A CONSTRUÇÃO DO ESTADO BRASILEIRO — PRIMEIRO REINADO (1822-1831) E PERIODO REGENCIAL Professor: Cristóvão antônio Projeto para o Brasil O processo de construção do Estado nacional brasileiro estende-se por todo o século XIX, após ter sido iniciado pelo imperador D. Pedro I. Resultou de um projeto vencedor, uma composição entre uma fração da monarquia portuguesa, associado com os proprietários rurais e comerciantes brasileiros. Liderando o processo, encontrava-se os grupos oligárquicos (latifundiários), criadores de mecanismo políticos que garantiram sua perpetuação no poder. Do outro lado a população continuava excluída do Estado “nacional” monárquico brasileiro. A consolidação de um projeto(1822-1831) O Primeiro Reinado tem inicio com a proclamação da independência, que garantiu ao Brasil autonomia em relação a Portugal. D. Pedro I passou a ser o eixo da nova ordem política, que estava livre da corte portuguesa mas ainda precisava ser definida e inserida no sistema internacional. Diferentemente do que ocorreu em outras ex-colônias americanas, que após longas lutas por sua independência adotaram o regime republicano no Brasil foi instituído rapidamente o regime monárquico. De imediato a ordem socioeconômica não sofreu alteração, nem mesmo em suas estruturas predominantemente coloniais como o escravismo, o latifúndio e o domínio político da aristocracia. Para garantir a independência D. Pedro I contou com o apoio das elites locais, formadas principalmente por altos funcionário públicos e membros da aristocracia rural. Expulsou as tropas portuguesas que se opunham à separação entre Brasil e Portugal. O reconhecimento da Independência A independência brasileira ocorreu em meio a uma reação monárquica centralizadora europeia que se seguiu à derrota de Napoleão Bonaparte, em 1815, aos resultados do Congresso de Viena e à Santa Aliança, o que dificultou o reconhecimento internacional da autonomia. Os EUA foram o primeiro país a reconhecer a independência do Brasil, em 1824. A Inglaterra atuou como mediadora entre o Brasil e as cortes portuguesas , que só em agosto de 1825 reconheceram a independência, com a assinatura do tratado de Paz e Aliança entre Portugal e Brasil. Os ingleses emprestaram ao Brasil cerca de 2 milhões de libras esterlinas o pagamento exigido por Portugal, embora o dinheiro não tenha chegado aos cofres portugueses, já que os ingleses tinham possuíam um montante superior desse valor a receber de Portugal. A ação inglesa garantiu a renovação do tratado de 1810, isso em 1827. Depois da Inglaterra, outras nações da América e europeias reconheceram a independência do Brasil. Brasil Império(1822-1889) Primeiro Reinado(1822-1831) Ordem social e econômica do período colonial: Latifúndio, monocultura, agro exportação e escravismo. Revoltas contra a independência: BA, PA (portugueses). CISPLATINA (Uruguai – separatismo). Mercenários – repressão. Aumento de impostos. Unidade territorial mantida. • Brasil Império(1822-1889) Primeiro Reinado(1822-1831) Reconhecimento externo da independência: 1º - EUA (1824): Doutrina Monroe + mercados. 2º - POR (1825): indenização de 2 milhões de libras. 3º - ING (1825): empréstimo de 2 milhões de libras + renovação de tratados de 1810 (privilégios alfandegários) + fim do tráfico negreiro (não cumprido). Dependência econômica: Empréstimos e impostos. Brasil Império(1822-1889) Primeiro Reinado(1822-1831 Constituição imperial: A) “Constituição da Mandioca” (1823) – projeto frustrado: Submissão do poder Executivo ao poder Legislativo. Voto censitário (150 alqueires de mandioca). B) 1ª Constituição Brasileira (1824): Outorgada. Monarquia Constitucional Hereditária. Catolicismo oficial. Igreja atrelada ao Estado (Padroado e Beneplácito). Brasil Império(1822-1889) Primeiro Reinado(1822-1831 4 poderes: Executivo, Legislativo, Judiciário e Moderador. Brasil Império(1822-1889) Primeiro Reinado(1822-1831 Voto censitário e indireto. 