Revista Brasileira de Física, Vol. 11, nP 3, 1981 Campos Ellétricos na Região lonizada da Atmosfera V. W. J . H . KIRCHHOFF Instituto de Pesyuisas Espaciais/CNPq, São José dos Campos, SP Recebido em 26 de Outubro de 1977 The p r o p e r t i e s and o r i g i n s o f the ionospheric e l e c t r i c f i e l d s a r e reviewed. The e a r l y t h e o r e t i c a l c a l c u l a t i o n s o f e l e c t r i c f i e l d s , based the gebmagnetic v a r i a t i o n s a r e discussed, as w e l l as the most recent syrements made by v a r i o u s techniques. Some o f the mos,t s t r i k i n g on mea- e f fec t s , caused by ionospheric e l e c t r i c f i e l d s , a r e p o i n t e d o u t . As propriedades e o r i g e n s dos campos e l é t r i c o s i o n o s f é r i c o s revisadas. Discutem-se os p r i m e i r o s c á l c u l o s t e ó r i c o s , baseados nas são va- riar,Ões geomagnéticas, assim como r e s u l t a d o s recentes de medidas de campos e l é t r i c o s , f e i t a s por d i f e r e n t e s métodos. Alguns dos e f e i t o s mais marcan- tes, causados por campos e1 é t r i c o s i o n o i f é r icos, são demonstrados. 1. CONCEITO E PROPRIEDADES A r e g i ã o ionizada da atmosfera s u p e r i o r , a ionosfera, t u í d a basicamente de t r ê s camadas, cada uma das qua i s 6 6 consti- governada por pro- cessos f í s i c o s e químicos d i f e r e n t e s . Os l i m i t e s e a extensão v e r t i c a l das camadas v a r i a em função de v á r i o s parâmetros g e o f i s i c o s , e os números dados a s e g u i r são apenas aproximados. Define- se a região D, ou camada f e r i o r , e n t r e 70 e 90 km in- de a l t u r a ; r e g i ã o E, ou camada intermediária,en- t r e 90 e 150 km; e a r e g i ã o F, acima de 150 km. Devido ás c a r a c t e r i s t i c a s i n t r í n s e c a s da i o n o s f e r a , e l é t r i c o pode se m a n i f e s t a r de d i f e r e n t e s maneiras. -+ um campo Na r e g i ã o F, por e- xemplo, o campo e l é t r i c o E e s t á diretamente l i g a d o ao c o n c e i t o de v e l o c i dade de d e r i v a ?, a t r a v é s de t = Z x 3,232 onde 3 é o v e t o r indução magnêt i c a e B seu mõdulo. Já na r e g i ã o E, o cam- po e l é t r i c o é função de condutividade e c o r r e n t e , relacionados a t r a v é s da essencial - equação Ohm general izada. De qualquer modo, um campo e l é t r i c o mente representa uma f o r ç a por unidade de carga e l é t r i c a . Esta f o r ç a , a- p l i c a d a na i o n o s f e r a , pode, p o r t a n t o , a l t e r a r o estado de repouso de ou movimento das c a r i a s l i v r e s , dando origem a c o r r e n t e s e l é t r i c a s na r e g i ã o E , ou simplesmente velocidades de d e r i v a i g u a i s para as cargas p o s i t i v a s e negativas, na r e g i ã o E'. Medidas d i v e r s a s revelam a e x i s t ê n c i a de campos e l é t r i c o s & va- '- r i a ç ã o rápida e de variação l e n t a com o tempo, assim como campos e l e t r i c o s com variações e s p a c i a i s de comprimentos c a r a c t e r í s t i c o s , h o r i z o n t a i s , desde alguns metros a t é v á r i o s q u i l ô m e t r o s . Nesta r e v i s ã o serão t r a t a d o s os campos e l é t r i c o s de variação temporal l e n t a e de grande escala. Uma propriedade importante dos campos e l é t r i c o s é a suapouca va- r i a ç ã o com a a l t u r a , d e n t r o da i o n o s f e r a