e
Macduff. Durante a luta, Macbeth diz ao oponente que está seguro porque
nenhum homem nascido de mulher poderia matá-lo, mas Macduff revela a ele
que não nasceu, e sim, foi tirado prematuramente do ventre da mãe por
cesariana, cumprindo-se então a segunda parte da segunda profecia das
feiticeiras.
Depois de duro combate, a cabeça de Macbeth é cortada por Macduff
que a entrega para Malcom como presente. Este sobe ao trono de Duncan e é
muito bem vindo pelos nobres e pelo povo.
Personagens
Macbeth, general do exército do rei Duncan, é o personagem
protagonista desta narrativa. É um bravo nobre escocês que, incitado por sua
esposa Lady Macbeth, assassina o rei Duncan e toma seu trono. Seu reinado,
porém, é marcado pela desconfiança e pelo medo.
Inicialmente, Macbeth foi um guerreiro fiel em uma posição de poder,
mas no decorrer da peça ele transforma-se em um homem de personalidade
branda que era dominado pela esposa e por sua própria ambição. Macbeth,
sendo guerreiro, era leal a seu rei e a sua nação. Ele também era retratado
com um homem bravo e de forte personalidade.
O personagem Macbeth pode ser classificado como personagem
redondo, pois é mais complexo que os planos, apresentando uma maior
variedade de características.
Macbeth torna-se seu próprio antagonista quando não consegue
escapar de sua própria consciência, pois é simultaneamente um criminoso e
seu próprio carrasco.
“[...] Macbeth é o seu próprio antagonista e luta uma batalha
fadada não apenas contra o mundo, mas contra ele próprio.”
(STAUFER, Donald A. Shakespeare’s World of Images: The
Development of his Moral Ideas. New York: Norton, 1949.)
Por ser um homem inicialmente honesto, sua trajetória caminha para o
assassinato e traição, simbolizando como a ambição pode manchar ainda a
mais pura das almas.
Este personagem foi inspirado no Rei Jaime VI, da Escócia, que foi um
patrono da companhia de teatro de Shakespeare e de todas as suas peças.
A história escrita sob o reinado de James/Macbeth reflete claramente a
mais estreita relação do dramaturgo com o soberano. Ao se concentrar em
Macbeth, uma figura da história escocesa, Shakespeare faz uma homenagem
à linhagem escocesa do rei.
Em sua trajetória, Macbeth se torna mais hábil para a batalha do que
para a intriga política, pois ele não consegue reinar sem que ao mesmo tempo
sem mostre como um tirano, passando a agir diante de cada problema com
violência e assassinato, sendo incapaz de arcar com as consequências
psicológicas de suas atrocidades.
Shakespeare usa este personagem para mostrar os efeitos terríveis que
a ambição e a culpa podem ter sobre um homem sem um forte caráter. Ele
classifica Macbeth como homem mal, porém seu caráter fraco o difere de
alguns grandes vilões de suas peças Iago em Otelo, Edmund em Rei Lear, que
são fortes o suficiente para conquistar a culpa e insegurança.
Para refletir a tensão trágica dentro de Macbeth, Shakespeare faz com
que este personagem oscile entre momentos de ação febril, traçando uma série
de assassinatos para garantir seu trono; momentos de culpa terrível ( como
quando o fantasma de Banquo aparece para ele ); e pessimismo absoluto (
como quando sua esposa morre e ele entra em desespero ).
Macbeth, ao mesmo tempo em que era ambicioso demais para permitir
que sua consciência o impedisse de percorrer o seu caminho até o trono, era
muito consciente de ser feliz com ele mesmo como um assassino.
Ao final da história ele parece aliviado com a chegada do Exército Inglês
para combatê-lo, pois ele pode assim assumir sua posição de guerreiro,
posição esta posição parecia à ele mais confortável, pois não teria, nesse
momento, que lutar contra si mesmo com suas agitações internas.
