revi - Barbieri + Gorski

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Na página à esquerda,
vista do jardim da sede
do Centro de Debates
de Políticas Públicas –
CDPP, com projeto de
iluminação do escritório
Foco Luz e Desenho. Ao
lado, Iluminação com luz
“prateada” filtrada pelo
fechamento metálico
ortogonal das aberturas da
laje. Ao fundo, iluminação
da parede de pedra e
espelho d’água refletindo
os ambientes internos.
Abaixo, Parede de pedra
mineira bruta, elemento
original do projeto de
Oscar Niemeyer e Carlos
lemos, iluminada de baixo
para cima de maneira a
destacar as propriedades
da pedra e iluminar a
circulação
Sob a Luz
Texto: Orlando Marques | Fotos: Leonardo Finotti
O
Centro de Debates de Políticas Públicas, CDPP, é uma
organização sem fins lucrativos, apartidária e independente
que se dedica ao estudo e debate de questões referentes
a diversos aspectos de governabilidade do Estado brasileiro.
Constituído por um grupo multidisciplinar, os seus associados
realizam debates e elaboram estudos propositivos sobre os principais
desafios que afetam o país.
O primeiro estudo, “Sob a luz do Sol: Uma agenda para o Brasil”,
publicado em 2014, visou“contribuir com a sugestão de uma agenda
de política econômica para o Brasil nos próximos anos, na qual a
transparência dos objetivos e dos custos é característica central”.
Seu título foi inspirado pela frase do célebre juiz da Suprema
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Corte norte-americana Louis Brandeis (1856-1941): “a luz do sol
é o melhor desinfetante e a luz elétrica o policial mais eficiente”.
Transparência, luz e claridade também parecem ocupar posição
de destaque na discussão dos espaços da nova sede da organização.
Com projeto residencial dos arquitetos Oscar Niemeyer e Carlos
Lemos em meados da década de 1950, o edifício da sede do
CDPP recebeu projeto de readequação e restauro dos arquitetos
do escritório RMAA – Reinach Mendonça Arquitetos Associados
e projeto de iluminação dos arquitetos do escritório Foco Luz e
Desenho.
“O trabalho de restauro dos elementos originais do edifício foi
cuidadosamente considerado pelos arquitetos, que procuraram
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diferenciar o que seria construído por meio do uso de materiais
distintos”, explica Junia Azenha e Ana Karina Camasmie, titulares
do escritório de iluminação.
Com o mesmo cuidado, foi desenvolvido o projeto de iluminação:
elementos essenciais à compreensão e percepção dos espaços
foram iluminados de maneira a sublinhar aspectos históricos e de
interesse no edifício e também fornecer quantidades e qualidades
de luz de acordo com as exigências do cliente.
O primeiro exemplo disso pode ser encontrado na iluminação
da parede de pedra mineira bruta. Parte do projeto original do
edifício, este elemento segmentado em três partes se estende
desde o vazio do hall de entrada das áreas internas até os jardins.
Sua iluminação se dá homogeneamente de baixo para cima, de
maneira a destacar suas propriedades e textura.“Neste caso, o desafio
foi manter o mesmo efeito e cor da fonte da luz e paginação das
luminárias utilizando equipamentos de acordo com as necessidades
de grau de proteção IP, e evitar faixas de sombra junto à porta de
vidro que divide esses ambientes”.
No vazio do hall de entrada do edifício, a 90º da parede de
pedra, encontra-se a escada de acesso ao pavimento superior,
outro elemento cuidadosamente restaurado do projeto original e
tratado como elemento de destaque neste ambiente. Para realçar o
seu desenho e, ainda, fornecer iluminâncias adequadas para o seu
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uso, os lighting designers introduziram uma sanca junto à parede
para uma iluminação indireta e difusa (T5/28W/3.000K). Além
disso, este detalhe também teve a intuito de marcar a inclinação
sutil da água da cobertura do edifício, de acordo com o projeto
de Oscar Niemeyer.
Nas áreas de escritório do pavimento superior, o mesmo detalhe
de sanca para iluminação indireta foi mantido, evidenciando a
consistência nos conceitos e soluções adotadas. Para a iluminação
dos planos de trabalho destas áreas, foram utilizados pendentes
para iluminação direta e indireta (T5/28W/3.000K).
No pavimento térreo, o ambiente do auditório e vídeoconferencia
– lugar onde se realizam os debates da organização e, portanto,
extremamente importante para o projeto – foi iluminado por
meio de um sistema linear de luminárias dimerizáveis de sobrepor
(fluorescente T5/54W/3.000K), paginadas entre as placas do forro
acústico. As luminárias possuem fechamento com louvers ALP
Paralite #5, com rigoroso controle de brilho e ofuscamento e
fornece níveis adequados de iluminâncias verticais e horizontais
para as diferentes tarefas a ser exercidas no ambiente. Controle de
automação de cenas pré-determinadas foi também prevista para
permitir maior flexibilidade no uso do ambiente.