propriamente d i t a . Pode-se que o campo e l é t r i c o se "propaga" ao longo das l inhas do campo sem atenuação de cima para baixo, ou de b a i x o para cima"2. dizer magnético, Esta caracte- r í s t i c a pode-se l i g a r ao f a t o de ser a condutividade e l é t r i c a , ao longo do campo magnético, muitas vezes maior do que a condutividade na d i r e ç ã o p e r p e n d i c u l a r ao campo magnêt ico, na r e g i ã o s u p e r i o r da ionosfera. p o r t a n t o , pensar nas l inhas de campo magnêtico como sendo Pode-se, 1 inhas equipo- t e n c i a i s , o que também i m p l i c a no f a t o de que o campo e l ê t r i c o é mente p e r p e n d i c u l a r ao campo magnético. Como as l i n h a s de campo c u j a forma é, aproximadamente, a de um d i p o l o , divergem 5 pratica- magnético, medida que se afastam da s u p e r f í c i e t e r r e s t r e , o campo e l é t r i c o tamb6m se m o d i f i c a , numa transformação que se denominou de mapeamento do campo e l é t r i c o 3 . O termo dernua é adicionado cidade de d e r i v a ou " d r i f t v e l o c i t y " ) , 5 p a l a v r a velocidade ( i s t o é, para e n f a t i z a r o e f e i t o magnético sobre o movimento de p a r t í c u l a s carregadas. Devi do 2 campo Na ausência do cam- po magnético, a velocidade das p a r t i c u l a s s e r i a na d i r e ç ã o do t r i co apl i cado. do velo- campo elé- presença permanente do campo geomagnét i c o , no entanto, as velocidades se desenvolvem perpendicularmente ao campo e l é t r ico, como é o caso da r e g i ã o 8,por exemplo. Na r e g i ã o s u p e r i o r da ionosfer a pode-se, p o r t a n t o , f a z e r medidas da velocidade de d e r i v a e dai determi- nar o campo e l é t r i c o . Este é o processo efetivamente usado p e l a t é c n i c a do espa lhamen t o incoerente, que mede a velocidade a t r a v é s do e f e i t o Doppler . Deve-se n o t a r que a velocidade de d e r i v a não é, necessariamente, devida apenas ação de campos e l é t r i c o s . Pode-se mostrar que, de modo ge- ral, + onde V é a velocidade de d e r i v a , q, e L3 o campo magnético. 3 F a f o r ç a a t u a n t e na p a r t í c u l a Os d o i s t i p o s mais comuns da f o r ç a 3 de carga são: o de- v i d o ao campo e l é t r i c o (predominantes na r e g i ã o F da i o n o s f e r a ) ; devido c u r v a t u r a do campo magnético, sua diminuição com a l t u r a , e gravidade p o r t a n t e s na magnetosfera) à (im- . 2. ORIGEM DOS CAMPOS ELÉTRICOS Em geral os campos e l é t r i c o s i o n o s f é r i COS são ~ S S O C iados à região E , onde são c r i a d o s p e l a separação das cargas e I é t r i c a s por ação dos t o s neutros. Além desses campos e l é t r i c o s , o r i g i n a d o s na r e g i ã o E, propostos campos e l é t r i c o s com origem na r e g i ã o nesféricos, r, venforam e campos e l é t r i c o s mag- l igados ao processo de convecção magnética na magnetosfera, r e - g i ã o e s t a que se estende além da i o n o s f e r a . 