O círculo se completa quando ele é derrotado no campo de batalha, pois
no início da história ele foi vitorioso também em um campo de batalha.
Lady Macbeth, esposa de Macbeth, é personagem secundária da
narrativa, ela era corajosa, dominadora e possessiva, trabalhando ativamente
para atingir seus objetivos. Esta personagem foi inspirada em Gruoch, rainha
da Escócia no século XI.
Mesmo Macbeth sendo o protagonista, é Lady Macbeth quem inicia a
ação, quem cria a trama, quem arma a ação política e ressalta o caráter
amoral, mostrando mais vontade de ocupar o trono do que seu marido.
Sua alienação conjunta do mundo, ocasionada pela sua parceria no
crime, parece fortalecer a ligação que eles têm um com o outro. Tanto Macbeth
como sua esposa, se complementam, sendo ela, o vetor de força da peça, é
ela quem age por criar toda a situação, que articula o mal que lhe trará o bem
desejado.
“[...] Shakespeare pode também ter dado à ela uma outra parte de Macbeth,
ambos se complementando, e a parte que fica para esta senhora não é
simplesmente o da Eva que oferece a maçã em forma de punhal ao Adão
Macbeth. Lady Macbeth é, sem dúvida, uma personagem poderosa, a força que
cria a ação trágica da peça..” ( Syntia Pereira Alves - mestranda do Programa de
Estudos Pós-graduados em Ciências Sociais, e membra do NEAMP (Núcleo de
Estudos em Arte, Mídia e Política), Departamento de Política, Faculdade de
Ciências Sociais.)
Ela se torna obcecada e começa a ter visões de sangue em suas
mãos, demonstrando a falsidade aparente de negação de sentimentos e
consciência.
Shakespeare parece usar esta personagem para supor a ideia de que
as mulheres podem ser astutas e usar métodos, supostamente masculinos,
para alcançar o poder. Elas podem ser tão ambiciosas e cruéis como os
homens, ainda que constrangimentos sociais possam negar-lhes, de certa
forma, os meios para perseguir essas ambições por conta própria.
Enquanto os personagens masculinos são tão violentos e propensos
ao mal como as mulheres, a agressão das personagens femininas é mais
marcante, porque vai contra as expectativas prevalecentes de como as
mulheres devem se comportar.
Seja por causa das limitações de sua sociedade, ou porque ela não é
corajosa o suficiente para matar, Shakespeare faz com que a personagem
Lady Macbeth se baseie em enganação e manipulação, em vez de violência
para alcançar seus fins.
Ao final da narrativa, Lady Macbeth morre (talvez por suas próprias
mãos).
Duncan, o Rei da Escócia, era conhecido como o Bom, um velho e
bondoso rei, assassinado pelo jovem primo Macbeth. Duncan era mais jovem
que Macbeth, ele foi morto devido a uma guerra pelo poder, seu trono.
Sua morte simboliza a destruição de uma ordem, na Escócia, que só
se retaurou quando a linha de Duncan, na pessoa de Malcolm, mais uma vez
ocupa o trono.
Banquo, amigo de Macbeth, é um capitão escocês que faz parte do
exército do rei da Escócia.
De certa forma, Banquo apresenta-se na história como um
contraponto sob a maneira de agir frente às profeizações, em relação à
Macbeth
Ele acaba sendo assassinado por Macbeth em vista de sua “ameaça” pela
conquista do trono, reaparecendo na história na forma de um fantasma que
atormenta Macbeth.
Além de possíveis razões dramáticas, Shakespeare alterou o papel
de Banquo em Macbeth por razões políticas: o rei da Escócia e rei da Inglaterra
à época, Jaime I, considerava que sua família (a Casa de Stuart) era
descendente de Banquo, o que provavelmente influenciou a caracterização do
personagem na peça.