100 mil réis – mínimo. Brasil Império(1822-1889) Primeiro Reinado(1822-1831 Confederação do Equador (1824): Revolta separatista, urbana, republicana e elitista PE, RN, CE, PB e AL. Causas: Autoritarismo de D. Pedro I. Pobreza generalizada. Alta de impostos. Brasil Império(1822-1889) Primeiro Reinado(1822-1831 Líderes: Paes de Andrade, Cipriano Barata, e Frei Caneca. Contratação de mercenários e navios. Novo aumento de impostos. Violentamente reprimida. Frei Caneca é executado. Brasil Império(1822-1889) Primeiro Reinado(1822-1831 A crise do I Reinado: Dificuldades financeiras (queda nas exportações, empréstimos, falta de um produto significativo e despesas militares). Autoritarismo de D. Pedro I. Críticas da imprensa. Questão Sucessória (POR – 1826). Medo da recolonização. Guerra da Cisplatina (URU – 1828). Separação do Uruguai, 8 mil mortos e gastos inúteis). Assassinato de Frei Caneca e do jornalista Libero Badaró. Impopularidade. Brasil Império(1822-1889) Primeiro Reinado(1822-1831 Desregramento moral de D. Pedro I. Noite das Garrafadas (RJ – 1831). Ministério dos Brasileiros/ Ministério dos Marqueses. Abdicação (7/4/1831). D. Pedro de Alcântara era menor de idade. Regentes. Brasil transição do Primeiro Reinado para o Segundo Reinado- Período Regencial e o risco de uma fragmentação territorial. Transição até a maioridade de D. Pedro II. Instabilidade política (agitações internas). Fases: Regência Trina Provisória (abr/jul 1831); Regência Trina Permanente (1831 – 1834); Regência Una do Padre Feijó (1835 – 1837); AVANÇO LIBERAL. Regência Una de Araújo Lima (1837 – 1840). REGRESSO CONSERVADOR Período Regencial Tendências políticas do período: Restauradores ou Caramurus: Portugueses, descendentes de portugueses e burocratas ligados ao antigo governo de D. Pedro I. Contrários a qualquer reforma política (conservadores). Absolutistas. Objetivo: volta de D. Pedro I. Liberais Moderados ou Chimangos: Proprietários rurais especialmente do Sudeste. Monarquistas e escravistas. Federalismo com forte controle do RJ (centralizadores). Principal força política que controlava o governo na época. Período Regencial Liberais Exaltados ou Farroupilhas ou Jurujubas: Proprietários rurais de regiões periféricas sem influência do RJ, classe média urbana e setores do exército. Fim da monarquia e proclamação da República. Federalismo (grande autonomia provincial). Alguns pregavam ideais democráticos inspirados na Revolução Francesa. Foco de revoltas. Período Regencial DESENVOLVIMENTO DOS PARTIDOS POLÍTICOS: Período Regencial Regência Trina Provisória (abr/jul 1831): Brigadeiro Francisco de Lima e Silva, Nicolau pereira de Campos Vergueiro e José carneiro de Campos. Suspensão provisória do Poder Moderador. Proibição de criar novos impostos. Proibição de dissolver a Câmara de Deputados. Eleição de uma Regência Permanente. Período Regencial Imagens: Típico Coronel e modelo da farda da Guarda Nacional. Regência Trina Permanente (1831 – 1834): Brigadeiro Francisco Lima e Silva, João Bráulio Muniz (Norte) e José da Costa Carvalho (sul). Criação da Guarda Nacional (ago/1831 – Padre Diogo Feijó). Redução do exército e da Marinha. Comando: “coronéis” (patente vendida ou eleita entre os chamados “cidadãos ativos” – eleitores). Defesa de interesses pessoais dos grandes fazendeiros. Período Regencial Criação do Código de Processo Criminal (novembro/1832): Autoridade judiciária e policial (nos municípios) aos “juízes de paz”, eleito entre os grandes proprietários. Ato Adicional de 1834: Reforma constitucional. Objetivo: conciliação entre moderados e exaltados. Assembleias Legislativas Provinciais (Deputados Estaduais). Capital nomeava os Presidentes de Província. RJ = Município Neutro. Substituição da Regência Trina por Regência Una. Suspensão do Poder Moderador e do Conselho de Estado até o fim do Período Regencial. Período Regencial Regência Una do Padre Feijó (1835 – 1837): Várias revoltas pelo país (Cabanagem, Sabinada e Revolução Farroupilha). Divisão nos Liberais Moderados (ver quadro do slide 4): Progressistas (posteriormente liberais): classe média urbana, alguns proprietários rurais e alguns membros do clero. Favoráveis a Feijó e ao Ato Adicional. Regressistas (posteriormente conservadores): maioria dos grandes proprietários, grandes comerciantes e burocratas. Centralizadores e contrários ao Ato Adicional. Feijó renuncia em 1837 (oposição crescente). Período Regencial Regência Una de Araújo Lima (1837 – 1840): Regressistas no poder. Retorno da centralização monárquica. Criação do Colégio Pedro II, Arquivo Público Nacional e Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (“Ministério das Capacidades” – Bernardo Pereira de Vasconcelos, ministro da Justiça). Lei Interpretativa do Ato Adicional (maio/1840): anulação prática do Ato Adicional. Capital (RJ) com poderes para nomear funcionários públicos, controlar órgãos da polícia e da justiça nos Estados. Período Regencial