2.1. Campos el6tricos da região E As condutividades i o n o s f é r i c a s variam com a a l t u r a ' de t a l modo que a 110 km, aproximadamente, e x i s t e uma camada condutora excelente, o d i a . Esta camada c e n t r a l izada na r e g i ã o E, é conhecida como a durante r e g i ã o do dínamo a t m o s f é r i c o . Seu comportamento é semelhante a um dinamo, ou gerador de c o r r e n t e , quando forças externas, representadas p e l o s ventos neutros da região, a movimentam no campo geomagnético t e r r e s t r e . A essas c o r r e n t e s el é t r i c a s estão associadas os campos e l é t r i c o s do dínamo, ou campo elétri- cos da r e g i ã o E. 0s campos e l é t r i c o s da r e g i ã o E podem ser estudados a t r a v k das c o r r e n t e s e l é t r i c a s que a í se desenvolvem, e que causam as variações n é t i c a s medidas p e l o s magnetometros. A r e l a ç ã o 6 expressa a t r a v é s de mag- onde 2é o v e t o r densidade de c o r r e n t e ( ~ / r n ' ) , Ü 6 o t e n s o r c o n d u t i v i d a d e i + é o v e t o r campor e l é t r i c o ( ~ / m )e U x B é o campo i n d u z i d o , sen- 2 i do U o v e t o r v e l o c i d a d e das p a r t í c u l a s n e u t r a s (m/seg), + indu- e B o vetor . ção magnét i c a ( ~ b / r n ~ ) As v a r i a ç õ e s magnet i c a s mencionadas acima, podem s e r usadas pa- periodos r a d e d u z i r as c o r r e n t e s do dínamo. As v a r i a ç õ e s o b t i d a s , d u r a n t e não p e r t u r b a d o s magnet icamen t e , contêm uma componente p r i n c i p a 1 chamada S 4' além de o u t r a s representando em g e r a l menores. Basicamente, a dedução dos campos e l é t r i c o s pode s e r d o i s modos: o p r i m e i r o usa as v a r i a ç õ e s do campo magnético S i 4 l a r as c o r r e n t e s , e, em seguida, d e t e r m i n a E e - U 4 + obtida para x B impondo as condições Os campos e l é t r i c o s , assim c a l c u l a d o s , mas na forma de v e l o c i d a d e s de d e r i v a , m s t r a d o s na F i g u r a 1 . O segundo método assume um modelo ' 6 calcu- + de d i v e r g ê n c i a n u l a de c o r r e n t e e i r r o t a c i o n a l idade do v e t o r E. neutros, de para os estão ventos p a r a e n t â o determi n a r campos e c o r r e n t e s . E s t e s métodos de cá1 - c u l o são m u i t o traba!hosos e dependem de v á r i a s h i p ó t e s e s s i m p l i f i c a d o r a s . TEMPO LOCAL (hs) Fig 1 - V a r i a ~ ã omédia da velocidade de deriva em função de tempo e latitude. Resultados teóricos v . Provavelmente, i s t o e x p l i c z o f a t o de nem sempre estarem de acordo com me- didas de campos e l é t r i c o s . Os r e s u l t a d o s t e õ r i r o s o b t i d o s , contudo, foram os p r i m e i r o s a i n & i c a r a v a r i a ç ã o temporal e l a t i t u d i n a l dos campos e l é t r i cos e, como ainda não existem modelos mais completos, t ê m s i d o freqgente- mente usados para compara~ãocom medidas. 2.2. Campos el6tricos da regiao F ~ i s h b e t hs u~g e r i u que campos e l e t r i c o s podem ser c r i a d o s na r e g i ã o F, especialmente à n o i t e . As c o r r e n t e s e l é t r i c a s -+ -+ J = %V .(onde N é a densidade e l e t r ô n i c a e q a carga) -+ dos ventos termosfér i c o s (ae velocidade V ) , 3 da ,' fornadas região F, p e l a açáa são. em g e r a l , m u i t o pequenas e d e s p r e z í v e i s com r e l a ç ã o 5s c o r r e n t e s da r e g i ã o E. No entanto, q u a n d o a i o n ; z a ç ã o d a r e g i ã o E d i m i n u i r n u i t o , sua c o n t r l b u i ç ã o apreciável. também 5 noite , pode ser Nos casos em que e s t a s c o r r e n t e s não podem fechar seu c i r c u i - t o , cargas de p o l a r i z a ç ã o c r i a r ã o um campo e l é t r i c o do t i p o de p o l a r i z a ç ã o que se oporá à passagem da c o r r e n t