“O Banquo shakespeariano é um personagem virtuoso, o
oposto do ambicioso Macbeth, servindo assim como um
contrapeso
dramático
ao
protagonista”
( Mabillard,
Amanda. Sources for Macbeth. Shakespeare Online. 20 Aug.
2000.)
Malcolm, o filho mais velho do rei, refugiou-se para a Inglaterra e uniuse à Macduff. A restauração ao trono da Escócia por Malcolm sinaliza o retorno
à ordem, seguindo o reinado de terror de Macbeth.
Após a morte de Macbeth, Malcolm assume o trono fazendo cumprir a
profecia das feiticeiras.
Donalbain, filho mais novo do rei ,foi inspirado em DonaldoIII da
Escócia. Nesta narrativa ele, após a morte de seu pai, refugia-se na Irlanda.
Macduff, após ter sua esposa e filho assassinados por Macbeth, vai
para a Inglaterra com o objetivo de juntar-se ao exército de Malcolm, onde tem
início uma cruzada para colocar o legítimo rei, Malcolm, no trono.
Macduff
também deseja vingar a morte de sua família e acaba se
tornando um líder da cruzada para derrubar Macbeth.
Ele não nascera de mulher, como previram as feiticeiras, e ao
final da história ele mata Macbeth dando a cabeça deste como presente à
Malcolm.
“Depois de duro combate, Macduff cortou a cabeça de
Macbeth, entregando-a, como presente, à Malcolm.” ( Contos
de Shakespeare, 1970 , p. 44)
Fleance, filho de Banquo, conseguiu escapar da emboscada feita por
Macbeth para assassiná-lo junto ao seu pai. Fleance não desempenha nenhum
papel grande na história, mas futuramente sua linha acaba se tornando rei
depois de Malcolm.
Apesar de ter contribuído com a retomada da Escócia de Macbeth, ele
fica descontente por não ter conseguido vingar o pai ( Banquo ) e matar
Machbeth.
Lady Macduff, esposa de Macduff, demonstra-se furiosa pelo fato de
seu marido ter deixado tudo de lado em busca do poder. Ela é assassinada
juntamente com seus filhos.
Esta personagem contrasta com Lady Macbeth, pois ela mostra-se
dedicada ao bem, diferente da outra que se dedica ao mal.
Siward, líder do exército Inglês, derrota Macbeth ao final da história. Ele
perde seu filho, o jovem Siward em uma batalha contra Macbeth.
Seyton, tenente do exército e ligado à Macbeth.
Angus, Caithness, Lennox, Menteith e Ross, nobres da Escócia.
As três bruxas, aparecem na história profetizando o futuro de Macbeth.
Simbolizam o misticismo do ano de 1500.
Em alguns aspectos eles se assemelham as Parcas mitológicas que,
segundo a mitologia romana (equivalentes às Moiras na mitologia grega), eram
três deusas: Nona (Cloto), Décima (Láquesis)
e Morta(Átropos)
que
determinavam o curso da vida humana, decidindo questões como vida e morte,
de maneira que nem Júpiter (Zeus) podia contestar suas decisões. Eram
também designadas fates, daí o termo fatalidade.
Um velho: Apesar de ser um personagem que não aparece muito na
história, mostra-se importante ao falar sobre as tempestades na Escócia
durante o reinado de Macbeth, que representava a natureza sendo
interrompida pela morte prematura do rei Duncan. Isso nos dá a noção a noção
de que a natureza está em ordem quando uma terra é governada por seu
legítimo Rei, um exemplo de propaganda monarquista.
Hecate, um personagem sombrio do submundo, aparece para as três
bruxas ordenando lealdade. Ela ordena que as bruxas digam à Macbeth seu
futuro de acordo com sua vontade.
Simbolos
Sangue
Durante a peça, o sangue está em toda parte, iniciando com a batalha
de abertura entre os escoceses e os invasores noruegueses; Depois o sangue
passa a simbolizar a culpa de Macbeth e de sua esposa.