Imagens do jovem monarca D. Pedro II. Coroação no Largo do passo Imperial. Fase final do Período Regencial. Fundação do “Clube da Maioridade” (1840): Grupo Progressista (ou Liberais). Antecipação da maioridade de D. Pedro II. Imperador = paz interna. “Golpe da Maioridade” – vitória do grupo liberal. Fim do período regencial. Período Regencial A MAIORIDADE ANTECIPADA: Principais Revoltas do Período Regencial Revoltas Regenciais e risco fragmentação do território nacional de O mapa enfocando a Nação. No período da História Nacional conhecido como Governo Regencial, o Brasil poderia ter se fragmentado, pois na ausência de um governo central estouraram varias revoltas de caráter separatista, que tinham como o principal objetivo separar-se da Nação brasileira formando assim novas nações ou países. Revoltas Regenciais A Cabanada (PE/AL 1831 – 1836) “Zebrão” do ultimo ENEM (não confundir com a Cabanagem). Contradições: Discurso: defesa da grande propriedade, da religião (que teria sido “ofendida” com a saída de D. Pedro I), e da volta de D. Pedro I (em nome da autoridade divina). Prática: saques de fazendas, assassinatos de proprietários, ocupação de terras, libertação de escravos. Presença inicial de grandes proprietários (defendendo seus privilégios) e permanente das camadas humildes e exploradas. Sem lideranças expressivas. Violentamente reprimida. Revoltas Regenciais Revolta dos Malês (BA 1835): • • Revolta de negros escravos islâmicos (alfabetizados que liam o Alcorão). No mínimo 100 negros foram massacrados. O movimento mais impar do Período Regencial, pois tinha como objetivo fundar um República Islâmica na Bahia, movimento organizados por escravos da Malê. Revoltas Regenciais Cabanagem Grão- Pará (PA/AM 1835 – 1840): Ampla participação popular (índios, negros, mestiços, escravos ou livres, porém, todos sem posses). Luta contra desigualdades. Sem programa político definido. Chegaram a tomar o poder mas foram traídos (Antônio Malcher, Francisco Vinagre e Eduardo Angelim). Por ser a mais popular das revoltas, foi a mais severamente reprimida (30 mil mortos ou 25% da população total da Província). Revoltas Regenciais As lideranças anônimas da Cabanagem: Revoltas Regenciais A Sabinada (BA – 1837 – 1838): Francisco Sabino Barroso (líder). Dificuldades econômicas da Província (causa principal) e recrutamento forçado para lutar contra os Farrapos no sul (causa imediata). Obj: República Provisória até a maioridade de D. Pedro II. Adesão da classe média urbana. Líderes presos ou mortos e expulsos da Bahia. Bandeira da República Bahiense, proclamada durante a rebelião. Revoltas Regenciais A Balaiada (MA 1838 – 1841): Manuel dos Anjos Ferreira (o “Balaio”), Raimundo Gomes (o “Cara Preta”) e Negro Cosme Bento: principais líderes. Causas: pobreza generalizada: concorrência com algodão dos EUA, privilégios de latifundiários e comerciantes portugueses. Vinganças pessoais (sem projeto político). Desunião entre participantes. Revoltas Regenciais Revolução Farroupilha ou Guerra dos Farrapos (RS 1835 – 1845): A mais elitista e longa de todas as revoltas. Principais lideranças (estancieiros): Bento Gonçalves (maior líder), Davi Canabarro, Guiuseppe Garibaldi. Causas: Altos impostos sobre o charque gaúcho; Baixos impostos de importação sobre o charque platino (ARG e URU); Nomeação do Presidente de Província (governador) pelo Rio de Janeiro, contrário aos interesses gaúchos. Revoltas Regenciais Revoltas Regenciais Proclamação da República do Piratini, ou República Rio-Grandense (RS, a partir de 1835) e da República Juliana (SC, de jul-nov de 1839). Bandeira dos farrapos Bandeira da República Juliana Garibaldi Revoltas Regenciais Experiência de combate (guerras fronteiriças) e recursos econômicos para manter a guerra (elite provincial). Não houve unanimidade: Porto Alegre apoiou o governo central, bem como áreas de colonização germânica ou ligadas ao comércio com a capital. Brasão de Porto Alegre: o termo “leal e valerosa” refere-se ao apoio prestado pela cidade ao governo central (RJ). Revoltas Regenciais Acordo encerra conflito em 1845: “Paz de Ponche Verde” Anistia dos envolvidos gaúchos; Incorporação dos farrapos no exército nacional; Permissão para escolher o Presidente de Província; Devolução de terras confiscadas na guerra; Proteção ao charque gaúcho da concorrência externa; Libertação dos escravos envolvidos (?); “Surpresa de Porongos” (traição aos negros – 14/11/1844)