e , mas que, ao mesmo tempo, dará origem a d e r i v a s do t i p o H a l l . Num sistema de coordenadas em que x aponta para a l e s t e magnét i co, y para o n o r t e magnético e z para cima, a velocidade íons, de deriva - dos x e Ug' será induzida p e l o s ventos t e r m o s f e r i c o s LI onde I é c ângulo de i n c l i n a ç z o do campo magnético, v é a f r e q l i ê n c i a d e c o l i s ã o e n t r e íons e p a r t í c u l a s neutras, u a g i r o - f r e q u ê n c i a e o índjce, i n d i c a a componente p e r p e n d i c u l a r ao campo magnético, Além d i s s o , f o i impost a a c o n d i ~ ã ode que a mobi 1 idade Hal l é m u i t o maior que a Pedersen,e a I/&. As c o r r e n t e s e l é t r i c a s associadas a essas velocidades serão igual o n d e N ê a d e n s i d a d e i õ n i c a e q a c a r g a d o e l é t r o n , evi/% e s t a s c o r r e n t e s não consegui rem fechar seu c i r c u i t o , os >ve/ue. campos Se elétricos de p o l a r i z a ç ã o serão e s t a b e l e c i d o s em s e n t i d o c o n t r á r i o ao das c o r r e n t e s na d i r e ç ã o em que prevalece a condutividade Pederseti qv/wB, e serão i g u a i s a = U E =UxB Y' -+ E x B sin I Ex Y Estes campos e l é t r i c o s , por sua vez, causarão d e r i v a s $/a2, dadas por vx = V = U Y' do tipo .vz Y sin I o que impl i c a em velocidades de d e r i v a , na r e g i ã o F, da ordem de grandeza dos ventos termosféricos, e na mesma d reção destes. 2.3. Campos el6tricos magnetosf6ricos Nas regiões polares, além do slstema S Q de c o r r e n t e s , j á mencio- nadas para médias e baixas l a t i t u d e s , e x i s t e um o u t r o sistema de c o r r e n t e s designado por 8, onde p 9 quer d i z e r p o l a r . Uma representação esquemática é mostrada na F i g u r a 2. A d i f e r e n ç a fundamental e que essas c o r r e n t e s são c r i a d a s por campos e l é t r i c o s que se o r i g i n a m na magnetosfera. Estes campos Fig.2 - Representação esquemãtica do f l u x o p o l a r de c o r r e n t e s e l é - t r i c a s . no h e m i s f é r i o n o r t e , $. A projegáa c e n t r a l (N) representa o p o l o n o r t e . As setas representam a d i r e ç ã o do vento s o l a r . Fig.3 - Hagnetosfera t e r r e s t r e do h e m i s f é r i o n o r t e , mostrando as evolugões das i inhas de campo geomagnético acompanhando a con- vecção magnetosférica (A e 6 ) . C e D , em termos de c o r r e n t e elét r i c a , correspondem ã F i g u r a 3 . Segundo R a t c l i f f e 2 ' . e l é t r i c o s , e suas r e s p e c t i v a s velocidades de d e r i v a , estão l igados ao pro- cesso denominado de convecção magnetosfér i ~ a ' ' ~ Quando . o plasma se menta nas regiões mais extensas da magnetosfera, movi- onde a frequência de co- l i s ã o é d e s p r e z í v e l , l e v a consigo as l i n h a s de campo magnético. A F i g u r a 3 mostra como os deslocamentos de plasma na magnetosfera são t r a n s f e r i d o s ao longo das l inhas do campo magnético a t é a ionosfera da r e g i ã o p o l a r . As p a r t i c u l a s carregadas seguem as 1 inhas de campo magnético movimento, enquanto a f requênc i a de c01 i s s o for menor do que a em g i r o - fr e - - quência. Em a l t u r a s mais baixas, esta condição deixa de ser v á l i d a para ions, em t o r n o de 140 km e, para e l é t r o n s , a 8 0 km. Neste i n t e r v a l o de a l t u r a , p o r t a n t o , os e