O sangue simboliza a culpa que se sente como uma mancha
permanente na consciência de tanto Macbeth e Lady Macbeth, que os
perseguem até a morte.
Ao final da acção, o sangue parece estar em toda a parte.
Visões e alucinações
Durante a peça, ocorrem visões e alucinações, tanto de Macbeth como
de sua esposa, servindo para lembrar a cumplicidade da culpa dos dois.
Punhal coberto com sangue
Representa o curso sangrento em que Macbeth está prestes a
embarcar, pois quando ele está prestes a matar Duncan, ele vê um punhal
flutuando no ar, coberto de sangue apontando para a câmara do rei.
Mãos sujas com sangue
Lady Macbeth também tem algumas visões, como quando ela acredita
que suas mãos estão manchadas com sangue e que não podem ser lavadas
somente com água.
Shakespeare deixa subjetiva a ideia de que a visão dos personagens
seja real ou alucinatória, mas, em ambos os casos, as visões, tanto de
Macbeth como de sua esposa servem de maneira uniforme como sinais
sobrenaturais de suas culpas.
Violência
Macbeth é uma peça violenta que durante todo seu percurso fornece ao
público as descrições sangrentas da carnificina.
A ação é marcada por um par de batalhas sangrentas: na primeira,
Macbeth derrota os invasores, na segunda, ele é morto e decapitado por
Macduff.
No meio há uma série de assassinatos: Duncan, camareiros de Duncan,
Banquo, família de Macduff... todos vêm para fins sanguinários.
Profecia
Nos momentos em que aparecem as profecias, Shakespeare parece
instigar o publico à se perguntar se as bruxas são agentes independentes
brincando com vidas humanas, ou agentes do destino, cujas profecias são
apenas os relatórios do inevitável.
Shakespeare prefere deixar as personagens das bruxas fora dos limites
da compreensão humana, elas incorporam uma irracionalidade mal e
instintivas. As profecias devem ser interpretadas como enigmas, já que nem
sempre significam o que parecem dizer.
A voz que Macbeth ouve ao matar Duncan prenuncia a sua insônia e de
sua esposa.
O tempo
Shakespeare utiliza fenômenos naturais no reino natural, ou seja, desde
trovões e relâmpagos que acompanham as aparências das bruxas às
tempestades terríveis como na noite do assassinato de Duncan.
Essas violações da ordem natural refletem a corrupção nas ordens
morais e políticas.
Macbeth – Willian Shakespeare – Adaptação de Hildegard Feist
Resumo
Macbeth, era um bravo general do exército do rei Duncan, da Escócia, junto
com seu amigo e também general Banquo venceram a batalha contra os
noruegueses que tentavam usurpar o trono.
Enquanto os dois generais voltavam a Forres para levar ao seu rei o acordo de
paz firmado com o rei da Noruega, foram surpreendidos por três bruxas que
profetizaram que Macbeth seria rei em breve e os filhos de Banquo também.
Os generais não entenderam a principio a profecia das três bruxas que
desapareceram no ar sem explicar mais nada. Continuaram a sua caminhada
pensativos, quando estavam quase chegando encontram os nobres Ross e
Angus que cumprimentaram Macbeth como o novo senhor de Cawdor, e que
estavam ali a pedido do rei para escoltá-los.
A primeira profecia se cumpriu, os nobres contaram aos generais que o senhor
de Cawdor havia traído o rei Duncan e o mesmo o condenou a morte,
passando seu título e sua fortuna para Macbeth.
Macbeth foi até o rei, onde recebeu as homenagens e voltou para o seu
castelo, onde sua esposa Lady Macbeth o esperava ansiosa por notícias.
Assim que chegou Macbeth contou a esposa tudo que aconteceu com ele,
principalmente as profecias das bruxas.