Na sala de reunião contígua ao auditório, foram utilizadas
as mesmas luminárias de sobrepor com fechamento em louver
Na página à esquerda, iluminação parcial do
vazio do hall de entrada das áreas internas. A
silhueta do mobiliário é destacada por meio
da iluminação da parede de pedra ao fundo.
Acima, da esquerda para direita, à esquerda,
Parede do vazio do pé direito duplo do hall
de entrada, iluminada por meio de sanca
para iluminação difusa e suave. Auditório
iluminado por sistema linear e com rigoroso
controle antiofuscameto e brilho. Plano
de trabalho dos escritórios do pavimento
superior iluminados por meio de pendentes
com luz direta e indireta e destaque da
inclinação do teto por meio de sanca para
iluminação difusa e destaque dos planos
verticais do ambiente. Sala de reuniões
iluminada da mesma maneira do auditório,
com o acréscimo da sanca de parede para
iluminação difusa e destaque dos planos
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Á esquerda, pilotis marcados por iluminação de baixo para cima. A palmeira existente parece determinar a paginação dos
pilotis e foi iluminada da mesma forma fixadas sobre a marquise Os terraços foram iluminados da mesma maneira que a
marquise: por meio de iluminação indireta junto aos pilotis e luz filtrada pelo fechamento metálico ortogonal da laje
parabólico com acréscimo de iluminação direta nas extremidades
das luminárias (LED 9W/35°/3.000K). Estas são ligadas em grupos
de controle distintos de maneira a permitir flexibilidade nas cenas
de luz de acordo com o uso do espaço. A porção de iluminação
difusa do ambiente é obtida por meio dos detalhes das sancas de
parede (T5/28W/3000K).
Para completar a iluminação das áreas internas, alguns pontos
elétricos existentes na laje do pavimento térreo e nas paredes
foram reutilizados, mantendo alguns conceitos luminotécnicos
originais do projeto.
Assim como nas áreas internas, as áreas externas também
receberam iluminação que sublinhassem características construtivas
e de caráter histórico do projeto de acordo com premissas
luminotécnicas estabelecidas.
A nova marquise de concreto aparente, que liga o portão de
entrada de pedestre ao edifício principal, recebeu dois sistemas
de iluminação. O primeiro, de baixo para cima, com iluminação
indireta, por meio de projetores embutidos no piso junto aos pilotis
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(LED/18W/25°/3000K), de maneira a marcar estes elementos que
parecem ter sido paginados de acordo com a palmeira existente.
Em seguida, nas generosas aberturas na laje da marquise e sobre o
fechamento da grade metálica ortogonal, foram fixadas luminárias
tubulares com visor transparente para lâmpada fluorescente T5
(28W/3.000K). “A luz filtrada pela grade metálica se torna prateada
e nos remete às qualidades da luz da Lua”, comenta Junia. Essa
mesma solução foi adotada nos terraços, cuja arquitetura segue
os mesmos princípios construtivos da marquise.
Os novos ambientes da copa, cozinha, churrasqueira e sala de
ginástica do edifício do anexo novo receberam iluminação difusa
por meio de sistema linear com fechamento em visor de acrílico
translúcido embutido no forro. O ambiente de estar e reuniões
destas áreas recebeu iluminação semelhante à marquise e terraços.
No jardim, as copas das árvores pau-ferro e palmeiras, assim
como outras árvores adultas existentes, foram iluminadas de baixo
para cima por meio de luminárias para vapor metálico 150W, 10° e
35° embutidas no piso. Árvores e arbustos de pequenos portes, como
a jabuticabeira e plantio junto ao muro e paredes, também foram
iluminadas da mesma maneira, desta vez por meio de projetores
para LED de 9W ou 21W, ambos com fachos de 35°e 3.000K.
Junto às duas elevações da entrada do edifício, os arquitetos
criaram, como desenho complementar à marquise, um espelho
d’água com seixos rolados. De maneira a destacar a sua forma,
a linha da borda do espelho d’água foi delimitada de maneira
sutil, com iluminação linear subaquática. Desta forma, o detalhe
também possibilita a reflexão dos elementos de arquitetura tanto
das áreas externas adjacentes como das áreas internas, como é
o caso do auditório e sala de conferência.
Posteriormente, uma escultura em bronze foi acrescentada no
jardim e iluminada de maneira a flutuar no gramado. Para isso, os
lighting designers iluminaram somente o corpo da escultura, e não
a sua base, utilizando projetores orientáveis (LED 9W/25°/3.000K)
com assessórios que evitam ofuscamentos desconfortáveis.
Até o momento, o projeto do CDPP foi ganhador do prêmio O
Melhor da Arquitetura na categoria Retrofit em 2014. Esperamos
que este seja o primeiro de muitos outros.
Centro de Debates de Políticas Públicas
São Paulo, Brasil
Projeto de Iluminação
Foco Luz e Desenho
Projeto de Arquitetura
RMAA
Projeto de Paisagismo
Barbieri+Gorski Arquitetos Associados
Fornecedores
Lemca, Lumini, Osvaldo Matos
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