l é t r o n s acompanham o movimento r o t a t ó r i o l inhas das magnéticas, mas não os i o n s . As c o r r e n t e s r e s u l t a n t e s , que fluem em ção oposta ao movimento dos e l é t r o n s , constituem o sistema p o l a r rentes #9 de direcor- da Figura 2. Durante a t i v i d a d e magnética acima da normal, cos em l a t i t u d e s médias sofrem a1 terações a p r e c i á v e i s , 05 campos e l é t r i - t a n t o em quanto em d i r e ç ã o , causado pela então maior i n f l u ê n c i a do campo magnitude elétrico magnetosférico (Figura 4). A i n t e r p r e t a ç ã o é que na magnetosfera se desenv o l v e um campo e l é t r i c o d i r i g i d o de l e s t e para oeste; na r e g i ã o d iano oposto à do meri- projeção s o l a r , responsável p e l o deslocamento da plasmapau- MILLSTONE HILL 42.6N 71.5W3 0 0 Km - OESTE u -TEMPO LOCAL íhr) Fig.4 - Variações t e n p o r a i s da v e l ~ c i d a d ede d e r i v a medidas duran- t e a t i v i d a d e m p é t i c a e comparação com perrodos não perturbados. sa em d i r e ç ã o à s u p e r f i c i e da T e r r a . C mapeamento d e s t e campo e l é t r i c o 3 m a p e s t o s f e r a para a i a n o s f e r a , r e s u l t a em v e l o c i d a d e s de d e r i v a n o r t e e para oeste, para da o r e s p e c t l v a m e n t e 5 s 12 e 18 horas d e tempo l o c a l . 3. EFEITOS PROVOCADOS BELOS CAMPOS ELETRICOS Os p r i n c i p a i s e f e i t o s causados na i o n o s f e r a , p e l o s campos e1 é t r i cos, são de ordem dinâmica, i s t o é, sua i n f ! u ê n c i a e s t á d i r e t a m e n t e l i g a d a ao t r a n s p o r t e de m a t e r i a i o n i z a d a . Em l a t i t u d e s médias, sua c o n t r i ~ u i ç ã o n o equi 1 i b r i o d e f o r ç a s é r e l a t i v a m e n t e pequena d u r a n t e caln:os, per iodos m a p é t icos podendo t o r n a r - s e o termo dominante em per rodos magnet icamente p e r - turbados. O conhecimento dos campos e l é t r i c o s ( v e l o c i d a d e s d e d e r i v a ) G imp o r t a n t e para o c á l c u l o dos v e n t o s t e r m o s f é r i c o s , para o s q u a i s a f o r ç a de c01 i s ã o , e n c r e í o n s e p a r t í c u l a s n e u t r a s , representa a força p r i n c i p a l de reação c o n t r a o g r a d i e n t e h o r i z o n t a l d e pressão, que é a f o r ç a g e r a d o r a d o s v e n t o s termosfGr i c o s . Esta f o r ç a p o r u n i d a d e de massa, onde V é a f r e q u ê n c i a de c01 i s s o ê expressa p o r v!U-V) e n t r e p a r t í c u l a s n e u t r a s e l o n s , U a ve- l o c i d a d e do v e n t o , e V a v e l o c i d a d e de d e r i v a dos Tons. O campo e l é t r i c o tem p r o v a v e l m e n t e um papel i m p o r t a n t e ha fnrmação da camada E e s p o r á d i ~ a ' ~ A . t e o r i a d e formação d e s t a camada", c a l c u l a a v e l o c i d a d e de d e r i v a v e r t i c a l dos Í o n s provocada p e l a ação dos v e n t o s da r e g i ã o E e i n d i c a que há o c a s i õ e s em que, a c e r t a a l t u r a , a v e l o c i d a d e é convergente, provocando assim um acümulo de í o n s numa camada r e l a t i v a m e n t e e s t r e i t a . i\ t e o r i a , a t é recentemente, desprezava o e f e i t o de campos elé- t r i c o s . Pode-se m o s t r a r , no e n t a n t o , que a i n c l u s ã o da v e l o c i d a d e de d e r i va, gerada p e l o campo e1 ê t r i c o , m o d i f i c a c o n s i d e r a v e l m e n t e a v e l o c i d a d e r e s u l tante i 2 , podendo mod/ f i c a r a a l t u r a do acümulo e, geralmente, f a v o r e c e n do a formação da camada. 