Sua esposa muito ambiciosa diante da possibilidade de tornar-se rainha,
influenciou o marido a agir para que a profecia se cumprisse o mais rápido
possível, e planejou e convenceu Macbeth a assassinar o rei Duncan,
aproveitando que a comitiva do rei se hospedaria em seu palácio.
Lady Macbeth tramou um plano sinistro, ela mandou preparar um belo
banquete e pediu para que seus servos não deixassem nenhuma taça de seus
convidados vazias, assim que terminou o jantar seus convidados estavam tão
bêbados que precisaram ser carregados para seus quartos.
Lady Macbeth acompanhou os camareiros reais até os aposentos que mandou
preparar para o monarca, e disse a eles que depois que acomodassem o rei
podiam beber um gole de vinho, que ela mandou colocar no quarto. Assim que
deixou o quarto do rei, foi até o quarto vizinho onde estavam os filhos do rei e
roubou os punhais para incriminá-los.
Induzido pela esposa Macbeth esfaqueou o rei com o punhal de seus próprios
filhos. Quando o assassinato do rei foi descoberto, os camareiros foram
acusados de matar o rei a mando dos príncipes Malcolm e Donalbain, que com
medo fugiram. Para que o reino não ficassem sem um rei, os nobres decidiram
nomear Macbeth o novo rei, devido as seus laços de parentesco com o
monarca. Assim se cumpriu a segunda profecia.
Mesmo tornando-se rei, Macbeth não teve paz, temia pelo ataque de Malcolm ,
Donalbain, e
Macduff que havia deixado a Escócia para juntar-se aos filhos do rei
assassinado. Macbeth mandou matar toda família de Macduff e com medo de
que as profecias das bruxas fossem revelados, mandou matar também seu
amigo Banquo.
Com tantas mortes em suas costas, medos, desconfiança e um sentimento de
culpa, Macbeth começa a ter visões e a se comporta como um louco na frente
da nobreza. Macbeth foi até as feiticeiras e ouviu três novas profecias:
“Cuidado com Macduff”; “ Zomba do poder do homem, porque ninguém que
nasceu de mulher poderá te fazer mal”; “ Só serás vencido quando a floresta de
Birnam subir a colina de Dunsiname e marchar contra ti”.
Após essas profecias o rei tornou-se ainda mais cruel e sanguinário, confiante
que nada de mal poderia lhe acontecer.
Enquanto isso, o príncipe Malcom junto com Macduff montou um grande
exercito para destronar Macbeth, outros nobres contra as atitudes do rei
também uniram-se a eles.
No castelo real, Lady MacBeth sofria de alucinações e sonambulismo, e
durantes seus devaneios falava na necessidade de “lavar as mãos”, cada vez
mais atormentada pela culpa cometeu o suicídio.
Devido a tirania de Macbeth, muitos de seus soldados foram embora, deixando
seu exército fraco. Quando o exército de Malcolm cercou o palácio real
camuflados por galhos, e como se a floresta se movesse, nesse momento
Macbeth saiu do castelo para lutar e foi morto por Macduff, um nobre que não
nasceu de parto normal.
Dessa forma confirmaram-se toda as profecias das feiticeiras, e Malcolm
tornou-se o rei da Escócia.
Tipo de narrador
 Narrador onisciente: narra a história na 3ª pessoa, um narrador que
tudo sabe, tudo vê. Ele conhece tudo sobre os personagens e sobre o
enredo, sabe o que se passa no íntimo das personagens, conhece suas
emoções e pensamentos.
Ex: “Se quem encontrar o corpo não reconhecer estes punhais de imediato,
os dois bobocas vão fugir, apavorados, quando derem por sua falta”,
pensou, tratando de sair silenciosamente como entrara. p.28
 Narrador heterodiegético: o narrador não é personagem da história, é
uma entidade exterior à história; tem uma função meramente narrativa;
relata os acontecimentos.