3.1. Formação dos eletrojatos Próximo ao equador magnético, e nas r e g i õ e s da aurora polar, f l u e m i n t e n s a s c o r r e n t e s e l g t r i c a s que recebem o nome d e e l e t r o j a t o s . Nas r e g i õ e s menc ionadas, a condut i v i d a d e e1 é t r i c a a p r e s e n t a v a l o r e s s u p e r i o r e s ao do plasma ambiente. For uma questão de g e o m e t r i a , no equador magnético, e p o r causa de p r e c i p i t a ç ã o de p a r t í c u l a s , na r e g i ã o a u r o r a l , um campo l é t r i c o a7 a p l i c a d o , causará o aparecimento d e um campo e l é t r i c o e- secundá- r i o ou de p o ! a r i z a ç ã o . Consideremos o exemplo da F i g u r a 5. A r e g i ã o "I" é uma f a t i a plasma de c o n d u t i v i d a d e s m a i o r e s do que as da r e g i ã o "2". Suponhamos que Lim c e r t o campo e l é t r i c o , Ex , e s t á a p l icado na r e g i ã o "2". de agora O mesmo e s t a r tambêm a p l i a d o na r e g i ã o "l", porque a componente t a n ç e n c i i l docampo se mantém i n a l t e r a d a ao passar de uma r e g i ã o para o u t r a , de c o n d u t i v i - dade d i f e r e n t e . E s t e campo e l é t r i c o f o r ç a r á uma c o r r e n t e Pedersen, na d i r e ção x, em "1" e uma c o r r e n t e H a l l , na d i r e ç ã o y. As c o r r e n t e s serão mais i n t e n s a s do que em "2". iig.5 E n t r e t a n t o , a componente nornia! da c o r r e n t e deveman- - Representação esquemitica para explicar a fornaçãs dos ele- trojatos. A região 1 apresenta condutividade maior do que a 2. região t e r - s e i n a l t e r a d a ao passar de um meio para o u t r o . I s t o só pode se, em "li',f o r c r i a d o um campo e l é t r i c o secundário, -E Y' l a r ização, também chamado d e po- que d a r á o r i g e m a uma c o r r e n t e Pedersen, uma c o r r e n t e Hal I , na d i r e ç ã o x. na d i r e ç ã o -y, A c o r r e n t e Pedersen a n u l a r á o c o r r e n t e H a l l do campo e l é t r i c o a p l i c a d o , a c o r r e n t e H a l l s e c u n d ã r i a somar-se-á Ex, acontecer e excesso da na r e g i ã o t t l t l ,ao passo que c o r r e n t e Pedersen de Ex. O resulta- do f i n a l é que uma c o r r e n t e mais i n t e n s a f l u i r ã na d i r e ç ã o s, d e n t r o d a f a t i a de plasma, ao passo que, na d i r e ç ã o y, só teremos devida a E 2 a componente H a l l , com a c o n d u t i v i d a d e H a l l da r e g i ã o "2". As equações das c o r r e n t e s para as duas r e g i õ e s , sendo C c o n d u t i v idades Pedersen e Ha 1 1 respec t ivarnente, são e igualando J Y P e 7 "H as nas duas r e g i õ e s , a c o r r e n t è s e r á 3.2. Modificações em hmF2 Há o c a s i õ e s em que o s campos e l é t r i c o s i o n o s f é r i c o s crescem cons i d e r a v e l m e n t e em r e l a ç ã o ao seu v a l o r médio, o que geralmente e s t ã c i a d o a p e r t u r b a ç õ e s magnéticas. Nestes casos, o campo e l é t r i c o asso- pode responsãvel p o r uma v a r i a ç ã o acentuada na a l t u r a da camada i o n i z a d a , ser cau- sada p e l a componente v e r t i c a l da v e l o c i d a d e de d e r i v a . Um exemplo t í p i c o d e s t e e f e i t o e s t ã r e p r e s e n t a d o na F i g u r a 6, on; de mostramos as v a r iaçÕes s imul tâneas da a1 t u r a do p i c o de ionização,hmF2, e a componente s u l - n o r t e , p e r p e n d i c u l a r ao campo magnético, da velocidade de d e r i v a , medidos em M i l l s t o n e H i l l . As c u r v a s r r a c e j a d a s representam a média aproximada dessas v a r i a ç õ e s para d i a s não p e r t u r b a d o s magneticamente. 0s t r a ç o s c o n t í n u o s representam medidas13 r e l a t i v a s a um dia perturbado. i0 1'2 1'4 1'6 i8 TEMPO LOCAL (hs) Fig.6 - Variação com o tempo da a l t u r a do p i c o de densidade e l e t r ô - n i c a da r e g i ã o F para d i a s normais ( l i n h a t r a c e j a d a ) e para um dia perturbado ( I inha c h e i a ) e as r e s p e c t i v a s velocidades de d e r i v a par a n o r t e e perpendiculares a 0 . ~ e d i d a spor r a d a r . Notar que um aumento considerãvel na velocidade de d e r i v a 6 acompanhado, quase que sirnul taneamente, por uma elevação de cerca de 30 km do pico de densidade e l e t r ô n i c a . 4. MEDIDAS DE CAMPOS ELÉTRICOS As primei r a s medidas d i r e t a s de campos e l é t r i c o s ionosféricos são r e l a t i v a m e n t e recentes (- 1960). Antes disso, nosso conhecimento sobre os campos e l é t r i c o s era baseado apenas nos e f e i t o s que causam: movimentos de íons e e l é t r o n s , c o r r e n t e s e l é t r i c a s , e d e r i v a s de i r r e g u l a r i d a d e s i o n i z a das. As velocidades de d e r i v a podem ser da ordem de grandeza de algumas centenas de metros por segundo, correspondentes a campos e l é t r i c o s de dezenas de m i l i v o l t s por metro. Campos e l é t r i c o s de alguns m i l i v o l t s por met r o são t í p i c o s na r e g i ã o das c o r r e n t e s S em l a t i t u d e s médias, ao passo 4' que, nas a1 t a s l a t i t u d e s , os campos podem a t i n g i r v a l o r e s da ordem de 100 mv/m . 4.1. Daposição da nuvens artificiais na ionosfera O n é t o d o de d e p o s i t a r nuvens a r t i f i c i a i s na a l t a a t m s f e r a ' " , foi um dos p r i m e i r o s a Fornecer medidas de c m p o s e l & t r i c o s . Compostos e s p e c i a i s Je b á r i o , ievados a grandes a l t u r a s em f o g u e t e s e a í l iberaaos, tor- nando-se euc i tados e l o n i zados quariùo expostos à l u z s o l a r , tornada- se uma nuvem bem v i s í v e i do s o l o , d u r a n t e o c r e p ü s c u i o . Uma nuvem n e u t r a também é c r i a d a no processo. C nioviments d e s t a e s t a r e l a c i o n a d o com o v e n t o P local, ao passo que o deslocamento da porqão i o n i z a d a se deve aos campos elétri- c o s . Cma 5 è r i e de f o t o g r a f i a s tomadas do s o l o , em v á r i o s ângulos, permite a determinaçãc dos v e t o r i s v e l o c i d a d e de d e r i v a e v e n t o . 4.2. Provas eis potencial 0utr.i t é c n i c a , p a r a a medida de campos e l é t r i c o s de sensores e s p e c i a i s acoplados a ve;culos mente á espaciais, in s i t u , f a z que medem uso direta- d i f e r e n ç a de p o t e n c i a l e n t r e d o i s sensores e s f é r i c o s separùdcs p o r a l g u n s rcetros de d i s t â n c i a . Os sensores são p r o j e t a d o s p a r a possuirem exatameqte as viesmas c a r a c t e r í s t i c a s g e o m é t r i c a s e e l é t r i c a s , de t a l modo que se a n u l e a ~eitcrSa+iio no c r i a d a p e l o s sensores p o r sua presença Assim, a d i f e r e n ç a de p o t e ~ c i a l medida plasma. deverá s e r a mesma do plasma não- - p e r t t ~ r b d d o . Essa t e c n i c a f o i m u i t o usada nas r e g i õ e s de a l t a s latitudes, onde os câmpos e l é t r i c o s são mais i r r e g u l a r e s que o s de l a t i t u d e s médias e bem mais i r t e n ~ o s ' ~ " ~ . 