Composição dos personagens
 Personagem redondo: dinâmica, dotada de densidade psicológica,
capaz de alterar o seu comportamento e, por conseguinte, de evoluir ao
longo da narrativa.
Ex: Macbeth inicia a história como um guerreiro fiel e leal ao seu rei
Duncan, depois tornou-se uma pessoa ambiciosa e atormentada pelo medo
e pela desconfiança. Foi um rei tirano e sanguinário.
 Personagem plano: estática, sem evolução, sem grande vida interior;
por outras palavras: a personagem plana comporta-se da mesma forma
previsível ao longo de toda a narrativa.
Exemplo de personagem plano não encontrei.
Tipos de espaços ou ambientes
 Espaço físico: trata-se do espaço onde as personagens se
movimentam e onde ocorrem os acontecimentos, podem ser geográfico,
exterior e interior.
Geográfico: Escócia e Inglaterra.
Ex: Três vultos altos e magros como lanças espetadas no chão rodeavam
uma fogueira em meio a um campo solitário da Escócia, nas proximidades
do lago Ness. p.06
Ex: Nada, no entanto, causou tanta indignação na Inglaterra como a notícia
da morte de Banquo... p.66
Exterior: Exterior do castelo e campos de batalhas.
Ex: “Não me canso de admirar a localização deste castelo” – Duncan
comentou. “ Não sei se é altitude da colina ou a presença do bosque que
torna o ar tão fresco e tão puro. Conheço poucos lugares tão agradáveis
como este”. P.22
Ex: Macbeth foi o primeiro a sair e não demorou a constatar que, assim
como o vigia, fora vítima de um engano... p.90
Interior: Interior dos castelos
Ex: Depois de abrir a porta do quarto para eles entrarem com sua carga
preciosa, recomendou-lhes que despissem o rei com todo o cuidado e o
vestissem com a camisola de linho que estava numa cadeira. p.27
Ex: Neste momento Lady Macbeth afastou as cobertas e se levantou.
Depois de vestir um roupão, pegou o castiçal que ficava sobre a mesinha ao
lado da cama e, passando por seus observadores sem os ver, deixou o
quarto.
Espaço psicológico — este espaço é construído pelo conjunto de
elementos que traduzem a interioridade das personagens (como, por
exemplo, o sonho, a memória, as emoções, as reflexões...).
Ex: “Mas quem haveria de imaginar que ele tinha tanto sangue?...” – Lady
Macbeth se perguntou. “Ah, estas mãos nunca hão de ficar limpas?...” –
suspirou. “Controle-se !” – ordenou à pessoa invisível que o doutor identificara
como o rei. “Quer estragar tudo com os seus desvarios?” – acrescentou e,
depois de aproximar as mãos do nariz, murmurou, desalentada: “Ainda
cheiram a sangue... Nem todos os perfumes da Arábia conseguiriam tirar este
cheiro...”
Tempo
O intervalo de tempo em que o(s) fato(s) ocorre(m). Pode ser um tempo
cronológico ou psicológico.
 Tempo cronológico: um tempo especificado durante o texto.
Ex: Por duas noites consecutivas, o médico da corte permaneceu postado
na antecâmara dos aposentos reais... p.76
Ex: Avançando lentamente, o cortejo demorou quase três horas para
percorrer a distância de pouco mais de dez quilômetros... p.94
 Tempo psicológico: onde você sabe que existe um intervalo em que as
ações ocorreram, mas não se consegue distingui-lo.
EX: Depois de enterrar os mortos e entregar os feridos aos cuidados dos
médicos, Malcom e toda a sua corte partiram para o mosteiro de Scone, onde o
legítimo herdeiro de Duncan seria coroado sobre a mesma pedra em que seus
antecessores se sentaram para receber a suprema investidura do país. p. 93
Tema:
 Poder e ambição
O tema principal de Macbeth é a destruição causada pela sua ambição ao
poder, convencido pela esposa ele mata o rei Duncan, e assim consegue
chegar ao trono, mesmo se tornando rei sua consciência não o deixa em paz,
Lady Macbeth também é atormentada pelo sentimento de culpa. A profecia das
três bruxas foi o que impulsionou o casal a cometer tantas atrocidades.