4.3. Propegsçiis de baixa freqidncia Os m v i m e r t t o s p e r p e n d i c u l a r e s às 1 irihas magnet i c a s , a graodes d i s t á n c i a s da s u p e r f í c i e da T e r r a , na plasmaesfera, podem s e r deduzidos p a r t ii aos a s s o b i o s ( " w h i s t l e r s " ) . Estes são s i n a i s eletromagnêticos a de b a i x a f requênc i a (aud i o } , o r i g i n a d o s nas descargas e l é t r i c a s n a t u r a i s ( r e iâmpagos) e que podem propagar- se ao l o n g o das l inhas do campo geomagnêtic c . 3s "wb i s t l e r s " foram i n i c i a l m e n t e usados para d e t e r m i n a r densidades eletrônica. na magnetosfera, mas podem s e r usados também para movin~entor a d i a l dos duto; determinar o de í o n í z a ç ã o , que r e p r e s e n t a a componente l e s t e - o e s t e do campo e l é t r i c o . As medidas, em g e r a l , se s i t u a m e n t r e 3 , 5 e 5,5 r a i o s t e r r e s t r e s , no p l a n o e q u a t o r i a l . Os r e s u l t a d o s a s s i m ~ h t i d o s ' ~ ,po- dem ser mapeados para a i o n o s f e r a e, p o r t a n t o , podem ser comparadoscomresul tados de o u t r a s t é c n i c a s . 4.4. Espalhamento incoerente Os radares de espalhamento incoerente, em g e r a l , são capazes de medir v á r i o s parâmetros i o n o s f é r i c o s simultaneamente, e n t r e os quais a vel o c i d a d e dos íons a t r a v é s do d e s v i o Doppler no espectro de frequéncia. Sua vantagem p r i n c i p a l , com r e l a ç ã o às o u t r a s técnicas, é que, em p r i n c i p i o , pode f a z e r medidas i n i n t e r r u p t a s , no mesmo l o c a l e em v á r i a s a l t i t u d e s . Ent r e as desvantagens e s t ã o seu a1 t o c u s t o de construção e operação, o que, z provavelmente, expl i c a o pequeno nümero de radares e x i s t e n t e s 0 . Em condições de b a i x a a t i v i d a d e magnética, os campos elétricos i o n o s f é r i c o s são da ordem de 1 mv/m em l a t i t u d e s médias, um pouco em l a t i t u d e s baixas, e bem elevados em l a t i t u d e s a l t a s , onde são maiores frequen- t e s magnitudes de 50 a 100 mv/m. Em condições de elevada a t i v i d a d e magné- t i c a , em todas as l a t i t u d e s , suas variações temporais mudam c o n s i d e r a v e l mente. Os campos e l é t r i c o s , associados ã região E, dominam as variações temporais durante o d i a , em l a t i t u d e s médias. Durante a noite, a p o s s i b i i i dade de formação de campos e l é t r i c o s na r e g i ã o F e s t á sendo investigada. Os campos e l 6 t r i c o s m a g n e s t o s f ~ r i c o sdominam as regiões de l a t i t u d e s a l t a s , chegando a l a t i t u d e s r e l a t i v a m e n t e baixas, durante a t i v i d a d e . magnética e- 1evada. Ent:re os v á r i o s e f e i t o s causados por campos e l é t r i c o s destacam- -se: a formação da camada E esporádica, a formação dos e l e t r o j a t o s , modificação na a l t u r a do p i c o da r e g i ã o P. e a I. Spreiter,J.R. and B.R. 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