Ex: Sozinho em seu gabinete, Macbeth retomou pela enésima vez um
raciocínio que o atormentava desde a sua ascensão ao trono. “Ser rei não
basta, quando não se está tranquilo”, pôs-se a dizer consigo mesmo. p.47
Motivo:
 Alucinações
As visões e alucinações que ocorrem na história servem com lembretes
para Macbeth e sua esposa não esquecerem a sua culpa. Macbeth
atormentando por mandar matar Banquo, vê o fantasma sentado na cadeira em
uma festa no castelo real e grita para a cadeira vazia, Lady Macbeth também
tem alucinações e acredita que está com as mão cheias de sangue.
EX: “O que está fazendo aqui”? – Macbeth gritou desvairado, para o intruso
que se materializava somente para ele. – “Você morreu! Morreu, ouvi bem? E
não pode dizer que fui eu... Vá embora! Vá Embora”! p.52
 Violência
Como o livro tem como gênero literário a tragédia, a história é cheia de
assassinatos, suicídio e sentimentos de culpa que atormenta os
personagens. A história é marcada por duas batalhas sangrentas, a
primeira Macbeth derrota os invasores , na segunda é morto por
Macduff. No decorrer da trama há uma série de assassinato: Duncan, os
camareiros, Banquo, Lady Macduff e os seus filhos, o sangue é sempre
presente na obra.
Ex: “ Matei os camareiros” – anunciou. – “Se os tivesse matado antes, teria
evitado tamanha tragédia. Foram eles que cometeram esse crime hediondo”.
P.39
 Profecia
A profecia das três bruxas provocaram mudanças na vida do
protagonista da história, que cada vez mais acreditando na profecia por
elas proferidas, se vê envolvido em uma série de terríveis
acontecimentos em busca de realizar o que fora profetizado.
Ex: “Salve Macbeth”! – a terceira exclamou e, ajoelhando-se na poeira da
estrada, completou: - “Logo serás rei”. p.10
Símbolos:
 Sangue
O sangue está em toda parte em Macbeth, começando pela batalha
entre os escoceses e os invasores noruegueses, depois na morte do rei
Duncan. O sangue na obra simboliza a culpa do casal, que começam
sentir que seus crimes têm manchado-los de uma maneira que não pode
ser lavada, esse sentimento de culpa os persegue até a morte.
Ex: “Nem toda a água do oceano bastaria para limpar este sangue... Ao
contrário, minhas mãos é que tingiram o mar de vermelho...” p.32
 Tempo
Como em outras tragédias de Shakespeare, Macbeth têm assassinatos
grotescos acompanhado de acontecimentos anormais da natureza. O trovão e
o relâmpago que acompanham as bruxas, a terrível tempestade na noite da
morte do rei Duncan, esses acontecimentos anormais refletem a corrupção nas
ordens morais.
Ex: As feiticeiras sorriram, enigmáticas como esfinges, e, abanando as mãos
quase descarnadas, desvaneceram-se como bolhas de sabão, sem deixar
vestígios. Um relâmpago riscou de alto baixo o céu azul, e um trovão
estrondeou nos ares límpidos, embora não houvesse em parte alguma sinais
de tempestade. p.12
Ex: Mal terminaram a cantiga, o céu escureceu, um trovão ribombou
ensurdecedoramente, e uma cabeça de um homem, coberta por um capacete
de ferro emergiu do caldeirão. p. 58
Feist, Hildegard
Macbeth / William Shakespeare; tradução e adaptação em português de
Hildegard Feist; ilustração de Jótah. – São Paulo: Scipione, 2002. –
(Série Reencontro literatura) 1ª edição
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